A Namorada Do Papai escrita por Thay Paixão


Capítulo 15
A Minha Pessoa Especial


Notas iniciais do capítulo

Feliz Natal e um ano novo cheio de coisas boas!
Boa leitura ♥



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Renesmee

 

"Parabéns pra você nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida! Hoje é o seu aniversário meu amor! Feliz aniversário!"

Eu não tinha nem aberto os olhos para o novo dia, o meu dia. Despertei lembrando da minha mãe, uma lembrança meio turva e apagada, da sua voz me despertando no dia do meu aniversário. Ela costumava a cantar o parabéns e me encher de beijos. Fazer panquecas de chocolate. O cheiro de baunilha pela cozinha...

senti uma lágrima escorrer pela lateral do meu rosto. dezessete anos, Renesmee. Grande coisa.

Fiquei deitada encarando o teto, era pouco provável que Tanya abrisse a porta animada, falando dos últimos detalhes de uma grandiosa festa de aniversário, mas no fundo eu mantia a esperança. O que eu tinha feito, afastando minha mãe daquele jeito? Félix era um grande idiota, mas ela não enxergava isso, e talvez eu devesse ajudar de alguma forma. Eu sentia falta da minha mãe, eu a queria ali, naquele momento. 

Quem é a princesa mais linda de todo o reino? A princesa Nessie! A minha princesa! Quantos aninhos você está fazendo? cinco? Todos esses dedos? uau é muita coisa! A voz do meu pai, doce como era seu costume ao falar comigo na infância. Eu sentia muita falta disso. Não podemos ser crianças para sempre? Tudo seria muito mais fácil se fosse assim.

Meu facebook já estava cheio de mensagens de parabéns, com fotos minhas e montagens. Curti todas, deixando para responder só as pessoas que eu conhecia mais tarde. 

Feliz aniversário, prima estranha! Cada vez mais próxima da maior idade! - A mensagem de texto de Maggie me fez sorrir, sim cada vez mais próxima da maior idade e isso não me trazia o conforto que parecia trazer a maioria dos adolescentes. Ser maior, só faria com que meus pais não precisassem mais se responsabilizar por mim.

—Talvez eles nem fossem mais obrigados a me aturarem. - Resmunguei. Eu não iria passar meu dia especial na cama, caminhei para o banheiro colocando uma música do Maroon 5, tudo ficaria perfeito.

 

 

É claro que não ficou. Logo que desci para o café, preparado por uma empregada que não conhecia, não achei meu pai, e ela me informou que ele havia saído logo cedo. Talvez Edward não quisesse me ver, depois do fora épico que Isabella Swan havia dado nele, confesso, por minha causa. Talvez ele realmente gostasse dela, e eu tivesse interferido de alguma forma. Agora Isabella estava longe de qualquer forma e nunca saberíamos, ainda bem. Eu estava sentindo algo estranho dentro de mim, e não podia de forma alguma passar o meu dia sozinha, e já fazia dias desde que havia falado com minha mãe pela última vez, hora de erguer a bandeira da paz, Renesmee, me decidi pegando meu celular, deitando no sofá da sala e ligando para minha mãe. Chamou quatro vezes, no quinto toque uma voz masculina atendeu.

Que merda?!

—Passa pra minha mãe. - Falei entre dentes. Eu não precisava me estressar com Félix.

Renesmi. Como vai? - Felix disse debochado.

—Apenas passe a droga do telefone para a minha mãe.

—Sabe, você já está uma mocinha crescida. Temos que rever esses modos seus.

A voz dele soou muito, muito nojenta ao dizer isso.

—E você já está muito velho. A propósito, como vai a senhora sua esposa?

—Espetacular, tirou uns dia no SPA.

—Você é nojento.

—Sua mãe não acha isso, e aposto que você também não acharia. - Ele estalou a língua de uma forma que revirou o meu estômago. - Já tem idade o bastante para aguentar, certo?

—Seu… porco imundo! Eu quero falar com a minha mãe! - Me sentei ofegante, o aparelho em minha mão sendo esmagado pelos meus dedos.

—Desculpe, queridinha. Ela está muito ocupada agora, talvez eu diga mais tarde que você ligou.

