Chloé estava cansada de se sentir inútil, de viver na sombra do pai e da mãe. Queria fazer o seu próprio nome e ser lembrada como muito mais do que somente a “filha do prefeito”, ou a “filha da maior estilista de Paris”.

Mestre Moth, o vilão da cidade, que aterrorizava Paris com seus akumas, akumatizou Chloé uma vez e notou que aquela garota era diferente das outras. E tinha potencial para ser muito mais do que já era.

— Então, o que me diz? – Chloé encarou o velho chinês, refletindo sobre a sua proposta.

Ela nunca pensou em si mesma como má. Ela queria ser Chloé Bourgeois, a rainha. Só que havia um demônio aonde antes estava o anjo em seus ombros, e esse demônio a chamava de rainha da maldade.

Não tinha nada à perder.

— Eu aceito. – ele sorriu de lado e estendeu a presilha dourada para a loira, que não tardou em colocar no cabelo e liberar a kwami.

— Aos seus serviços, Mestre.

— Pollen, conheça sua nova portadora. – Fu apresentou – Chloé Bourgeois, ou...

— Queen Of Mean.

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— Eu consigo chegar na Torre Eiffel mais rápido! – Lordbug se gabou, fazendo Black Chat fazer um som irônico com a boca e Lady Viper revirar os olhos.

— Claro que não, eu sou o gato. Sou muito mais rápido do que uma joaninha.

— Isso é um desafio?

— Ah não! – Marinette exclamou irritada. – Chega vocês dois. Recém começamos a patrulha e vocês já começaram a encher a minha paciência.

— Uh! Deixamos ela irritada. – o loiro cutucou Luka com o cotovelo, fazendo ele rir. Marinette fez uma expressão ainda mais irritada e os dois pararam na hora.

— Eu vou... – sua fala foi interrompida por uma explosão. – Akuma. – Lady Viper ficou em alerta, seguida pelos dois parceiros.

— Não só um akuma. – ouviram uma voz atrás deles e viraram em um sobressalto. Queen Of Mean sorriu e acenou – Saudades?

— Nenhum pouco. Second Chance!

— Já está com medo de perder? – a loira rir.

— De você? Nunca. – piscou e avançou na direção dela, sendo seguida por Lordbug e Black Chat. Porém, este último ouviu algo se aproximando pelas costas e saltou por cima do loiro antes que fosse atingido pelo raio laser de Coruja Negra.

— Cuidado! – avisou o amigo.

— Valeu. – levantaram e Lordbug passou a girar o seu ioiô na frente deles, fazendo um escudo.

— Desista, você não vai me vencer dessa vez! – Queen Of Mean ria, enquanto desferia golpes em Lady Viper. A heroína aproveitou um dos momentos de risada da loira e acertou um soco em cheio no seu rosto, a fazendo cambalear. Em seguida, girou o corpo e acertou um chute. Queen Of Mean grunhiu de raiva, se escorando na parede para não cair de vez.

Enquanto isso, Black Chat e Lordbug alternavam investidas de socos e chutes em Coruja Negra.

O loiro parou por alguns segundos e olhou ao redor, enquanto o vilão estava ocupado com o de cabelos esverdeados. Não podiam ficar assim, precisam se unir para derrotar ao menos o akuma de Mestre Moth – já que Queen Of Mean era um assunto bem mais complicado.

— Lady Viper, recuar! – Marinette revirou os olhos a contragosto e caminhou de costas até ele – Black Chat!

— Entendido. – os três ficaram de costas um para o outro.

— Abaixem! – Lordbug exclamou em assim o fizeram. Ele lançou o seu ioiô em Queen Of Mean, envolvendo a cintura dela e logo a jogou por cima de Coruja Negra. – Agora! – golpeou os vilões, sendo seguido por Lady Viper e Black Chat.

Luka puxou o bastão e apontou para Queen Of Mean no chão, enquanto Adrien usava seu ioiô para manter o akumatizado amarrado. Marinette, que estava entre eles, pegou o objeto akumatizado e entregou para o garoto ao seu lado.

— Cataclysm!

— Não! – Coruja Negra exclamou, mas já era tarde demais. O herói já tinha destruído a sua arma e liberado a borboleta negra.

— Venom! – Queen Of Mean acionou seu poder, chutou as pernas e Black Chat e estava prestes a paralisá-lo. Porém Lady Viper arremessou a sua lira nela, a fazendo cair para trás. Chloé ficou de pé novamente, enquanto a azulada ajudava Luka – Isso não acabou! – dito isso, fugiu.

