Isabella.

—Uau! Isabella Swan 2.0 aterrissando em Hollywood! -Vick não poderia ter sido menos discreta em seu elogio. Ela atraiu olhares curiosos, e vi um paparazzo nós olhar franzindo a testa. Pareceu em dúvida então tirou uma foto minha. Arght ele não fazia ideia de quem eu era, mas não podia perder o "click". 

—Olha só para você! -Vick me pegou em um abraço, sua cabeça batendo em meu peito.

—Vick aquele homem tirou uma foto minha. -Sussurrei para ela.

—Bobagem, ele nem deve saber quem você é. Está aqui para pegar qualquer celebridade ou sub-celebridade descuidada. Vamos andando, mandei limparem seu apartamento!

—Você foi muito legal com tudo isso. -Elogiei.

—Não foi grande coisa, eu só tive que dar um telefonema. Ângela estava te esperando só depois do dia treze.

—Tive que antecipar minha vinda. 

—Achei estranho Edward não vir com você. Eu bem queria ele aqui, seria de muita ajuda com o elenco. Ele tem essa aura de vampiro triste que…

—Edward e eu terminamos. -A cortei.

Estávamos no estacionamento do aeroporto e ela estancou no lugar.

—A filha dele te pôs pra correr? Achei que ela estivesse velha demais para isso agora.

—Você sabia da filha possessiva dele? -Reclamei já no carro. Vick mesmo estava ao volante.

—Eu conheço Jasper, melhor amigo de Edward a algum tempo e ele pode ter me contato uma ou outra coisa… quer dizer, uma garota que não gosta das namoradas do pai é normal. Acho que até o que, uns sete anos de idade? Jasper disse que as namoradas do Edward nunca ficam e que ele achava que era por causa da menina.

—Talvez seja uma mistura dos dois. Edward é uma pessoa diferente perto dela. Ela… é todo o mundo dele. E a palavra dela é lei.

—Hum…Isso parece… intenso. E complicado. Ele parecia completamente apaixonado por você, não acredito que permitiu que a filha se metesse nisso ao ponto de ser um problema.

—Tudo sobre aquela família era um problema. -Sussurrei me lembrando em como eles queriam manter as aparências. Rosalie fingindo que já tinha superado Emmett, Alice… bom, sobre essa eu não faço ideia de nada, Esme e Carlisle como o casal perfeito, que criaram os filhos perfeitos. O que fez com que eles tivessem toda essa dificuldade de confrontar e expôs seus reais sentimentos.

—Não quero pensar em Edward agora. 

—Tem razão, que se dane os homens! Até os muito gatos como Edward Cullen! Vou te atualizar das fofocas do elenco antes de tudo…

Vick se lançou numa descrição detalhada sobre quem estava ficando com quem e como isso estava deixando o estúdio um pouco nervoso.

—Quer dizer, eles podem fazer o que quiser, mas os protagonistas parecem muito envolvidos. Se isso acabar mal, pode ser um problema para as filmagens. - Ela terminou o relato.

—E o que Ang acha disso? - Perguntei me encolhendo, eu não sabia nada sobre essas coisas.

—Angela acha que eles podem pegar quem eles quiserem, desde que atuem direito. Não se preocupe com isso, seus personagens já são aclamados, o estúdio vai fazer com que todos sejam profissionais caso haja corações partidos.

—Isso não parece mesmo nada bom. - Lamentei.

—Relaxa, Isa. Quer dizer Bella. Eu ainda não me acostumei a te chamar de Bella! Você é tão Isa! - Ela riu. Eu não respondi, olhando a paisagem ensolarada de Los Angeles, deixei meus pensamentos vagarem de volta a Nova York, e minha conversa definitiva com Edward.

***

—Edward. - O chamei parada na entrada da sala de estar. Ele conversava com o pai. 

—Ei linda. - Ele sorriu para mim, muito relaxado.

—Precisamos conversar. - Falei seria, braços cruzados. Ele e o pai trocaram um olhar. - Agora.

Acrescentei, eu não ficaria mais que o necessário naquela casa, e me conhecendo bem, eu poderia acabar cedendo.

—Tudo bem. - Ele se levantou meio tenso, fez um carinho no meu braço, quis pegar minha mão para que eu o seguisse, mas não permiti. Edward me levou para a área de fora, na piscina.

