Historinhas do Tio Emmett escrita por Ágatha Rivera


Capítulo 5
Branca de Nessie e os Sete Garanhões


Notas iniciais do capítulo

Eu gostei MUITO dessa aqui!
Não sei se é a mais engraçada, tem até um pouco de "drama", mas é, definitivamente, a que mais gostei, rs. Espero que amem também!



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Branca de Nessie e os Sete Garanhões

 

– Qual o nome da historinha de hoje, tio Emmett?

Eu me vi dando um meio sorriso e apertando aquela mãozinha pequena. Eu estava com um pouco de receio de começar aquela história, sabia disso. E olha que eu não sou exatamente o tipo de cara que se preocupa obsessivamente com os sentimentos dos outros (leia-se Edward, ao menos quando se trata de Bella. Ou mesmo o emo do Jasper).

– Branca de Nessie e os Sete Garanhões – respondi com um sorriso no rosto. Eu podia até estar com medo de uma possível reação ruim de Renesmee, mas isso não abalava o enorme orgulho que sentia de minha história. Isso porque, sei lá, eu sentia que ela tinha consumido mais de minha criatividade do que todas as outras. Era de longe a minha preferida até agora, mesmo eu não tendo certeza se era a mais engraçada.

Acho que não. Porque só a lembrança da noite em que li Chapeuzinho Multicolor para Nessie me fazia rir sozinho como bobo.

Voltando ao assunto do meu medo, eu nem sabia se tinha fundamento. Ela é só uma criança, caramba! E depois... Ah, que nada a ver! Ela não vai se ofender, Emmett!

Será?, outra voz dentro de mim resolveu duelar com a primeira.

Optei por contar normalmente e fazer uma criança feliz (leia-se Emmett).

Nessie ajeitou-se debaixo do cobertor e riu.

– Acho que vou gostar dessa – ouvi-a murmurar, mais para si mesma do que para mim. Sabia que ela não esperava uma resposta, então fingi que não ouvi. Ah, como se ela não soubesse que eu tinha ouvido...

– Bom, vamos começar – falei, limpando a garganta. – Era uma vez um rei vampiro e uma rainha humana que não pensavam nem um pouco em ter filhos, porém, quando a rainha soube que estava grávida, chorou tanto de emoção e medo por seu bebê que dava pra encher o Oceano Pacífico, o Atlântico, e de quebra até o Índico – Nessie ergueu uma sobrancelha e eu ri baixinho comigo mesmo, pensando em como tinha modificado essa parte da história só para que ela fizesse mais jus aos novos personagens (no caso, Bella e Edward).

– Ahm... Por que, tio Emmett? – confesso que não se esperava aquela pergunta feita numa voz tão infantil e inocente.

– Ah, emoção porque ela ia ter um filho, né? – Nessie pareceu gostar da explicação e sorriu. – Medo porque o rei não queria que a rainha tivesse a criança... Era uma gravidez de risco.

 – Que triste – ela suspirou e eu senti momentaneamente uma pontada de culpa. Nessie sabia um pouco de todo o sofrimento que sua mãe tivera que passar por ela; e me perguntei se ela tinha suspeitado que minha história estava transmitindo a realidade passada de forma indireta.

DROGAAAA! EU SABIA QUE ERA UMA PÉSSIMA IDEIAAAAAAA!

Comecei a me xingar mentalmente, mas, para a minha surpresa, quando eu menos esperava MESMO, Renesmee abriu o maior dos sorrisos e disse:

– Que bom que tudo isso já passou, né, tio Emmett?

PQP! Pensei, enquanto sentia o alívio inundando rapidamente as células do meu corpo. Então, ela estava conformada? PUTZ, quase me matou de susto!

– É claro que sim! – respondi na maior cara-de-pau, feliz da vida. – Bom, o que eu estava dizendo mesmo? Ah, é! Bom, não deu em nada. Rainha Bella sempre foi muito mais autoritária do que rei Edward, e ele fazia xixi nas calças só de pensar em não fazer a vontade dela – Nessie riu, obviamente reconhecendo em minhas palavras a subalternação de seu pai com relação a fazer todas as vontades de sua mãe. – Bom. Rainha Bella teve a filha e morreu; fazendo o rei Edward se casar novamente com a princesa Rosalie...

– HÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃ?! – ela berrou interrompendo-me.