— Vamos atrás dela?

— Sua transformação está quase se acabando. – apontou para o bracelete.

— A minha também. – Luka apontou para o anel.

— É, e ela vai voltar. – Lordbug capturou o akuma com seu ioiô e rapidamente liberou a borboleta purificada. – Por hoje é só. – se aproximou dos dois para baterem os punhos como de costume.

— Zerou!

***

Marinette pousou em um beco perto da escola, pronta para desfazer a sua transformação – que já estava quase terminando – e ir para a aula.

— Sass... – parou de falar assim que sentiu uma presença atrás de si.

— Ainda pretende ir pra aula? – uma voz falou próxima ao seu ouvido. Em condições normais, Marinette teria se assustado. Mas naquele momento, sorriu de lado, já sabendo perfeitamente quem era.

— Você não? – Adrien riu e depositou um beijo no pescoço dela.

— Isso depende dos seus planos. – a transformação de Marinette chegou ao fim. Fazendo o garoto soltar outra risada abafada. – Ao que parece você não tem muito para onde ir, my lady. – virou ela de frente e a colocou de costas para a parede, se aproximando ainda mais.

— Sabe que essa aproximação é perigosa, não sabe, Agreste? – Lordbug assentiu, beijando a bochecha dela e em seguida descendo para o pescoço. Marinette segurou o seu rosto, fazendo com que ele olhasse para ela. – Eu não estou transformada. O que acha que diriam se nos vissem aqui? Seria pior do que nos vissem comigo transformada.

— Ninguém vai nos ver. – sorriu, a beijando. A azulada o afastou novamente, por mais que essa não fosse a sua vontade.

— Precisamos ir pra aula. – Adrien suspirou derrotado, escorando a sua mão na parede. – O que aconteceu com a parte responsável do grupo? – ironizou.

— A parte responsável do grupo quer passar um tempo com a namorada secreta.

— A namorada secreta pode encontrar a parte responsável do grupo na casa dele à noite.

— Não dá. Meus pais vão dar um jantar em família. – revirou os olhos.

— Então você está me usando agora para aliviar o estresse que ainda vai passar com a sua família maluca? – brincou e ele riu.

— Talvez. – levou um soco dela – Ei! Sabe eu nunca te usaria dessa forma, my lady. – a segurou pela cintura, colando seu corpo ao dela – Só de outras formas. – sorriu sugestivo, aproximando seu rosto.

— Aula. – lembrou e Adrien se afastou, grunhindo de raiva.

— Ok, você venceu. – a segurou pela cintura e pegou o seu ioiô – Vamos, vou levar você. – Marinette passou as mãos ao redor do pescoço dele.

— Não faz menos que a sua obrigação, Bugaboy.

***

— Não me diga que você está babando pela Bourgeois de novo! – Marinette surgiu atrás de Luka, fazendo com que ele pulasse de susto.

— Credo, Marinette! – colocou a mão sobre o coração e ela riu, enquanto sentava à sua frente – E não, eu não estou.

— Então por que olhava pra ela com cara de idiota?

— Isso foi ofensivo. – fez careta.

— O que foi ofensivo? – Adrien sentou ao lado de Marinette na mesa da cantina, trocando um rápido e discreto sorriso com ela.

— Eu disse para o Luka, que ele fica com cara de idiota encarando a Chloé, mas ele negou e achou ofensivo. – o loiro riu.

— Você se ofende com a verdade?

— Chega, vocês dois! – cruzou os braços – Eu não quero nada com ela. Até porque se eu quisesse, com certeza já teria tido algo. – Marinette e Adrien se entreolharam.

— Essa eu gostaria de ver.

— Eu também. – Luka respirou fundo, passando a mão sobre os cabelos perfeitamente alinhados quase que em um topete.

— Por que somos melhores amigos mesmo?

— Porque você nos ama.

— E não vive sem a gente.

— É, é. – deu de ombros e voltou a comer cabisbaixo. Marinette se sentiu mal pelo amigo. Sabia da paixão dele por Chloé Bourgeois, que nem mesmo ele admitia, e também sabia que Luka sem a personalidade do seu kwami dificilmente conseguiria se aproximar da loira.

— Olha, você consegue se quiser. – disse, chamando a atenção dele. – É só ser você mesmo.