—Edward… como você pode achar que uma festa dupla de aniversário seria um pedido de desculpas pelo o que aconteceu com o meu cabelo? - Logo falei, deixando toda a frustração transpassar pela minha voz.

—Eu… pareceu uma boa ideia na hora. Agora quando você diz, só parece estúpido.  -Ele fez uma careta.

—Estúpido e infantil. -Enfatizei. - Sua filha pinta meu cabelo, colocando produtos químicos nos meus produtos de cabelo, e ganha uma festa? - Coloquei dessa forma esperando que ele pudesse entender.

—Eu queria que vocês se entendessem, Bella. - Ele expirou.

—Eu entendo que isso era importante para você, mas ela não me aceita. Ela não está arrependida do que fez. 

—Mas eu falei com ela…

—Edward, isso não está certo. Você não está com a cabeça no lugar certo.

Ele estendeu as mãos para mim tentando me alcançar, se ele me tocasse toda a minha resolução iria por água abaixo. Me afastei erguendo os braços como uma proteção.

—Não. - Disse firme. - A gente tentou, e acho que tentámos do jeito errado, porque não deu nem um pouquinho certo. Renesmee… o problema não sou eu, ou qualquer outra namorada sua agora. O problema é ela. Ela está passando por alguma luta interna, e precisa de ajuda, e você e Tanya deveriam se concentrar totalmente nela, agora. Eu tentei fazer parte disso, talvez não do jeito certo, mas eu tentei um pouco. Mas ela ergueu um muro muito consistente contra mim. Eu sou uma distração para você agora, e a verdade é que eu não quero isso para minha vida. Não agora, não assim.

—Bella… você ta terminando comigo?

—E espero que dessa vez você entenda. É o melhor. - Falei mais baixo, minha garganta querendo se fechar.

—Como pode ser o melhor, se eu amo você, e você me ama? - Ele disse de forma dura, lançando sobre mim todo o poder dos seus olhos.

—Por que nós dois amamos outras pessoas também. Minha família por exemplo que eu ama muito e não tenho dado muita importância. Eles com certeza não se encaixariam aqui, sua família faria mal para eles.

Ele recusou com minha última frase, como se eu o tivesse ferido.

—Nós dois amamos muito nossas famílias. - Logo falei. -Não podemos colocar o nosso relacionamento acima deles. 

—Mas a gente não precisa terminar por causa disso. -Ele rebateu. - Bella, eu sei que eu estou agindo errado sobre muitas coisas, mas eu preciso de você para melhorar. Me diga o que fazer, e eu farei.

Sacudi a cabeça em discordância antes que ele terminasse.

—Eu não posso dizer a você como agir. Não vê? Isso seria errado. 

Ele bufou, não parecia com raiva, parecia contrariado e cansado. Se sentou um uma das espreguiçadeiras, a cabeça tombando nas mãos.

—Não importa o que eu diga, você já se decidiu. -Falou olhando para baixo.

Me sentei ao seu lado, com uma mão em suas costas.

—Edward, é o  melhor para nós dois. Eu te amo muito, e vejo que o melhor para você é eu sair um pouco de cena. Se resolva, com sua filha, com a mãe dela. Com você mesmo. Sei que pode parecer egoísmo eu querer sair da sua vida assim, mas eu não estou fazendo bem aqui.

—Você me faz bem. - Ele segurou meus pulsos, essas pequenas atitudes dele as vezes me davam um pouco de medo. Isso não era bom. -Eu nunca senti isso por ninguém, Bella. Eu preciso de você.

Libertei meus pulsos do seu aperto com carinho. Segurei seu rosto, seus olhos estavam cheios de lágrimas não derramadas e eu comecei a chorar.

—Eu amo você. Podemos nos falar todos os dias, mas eu quero que saiba que não sou mais sua namorada, ok? Posso ser sua amiga, apenas isso.

—Eu me sinto uma confusão agora. - Ele sussurrou. 

—Eu já me senti assim. - Confirmei. - Essa é a melhor decisão para nós dois, eu garanto.

Ele não disse mais nada, eu esperava que ele tivesse entendido mesmo o que eu quis dizer, e que o seu silêncio fosse essa confirmação, não o seu orgulho ferido.