Ele desligou na minha cara.

—Maldito! - Gritei atirando o aparelho para o outro sofá. Por sorte ele não caiu no chão, eu não tinha tempo para comprar outro. Como Tanya conseguia ficar com esse homem nojento? Como ele podia insinuar aquelas coisas para mim?! Eu tinha idade para ser filha dele! - Nojento, nojento, nojento! Asqueroso!

Soquei uma almofada próxima, morrendo de nojo e raiva daquele homem, lembrando de todas as vezes em que estive no mesmo ambiente que ele, cada olhar dele na minha direção ganhando um novo significado, coisas que eu fui boba de mais, ingênua demais para notar. A culpa não era minha afinal, de não notar que um homem velho como aquele podia olhar para mim com olhos… de cobiça. 

Simplesmente nojento! Senti um embrulho no meu estômago aumentar, revirar, e o pouco do meu café da manhã foi deixado no tapete branco da sala, tosi, cuspi, coloquei tudo para fora.

—Senhorita Cullen! -A empregada me ouviu e veio em meu socorro.

—Estou bem - A garanti limpando a boca na manga da blusa. 

—O que sente senhorita? precisa de um remédio? uma água?

—Não, eu vou me trocar, escovar os dentes… apenas limpe isso aqui para que o cheiro não me enjoe de novo.

A oriente, seguindo a passos trôpegos para o andar de cima.

Decidi que iria para casa de Jane, eu não passava um tempo de qualidade com minha amiga a tempos, e isso poderia ser muito bom. Na saída da casa do meu pai, dei de cara com minha avó Esme. Com roupas leves, elegantes, mas nada tão formal que indicasse que ela estava indo para o trabalho.

—Feliz aniversário meu amor. - Ela me abraçou.

—Obrigado vovó. - Me senti acolhida em seu abraço gentil.

—Está indo para minha casa? - Ela disse divertida.

—Para a de Jane na verdade, não sabia que tinha tirado o dia de folga.

—Não tirei, não exatamente. Só tenho alguma papelada para assinar, assim pensei em te chamar para passar o dia comigo.

—Fórum? Não obrigada. - Sorri forçado.

—Podemos fazer o que você quiser. - Ela abriu mais o sorriso. - Só tenho que passar rapidinho no fórum e…

—Não vó, agradeço o convite, mas vou ficar com Jane. Ela já está me esperando.

Na verdade ela não estava, e eu torcia para que ela não tivesse nada planejado.

—Ah querida. Tudo bem, te vejo a noite?

—Sim vovó. -Não se eu tivesse algo melhor para fazer. A abracei. - Acho que a senhora deve aproveitar o dia, quer dizer… o que há para se fazer no fórum em pleno o fim de semana?

Ela abanou a mão no ar, como que para dispensar o assunto.

—Como eu disse, apenas papelada, e não pode esperar para segunda. Depois vou ao shopping quem sabe? Se quiser se juntar a sua velha avó, sabe como me encontrar.

Me despedi de vovó e segui para a casa de Jane. 

Eu não gostava muito casa de Jane, era grande demais, sombria demais. Ótima para um filme de terror, ou de um assassinato misterioso. O motorista particular me deixou na calçada, eu queria andar pelos jardins até a porta. Avistei a senhora Dulce, a chefe de cozinha da casa, pequena e rechonchuda, senti meu coração apertar ao olhar para ela, o rosto tranquilo, as sacolas de comprar pesadas.

—Senhora Dulce! - Gritei me aproximando e tomando as sacolas de sua mão. Ela tomou um susto comigo, a expressão fixa em mim tentando entender quem eu era.

—Não me reconhece? Renesmee!

—Menina Nessie! -Ela disse. - Parece uma girafa, olha como está alta!

Eu ri do jeito pouco calculado dela para falar.

—Eu não tenho culpa se a senhora diminui a cada ano. - Brinquei caminhando de volta ao portão.

—Vocês jovens, parece que todos tomaram um chá para crescer, menos a menina Jane, ela continua minúscula!

Ri de novo, em poucos segundos me sentindo mais feliz ali do que em dias.

—Por falar na nossa anã favorita, ela está em casa?