— Isso. – Adrien concordou e olhou para ela, depois para Luka. – Não tem erro. – deu um sorriso encorajador pra ele.

— Vocês... Acham mesmo? – indagou com a voz baixa e um pouco constrangido.

— É, vai lá.

— Vai dar certo. – encorajou. Luka respirou fundo e levantou. Marinette e Adrien tinham razão. Ele precisava ao menos tentar se aproximar de Chloé. Ficar a admirando de longe poderia fazer com que ela ache que ele é algum tipo de psicopata, que gosta de ficar encarando pessoas. Mas na verdade, ele só a achava a mais bela de todas as garotas.

— Ok, aqui vou eu. – limpou o suor das mãos nas calças e foi até Chloé.

— Tomara que ele consiga. – a azulada sorriu e Adrien concordou – Não vejo a hora de contar a ele sobre nós.

— Também não vejo a hora. – seus olhos pousaram nos lábios de Marinette – Quero poder te beijar em público.

— Bom, aí depende de quando você decidir contar para os seus pais também. – desviou o olhar. O loiro suspirou.

— Eu sei, eu sei. Eu vou contar. – escorou os cotovelos na mesa e passou as mãos sobre os cabelos levemente bagunçados. – É só que... Sempre que eu entro no assunto, eles começam a falar da Kagami e eu acabo me irritando e saindo. – segurou a mão dela por baixo da mesa – Desculpa, my lady. Eu vou tentar falar hoje no jantar.

— Tudo bem. – sorriu, apertando a mão dele também.

Depois da rápida conversa, o casal olhou na direção do melhor amigo. Queriam poder saber o que ele falava para a Bourgeois.

— E aí, Chloé? – Luka se aproximou da loira, que deu um sorriso amigável, fazendo com que ele perdesse toda a pose.

Chloé Bourgeois poderia ser secretamente uma vilã agora. Mas precisava manter o disfarce perfeito. Por isso seu comportamento não mudou tanto da dia a dia.

— Oi Luka. Precisa de algo?

— H-Hã, eu... – rapidamente imaginou Plagg rindo da sua cara nesse momento. Respirou fundo, tentando se manter de boa. Se ele podia ser Black Chat, podia muito bem chamar Chloé para sair. – Eu quero sair. – a loira o encarou meio confusa – É, com você. Sair com você. – levou a mão até a nuca, envergonhado. – O que acha?

— Acho que seria uma boa ideia. – Luka arregalou os olhos – Mas não hoje. Tenho compromisso. Que tal amanhã? – Chloé pegou a sua bolsa e levantou. – Pode ser?

— Claro! – exclamou empolgado e em seguida pigarreou – Quer dizer, claro.

— Combinamos amanhã na aula, então. Até. – acenou e saiu, deixando Luka nas nuvens.

Depois que a ficha caiu, ele correu até os seus dois melhores amigos para contar o que tinha acabado de acontecer. Sentou-se no seu lugar de antes e recebeu olhares curiosos de Marinette e Adrien.

— E aí? – a garota foi a primeira a perguntar.

— Ela aceitou e eu tenho um encontro amanhã à tarde.

— Isso aí! – fez toques com Marinette e Adrien, que comemoraram a pequena vitória de Luka, felizes pelo melhor amigo.

***

Chloé bufou já entediada. Não queria continuar meditando. Quando abriu os olhos, notou que Fu já não estava mais na pequena sala e logo sentiu o cheiro do chá verde invadindo as suas narinas. Então, ela ficou de pé e foi até a cozinha.

— Seu tempo de meditação ainda não terminou. – o velho disse ainda de costas para ela.

— Eu sei. O seu também não.

— Já meditei muito ao longo dos meus cento e onze anos. – ela deu um sorriso de lado – Mas você é jovem, ainda precisa adquirir experiência. Só assim se tornará a portadora mais forte.

— Eu seria mais forte se eu tivesse o Miraculous da joaninha e do gato.

— E você vai conseguir eles. Nós vamos. – olhou para ela – Vamos recuperar todos os Miraculous perdidos e formar um exército para dominar Paris. – os dois sorriram.

— Eu espero, Mestre. De verdade.

***

Adrien já estava quase que suando dentro daquele terno. Não sabia o porquê tinha que usar um em um jantar em família. Seus pais sempre insistiam em fazer tudo de maneira formal e isso o irritava um pouco – mesmo que só houvessem eles, seus dois tios, tias e filhos deles ali naquela noite.