Eu não fiquei para o almoço, Edward me acompanhou até a rua e esperou o carro que eu havia chamado para me buscar. Seu olhar dura e magoado ainda dançava por detrás das minhas pálpebras durante todo o percurso para longe dali. Para longe dele.

***

—Você vai ficar bem sozinha? - Vick disse na porta do meu apartamento. - Eu tenho umas mil coisas para fazer…

—Claro, pode ir! Eu vou ficar bem! -Olhei em volta do pequeno apartamento, me lembrando de Edward imediatamente. Talvez eu devesse ter arrumado um lugar novo. - Eu vou ficar bem. - Repeti mais baixo.

—Ótimo! Se precisar de qualquer coisa é só me ligar. Amanhã venho te buscar para irmos ao estúdio, as gravações externas acabaram, só faltam mais algumas internas.

—Não precisa, eu vou sozinha. 

—Tudo bem, se prefere. - Ela deu de ombros. -Até mais! -Acenou dando as costas e batendo a porta ao sair. Finalmente eu estava num espaço meu, sozinha. Eu tomei a decisão certa, eu sabia disso. Então porque meu coração estava apertado e eu sentia vontade de chorar? 

Joguei minha pequena bagagem para o lado, e me deitei na cama. Na bendita cama onde havia feito amor com Edward tantas vezes. Onde ele disse que amava. Onde ele me pediu em namoro. Puta merda!

Coloquei uma música do Ed Sheeran no celular, tampei o rosto e comecei a chorar pra valer.

Que se dane ser adulta e independente! Eu queria aquele homem! Queria viver com ele, ter os filhos dele! ser a mulher dele! Eu podia ser conhecida apenas como a ‘’Mulher de Edward Cullen’’ e que se exploda o mundo eu seria muito feliz!

—Eu sou uma fraude! - Lamentei em meio ao meu desespero.

Antes que a música chegasse ao fim, meu telefone tocou. Achei estranho o nome de Alice na tela. 

—Aló? - Atendi. Minha voz saiu péssima, engasgada.

—Tá aí a voz de alguém que acaba de romper um namoro. Eu sabia que Rosalie era uma fingida com aquele tom de ‘’nunca estive melhor’’. Já chegou em Los Angeles? 

—Oi Alice. -Resmunguei.

—Oi Bella! Então já chegou? 

—Sim. - Resmunguei. - E como vai você? Não tenho notícias suas a dias.

—Nunca estive melhor. Se prestasse mais atenção nas redes sociais teria notícias minhas. Me diz, você está no mesmo apartamento?

—Como?

—Acorda, Isabella! Você está no mesmo apartamento que alugou quando ficou aqui pela primeira que veio?

—Sim… - respondi sem saber onde ela queria chegar.

—Fantástico! Jasper sabe onde fica, se prepare, no comecinho da noite passamos ai para buscar você! beijos de luz!

E ela desligou. O que foi isso?

Alice Cullen era uma criaturinha muito estranha, eu não tentaria desvendá-la. 

Mas eu tinha pego o telefone, minha música tinha sido interrompida e meu momento para chorar quebrado. Mandei um mensagem para Edward, era o que amigos faziam, certo?

eu: Já cheguei, estou no apartamento. :)

Joguei o aparelho de lado, decidida a arrumar minhas coisas. Mal tocou na cama ele vibrou. Peguei de volta.

Edward: Fez um bom voo?

Eu não esperava que sua resposta fosse tão imediata.

Eu: sim, dormi a maior parte do tempo!

Edward: Que bom. Eu disse a Alice que você estava indo, como ela está por ai com Jasper pedi que te fizesse companhia.

Ligação de Alice explicada.

Eu: Ela me ligou. Não precisava ter feito isso.

Edward: Você não pode ficar trancada nesse apartamento. Deve sair e se divertir! :p

Eu: É exatamente o que eu deveria fazer, tenho um livro para terminar.

Edward: Sei que vai saber dividir seu tempo. Sinto sua falta.

Fechei os olhos com sua última frase.

Ser sincera, ou racional.

talvez um pouco dos dois…

Eu: também sinto. Isso não muda a nossa situação, desculpa.

Isso, Bella. fez bem. Ele não me respondeu mais, comecei a tirar minhas coisas da pequena mala.

