Adrien encarava a vista do terraço de Marinette, sentindo-se extremamente bem de estar ali com a brisa batendo no seu rosto. O oposto do que sempre se sentiu preso em casa.

Mais tarde teria que voltar pra mansão, por mais que não gostasse de ficar lá. Porém, Nathalie disse que seria bom para a terapia de seu pai, que o loiro demonstrasse certo apoio e ficasse um pouco mais em casa.

— Pensando no quê? – Marinette surgiu, depois de ter lavado os pratos que ela e Adrien comeram de doces.

— Nada demais. – ele sorriu e virou na direção da namorada, se escorando na grade. Ela sorriu e foi até ele e o abraçou. - Eu amo ficar assim com você.

— Digo o mesmo. – escorou sua cabeça sobre o peito de Adrien e fechou os olhos, aproveitando o calor dos braços dele. – Quer fazer o que agora?

— Podemos deitar um pouco, o que acha? Mais tarde tenho que ir pra casa, vou dormir lá hoje.

— Pode ser. – Marinette se afastou e fez menção de entrar de volta para o quarto, porém Adrien segurou a sua mão.

— Vamos deitar aqui, é bom tomar um pouco de ar. – ela assentiu e os dois se acomodaram na espreguiçadeira cor-de-rosa. – Poderia ficar aqui para sempre. – sorriu, apertando Marinette contra si e fazendo ela rir.

— Eu não reclamaria. – o abraçou e fechou os olhos, se sentindo totalmente segura e em paz. Estar com Adrien, mesmo que sem fazer nada, era uma das coisas que ela mais gostava. Somente a presença do loiro, fazia Marinette muito feliz.

***

— Finalmente chegamos! – Bunnix anunciou, passando pela fenda e sendo seguida por Viperion e Chat Noir.

— É aqui mesmo? – o loiro olhou na pulseira.

— É sim. Dessa vez viemos para o ano certo. – suspirou aliviado – Ladybug não vai precisar me matar, vejam só que ótimo.

— Ela vai é te matar depois, acredite. – a garota deu leves batidinhas no ombro dele.

— Só eu? Vocês estão comigo.

— A conhecemos o suficiente pra saber que você será o principal alvo. – Adrien fez careta.

— Que seja, precisamos achar a Marinette de dezessete anos e falar com ela.

— Ah, ela vai tão te matar depois disso... – Luka riu, arrancando um olhar irritado do amigo.

— Se ela vai me matar, então por que vieram comigo?

— Queremos ver pessoalmente. – os dois heróis riram – Estamos te zoando, viemos porque concordamos com você. Mas que ela vai te matar, ela vai.

— Ok, ok. Sem mais comentários, Vamos atrás da Marinette.

— Tem uma ideia de aonde vocês estavam hoje?

— Acho que sim. Me sigam. – Chat Noir saltou para o prédio seguinte. Viperion e Bunnix se entreolharam, mas acabaram seguindo ele.

Talvez a ideia dele não fosse tão ruim. Só esperavam que Marinette achasse o mesmo.

***

Nathalie tossiu mais uma vez e sentou-se à poltrona de Gabriel. O homem rapidamente foi até ela e a olhou com compaixão, enquanto a ajudava a sentar.

— Os comprimidos que o Dr. Cho receitou não estão surtindo efeito, huh?

— Não, estão sim. – forçou um sorriso – Estou tendo menos ataques. É só questão de tempo até eles pararem, não se preocupe. – ele pousou a mão delicadamente sobre o ombro dela.

— E se não for?

— Vai ser. – Nathalie ficou de pé e passou as mãos pelo casaco, o ajeitando – Assim como será para a Sra. Emilie. – Gabriel assentiu, recobrando a postura. – O senhor vai conseguir tudo que deseja.

— Espero que você esteja certa. – sorriu de leve – Alguma notícia do Joseph?

— Vim aqui exatamente por isso, ele disse que pretende fazer um teste. Quer saber se o senhor gostaria de estar presente.

— Quando?

— Daqui dois dias. – Gabriel pensou por alguns segundos e assentiu. – Certo, vou avisá-lo. – disse e saiu.

O Agreste deu um longo suspiro e olhou na direção do quadro de sua amada. Em seguida, foi até ele e apertou os botões escondidos, fazendo a passagem para o elevador abrir. Gabriel desceu até o local aonde Emilie Agreste estava e admirou a mulher, desejando que ela estivesse ali ao seu lado.

Sentia sua falta.

