Marinette respirou fundo, criando coragem para dizer o que sentia para Adrien. Não podia ficar mais tempo em silêncio encarando a xícara.

— Eu gosto de você. – disse rápido, fazendo o garoto parar o movimento que fazia, levando a xícara de café até a boca.

— Como é que é?

— Eu gosto de você, assim como você gosta da Ladybug. – explicou rapidamente. – O garoto que eu disse que sou apaixonada, é você. Só que como Adrien.

— Wow!

— Pois é, irônico. – pigarreou – E eu definitivamente entendo o momento que você está passando e não quero que pense sobre nós agora...

— Por que eu não pensaria sobre nós? – Marinette o encarou e Adrien colocou a sua mão sobre a dela na mesa – Eu te amo e você me ama.

— Não é tão simples assim, Adrien. – a azulada retirou a sua mão, encarando o café – As coisas nunca foram verdadeiras entre nós. Só descobrimos agora quem somos de verdade e eu acho que vai levar tempo até que a gente se acostume com isso. – ele suspirou.

— Tem razão, é um pouco chocante. Mas...

— Eu preciso me conhecer melhor. – o cortou – E acredito que você também. Com o fim dessa batalha, nos libertamos de algumas amarras e agora, querendo ou não, a gente amadureceu. Precisamos nos conhecer melhor antes de tentar algo.

— Eu entendo. – o loiro assentiu e encarou a vista da janela.

— Mas isso não quer dizer que, futuramente, não haja algo. – ele sorriu.

— Eu espero que sim, porque eu realmente gosto de você, Marinette.

— Eu também gosto de você, Adrien. – sorriram um para o outro.

— E o que faremos sobre nós? Sabe, como Ladybug e Chat Noir?

— Eu pretendo continuar em atividade. Hawk Moth não era a única ameaça em Paris. E você?

— Também. Mas vou precisar de um tempo.

— Entendo, afinal também vou precisar. Muitas coisas aconteceram, preciso me estabilizar primeiro. E se você precisar de mim, mesmo que eu não esteja disponível como Ladybug, eu sempre vou estar como Marinette.

— Digo o mesmo, my lady.

***

Marinette encarou a caixa dos Miraculous, deixada por Fu na sua casa, se perguntando se seria capaz de ser uma grande Guardiã, assim como seu Mestre tinha sido.

— Você consegue. – Tikki disse, parecendo ter lido os seus pensamentos.

— Acha mesmo?

— Sim. Você é a melhor Ladybug que eu já tive o prazer de servir, tenho certeza que será uma Guardiã incrível. – Marinette sorriu, segurando a kwami nas mãos e a levando de encontro a sua bochecha.

— Obrigada, Tikki. Você é melhor kwami do mundo.

Podia não ter certeza que seria a melhor Guardiã, mas Tikki confiava nela, assim como Adrien e Alya. Com isso, tinha a certeza que faria todo o possível para fazer um bom trabalho, tanto como Guardiã, quanto como a portadora do Miraculous da criação.

***

— Você está bem? A sua tia está cuidado bem de você? Está indo pra escola? – Gabriel questionou com um tom preocupado, fazendo Adrien se surpreender, já que nunca viu seu pai falar daquele jeito.

— Eu estou bem, está tudo certo. – se apressou ao dizer. Era estranho ver o seu pai com o uniforme da cadeia e cabelos bagunçados. Aquele não parecia Gabriel Agreste.

— Tem certeza? – Adrien suspirou.

— Bem na medida do possível, não é pai? – o homem engoliu em seco – Depois do que aconteceu, eu só preciso de tempo pra assimilar a bomba de informações que foi jogada em cima de mim. – Gabriel assentiu.

— Tem notícias da Nathalie?

— O Mestre deu um chá para ela tomar ao longo dos dias e consertou o Miraculous antes de partir. Mas ela continua presa também, pelo que eu sei. Pretendo visitá-la assim que der. – Adrien pôde ver que seu pai se preocupava com a assistente, não muito diferente dele mesmo. Nathalie tinha feito tanto pela família Agreste, era quase que parte dela.