…

—Essa é a imagem de alguém que terminou um namoro! Cabelo novo, uau! - Alice gritou na porta do meu apartamento.

—Primeiro veio o cabelo, depois o término. - A lembrei, Edward deveria ter dito algo. - Oi Jasper. 

Ele estava parecendo muito sem jeito atrás de Alice.

—Oi Bella. - Seu cumprimento parecia um pedido de desculpas. Dei espaço para que eles entrassem.

—Achei que você já estaria arrumada!

—Eu estou arrumada! - Esclareci. Eu estava com uma calça Jeans, tênis uma camiseta do Pearl Jam.

—Não está mesmo! Tem algum vestido por aí? - Ela começou a vasculhar o meu quarto.

—Como você a suporta? - Sussurrei para Jasper.

—Ela tem algo que me domina. Não sei explicar. - Ele deu de ombros como quem se desculpa.

—Vocês se conhecem a tempos, porque só agora… 

—Ela veio com tudo pra cima de mim. - Ele riu. -Vai parecer meio brega, mas eu sabia o tempo todo que era ela. Só estava esperando ela vir.

Os olhos de Jasper brilhavam a dizer aquilo.

—Então… parabéns. - Sorri forçado.

—Eu não acredito que Renesmee teve uma atitude tão mesquinha. Eu liguei para ela e falei um monte! Aquilo foi muito feio, fique sabendo Bella que ela puxou essas atitudes mesquinhas da família da mãe dela! Os Danali são péssimos!

—Não sei se culpar um lado da família é o certo, Alice.

—O que você quer dizer? Olha esse vestido está bom! - Ela ergueu um vestido leve preto, bem básico. -Até deixo você usar com tênis. 

—Vou parecer uma adolescente, vão pedir minha identidade. - Resmunguei.

—Então coloque saltos! - Ela bateu palmas e voltou a vasculhar. rezei para que ela não achasse os saltos absurdamentes altos que comprei por impulso em um passeio pelos shopping de Los Angeles, era preto, cheio de tiras, salto quinze, e estava debaixo da cama se eu bem me lembrava, e se a equipe de limpeza não tivesse tirado do lugar…

—Olha só esses sapatos! - Oh não ela achou.

—Tem alguma coisa para beber?- Jasper perguntou. 

—Não sei Jas, a Vick preparou tudo, talvez tenha. Pode ver na geladeira.

—Beleza. - Ele deu os passos necessários para se considerar dentro da cozinha. - Isso é o paraíso!

Me inclinei para ver o interior da geladeira, tinha tudo lá; vinho, cerveja, queijos, comida congelada.

—Vick é boa. - elogiei.

—Aqui Bella, coloque isto. - Alice me jogou o vestido, eu não queria discutir com ela, e na verdade o vestido faria eu me sentir mais...poderosa.

caminhei para o banheiro, deixando a porta entreaberta já que Alice me seguiu.

—O que quis dizer com ‘’ Não sei se culpar um lado da família é o certo, Alice’’ ?- Ela fez uma imitação perfeita da minha voz.

—Sua família não pode ser perfeita não é? 

—Nenhuma família é, mas não diga isso a Esme e Carlisle. - Ela riu no final, um som amargo. - Mas esse jeito maldoso de Nessie… ela puxou dos Danali. Sasha Danali é uma psicopata, aposto. Eu não duvido nada ela ter pessoas trancafiadas em um dos seus laboratórios onde faz teste de medicamento. -Disse com uma voz macabra.

—Credo, Alice.

—Verdade, a mulher é horrível.

—Acha que os seus pais prezam pela perfeição? - Eu estava aproveitando que Alice era um ser falante.

—Sim, demais. Isso era um porre na infância, mas aprendemos a lidar com eles. Aqui, vamos passar um pouco de cor no seu rosto… - Ela me puxou para a privada depois de ter abaixado a tampa, e começou a trabalhar no meu rosto com minhas coisas de maquiagem que estavam no banheiro.

Sem que eu precisasse incentivar mais, ela se lançou a falar.