—Você não falou com ela naquele aparelho que parece uma parte do corpo de vocês? - Ela disse de modo censurador.

—Eu queria fazer uma surpresa.

—Ora menina Cullen, é seu aniversário e você quer fazer uma surpresa para ela?

Olhei para a pequena mulher do meu lado.

—Como você…

—Ora, ora menina! Eu nunca esqueço uma data de aniversário! 

Adentramos juntas pela porta da cozinha. Coloquei as sacolas sobre a mesa.

—Esse lugar não muda!

—Eu mantenho tudo do jeito que eu gosto, agora que a menina Jane tem namorado, quase não fica em casa. Pelo menos o menino Alec está ficando mais em casa. Não sei para que se mudar para um apartamento, com uma casa desse tamanho!

—Alec está aqui? - Perguntei sentindo meu coração bater mais rápido como se eu tivesse doze anos de novo. Ridículo. 

—Sim, aquele menino! Deve estar com o nariz dentro de algum livro por aí…

—Por sorte não estou, Dulce. Se não teria caído em cima de você. - O próprio Alec apareceu na cozinha, com calça de moletom, descalço, o cabelo castanho claro bagunçado, o rosto adoravelmente sonolento, e sem camisa. Como um estudante de literatura podia ter um corpo tão sarado?

—Aí está você menino! Sente-se vou preparar algo para você comer, e dê um abraço em Renesmee, é aniversário dela.

Alec me olhou, a expressão dívida entre surpresa e constrangida.

—Oi, Renesmee. - Ele disse, deu os passos necessários para estar diante de mim, se inclinou e me deu um beijo na bochecha, meu rosto queimou onde os lábios dele tocaram minha pele. Uma mão nas minhas costas afagaram de modo carinhoso. - Feliz aniversário.

—É… legal. Bem...quero dizer… é um dia como outro qualquer. é… - O que tinha de errado comigo?! - Obrigado.

Pronto, consegui ser coerente.

—Veio em busca da anã de jardim? - Ele perguntou com um sorrisinho irônico, se sentou à mesa.

—Parece que ela não está.

—Não chame sua irmã assim! - Dona Dulce rebateu. Alec fez uma careta, mas ela não podia ver.

—Ela deve chegar logo, deve ter dormido na casa do namorado.

—Dormir na casa do namorado! Esses jovens de hoje em dia… só espero que o senhor Volturi não descubra isso!

—E o que ele poderia fazer? Trancá-la em casa?

—Dar uma bronca, ou casar os dois!

Alec e eu trocamos um olhar chocado. Quem se casa aos dezessete anos?!

—Dulce, Dulce… não estamos mais no século dezenove.

—Eu não entendo essas coisas aí que vocês falam, mas se alguém dormir com uma moça… deve casar com ela.

Dona Dulce tinha ficado realmente chateada com o assunto, pois começou a se mover pela cozinha com energia, batendo as portas, jogando coisas na pia. Alec e eu ficamos quietos, apenas observando.

Ela serviu um café da manhã para Alec, e por educação me sentei ao lado dele comer um pouco também. Mandei uma mensagem para Jane, para saber se ela viria para casa, ela respondeu imediatamente dizendo que já estava a caminho. Sem Seth, obrigada meu Deus.

Alec estava digitando algo no telefone, e eu fiquei sem saber como puxar um assunto com ele. E ai Alec, como vai a faculdade? não, muito tia!

—Aqui, menina. - Dulce chamou minha atenção ao me passar uma barra de chocolate. Tinha uma fita rosa, com um laço mal dado. A senhora sorriu para mim. - Esse ainda é seu chocolate favorito?

Ah. Não. Não, não, não! 

Eu não vou chorar. Meus olhos arderam, eu não passava um tempo com aquela mulher devia fazer anos! E mesmo assim, ela lembrava do chocolate favorito da minha infância, mesmo assim ela foi a primeira pessoa a me dar um presente naquele dia.

—Obrigado dona Dulce. -Falei com a voz embargada, a abraçando imediatamente.

—Que isso? pronto, pronto, você está nessas dietas malucas não é? está muito magrinha, coma um chocolate vai te fazer bem.