Só não o irritava mais do que quando eles insistiam que ele deveria começar a sair com a filha de um dos seus sócios. Talvez não fizessem necessariamente por mal, contudo, Adrien já estava com saco cheio de ter que desviar do assunto.

A única pessoa que ele amava era Marinette. Não queria mais ninguém além dela.

E precisava dizer isso para os seus pais hoje mesmo.

— Eu... Posso fazer um anúncio? – cochichou baixo para sua mãe, que deu um sorriso e assentiu. O garoto ajeitou a postura e ficou de pé. Gabriel o encarou sem entender, então Emilie segurou a mão do marido, como se dissesse para ele que não era nada demais. – Eu gostaria de aproveitar que estamos reunidos aqui hoje e eu queria fazer um anúncio. – os familiares de Adrien o encararam com expectativa – Eu estou namorando.

— Ah, que incrível! – Emilie abraçou o filho – Parabéns querido.

— Obrigado.

— Por acaso é a filha do Sr. Tsurugi? – Gabriel questionou e Adrien ficou sério.

— Não. É a minha colega Marinette.

— Por que não a Kagami? Vocês têm muito em comum. – sua mãe disse com a mão sobre o seu ombro.

— Porque eu não amo ela. Eu amo a Marinette. – pôde notar que seus pais estavam um pouco desapontados, o que o irritou profundamente. – E se vocês não podem entender isso, eu sinto muito. Mas eu estou muito feliz com ela. – retirou a mão da sua mãe de cima de si. – Se me derem licença, eu vou para o meu quarto. Perdi o apetite.

Adrien saiu do cômodo e subiu as escadas, ignorando as duas vezes que a sua mãe chamou seu nome.

— Vai querer que eu leve o jantar lá pra você? – Nathalie questionou, antes que ele passasse por ela.

— Não é necessário. Obrigado. E se perguntarem, eu estou descansando e não quero ser incomodado.

— É claro, Adrien. – os dois trocaram sorrisos e Adrien foi subindo as escadas e retirando a gravata. Nathalie, era muito mais compreensiva que os seus pais, e sem dúvida alguma, devia muito à ela.  

— Não fique assim. Uma hora eles vão entender. – Tikki surgiu assim que ele adentrou o quarto.

— Obrigado, Tikki. – sorriu, acariciando a kwami, que sempre fazia com que ele se sentisse melhor, independentemente da situação – Agora eu preciso ver a Marinette. – o loiro só queria estar com a sua namorada e esquecer do resto do mundo.

— É só dizer as palavras mágicas.

— Tikki, spots on! – Lordbug saiu pela janela do seu quarto e se locomoveu com a ajuda do seu ioiô, até a casa de Marinette. Bateu na janela com cuidado e não demorou muito para que ela atendesse – Boa noite, my lady.

— O que faz aqui? Você não tinha o jantar com a sua família? – deu espaço para entrar, fechando a janela assim que ele o fez. Estava frio na rua.

— Tinha, mas... Eu contei sobre nós.

— E pela sua cara, a reação deles não foi muito boa. – Sass observava tudo em silêncio, não querendo interferir na conversa do casal.

— Não. Mas eu não ligo. – se aproximou dela, a segurando na cintura com cuidado – Eu amo você e só isso que importa. – Marinette sorriu, beijando o namorado.

— Eu também amo você.

— Eu e você contra o mundo?

— Sempre. – iniciaram outro beijo, porém mais intenso que o anterior.

As mãos de Marinette passeavam pela extensão do corpo de Adrien, desenhando cada detalhe do traje. Antes que pudesse aproveitar mais, o comunicador de Lordbug toca, interrompendo o beijo.

— É o Black Chat. – anunciou e atendeu – O que houve?

— Queen Of Mean e Mestre Moth. Dessa vez ele não mandou akuma, está pessoalmente aqui.

— O quê? – os dois disseram em uníssono e arregalaram os olhos.

— Pois é. Estou mandando a localização e vou esperar vocês para avançar. Venham rápido!

— Tá bom, já estamos indo. – Adrien desligou e Marinette não pensou duas vezes em se transformar.

— Sass, scales slither!

— Sabia que você fica incrível nesse traje? – ela sorriu de lado.

— Vamos logo, Bugaboy. – saiu na frente, deixando Adrien sorridente para trás. Amava quando Marinette o dava apelidos.

Na verdade, amava a sua namorada. Mais do que tudo.