– Ah, Nessie, às vezes eu tenho que colocar coisas nada-a-ver como essas nas histórias, mesmo! – defendi-me, erguendo as mãos na frente do corpo em sinal de paz. – É pra se encaixarem nas originais! Claro que a sua mãe não morreu, tampouco o Edward vai conseguir um dia fazer a Rosalie casar com ele, ainda mais agora que ela me conhece – abri um sorriso malicioso e convencido. – Às vezes minhas histórias são histórias. Posso continuar?

Ela revirou os olhos na parte de “às vezes minhas histórias são só histórias”, mas não a culpo, pois nenhuma história minha era 100% ficção, como vocês notaram, eu incluo uma indiretazinha no meio, haha. Mas isso também não quer dizer que elas são inteiramente baseadas em fatos reais ou sempre constituídas por meias-verdades!

Mas mesmo assim, Renesmee assentiu.

– Tudo bem. CONTINUA!

– Ok – concordei meio assustado, pego de surpresa por aquele entusiasmo todo. – Bom, como a filha de Edward era branca como a neve... Aliás, que mané neve! Ela era branca como um vampiro! – surtei. – Bom, mas que se dane, Edward achava bonitinho o fato de ela ser branca como a neve, e um grande rei do país vizinho ex-melhor amigo da falecida rainha Bella achou a criança parecida com a sua idéia de Monstro do Lago Ness, e o nome da garota ficou sendo Branca de Nessie – ela riu da história mirabolante que inventei para o nome de sua personagem, e eu automaticamente sorri em resposta.

– Irado – ela me lançou um sorriso divertido e irônico.

– Também acho! – concordei sem modéstia. – Então, Branca de Nessie rapidamente cresceu e se tornou uma mocinha, e quando eu digo “rapidamente” cresceu, quero dizer rapidamente mesmo – Nessie riu mais uma vez e eu fingi não entender por quê. – Mas acontece que ela ficou muito bonita, bonita demais, mais do que a rainha Rosalie podia suportar! Acontece que a rainha Rosalie era obcecada em ser a mais bela de todas ou coisa assim, e um dia, quando ouviu aquele rei que era o ex-melhor amigo de Bella comentar sobre Nessie ser a princesa mais bonita que já houve no mundo um dia, começou a fazer de tudo para se livrar da menina!

– Ooooh! – Nessie arregalou os olhos. Havia certo medo em sua voz quando voltou a falar. – Tio Emmett... você não acha que a tia Rose...?

Eu soltei uma alta gargalhada.

– Relaxa, Nessie. Você pode até ser muito bonita mesmo, mas Rosalie nunca vai levantar um dedo para você – ela sorriu. – Bom, talvez levante, quando ficar zangada, mas eu quis dizer no sentido de “machucar” e... AH! Você entendeu, né?

Ela riu de minha confusão e acabei rindo junto. Depois de um tempo, voltei a limpar a garganta e continuei a história.

– Rainha Rosalie acabou sugerindo que Branca de Nessie fosse caçar sozinha, e como esperava, a menina se perdeu. Branca não conseguiu achar o caminho de volta ao palácio e acabou vagando só pela floresta durante quase um dia inteiro, até que achou uma cabana onde moravam sete homens muito bonitos, fortes, heróicos, corajosos... etc. – Renesmee revirou os olhos e eu pigarreei para continuar, divertindo-me. – Tão bonitos e desejados pelas mulheres que eram chamados de Os Sete Garanhões.

– Uau – ela fingiu interesse e riu. – E como se chamavam?

Droga! Eu não tinha pensado realmente em todos os sete. Só esperava mencionar eu, Seth e Nahuel, e deixar os outros em aberto, sei lá...

Mas Renesmee estava me encarando insuportavelmente desejosa por uma resposta, o que me fez suspirar. Bom. Parece que vou ter que incluir alguns nem tão garanhões, pensei.

– Os nomes deles eram... Emmett, Nahuel, Seth, Jasper, Quil, Carlisle... – Parei. Droga, como era o nome do outro melhor amigo cachorro de Jacob?! –... e EDWARD! – acrescentei, sem opção.

– Edward? – Nessie ergueu a sobrancelha novamente. – Não era o nome do rei?!

– É o nome de um dos garanhões também, ué! – exclamei. – Era outro Edward. Algum problema com nome Edward?

– Não – ela riu, a despeito do meu desespero estourador de tímpanos. – Tudo bem!