—Obrigada mesmo dona Dulce. -Eu escondi o rosto na blusa da senhora, chorando como o bebê que eu era.

A campainha tocou e ela se afastou para atender a porta, reclamando da falta de empregados na casa.

Fiquei olhando para aquela barrinha de chocolate, o coração aquecido, o rosto molhado.

—Uau, nunca imaginei que você era do tipo que se emociona com presentes simples. - Alec me lembrou de sua presença. Funguei antes de falar.

—Esse é o primeiro presente que ganhei. E sei lá, pareceu significar muito. Dona Dulce saber que eu gosto desse doce, o jeito dela… eu não sei. Estou sensível. - Brinquei por último.

Fiquei brincando com a barra nas mãos, olhando o gesto dela. A mão de Alec surgiu no meu campo de visão, segurando as minhas, seus longos dedos gelados.

—Feliz aniversário. - Sussurrou, os olhos pareciam sinceros e calorosos.

—Hum… obrigada. De novo.

—Está… tudo bem? Pode parecer uma pergunta idiota, mas realmente quero saber. você não parece muito bem.

—Minha vida está uma completa bagunça, só isso. - Arregalei os olhos no fim.

—Entendo, pode ser a crise dos dezessete, sabe? Eu passei por isso. - Ele se recostou na cadeira, as mãos cruzadas por detrás da cabeça.

—Sério? Não consigo imaginar algo de errado na vida de Alec Volturi. - Brinquei.

—Não consegue? eu não teria imaginado isso na vida da perfeita Renesmee Carlie Cullen.

ok, ele sabe o meu nome do meio. Estou chocada, isso também não é nada demais.

—Se prepare, lá vai: Alec volturi na verdade era Alec Rodriguez. Meus pais morreram num acidente de avião quando eu tinha dois anos.

—Isso é… uau. Não de uma forma boa, claro que não! É…

—Horrível. Eu sei. 

—Como você… foi adotado então? - Como Jane nunca tinha me dito aquilo?!

—Meu pai era sócio de Aro, ele e a esposa dele não permitiram que eu fosse para qualquer lar adotivo. Me adotaram.

—foi muito gentil dos Volturi. - Assinalei.

—Sorte minha meu pai ser sócio de Aro Volturi. - Ele disse com amargura. -Eles não tinham filhos ainda, então… eu cobri esse papel, até Jane nascer.

—Depois foi deixado de lado?

—Não mesmo, eu amo minha irmã. Ela pode ser bem irritante, mas é a minha irmã.

—Ela é ótima. -Concordei.

—O que nos leve de volta a você. O há de errado?

Alec tinha um jeito estranho de falar essas coisas: O que há de errado? Ele olhava nos meus olhos, e parecia realmente se importar com a resposta, então eu senti a onda de choro querer voltar. 

—Eu… ferrei com a vida do meu pai, por não gostar da namorada dele, e agora ele não gosta de mim. - Falei olhando o chocolate em minhas mãos.

—O seu pai nunca me pareceu o tipo rancoroso, ainda mais com você.

—Ele realmente gosta dessa mulher. - Comentei com amargura.

—Isso não o faz gostar menos de você, certo? - Ele disse duvidoso.

—Não é o que parece agora, mas em defesa dele… eu infernizei um pouco a vida dessa mulher.

—Defina infernizar. - Ele sorriu. Eu sorri de volta, mas eu não podia contar. Eu não tinha colocado um rato na cama dela, ou baratas na meio de suas calcinhas. Eu simplesmente tinha machucado ela fisicamente e ainda posto a saúde dela em risco. Não era engraçado, eu podia ver isso agora, quando não queria dizer aquilo em voz alta, e fazer Alec ter um julgamento ruim sobre mim.

—Fazer coisas para irritar ela, e ela acha que uma rola não vale o sacrifício.

—Uma rola? - Ele riu. - A linguagem dos jovens não é mesmo para mim.

—Por favor Alec, você tem dezenove anos, não cinquenta. - Revirei os olhos pousando minha bochecha na mão esquerda.

Alec deu um sorrisinho. 

—Então o seu papai está bravo com você.

—E a mamãe não liga para mim, está muito ocupada em ser a amante. E o namorado dela tem uma família feliz.

