Sangue de Arthur escrita por MT


Capítulo 5
5- Capítulo, Visita a igreja


Notas iniciais do capítulo

Sim, antes que eu me esqueça, quando não for posto o nome do personagem assim ´´KOJI, Tatsuo`` antes do texto significa que estamos acompanhando o ponto de vista de Mordred.
E finalmente ele tá aqui! O maior(ou quase) filha da puta de Fate!



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Os portões, dois conjuntos gêmeos de barras de aço postas lado a lado, pairavam fechados e negros enquanto a igreja emergia ao fundo envolta nas sombras. Ventos sopravam gélidos e uma coruja empoleirada numa árvore observava a cavaleira com grandes olhos amarelados. Não via-se qualquer sinal de luzes dentro do edifício. E isso a deixava apreensiva.

Que tipo de criatura ou inimigo poderia estar se escondendo bem ali, naquele mar de escuridão, apenas esperando que um tolo qualquer passasse, a cavaleira mal podia começar a imaginar. Quando tocou o portão a sensibilidade das áreas que entraram em contato rapidamente se perderam. 

Então ela chutou as barras de aço escancarando a entrada, pôs sua armadura, empunhou a espada e marchou sem pressa até a construção onde o administrador da guerra pelo graal residia. 

Parte da vitória em um confronto dependia de mostrar não temê-lo. E estar pronto para ele, outra.

As pedras que compunham o edifício pareciam beber do breu e tornar-se mais escuras que o próprio. Mesmo às portas de madeira, que ela sabia serem marrons, soavam negras e de mal agouro. O topo da igreja parecia alto e capaz de devorar quem quer que se aproximasse. 

Mas já experienciara algo pior, lá atrás, antes de morrer e antes de fomentar rebeliões. Vilas desertas passadas na espada e queimadas. Casas destruídas, corpos se desfazendo e ratos e corvos empanturrando-se de carne humana. O que aquela igreja vestida de luto e noite propunha a ela?

Um mau presságio infantil, um monstro sob a cama, é tudo que isto consegue ser.

Não parara de caminhar ou mexer-se enquanto os pensamentos temerosos e os que se erguiam contra eles a assaltavam. Logo que de frente as portas daquela sombria igreja, a atravessou. E lá outros devaneios ainda a acompanhavam. 

Teria seu mestre ido procurá-la? Ele se impotara em fazer isso? Seu pai o tinha permitido em casa?  Pelos deuses, pensou, maldito seja se tiver sido atacado por inimigos e se recusado a usar um selo de comando para me chamar!

A separação dera-a o espaço e tempo para pôr a raiva longe da cabeça. Seu mestre poderia ter implorado misericórdia e chorado, mas nunca fora dever dele naquela equipe lutar as batalhas e manter-se firme. Como cavaleira ungida e espírito heroico, estes eram suas atribuições. 

Isso não significa que irei calar-me e aceitar tudo que me incutir. Principalmente quanto ao meu pai.

No primeiro passo que deu dentro do sombrio domínio de Kotomine Kirei notou algumas velas ascenderem em candelabros pendurados nas paredes.Um truque que a cavaleira já presenciara o próprio Merlim usar para impressionar tolos senhores que desejavam conferenciar com o rei. Ela não sabia qual a intenção do padre com aquilo, mas a ideia de que considerava Mordred uma idiota facilmente impressionável a irritou. 

 A luz agora jorrava ali dentro permitindo que algumas cores escapassem do manto do tom negro. Algumas fileiras de bancos já podiam ser distinguidas como marrons, partes do piso como cinza e dois dos vitrais coloridos de vermelho, amarelo e verde. Mas outros tantos pontos permaneciam pretos, com seus verdadeiros tons escondidos aos olhos. 