– Bom – franzi a testa. – Acontece que os Sete Garanhões concordaram em dar abrigo à Branca de Nessie porque eram pessoas muito boas, mas como os bons garanhões que eram também achavam que ela era bonita demais para ser desperdiçada – balancei as sobrancelhas sugestivamente e Nessie soltou uma risada divertida. – Então, mandaram ela escolher qual deles ela queria peg... Digo, namorar. A princesa Nessie pediu uma semana e meia para pensar enquanto fazia os serviços domésticos e passava cada dia com um Garanhão diferente. Que sorte a dela, não?

Dessa vez, Nessie me sorriu fracamente debaixo do cobertor. Ah, droga, pelo visto ela estava ficando com sono!

– E o que aconteceu?

– Bom, na segunda-feira de manhã, quando a princesa já tinha conhecido todos, ficou meio óbvio que ela tinha gostado mais do Garanhão Emmett – Nessie riu. – Afinal, quem pode culpá-la? Ele era de longe o mais bonito, e também o mais engraçado! Mas acontece que Emmett já estava comprometido com Rainha Rosalie. Bem, não exatamente, mas ele era amante dela e todo mundo sabia que se amavam... Enfim, também tinha Nahuel, o Garanhão que tinha mais coisas em comum com ela; mas depois de Emmett, o que mais Nessie parecia gostar era Seth, e todos estavam certos de que ela ia escolher ele, mas eles não saberiam nada antes de quarta-feira e...

– E o que ela tinha achado dos outros? – Renesmee indagou com um sorriso.

– Os outros? Ah, bem... Branca de Nessie até tinha gostado de Quil, mas não o suficiente. – pisquei para ela. – Carlisle era certinho e velho demais para ela; e Edward lembrava demais o seu pai para que ela conseguisse beijá-lo, acho – Nessie gargalhou outra vez. – E o Jasper, nem preciso dizer, né? Quem é que quer namorar um cara tão chato e emo?! Só sua tia Alice mesmo!

– E aí? – ela abriu um largo sorriso.

– E aí que nunca descobriram qual deles ela ia escolher! Quando chegou na terça, uma bruxa chamada Leah, irmã do lobo Seth, sabendo da grande probabilidade daquela princesa intrometida escolher seu irmão, foi até a cabana dos Sete Garanhões e ofereceu uma maçã envenenada para Branca! – Renesmee arregalou os olhos. – Branca de Nessie, sempre muito linda e ingênua, aceitou na maior empolgação e, CABUF! No segundo seguinte estava caída no chão!

– Que coisa horrível... – Nessie murmurou numa voz fraca, quase fechando as pálpebras.

– Não dorme agora, Nessie, POR FAVOR! Já tá acabando! Então, os Sete Garanhões gritaram muito e desceram o pau na Leah, mas ela não revelou nenhum jeito de trazerem Branca de volta e muito menos os caras conseguiram acordá-la por si próprios. Então, fizeram um caixão de vidro e colocaram a Branca de Nessie lá, expondo o caixão na entrada da cabana. Um belo dia, príncipe Jacob Júnior, amigo de Quil e Seth, filho do rei ex-melhor amigo da rainha Bella e de mesmo nome de seu pai, resolveu ir visitar os amigos. Quando ele BATEU o olho na princesa Nessie, automaticamente caiu de amores, seus olhos se transformaram em dois coraçãozinhos e tudo! – revirei os olhos. – Foi muito ridículo, mas deixa pra lá... Ele perguntou se podia ficar com o caixão, mas é claro que os meninos NÃO DEIXARAM. Que tipo de obsessão era aquela? Jacob Júnior precisava de um terapeuta, qué isso!

Nessie soltou mais uma risadinha, e eu sorri pelo fato de ela ainda estar acordada.

– Daí, enquanto os Sete Garanhões tentavam empurrar Jacob Júnior para o psicólogo, acabaram esbarrando no caixão de um jeito tão brusco que ele saiu da base; caindo para um lado e, segundo Emmett raciocinou depois, desengasgando assim Branca de Nessie da maçã envenenada. Mas acontece que antes que ela pudesse abrir os olhos, príncipe Jacob Júnior, totalmente maluco com toda a sua obsessão, inclinou-se para beijá-la porque afinal os sete fortões tinham lhe dado uma folga. Só depois do beijo princesa Nessie abriu os olhos, e é por isso que Jacob jura até hoje que foi seu beijo que a despertou. Bom, mas quem se importa? No final, Branca de Nessie, por um motivo que desconheço totalmente, também se apaixonou pelo chato príncipe Jacob Júnior. E os dois se casaram e foram felizes para sempre!