—Se fosse uma família feliz ele não teria uma outra namorada… isso parece confuso.

—Você não faz ideia.

—Parece que sua vida está girando em torno de outras pessoas. Isso parece muito chato.

Franzi a testa sem saber o que dizer. Chato? Girando em torno de outras pessoas? Minha vida estava um caos!

—Meus pais são irresponsáveis! E minha vida está um caos!

—Eu realmente não sei como é sua vida, com sua mãe super ocupada e essas coisas. E o seu pai apaixonado, mas o que você tem feito por você mesma? Além de ir a escola?

Parei para pensar no que Alec dizia. Eu devia ter fotografado com a equipe do Dmitri, mas nem isso fui adiante, sem a menor vontade de fazer as coisas.

—Não tenho nada de interessante sobre mim para te contar.

—Deixa eu pensar… - ele colocou uma mão no queixo parecendo pensativo. Falso pensativo. - Você ama escrever. Sempre escreve resenhas de livros no seu instagram, mas eu não tenho visto muitos ultimamentes.

Aquilo me pegou de surpresa, não sabia que Alec olhava meu instagram.

—Desculpe se não curti nada. 

—Qual é a sua conta?! -Peguei o celular numa tentativa ridícula de preocupar.

—É com a foto do meu gato na frente, o nome é amante de gatos, algo muito bobo.

—Achei a conta e segui - tinha fotos de um gato preto em diferentes poses. muito fofo.

—Eu só uso para postar fotos do meu gato. 

—Qual o nome dele?

—Gato. - ele deu de ombros e eu ri. O assunto ‘’gato’’ rendeu e Alec me mostrou mais fotos do bichano no celular e contou algumas peripécias dele. 

Jane nos encontrou assim, juntos cabeças quase enconstadas.

—Atrapalho? - Jane apareceu rindo.

—Não mesmo. - Me afastei. - Estava vendo as fotos de‘’Gato’’.

—Ahhhh ele não é a coisa mais bonitinha?!  -Ela parou entre nós, jogou os braços em volta dos nossos pescoços, beijou o rosto de Alec e então o meu.

—Feliz aniversário sua doida! Te amo!

—Nosso obrigada, mas porque está tão animada?

—É aniversário da minha melhor amiga. - Ela deu de ombros se afastando.- O que vamos fazer?

—Sem programação definida, você sabe. - Respirei fundo.

—Ok… então declaro dia das meninas. Adeus Alec! - Ela me puxou pela mão para longe de Alec.

Ficamos no quarto de Jane, ela falando sem parar sobre a família de Seth e como eles eram engraçados e unidos como uma família devia ser e ela podia se imaginar vivendo ali pro resto da sua vida.

—Você não acha que é meio cedo para pensar nessas coisas? Ficar pra sempre com alguém…

—Eu amo o Seth, e quero passar o resto da minha vida com ele. -Ela deu de ombros fazendo um penteado em meu cabelo. -Prontinho. 

—Por que está gastando tanta energia em fazer meu cabelo?

—É seu aniversário e eu quero você linda, vamos sair mais tarde. Vou ver se o almoço está pronto não saia daí!

Revirei os olhos, mas continuei sentadinha na penteadeira. Vi que tia Rosalie havia postada uma homenagem para mim, curti e respondi. Nenhum sinal da minha mãe ou do meu pai.

Todas as irmãs da minha mãe me ligaram, tio Emmett também, fui educada com ele, embora quisesse ser cortante por ele estar fazendo minha tia sofrer. Falei com meu avô Carlisle também. O pai da minha mãe não deu sinal de vida o que era normal, vovô Danali não era muito atento a essas coisas. Riley também me mandou uma mensagem de feliz aniversário que eu preferi ignorar.

—Posso entrar? - Bree colocou a cabeça para dentro do quarto.

—Jane está lá em baixo. - Falei com o olhar inalterado.

—É, eu sei. Eu queria falar com você. Feliz aniversário aliás.

—Estava sendo até você aparecer. - Reclamei.

—Nessie… por favor, você precisa me desculpar.

—Não sou obrigada a nada. Você me vendeu para o Riley.

—Eu achei que estava ajudando vocês, eu sei que você gosta dele.

