Eu e Victória acabamos combinando o café para aquela tarde de segunda mesmo. Eu não sabia o que tinha se passado pela minha cabeça para convidá-la. Passei as próximas horas preocupado se Bella teria ouvido o convite e a confirmação veio quando o telefone de Victória tocou logo depois de chegarmos e ela me disse momentos depois que era o irmão avisando que ia ao cinema com uma colega de turma. Quando ela perguntou que colega era e repetiu o nome em voz alta eu tentei manter uma feição indiferente, mas a risada que ela soltou ao desligar o telefone me disse que eu tinha falhado miseravelmente.

“Se eu tinha alguma dúvida de que você estava mentindo para mim na sala dos professores mais cedo, agora não tenho mais. Eu devia ter filmado a sua cara ao falar o nome da Isabella como a acompanhante do meu irmão ao cinema” - ela disse rindo.

“Victória eu…” - comecei, sem saber direito o que dizer. Como explicar o que simplesmente não tinha explicação?

“Quantos anos Isabella tem?” - ela perguntou, me interrompendo.

“Dezoito” - respondi rapidamente.

“E o que impede você?”

“O que quer dizer? Ela é minha aluna.”

“Você quer números oficiais de quantos professores e alunos se envolvem anualmente apenas nos Estados Unidos? Tenho certeza que é fácil de conseguir. Fora os extraoficiais.”

“Mas é antiético.”

“Ter o Trump como presidente também deveria ser e ainda assim, aqui estamos.”

“Mas…”

“Deixa eu te contar uma história, Edward e quem sabe você consiga entender o meu ponto de vista. Eu era professora de literatura inglesa em um colégio na Pensilvânia. Uma tarde, passeando em um museu de artes da cidade eu conheci um rapaz encantador, ele me ofereceu um vinho e passamos horas conversando sobre os quadros e esculturas e também sobre música. Apesar de ter apenas 16 anos ele era espirituoso, inteligente e muito, muito charmoso sem nem tentar. É claro que assim que ele se apresentou eu me dei conta de quem ele era. Ele era aluno da escola onde eu lecionava, apesar de não ser da minha turma. Eu tentei me afastar de todas as formas possíveis, mas foi mais forte do que eu. Foi mais forte do que ele. A gente se apaixonou. O que eu senti por ele eu nunca tinha sentido por ninguém antes. E antes que você pergunte, a idade de consentimento na Pensilvânia é de 16 anos.”

“Eu nunca perguntaria” - disse, recebendo um sorriso grato como resposta.

“Os pais dele são incríveis e sempre nos apoiaram. Meus amigos infelizmente nem todos. Os pais dos outros alunos também não. Quando nosso relacionamento se tornou público, depois que ele já tinha se formado alguns pais entraram em contato com a escola se dizendo preocupados com a integridade de seus filhos e eu acabei demitida. Mas você sabe de uma coisa, Edward? Em momento algum eu me arrependo do que vivi com o Riley. Eu vivi o amor mais intenso e mais incrível do mundo, algo que eu nunca tinha sido capaz de viver até então e eu me arrependeria para o resto da vida se eu não tivesse me permitido viver isso por medo de tentar. Eu me arrependo sim do tempo que afastei o Riley e quase pus tudo a perder por não conversar com ele, por pensar demais nos e se, na nossa diferença de idade, em tudo o que ele tinha para viver na Universidade e que eu estaria privando ele. Eu pensei demais por nós dois e tentei tomar decisões que envolviam ele por nós dois como se eu fosse a dona da verdade simplesmente por ser mais velha do que ele e sabe o que é mais engraçado? Ele me ensina tanto todos os dias. Tanto! Eu passaria por tudo aquilo de novo para poder continuar ao lado dele, Edward. Porque o amor vale a pena. O resto a gente dá um jeito. Não estou te dizendo para jogar tudo pro alto, abrir mão da sua vida, não é isso, mas não abra mão de algo simplesmente por medo do que alguém te disse que não é certo.”

Depois de terminar de me contar tudo aquilo ela se virou sorridente para a garçonete entediada atrás do balcão pedindo dois pedaços de bolo de chocolate e dois cappuccinos e me intimou a me contar a minha história com Isabella e pela cara dela quando eu terminei, eu podia jurar que estava muito encrencado.