O som de passos ecoou nas escadas próximas ao altar, que eram conectadas ao piso superior do canto direito. A figura do padre começou a surgir no campo de visão dela. Estava distante e o semi breu cobria-o com irritante vigor, mas enxergou a silhueta dos sapatos, as pernas e todo o restante conforme se aproximava do término de sua descida. Trajava aquele estranho vestido longo, negro e folgado dos sacerdotes, juntamente a um sobretudo lilás e ao pequeno crucifixo prateado pendendo numa corrente no pescoço.

— Ah, você. - as palavras dele voaram desdenhosamente assim que a viu. - Me pergunto a que devo essa visita inesperada, ainda mais uma que parece pronta para decepar a cabeça de um humilde servo de Deus.

Mordred desmaterializou a espada, removeu o elmo e se aproximou, parando apenas ao estar lado a lado com a primeira fileira de bancos. Apenas os poucos degraus a frente a separavam do padre no estrado.

O corpo da cavaleira parecia tenso e irritado diante o sacerdote, como quando se quer muito acertar um soco em alguém, mas não se possui um motivo bom o bastante para fazê-lo.

— Quero saber onde estão os outros servos. Me diga.

Kotomine se aproximou, passando de frente a mesa de madeira robusta onde fiéis iam para rezar com maior fervor, e fitou a garota em sua armadura branca.

— Não tenho permissão, como administrador desta guerra, para divulgar esse tipo de informação. 

A cavaleira passara tempo demais em salas de conselho e em reuniões para tratados entre senhores nobres para não entender o que havia ali. Como administrador, repetiu Mordred para si mesma, o que significa que como homem ou mesmo padre, se possuir o estímulo certo...

— O que diabos você quer? - disse irritada e frustrada. Ela não conseguiu adivinhar o que aquele sujeito poderia almejar. Riqueza? Mulheres? Poder? Era supostamente um homem devoto e não deveria desejar nada daquilo. Mas também não deveria se envolver com magos e ali estava, administrando uma guerra deles.

Uma pequena sugestão de sorriso brotou nos lábios do padre. Ele se aproximou, indo para mais e mais perto, até estar na borda, a um passo do primeiro degrau e numa distância de poucos centímetros da cavaleira.

— Me pergunto que fim teve nosso pequeno mestre para não estar aqui hoje. - e riu, baixo, breve e contido, mas a risada lhe escapou. - Talvez esteja pretendendo traí-lo? Unir-se a um novo e mais capaz mago. Que cavaleirazinha traiçoeira. Porém, quem há de culpá-la?

— Controle sua língua. - tentou esconder o quanto as palavras a afetaram, mas sua boca cuspiu isto descaradamente num rosnar que vagamente lembrava a fala humana. - Seu deus te protegerá tão bem quanto esses trapos que está usando.

Ele riu de novo. Seus pés desceram os degraus, sem pressa, sem desviar o olhar de Mordred ou remover aquela ameaça de sorriso da cara. A madeira fez os passos soarem mais pesados e poderosos do que eram e mesmo a cavaleira não fez nada enquanto Kirei se punha a sua frente, dessa vez no mesmo plano.

— Talvez, quem sabe, o garoto tenha morrido... ou… - seus rostos estavam próximos até para a diferença de altura entre eles.

A espada se materializou na mão da garota.

— Encontrado algum aliado de qualidade superior. - sussurrou no ouvido dela.

O rei Arthur, Emiya superando-a e mesmo a criança empunhando excalibur. Tudo aquilo passou-lhe pela mente junto a imagem de Tatsuo Koji numa fração de segundo.

A mão que empunhava sua espada, Clarent, subiu antes que ela parasse de remoer o passado e as palavras do padre. 

— Você devia ter ficado calado. 

Clarent desceu.

 

— Saber…?


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Notas finais do capítulo

Então o padre morre? Meio que me deixa triste, um personagem tão bom. Você acha que ele morre?
E aquele ´´Saber...?`` no fim? Não creio que tenha sido de Mordred ou do futuro defunto. Algum palpite?
Obrigado por ler, você é de longe a melhor pessoa!



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