—Eu não gosto dele, Bree. Eu tinha uma… quedinha por ele , ele foi o meu primeiro namorado, mesmo tendo me traído daquele jeito eu… eu gostava dele, sim ok? Eu superei, e foi horrível ter ficado cara a cara com ele daquele jeito, quer dizer a não ser pelo fato de que ele beija bem pra caramba.

Fiz uma careta e ela riu.

—Perdoada? - Ela tentou.

—Sim. - Suspirei. Eu não estava numa posição favorável para afastar pessoas da minha vida mesmo. Jane, Bree e eu passamos a tarde juntas, e quando a noite caiu Jane me fez vestir uma roupa bonita e tirou uma foto minha em sua cama.

—Pronto, agora eu posso postar a homenagem a minha amiga favorita. - Ela piscou começando a digitar no celular.

—Espero que essa foto tenha ficado apresentável. - Resmunguei.

—Você está linda. - Bree afirmou.

—Onde vamos? -Perguntei.

—Vamos a Eclipse, vai ter um DJ amigo do Alec que manda muito. E… -Jane fez um suspense. - Nosso círculo de amizades não costuma a frequentar.

—Aleluia senhor, eu sei que tu me sondas. - Levantei as mãos para o alto e as duas riram.

O motorista de Jane ficaria encarregado de nos levar em uma limusine, quando eu arquei uma sobrancelha para ela -afinal aquilo era demais - ela apenas disse: -O melhor para minha pessoa favorita no dia dela.

Eu a abracei pelo pescoço para esconder a emoção. Quando estávamos saindo da mansão dos Volturi, vi Alec parado a porta dando recomendações a irmã. Por fim ele disse mais alto;

—Não se metam em problemas, qualquer coisa me liga. 

—Meu irmão está tão prestativo. - Jane elogiou. Fui a última a passar por ele, que segurou na minha mão de forma suave. Olhei para seu rosto incrivelmente bonito.

—Pense naquilo que eu te falei, foque um pouco em si mesma. 

—Eu sinto falta do meu pai. - Deixei escapar.

—Vocês vão encontrar um equilíbrio. - Ele sorriu. - Bom fim de aniversário.

—Você… não quer vir com a gente? - Da onde tinha saído aquilo?

—Não é muito a minha praia. - Ele se desculpou.

—É qual é a sua praia, Alec Volturi? -Sorri, meu coração a mil.

—Talvez um dia você descubra, Renesmee. 

 

A noite com as meninas foi boa, Jacob apareceu por lá com os amigos dele - cortesia de Jane - e trouxe uma pulseira de diamantes para mim.

—Não sou nova demais para isso? - Brinquei quando ele colocava a pulseira o meu braço, ela tinha um pingente de coração e outra de um lobinho.

—Nunca se é nova demais para um diamante. - Ele riu e piscou. 

—Algo de especial na pulseira? - Falei analisando os dois pingentes.

—O lobo é o símbolo da minha família, como o leão é o da sua. - Eu não sabia que Jacob se ligava nesses detalhes de família, mas sim, o leão era o simbola da família Cullen. - E o coração é meio óbvio… você tem o meu coração.

—Jake… - Falei o seu nome como um lamento, quem diria que Jacob Black poderia ser um fofo?

—Não recuse por favor, se não eu vou ficar arrasado. Estou te dando o meu coração, garota.

—Devo dizer ‘’muito obrigado’’ ou este é um sentido errado?

—Você pode me beijar ao invés disso. - Ele disse me puxando pela cintura, e seus lábios buscaram os meus.

Foi uma boa noite, entre minhas amigas e vários dos amigos de Jacob que eu não conhecia muito bem. Ninguém cantou parabéns nem apareceu com um bolo surpresa, mas qual é, eu tinha ganhava uma pulseira de diamantes, não se pode ter tudo.

Ainda ia dar dez horas da noite, quando Jacob me deixou na casa do meu pai de carro. Ele não saiu do carro, mas me beijou de forma demorada ali mesmo. Mandei mensagem de texto para Jane e Bree avisando que eu havia chegado em casa.