Nessie ainda não havia dormido, e comemorei internamente minha vitória; mas ela bocejou quando terminei. Notei que ela estava levemente corada desde que eu mencionei seu beijo com Jacob, e também tinha um sorriso de orelha a orelha que estava difícil de esconder.

– Gostou? – indaguei.

– Sim – ela me respondeu numa voz rouca, sorrindo brevemente, aparentando bastante cansaço. – Tio Emmett... – suspirou. – Vocês sempre souberam, não é?

– O quê? – quis saber, confuso.

– Que eu vou ficar com Jacob. – apesar de ela não ter especificado, entendi que o “ficar” se referia à algo muito mais amplo do que um pega, ou seja, estava sendo usado no seu significado de dicionário.

Assenti.

– Desde o dia em que você nasceu.

– Então por que só vieram me contar há um mês? – ela indagou num murmúrio com os olhos fixos em mim.

Pisquei, surpreso. Não esperava pela certa mágoa em sua voz, como se ela estivesse adulta, como se ela já fosse adulta há algum tempo, e não tivéssemos percebido. Não tivéssemos confiado nela.

Se eu ainda pudesse sentir meu coração, ele provavelmente estaria apertado no peito.

– Não sei, Nessie – fui sincero. – Pensávamos que você era muito nova para entender... Mas tente ver pelo nosso lado. – tornei, sem saber muito bem a quem me referia com o “nós”. – Você cresce e amadurece rápido demais; não há como termos idéia do quão esperta você já está, se devemos mudar nosso jeito de agir com relação a você já do dia para a noite ou sei lá! – exclamei. – Não dá tempo de acostumar. Por favor, nos perdoe. Estamos fazendo o melhor que podemos.

Acho que também a peguei de surpresa, pois ela agora me encarava como uma criança que não estava entendendo nada e me perguntei se tinha feito o certo. Mas ao que parece, sim, porque ela abriu um sorriso hesitante e arrependido para mim depois de algum segundos.

– Eu... Quer dizer... – suspirou. – Desculpe, tio Emmett. Eu sei que você tem razão. Toda a razão. Mas é que às vezes eu fico chateada porque... me sinto crescida e ninguém parece notar.

Aquilo me fez ter um vislumbre de meu passado quando humano, apenas rapidamente... De quando eu tinha uns 10 anos e ninguém me dava atenção, agindo como se eu ainda tivesse oito.

Sorri ironicamente para mim mesmo. Me lembrava de ficar zangado e quase frustrado. Era uma sensação horrível mesmo.

Voltei a focar meu olhar em Nessie.

– Tudo bem. Eu entendo... – parei ao notar que os olhos dela já estavam fechados.

Hesitei por um segundo, depois me dirigi à porta. De repente, novos pensamentos ocuparam-me a minha mente – sobre a história de hoje.

“Bom, na segunda-feira de manhã, quando a princesa já tinha conhecido todos, ficou meio óbvio que ela tinha gostado mais do Garanhão Emmett. Afinal, quem pode culpá-la? Ele era de longe o mais bonito, e também o mais engraçado...”

“E o Jasper, nem preciso dizer, né? Quem é que quer namorar um cara tão chato e emo?! Só sua tia Alice mesmo!”

“Ele perguntou se podia ficar com o caixão, mas é claro que os meninos NÃO deixaram. Que tipo de obsessão era aquela? Jacob Júnior precisava de um terapeuta, qué isso!...”

“Mas acontece que antes que ela pudesse abrir os olhos, príncipe Jacob Júnior, totalmente maluco com toda a sua obsessão, inclinou-se para beijá-la porque afinal os sete fortões tinham lhe dado uma folga. Só depois do beijo princesa Nessie abriu os olhos, e é por isso que Jacob jura até hoje que foi seu beijo que a despertou.”

Eu ri sozinho no corredor, ouvindo o som ecoar pela paredes e voltar a mim em resposta, enquanto eu pensava que era, definitivamente, demais.


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Notas finais do capítulo

Er... *se esconde atrás de uma árvore*. Mereço reviews?