Lady Noire observava a cena com um sorriso estampado no rosto. Aquela equipe de super-heróis realmente era muito eficiente e sabiam bem como trabalhar juntos, estavam em perfeita sincronia. Não era à toa que tinham derrotado o grande vilão.

 Os heróis se juntaram para bater os punhos e Ladybug acenou com a cabeça para que Lady Noire viesse também. Então a heroína se juntou a eles, e todos fizeram o toque de sempre.

— Zerou!

— Parece que não estavam tão em alerta assim. – Chat Noir chegou com o resto da equipe e deu uma risadinha. – Que bom que deu tudo certo.

— Droga, perdi toda a diversão! – Mister Bug protestou, enquanto Lady Noire ia até o homem que tinha sido akumatizado e o explicava resumidamente o que tinha acontecido e aonde estavam. – Mas de qualquer forma, muito obrigado pela ajuda.

— Que isso! Não foi nada. – a azulada sorriu.

— Uma fenda acabou de abrir há uma quadra daqui, vamos ir. Minha transformação já vai terminar.

— Certo. – a equipe de heróis andou até o local e então o homem akumatizado foi o primeiro a passar pelo feixe de luz em frente ao Rio Sena.

— Como vocês têm certeza que essa fenda vai os levar exatamente pra aonde vieram? – Alya questionou, curiosa como sempre. Mas com certeza ela não era a única com essa dúvida.

— Basicamente, o centro dessas fendas é a sua terra. – Lady Noire esclareceu – E como as leis do universo funcionam sozinhas, quem entrar na fenda vai vir parar aqui, mas quem voltar, automaticamente vai para a Terra à qual pertence. Só seria possível ir para outra com a nossa tecnologia, por isso ficamos com medo que o Blecaute escapasse.

— Entendi.

— E não tem nada que a gente possa fazer pra fechar essas fendas?

— Dizem que elas fecham à medida que a Terra vai se adaptando as mudanças causadas nos espaço-tempo e assim que ela entrar no curso, as fendas fecham. – a azulada andou até Ladybug e retirou a pulseira tecnológica, entregando na mão dela. – Fique com isso, vocês vão precisar se guiar caso mais alguém passar pelas fendas. Além do que, podem nos contatar há qualquer momento. – sorriram.

— Muito obrigada.

— Nós é que agradecemos, my lady. – Mister Bug piscou. Chat Noir riu, imaginando que era uma coisa que os “Adrien” tinham em comum independente da Terra.

A dupla por fim se despediu e entrou no feixe de luz, sumindo de vez. Lady Noire e Mister Bug por fim voltaram para a sua Terra, e quando a equipe deu as costas, prontos para conversarem melhor sobre o assunto, um barulho vindo do feixe de luz é ouvido e outra pessoa é jogada de lá.

— Essa doeu! – murmurou um ser com o traje todo branco. Ele estava de costas para os sete e levantou lentamente. – Ora ora, o que temos aqui? – sorriu perverso. – Todos os Miraculous que eu já destruí e uma versão minha só que usando preto. Nada contra, mas branco é a minha cor. – Adrien sentiu um arrepio percorrer o seu corpo, aquele garoto era uma versão malvada sua.

— Quem é você? – Ladybug tomou a frente.

— Algumas pessoas me conhecem como Chat Blanc, mas pra você, docinho... Eu posso ser o que quiser!

— Ok, já conseguiu me irritar! – Adrien segurou o bastão e ficou na frente da namorada, arrancando uma risada do vilão – Outro akuma?

— Eu? Akuma? Não, não. – balançou as mãos – Inclusive, eu destruí o Miraculous da borboleta também. Eu poderia usar para me trazer aliados, mas eu gosto de trabalhar sozinho. – deu de ombros.

— Bom, então eu acho que já está na hora de você voltar de onde veio.

— Mas já? Eu cheguei há tão pouco tempo! – deu um passo à frente, fazendo os heróis ficarem em posição – Wow! Calminha aí!

Antes que alguém pudesse dizer alguma coisa, outra pessoa salta da fenda, e caí na frente de Chat Blanc com um dos joelhos flexionados. A garota levantou e encarou o loiro com uma das mãos na cintura.

— Calma é uma coisa impossível quando se trata de você! – empurrou ele para trás com chute frontal.

— Me perseguindo até em outra Terra? – Chat Blanc riu, escorando uma das mãos no chão para não cair de vez com o impacto do golpe – Fique sabendo que você está em desvantagem na cadeia alimentar, ratinha.

— Pelo menos você sabe o que é uma cadeia alimentar. Parabéns! – a garota ironizou e avançou desferindo golpes, enquanto Chat Blanc desviava.

— Precisamos ir. – Carapace e Rena Rouge anunciaram saindo de cena, suas transformações seriam desfeitas em breve. Ladybug assentiu e logo Chat Noir correu para ajudar a outra heroína, ou ao menos imaginavam que fosse uma heroína.

— Dois contra um, que covardia! – Chat Blanc foi jogado contra a parede e levantou com um sorriso. – Não é muito justo. Então se me derem licença... Cataclysm! – destruiu o chão ao seu redor, fazendo com que os heróis se afastassem para não caírem no buraco.

— Vamos atrás dele! – Bunnix fez menção de ir mas foi impedida por Ladybug.

— Primeiro de tudo, quem é você? – questionou para a nova visitante, que pareceu só ter notado agora a equipe de heróis atrás de si.

A sensação de familiaridade voltou, Marinette sabia que aquela garota por trás da máscara era ela. Só precisava saber se era uma versão boa ou ruim.

— A-Ah... Eu sou a Multimouse. E aquele é o...

— Chat Blanc. – Adrien completou e o olhar de Multimouse se fixou nele. Provavelmente por ser a versão heroica do vilão. – Imagino que seja eu, só que mau.

