Chat Noir estava admirando a Torre Eiffel em um prédio à frente dela, naquela noite fria e pouco estrelada.

Ver o seu pai ser levado pela polícia, junto com Nathalie, não tinha sido a pior parte do que vivenciou naquele dia. A pior parte foi ver a câmara com a sua mãe ser retirada da casa, enquanto Gabriel gritava pela sua esposa, que acreditava ainda estar viva.

Adrien nunca se sentiu tão sozinho e arrasado como se sentia agora. Embora Nino tenha feito de tudo para animá-lo, enquanto se hospedava na sua casa temporariamente até que a mãe de Félix viesse de vez para Paris com o filho, e Adrien passasse a morar com eles.

— Desculpe o atraso. – Ladybug apareceu e sentou ao seu lado, de frente para a Torre Eiffel iluminada. Adrien sorriu instantaneamente.

— Tudo bem.

— Como você está? – rapidamente voltou para a realidade, que Ladybug fez com que ele esquecesse assim que ela apareceu.

— Queria dizer que estou bem, mas eu estaria mentindo. – suspirou. A azulada colocou a mão sobre o seu ombro, mostrando que estava ao seu lado.

— Está tudo bem. Você não precisa mentir pra mim. Você esteve ao meu lado em todas as situações, não tenha dúvidas que eu estou do seu também. – ele sorriu. – Afinal somos parceiros, Chat. E sempre seremos.

— Falando nisso, você falou com o Mestre? – Ladybug suspirou também e desviou o olhar para frente.

— Ele vai deixar Paris.

— O quê?

— Mas não vai ser definitivamente. – Adrien ficou mais aliviado – Ele também me encarregou de ser a nova Guardiã.

— Isso é incrível, my lady.

— Talvez. Mas eu não consigo fazer isso sozinha. – fitou o loiro.

— Você está sugerindo que eu te ajude?

— Sim. – assentiu – Mas eu sei que você está passando por um momento complicado e não deve ter cabeça para isso agora. E eu respeito totalmente. Só quero te deixar à par de tudo.

— Entendi. Acho que podemos fazer isso. – sorriram um para o outro.

— E falando em momentos complicados, você vai depor amanhã?

— Vou. – suspirou – Vai ser difícil, mas eu preciso fazer isso.

— Se você quiser... Eu posso te acompanhar. – Chat Noir a encarou, não tendo certeza do que ela queria dizer. – Sabe, eu sempre fui contra a gente saber as nossas identidades, porque é muito perigoso. Mas agora eu sei quem você é e que vai precisar de apoio que eu não posso te dar como Ladybug.

— Eu acho isso incrível, mas não quero que se sinta obrigada à dizer quem você é. – sorriram um para o outro.

— Não se preocupe com isso. – Ladybug respirou fundo – Spots off!

— Marinette? – piscou os olhos surpreso – É claro, faz todo o sentido. Mas... Você não era a Multimouse?

— Ah, aquilo... Eu explico depois. Mas basicamente foi uma ilusão. – Marinette riu – Me desculpe.

— Tudo bem, você estava protegendo a sua identidade. Também fiz a mesma coisa.

— Sim, claro. – lembrou da fala do garoto sobre achar que o Françoise Dupont, o Colégio em que estudavam, era uma escola primária. – Eu entendo. – Marinette segurou a mão de Adrien, que surpreendeu com o ato, contudo, sorriu. – Eu estou aqui para o que precisar, ok? Qualquer coisa mesmo.

— Obrigado. – sorriu sinceramente – E só pra constar, eu estou feliz que seja você. – Marinette sentiu suas bochechas esquentarem levemente.

— Também estou feliz que seja você.

— Eu e você contra o mundo?

— Sempre.

***

— Eu vou entrar agora. – Adrien anunciou, se preparando para ir depor. Marinette o surpreendeu com um abraço apertado. O loiro fechou os olhos e sorriu, aproveitando o momento.

— Boa sorte.

— Obrigado. – dito isso, adentrou o local.

A azulada foi para a sala de espera e sentou ao lado de Chloé, que também ia depor e estava acompanhada de seus pais, visto que a família Bourgeois tinha vínculos com a família Agreste.

— Como ele está? – questionou sem olhar para Marinette. Por mais que não fossem mais tão próximos, a Bourgeois mais jovem se importava com Adrien, já que foram grandes amigos na infância.

— Lidando. – ficaram em silêncio por alguns segundos.