—Esme tinha um mantra para criar seus filhos; um esporte, uma arte, uma língua. Então nós tinhas a escola regular, um esporte, uma arte - eu o balé, pelo menos me apaixonei - e uma língua estrangeira. Não tínhamos muito tempo para brincadeiras e… fazer nada. Chegavamos em casa em cima da hora do jantar e depois tínhamos que ir dormir, para no dia seguinte a agenda se repetir. Os momentos de diversão era no clube aos fim de semana, onde eles nos exibiam. Sempre tinha alguma competição ridícula, mas éramos competitivos demais… eu e os meus irmãos. Por mais que odiasse, odiávamos muito mais perder em qualquer coisa, para qualquer um. 

—Onde está a diversão nisso? - Perguntei enquanto ela pintava meu rosto.

—Em ver a cara das outras crianças de raiva. e inveja. - Ela deu um sorriso sinistro. -Mas depois ficou chato, nem sempre podemos ganhar não é? Uma vez perdemos uma série de competições, xadrez, futebol, vôlei… tanto Rose, Ed e eu choramos muito. Papai disse que não devíamos deixar que quem nos venceu nos visse chorando, que isso era para pessoas fracas. Mamãe também nos repreendeu. Era só mais uma repreensão, eles sempre falavam que não devíamos chorar e demonstrar fraqueza para ninguém. Nem um para os outros.

—Isso é horrível, Alice.

—Eu sei- Ela sorriu triste. - Está linda!

—Alice… então, como vocês lidam com a dor?

—Sozinhos, fingindo que está tudo bem. Edward lida escrevendo e compondo. Eu danço, faço terapia… isso me ajuda muito. Mas Rose… ela sempre acha que está bem. Como se nada a abalasse, e eu sei que minha irmã está desmoronando com o que aconteceu.

—Emmett foi muito errado com ela. - concordo.

—Mas ela permitiu. Por que ela fechou os olhos, quando sabia que tinha algo de muito errado, e agora não quer admitir. -Ela ficou séria olhando para meus batons, pincéis e lápis. Depois piscou como se voltasse ao presente. -Vamos?

—Só vou por os saltos. - Fiz uma careta.

—Não precisa fazer isso para me agradar, pode por seus tênis. -Disse tranquila.

—Eu quero os saltos. Acabei de sair de um namoro, quero a melhor versão de mim mesma. - Sorri.

—Assim que se fala! - Ela estendeu uma mão em um hi-5. Bati na mão oferecida. Sai do banheiro e ela me seguiu. Seus olhos se detendo em Jasper -Jas, por favor não fique bêbado!

—Não vou ficar bêbado com uma cerveja. - Ele zombou. - Uau, vou ter trabalho essa noite, com duas gatas! Deixa eu registrar… - Ele pegou o celular no bolso da calça, ficou entre alice e eu para tirar uma foto. -Com duas gatas essa noite. - Ele disse enquanto digitava a legenda. -Posso te marcar, Bella?

—Deve. -Aprovei. - Onde vamos?

—No show de um amigo britânico. - Ele Disse com o celular em mãos.

—Você vai amar o James Connor! Me diz que já ouviu as músicas dele?- Alice gemeu me puxando para fora.

—Aquele que venceu o show de talentos britânico? - Alice achava que eu vivia debaixo de uma pedra?

—Esse mesmo! -Elogiou. Revirei os olhos para ela enquanto fechava a porta. 

…

—Vai ter outro show? - Perguntei a Alice. O local estava bem cheio, apesar de não ser grande.

—Não, é uma apresentação especial dele.

—Ele está famoso.

—Bella, ele ganhou o show de talentos já vai fazer um ano. Ele acaba de lançar um EP!

—Legal. - Elogiei. Jasper tinha nos levado a uma área vip, havia algumas pessoas famosas por ali, bebida e comida eram servidas, do outro lado, os fãs do James Connor gritavam.

—Vou pegar bebidas para a gente! - Ela pulou da cadeira ao meu lado correndo para o bar. Eu quis gritar que Jasper havia dito que traria quando voltasse, mas ela era muito rápida.

Edward não havia mais mandado nenhuma mensagem para mim, e como eu fui a última a falar achei que deveria esperar ele dizer alguma coisa. Fiquei brincando com o celular em mãos, decidi tirar uma foto do palco e postar no meu instagram: ‘’ a noite promete’’ digitei com uma careta. Eu era horrível com aquilo. 