 

A casa do meu pai estava silenciosa quando abri a porta da frente. Tirei os saltos com que estava e caminhei devagar e descalça pelo piso liso. Eu pretendia ir direto para a cama, selecionar as melhores fotos da noite e postar no meu instagram. Eu tentava não pensar no fato de que tanto meu pai quanto minha mãe tinha me ignorado o dia todo. Eu poderia ser orgulhosa demais para ir atrás de Tanya, mais do que eu já tinha ido aquela manhã e dado de cara com muro chamado Felix, mas eu não podia deixar de ir atrás do meu pai. Se ele estiver em casa, poderia… tentar consertar as coisas, pelo menos um pouco.  Se ele estivesse na fossa pela partida de Isabella, só havia um lugar onde eu poderia encontrar ele. Fui de encontro ao seu estúdio de música.

Aquele era meu pai sofrendo e fazendo drama? Ou apenas sofrendo? Ele não precisava agir daquele jeito! Nem Isabella, a reação dela foi muito exagerada.

Mas não era isso que você queria Renesmee? Que ela o deixasse?

Não parecia uma ideia tão genial agora, quando ele mal falava comigo e tinha passado o dia do meu aniversário me ignorando.

—Pai? -Chamei assim que entre abri a porta. Ele estava ao piano, cabeça abaixada um copo de whisky em cima do instrumento.

—Feliz aniversário. -Ele disse muito baixo começando a dedilhar uma melodia. Reconheci imediatamente, era a minha canção de ninar. 

 Tomada por seus gesto de carinho, e afinal aquele era o meu pai andei decidida até ele. Sentei ao seu lado na banqueta, dedilhando algumas notas com ele. Quando a música chegou ao fim continuei a onde estava. 

Eu tinha magoada e muito a pessoa que eu mais amava no mundo. Que tipo de amor era esse que machucava o objeto amado? Meu pai nunca tinha me machucado de propósito e sempre me colocou em primeiro lugar na sua vida. Sempre esteve lá por mim e para mim.

Naquele dia, tinha sido fácil me abrir com Alec sobre algumas coisas, aquele ao meu lado era o meu pai. Eu podia ser sincera com ele, não só porque eu devia isso a ele, também porque eu precisaria disso para mantê-lo em minha vida.

—Eu não queria afastar Isabella de você. -Sussurrei.

—Não foi o que pareceu. -Ele disse duro. Ok, eu teria que ser melhor.

—Eu não queria que você sofresse. Eu só achei que… eu seria uma estranha se ela ficasse.

Ele se virou para me olhar bem. O encarei de volta.

—Você nunca seria uma estranha. É a minha filha. Minha filha amada. 

Meu peito se apertou de forma estranha e eu comecei a chorar.

Eu tinha me tornado uma completa chorona e eu não gostava muito dessa versão de mim mesma.

—Eu vi vocês… e como eram perfeitos juntos. E como eu sou imperfeita. Vocês terão lindos filho juntos e eu serei a filha mais velha de outro relacionamento, o erro. O que não deu certo.

—Filha… eu não sabia que se sentia assim.

—Eu também não. Eu nunca sei como me sinto. Só… que é sufocante. O tempo todo. E eu acabo fazendo besteiras!

Eu comecei a chorar pra valer, com direito a soluços e papai me abraçou. Meu choro quebrou, voltou, solucei. E ele me abraçou forte por um longo tempo.

—Desculpa papai… eu não queria te magoar. Eu sinto muito mesmo. Não me odeie. 

—Eu nunca poderia odiar você. É a minha filha amada. -Sussurrou sem parar  que eu era sua filha amada, que eu nunca seria demais na vida dele, que ele me amava mais que tudo.

—Renesmee, eu poderia ter dez filhos com Bella. E amaria a todos de um modo único e especial. E você sempre será a minha primeira filha, o meu primeiro amor. Nunca se esqueça disso. - Ele disse sério, me forçando a olhar para ele.

Assenti mais calma.

—Como foi o seu dia? - Ele disse abrindo um sorriso e limpando os próprios olhos,

—Estava regular, sabe estava faltando a pessoa mais especial. - Falei.

—Desculpe não estar aqui por você hoje. Eu também tenho andado uma bagunça, mas acho que minha cabeça está começando a ir para o lugar certo.