— E como você está? – Marinette a encarou.

— Um pouco machucada, mas bem. Eu acho. – estava ferida tanto emocionalmente quanto fisicamente, seu rosto ainda tinha um hematoma ou outro do dia anterior.

— Desculpe por isso. – a azulada fitou Chloé, quase que chocada ao ouvir ela se desculpando.

— Na verdade, sou eu quem devo desculpas. Eu deveria ter deixado as coisas mais claras entre nós. – a loira finalmente a olhou, atenta às suas palavras – Quero que saiba, que eu confiei em você e o problema era que...

— Todos sabiam a minha identidade e era perigoso, é eu sei. – Marinette assentiu com uma expressão triste e Chloé desviou o olhar para baixo – Eu imagino então, que esse seja o fim da Queen Bee.

— Não necessariamente. – olhou para Marinette – Não temos mais o Hawk Moth e a Mayura, e honestamente, eu não sei como as coisas serão daqui pra frente. Mas acho que podemos trabalhar juntas em algum momento. O que acha? – Chloé piscou, assimilando as informações.

— Eu adoraria.

— Mas eu já devo avisar que não vai ser sempre. As pessoas sabem quem você é, o que pode ser perigoso não só pra você e sim pra sua família e amigos.

— Entendo. Eu sei que você vai precisar de mim, de qualquer forma. – a azulada sorriu.

— Ótimo. Então eu agradeço pela ajuda, Queen Bee. E principalmente, obrigada por guardar o meu segredo. – Chloé deu um sorriso convencido.

— De nada, Ladybug. – disse baixo.

— Chloé, meu docinho, é sua vez de depor.

— Já vou, pai. – a loira acenou para Marinette e levantou, indo para a sala.

O olhar de Marinette percorreu o local, a procura de Adrien, que já deveria ter saído. Quando o encontrou, notou que ele conversava com Kagami – cuja mãe foi chamada para depor, visto que possuía negócios comerciais com Gabriel – e sentiu a mágoa e a tristeza do dia anterior a invadirem novamente.

Marinette abraçou o próprio corpo e desviou o olhar da cena, afim de não torturar mais a si mesma. Ainda estava chateada pelo jeito que Kagami colocou Adrien acima da amizade delas duas.

— Fico feliz que esteja bem, Adrien.

— Obrigado.

— Eu imagino que deve ter sido difícil vir até aqui hoje.

— Foi sim. – riu sem humor – Mas felizmente a Marinette veio comigo, então foi muito mais tranquilo. – Kagami assentiu, com um semblante fechado, devido ao sorrisinho dado pelo garoto.

— Ela é uma boa amiga.

— A melhor. Aquela garota... É incrível. – por mais que não estivesse tanto no clima, só de pensar em Marinette, sorria automaticamente.

— Entendo. Mas eu não acho que ela seja a companhia certa para você no momento.

— Como assim?

— Vai precisar de apoio agora e estar com alguém instável, pode não ser uma boa escolha. Você precisa de alguém esclarecido, alguém...

— Como você? – Kagami se surpreendeu, mas assentiu timidamente.

— Kagami, eu acho você incrível, ok? E nós nos divertimos muito juntos, mas eu... Desculpe. Não posso fazer isso agora.

— Devo confessar que isso me machuca.

— Eu imagino que sim, mas isso me machuca também. Você está me forçando a tomar uma decisão, mesmo eu não me sentindo pronto pra isso. – suspirou – Eu amo outra pessoa e não quero estar com você só porque fui rejeitado. Imagino que isso te machucaria ainda mais.

— Adrien, eu...

— Eu preciso ir agora, a Marinette está me esperando. – se afastou – Obrigado, de qualquer forma. – Adrien quase que assustou Marinette, surgindo ao lado dela – Podemos ir?

— Sim. – a garota levantou e passou a caminhar ao lado dele – Amanhã vou levar o Mestre até a estação de metrô, aonde ele vai encontrar a Marianne. Gostaria de ir comigo?

— É claro. E o que você vai fazer agora?

— Nada, por quê?

— Seria muito abuso pedir que tomasse um café comigo?

— Não. Inclusive, eu gostaria de falar com você sobre um assunto. – depois de ver Adrien falando com Kagami, estava decidida a contar sobre os seus sentimentos para o loiro. Mas é claro, não queria fazer daquilo uma grande coisa, já que os problemas dele eram outros bem maiores agora.

— Tudo bem.