— Espero que ela fique bem, já que não pude salvar a sua mãe...

— As coisas seriam mais simples se o Hawk Moth nunca tivesse existido.

— Eu só queria o melhor para a nossa família, Adrien.

— Se tornando um vilão?

— Eu não me vejo dessa maneira. Mas sim, eu faria tudo o que fosse preciso para trazer a sua mãe de volta. Até mesmo ser o... Vilão. – Adrien refletiu sobre as palavras do pai. Não tinha certeza se deveria condenar a atitude de Gabriel, afinal, ele amava Emilie também e não podia afirmar que não teria feito o mesmo no lugar do pai. Talvez não exatamente da mesma forma. – Admito que existem certas coisas que eu poderia ter feito de outra maneira, mas tudo o que eu fiz, foi porque amo a sua mãe.

— Entendo, mas... Não é assim que funciona. E eu devo dizer que estou muito magoado pelo rumo que as coisas tomaram.

— E-Eu... Sinto muito, filho. – Adrien encarou o pai, um tanto quanto chocado, ao ouvir isso. Não era nem um pouco do feitio de Gabriel, pedir desculpas dessa maneira.

Embora ainda estivesse chateado, magoado e com um pouco de raiva, aquele ainda era o seu pai. E não queria que as coisas ficassem mal resolvidas entre eles.

— Tudo bem, pai. Eu te perdoo.

***

— Já está quase na hora. – Marinette levantou em um salto, assustando Luka, que escrevia calmamente em seu caderno.

— Ah sim. Precisa que eu te leve até a estação?

— Não precisa, eu vou buscar o Mestre com o Adrien e de lá vamos acompanhá-lo. – respondeu enquanto colocava o casaco e cachecol. Estava um tanto quanto frio aquele dia, mesmo que estivessem próximos ao verão. – Mas você pode me levar até a porta. – eles riram.

— É claro. – Luka deixou sua composição de lado. – Obrigado por vir hoje, foi mais fácil terminar a melodia com você aqui. – sorriram um para o outro.

— Eu é que agradeço por ter me recebido. – depositou um beijo na bochecha dele. – Até, Luka.

— Até, Marinette.

***

— Eu vou sentir muito a sua falta, Mestre. – Marinette o abraçou, secando as lágrimas em seguida.

— Eu também vou sentir. – o loiro deu um rápido abraço em Fu também, que sorriu vendo os dois ali juntos. Marinette e Adrien exalavam o verdadeiro significado de equipe, era lindo de vê-los lado a lado na opinião do velho chinês.

— Não se preocupem, não irei embora para sempre. E sempre que precisarem de mim, vão me encontrar de um jeito ou de outro.

— Esperamos que sim. Boa sorte para o senhor. – Fu assentiu.

— O futuro reserva coisas grandiosas para vocês dois. Fiquem juntos e apoiem um ao outro, como sempre fizeram. Vocês são o equilíbrio da balança, o Yin e o Yang. Tenho certeza que vão conseguir tudo o que quiserem. Até breve, Ladybug e Chat Noir. – o homem foi de encontro a Marianne, que acenou para a dupla. Em seguida, ela e Fu entraram no metrô, deixando Marinette e Adrien sozinhos, observando a partida.

— Eu vou sentir saudades dele.

— Eu também. – Marinette não conseguiu segurar o choro e acabou desabando no peito de Adrien. O loiro foi pego de surpresa, mas não demorou muito para abraçá-la, enquanto sentia lágrimas saírem dos seus olhos também.

Depois de alguns minutos, Marinette se recompôs e trocou um sorriso com Adrien, mesmo que seus rostos estivessem molhados pelas lágrimas. Logo, o loiro passou o braço ao redor dos ombros dela, a trazendo para si.

Marinette e Adrien saíram caminhando juntos, lado a lado e em silêncio. Apenas sentindo a presença um do outro. Não precisavam de mais do que isso, estavam em perfeito equilíbrio.