—O que é preciso para chamar a atenção de alguém que veio me ver? - A voz era sensual, e carregada de sotaque britânico. Bem ao meu lado estava James Connor parecendo muito perigoso. Como ele podia ter uma cara de badboy sexy daquelas? Perdi o ar, e tive que piscar os olhos de forma frenética para lembrar de como se respiração.

—Eu não vi você. - Me desculpei.

—Eu entendo, você estava muita ocupada com o seu celular. Alguém te deu o bolo? - Ele franziu a testa.

—Não, estou com uns amigos mesmo. - Esclareci.

—Talvez eu possa te fazer companhia depois do show. - Ele não disse como uma pergunta, mas os olhos, intensos e perigosos pareciam me perguntar. Como se estivesse me dando a opção de decidir pela sua companhia ou não.

Eu quis recusar de cara. Era um reflexo, eu ainda me lembrava dos babacas do fim da faculdade com quem me envolvi, mas eu não podia viver a sombra do meu passado. Ou me escondendo do mundo. 

—Eu adoraria. - Falei com o coração aos pulos. Nada precisava acontecer. James Connor era um cantor, estava claramente flertando comigo, e eu podia flertar de volta. Eu era solteira afinal.

Ele abriu um sorriso brilhante, e a mulher precavida dentro de mim gritou ‘’perigo’’ mas eu não me importei. Eu podia me divertir por uma noite, e era isso que eu faria.

Como um bom cavaleiro ou cafajeste, James pegou minha mão e depositou um beijo nas costas.

—Espero que aprecie o show.

Corei com sua voz rouca e sexy. 

Assenti sem saber o que dizer, ele se ergueu e seguiu para os bastidores. Eu fiquei ali meio boquiaberta depois olhei em volta, ninguém pareceu notar a troca entre nós. Que estranho.

Antes que Alice ou Jasper surgissem um garçom trouxe um balde de champanhe e alguns aperitivos.

—Eu não pedi isso. - Falei.

—O senhor Connor mandou. - E me passou um bilhete. 

Espero mesmo que aprecie o show. Ele será para você.

 Eu só podia estar sonhando.

Alice voltou com bebidas, e Jasper com aperitivos. 

—Bella… uau. - Ela disse olhando a nossa mesa.

—Eu não pedi, nós ganhamos. - Dei de ombros escondendo o sorrisinho lisonjeado.

—Alguém querendo me subornar para tocar? - Jasper disse olhando em volta meio carrancudo.

—Não, o próprio cantor da noite me cortejando. - Falei com uma risadinha.

—James… James… eu não vou falar nada, sou amigo dos dois. - Jasper ergueu as mãos em sinal de rendição. - Mas acho que devo minha lealdade a Edward, afinal somos amigos a mais tempo.

—Nada disso, não vai dizer nada ao meu irmão. - Alice tirou  o celular das mãos de Jasper. - Bella e ele terminaram, não se meta nisso.

—Isso é só um flerte, nada demais, Jasper. - Falei como desculpas, me sentindo culpada.

—Bella, não se desculpe! Você está solteira! 

—Sim, mas acabei de sair de um relacionamento.

—Você não vai casar com James. Só aceitou um flerte. eu odeio essas regras de ‘’você precisa esperar um tempo para partir pra outra’’. Quando tempo é aceitável? um dia? dois anos? Divirta-se Bella, ninguém tem nada a ver com sua vida.

—Esse foi um dos seus discursos feministas? - Jasper sorriu.

—Um bem pequeno, querido. Você ainda não viu nada. - Ele a puxou para um beijo e eu desviei o olhar sem jeito.

—Desculpe, Bella. Eu só… vi você e Edward juntos. E isso, esse tipo de amor… vale a pena. Pode não ser hoje, nem amanhã… mas eu aposto na volta de vocês. -Jasper sussurrou isso no meu ouvido, logo que os sons no palco ficaram altos e Alice se distraiu com eles. 

Sorri para Jasper, eu não sabia o que dizer.

Era muito divertido e lisonjeiro quando um cara lindo como James Connor te notava daquele jeito. E é claro que eu fiquei balançada com o gesto, mas só isso. Divertido. Eu não estava pensando em… sentar nele na primeira oportunidade. Até porque eu falei sério quando disse que seria amiga de Edward, e se eu estivesse com alguém - mesmo porque eu não podia estar com alguém quando o meu coração era tão completamente de outro - as coisas entre nós desandarariam completamente.