— Provavelmente. Ele vive me dando dor de cabeça.

— É verdade o que ele disse sobre ter destruído os Miraculous? – Multimouse concordou com a cabeça – Mas por que ele faria isso?

— Ele... Tem uma história complicada. – admitiu sem graça. Era estranho estar com todas aquelas pessoas que sequer conhecia. – Isso aqui é outra Terra? – Ladybug assentiu.

— Vocês também sabem sobre outras Terras de onde você vem?

— Na verdade, não. Eu imaginei porque eu leio muitos quadrinhos. – deu de ombros e fez uma expressão engraçada, arrancando uma risada de Viperion. Nesse momento, o olhar de Multimouse se encontrou com o dele.

— Segundo o scanner da Lady Noire, você é Terra-17. – Ladybug concluiu, chamando a atenção da nova heroína – Seja bem-vinda à Terra-616, Multimouse.

— Obrigada, eu acho.

— Ok, temos dois problemas. – Queen Bee começou – Primeiro, a fenda fechou. – apontou para o local – E segundo, Chat Blanc está à solta por Paris.

— E como eu vou pra casa? – a visitante arregalou os olhos.

— Só precisamos esperar outra fenda abrir, não se preocupe. – Ladybug a tranquilizou, colocando a mão sobre o ombro dela – Agora sobre o Chat Blanc, precisamos que nos conte o que sabe sobre ele.

— Nada demais. Só que ele é louco e quer destruir todos os Miraculous existentes por algum motivo desconhecido. – Marinette suspirou.

— Querem que eu volte no tempo pra quando ele estava aqui? – Bunnix sugeriu.

— Não, não. – Chat Noir balançou as mãos – Chega de mexer com o espaço-tempo.

— Vamos precisar procurar por ele o quanto antes. Mas eu acredito que todos aqui estejam um pouco cansados. – os heróis assentiram. – Ok, todo mundo vai descansar e daqui há uma hora nos encontramos no mesmo lugar e vamos procurar o Chat Blanc.

— E eu vou pra onde? – Multimouse questionou, confusa ao ver a equipe se separar e caminhar para direções diferentes.

— Você vem comigo. – Ladybug se aproximou do ouvido dela – Vamos, Marinette. – sussurrou e ela assentiu, a acompanhando. Sabia que a garota de marias-chiquinhas lembrava alguém, e agora tinha confirmado que era ela mesma. – Me siga. – as duas heroínas foram saltando entre os prédios, até chegarem no terraço de Marinette.

— Então... Como se tornou a Multimouse?

— Longa história. Fui fazer umas entregas para um cliente da padaria dos meus pais e acontece que ele estava quase morrendo. – Ladybug abriu a boca, espantada – Ele me deu dois Miraculous na minha mão e disse para eu cuidar daquilo com a minha vida. Não entendi direito, mas chamei a ambulância e quando eles chegaram, o senhor tinha sumido. – suspirou, lembrando da história – Até eu achei que tinha sido um delírio meu, até que Chat Blanc deu as caras, procurando os Miraculous pela cidade. Decidi usar um deles para tentar pará-lo, já que ele feria pessoas inocentes atrás do seu objetivo maluco.

— E qual o outro Miraculous que você tem?

— Os únicos Miraculous que ele ainda não destruiu na nossa Terra são o dele, obviamente, o meu do rato e o da raposa. Esse último eu uso de vez em quando, combinado ao meu.

— Não pensou em entregar o da raposa para alguém e pedir ajuda? – ela deu de ombros.

— Até penso, mas eu acho meio arriscado. Chat Blanc é perigoso demais.

— Entendi. – entrou para o seu quarto e sinalizou com a mão para que Multimouse a acompanhasse – Eu ganhei o meu Miraculous ao mesmo tempo que o Chat Noir. Nós dois somos parceiros desde então e recentemente decidimos expandir a equipe.

— E aquele garoto... O de cabelos verdes...

— Viperion? – ela assentiu – O que tem ele?

— Não sei. Parece que eu o conheço.

— Provavelmente deve conhecê-lo na sua Terra. – Ladybug deu de ombros – Fique à vontade para descansar, preciso fazer uma ligação. – se afastou e sentou na cadeira, discando um número no celular.

— Ok. – Multimouse analisou rapidamente o cômodo cor-de-rosa e sentou sobre o divã. Embora Ladybug soubesse que era arriscado trazer a garota até sua casa, de alguma forma sentia que ela não era uma pessoa ruim. Talvez seja um tipo de conexão estranha entre versões da mesma pessoa de Terras diferentes.

— Chat?

— Oi. Aconteceu algo, Marinette?

— Não, só estou ligando pra saber como você está. Se o Chat Blanc for mesmo você, precisa tomar cuidado.

— Sim, eu sei. Estou preparado para qualquer coisa. Mandei Nathalie reforçar os sistemas de segurança da casa. – suspirou – Mas e você? Está tudo bem? E está tudo certo com a Multimouse?

— Está sim. Vamos descansar um pouco. – olhou de relance para a sua versão da Terra-17, que agora estava escorada nos travesseiros, com os olhos fechados. Provavelmente tinha cochilado. – Qualquer coisa me liga.

— Tudo bem, até.

— Até. – girou a cadeira, ficando de frente para Multimouse, encarando sua versão que dormia tranquilamente de um jeito adorável, modéstia à parte.

Marinette respirou fundo e escorou seu rosto entre as mãos. Precisava pensar em uma estratégia o mais rápido possível, mas também precisava descansar por alguns minutos.

Como se não bastasse os que tinha, mais problemas para resolver surgiram. Mas a parte de boa de ficar acordada praticamente aquela noite toda, é que não teria nenhum pesadelo.