—Tudo bem papai, e Isabella?

—Em Los Angeles. -Ele endureceu um pouco a expressão.

—Tem algo… que eu possa fazer? - Eu pediria desculpas para ela.

—Não meu amor, não se preocupe mais com isso ok?

—Mas você gosta dela e eu…

—Eu também errei muito com vocês duas. Vamos apenas… dar tempo ao tempo.

—O...k. - respondi de forma lenta. 

—Ainda é o seu aniversário, quer pedir pizza?

—Pode ser! Eu vou tomar um banho e por algo mais confortável,você pede?

—Claro abelhinha. - Ele beijou meus cabelos. Pulei da banqueta correndo para o segundo andar, me sentindo mil vezes melhor.

Tomei um banho rápido, colocando meus moletons favoritos de fundo branco com estampa de ursinho. Deixei meus cabelos soltos. Quando estava no corredor ouvi a campainha tocar, devia ser a pizza.

—Pai você pediu de margarita? - Gritei das escadas. Quando cheguei ao último degraus estanquei no lugar ao ver a minha mãe com um bolo nas mãos.

—Ei filha… feliz aniversário. - Ela disse baixinho. 

—É… mãe. Eu tentei falar com você hoje. - Falei.

—Eu perdi meu celular, me desculpa. Minha vida vai virar uma loucura na segunda feira por conta disso, mas eu não quero pensar nisso agora. Veja, é de brigadeiro o bolo, o seu favorito certo?

—Sim.

—Isso é ótimo, Tanya. Por que vocês não levam o bolo para a cozinha enquanto eu pago ao entregador? - Papai falava um pouco mais alto do que o normal, parecia nervoso.

—Claro. - Dei de ombros. Peguei o bolo das mãos da minha mãe e ela sorriu para mim parecendo insegura. Hoje eu havia sido perdoada pelo meu pai, eu devia estender esse perdão para minha mãe.

—E Felix? Ele atendeu seu celular quando eu liguei. 

Aquilo deixou minha mãe surpresa. 

—Ele… ele não disse nada. Disse que não viu meu celular…

—Ele provavelmente é o culpado pelo sumiço do seu celular. - Resmunguei colocando o bolo em cima da bancada e tirando a tampa. vê-lo me deixou com fome. 

—Por que.... não querida, Félix não faria isso.

—Mãe, porque você acredita nesse homem?- Gemi em frustração. - Não precisa dele, e pode conseguir algo muito melhor.

Mamãe pareceu querer dizer algo, mordeu o lábio indecisa.

—É complicado. - Foi tudo o que disse.

—Ainda bem que eu sou precavido, pedi pizza para três!

pizza para três na língua do meu pai queria dizer três pizzas de dez fatias.

—Não precisava se incomodar tanto, Nessie e eu não comemos muito. - Ela riu o ajudando a abrir as embalagens.

—Ness precisa se alimentar direito.

—Estou morta de fome, pai. -Abri a geladeira pegando o refrigerante. Começamos a comer ali mesmo, meu pai e minha mãe contando coisas da época da escola e me fazendo rir. Eles contaram coisas da sua infância, seus professores da escola, eu engasguei feio com o refrigerante de tanto rir, quando minha mãe admitiu ter dado em cima de um professor para fazer uma recuperação da recuperação.

—Eu precisava muito passar de ano! -Ela se defendeu.

—E todos se rendiam aos seus charmes. -Papai a provocou. Ela mostrou a língua para ele. Eles continuaram a falar e me fazer rir, e eu me senti bem. Segura. parte de uma pequena e disfuncional família.

E por um momento eu me permiti imaginar que aquilo era mais, que aquela casa era de nós três e aquela era apenas mais uma noite em família.

Eles cantaram parabéns para mim, tiramos fotos e eu nem me importei com o fato de que não tinha um pingo de maquiagem no meu rosto. Comemos bolo, então fomos para a sala assistir filme. Em algum momento da noite adormeci entre meu pai e minha mãe.


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Notas finais do capítulo

E esse foi o dia do aniversário da Nessie ><
Comentem!
Favorite!
Divulguem!
Façam essa autora feliz >