Eu tinha esperança que essa distância entre nós, o forçasse a se concentrar na filha, corrigir seus erros e os dela e procurar ajuda profissional. E se ele seguisse por esse caminho… eu voltaria correndo para ele, Renesmee me aceitando ou não. Se bem que no momento em que ela reconhecesse que precisa de ajuda, consigo ver a reação dela a mim mudando. Ela pode não chegar a me amar, mas me aceitar na vida dele.

James subiu ao palco e a plateia explodiu em gritos. Ele estava sentado em uma banqueta bem no meio do palco pequeno e baixo. A luz era fraca e o foco estava em seu violão. Ele começou a cantar. Eu conhecia bem aquela e cantei junto. Alice parecia uma fã girl e Jasper riu filmando nós duas cantando, com certeza para por em seus stories. 

Eu fechei os olhos no refrão da música, poderia muito bem ser Edward cantando para mim aquela estrofe. Aquela frase… ‘’Just say you won't let go’’... 

Ele não queria que eu fosse embora. Ele me queria ao lado dele para lutar com ele. Mas eu não podia! Não é? Eu fiz o que podia para ajudar, mas daquele jeito, fingindo que estava tudo bem, não era o certo! Se eu ficasse Edward nunca se consertaria, e talvez tudo só piorasse para todos os envolvidos…

‘’Just say you won't let go’’....

Eu não queria ir embora. Eu tive que ir. Por mim e por ele. 

—Meu coração está com você, Edward.-  Sussurrei com os olhos fechados.

James Connor continuou a cantar sobre amor, amores perdidos, traição… e Alice e eu bebemos aquela champanhe maravilhoso e o acompanhamos nas músicas. Quando ele começou a cantar ‘’Too Good Goodbyes’’ eu peguei meu celular e fiz a ligação. Já devia ser bem tarde em Nova York, talvez Edward já estivesse dormindo, mas que se dane. Eu me afastei da mesa, mas eu podia ouvir a música, a plateia, todos. 

—Oi, Bella? Aconteceu alguma coisa? - A voz era pesada de sono, e eu quis gemer. Ele acordava com uma ereção, o rosto confuso e adorável.

—Eu amo você. você entende que eu precisei me afastar? Eu não gosto disso, mas você tem sido um babaca e precisa aprender a ser melhor. Um namorado melhor, um homem melhor e um pai melhor. Fazer tudo que sua filha pede não te classifica como pai do ano. -Falei de forma arrastada, que estranho eu não estava bêbada!

—Bella, você bebeu? Que barulho é esse? Onde você está? -Ele parecia divertido, tampei um ouvido tentando ouvi-lo melhor.

—Num show com Alice e Jasper. - Resmunguei. - Mas você entende que é melhor a gente ficar longe?

—Linda, nunca é bom ter você longe. Mas conversei com uma amiga, e ela disse que você tem razão e que eu sou idiota.

—Que amiga? - Franzi a testa.

—A Kaure.  -Ah sim. 

—O James Connor deu em cima de mim. - Falei sem saber bem o porque.

—Ah é? - ele não parecia mais divertido. Achei melhor eu me retratar, para não pôr o James em problemas.

—Ele só foi legal. Mas se eu quiser ficar com ele, eu posso. - Será que eu suei muito infantil?

—Sim você pode. - Ele suspirou. -Por que me ligou, Bella?

—Porque… eu precisava ouvir sua voz. 

A respiração dele ficou profunda.

—Edward? está aí?

—Estou. Bella… acho que isso de amizade não vai funcionar muito bem. E você tem razão, precisamos de um tempo longe um do outro.

Ouvir aquilo dele doeu no meu peito. Comecei a chorar.

—Eu nao quero ficar sem falar com você.

—Nem eu, linda. Mas você tem razão, eu preciso consertar as minhas merdas. Fique com o Jasper e a Alice, ok? E beba água.

—Você não é meu pai! - Reclamei com raiva. Edward riu.

—Ainda bem que não sou, se não eu seria preso pelas coisas que fizemos. 

—Tchau, Edward. - Desliguei o telefone. Voltei para junto de Alice e Jasper, e mesmo a contragosto, peguei uma garrafinha de água e bebi.