Nessas horas, também sentia falta de Nooroo, alguém que estava com ele até nesses momentos. O único que sabia todos os seus segredos, até mesmo os que Nathalie não sabia.

***

— Você é mais chata do que eu akumatizada! – Queen Bee acertou um chute na sua versão da Terra-99. Queen Of Mean não disse nada, apenas avançou.

A versão da Chloé de outra Terra também possuía o Miraculous da Queen Bee, porém era uma versão malvada da heroína.

— Vamos intervir? – Rena Rouge questionou.

— Isso parece questão de honra pra ela. – Ladybug sussurrou. – Precisa da nossa ajuda? – gritou para a amiga.

— Não! – saltou para trás, desviando dos ataques – Eu estou bem! – vacilou por alguns segundos e Queen Of Mean aproveitou, conseguindo jogar ela para trás. A vilã avançou para cima de Chloé, o que fez os heróis se prepararem pra ajudá-la. Contudo, antes que se movessem, Chloé da Terra-99 é atingida por um bastão metálico.

Alguém salta à frente de Queen Bee, e chuta a vilã para trás. Em seguida, outra pessoa a joga de volta para a fenda e usa um dispositivo para fechar o portal.

— Mas o que... – Ladybug deixou a frase morrer no ar quando se deparou com a versão adulta de Chat Noir, Viperion e Bunnix.

— O que está acontecendo aqui? – o Adrien mais novo se manifestou.

— Venham com a gente. – a equipe se entreolhou, porém decidiu seguir os três até o topo de um prédio qualquer. Não queria ter uma conversa séria ali no meio da rua e acabar chamando atenção desnecessária.

— Você é uma versão minha do futuro? – perguntou ao Chat Noir mais velho, assim que pararam.

— Sou. – cruzou os braços encarando a si mesmo. Os trajes dos heróis mais velhos estavam mais elaborados, com mais detalhes. Com certeza tinham evoluído os poderes para ficar daquela maneira.

Chat Noir continuava com o mesmo ar convencido e apaixonante, porém agora estava nitidamente mais maduro. Seu cabelo loiro estava perfeitamente cortado e alinhado, diferente da bagunça que era antes – embora os fios loiros ainda fossem rebeldes na parte de cima. Seus músculos, assim como os de Viperion eram ainda mais visíveis e seu uniforme muito mais detalhado – com muito mais verde do que antes. Viperion, por outro lado, tinha mudado poucos detalhes no traje, contudo, seu cabelo estava penteado para o lado, ainda possuindo as madeixas esverdeadas – quase que a sua marca. Já Bunnix – que também possuía diferenças no traje —, agora tinha cabelos mais curtos e também tinha alguns piercings distribuídos nas orelhas e um no nariz.

— Achei que a gente tinha aprendido a não mexer com o espaço-tempo, não é my lady? – não ouviu resposta – My lady? – encarou Marinette, que parecia hipnotizada com sua versão mais velha. Em seguida revirou os olhos e foi até ela – Você sabe que ele sou eu só que mais velho, né?

— Shh! – tapou a boca dele com a mão, sem desviar o olhar.

— Dá pra acreditar nisso... – olhou para o resto da equipe que parecia da mesma maneira, admirando os heróis mais velhos. – Vocês são inacreditáveis! Ok, por que estão aqui? – os três se entreolharam.

— Não sei mais se é uma boa ideia. – Viperion alertou.

— Eu sei, mas já estamos aqui.

— Vocês não me fizeram abrir vários portais pra nada, não é?

Os três começaram a discutir entre si, então Chat Noir estalou os dedos na frente do rosto da namorada, a acordando.

— Alô? Já terminou de me admirar?

— O que posso fazer se, no futuro, você ficou muito mais gostoso? Charmoso... Digo, charmoso. – pigarreou, recobrando a postura. Adrien a encarou, incrédulo – Certo, hora de fazer o meu papel. Ei! – chamou a atenção dos três – O que estão fazendo aqui? Alguma coisa deu errado? Porque a última vez que recebemos as nossas versões do futuro, não foi muito legal. E aonde eu estou?

— Você está em missão. Com o resto da equipe. – disse Adrien – E não sabe que eu estou aqui.

— Na verdade agora ela sabe e vai te bater quando chegar em casa. – Bunnix disse com um tom irônico.

— Que seja, foco! – balançou as mãos – Algo deu errado sim. Por isso estamos aqui, pra impedir e... – Ladybug ergueu a mão. Mesmo nove anos mais nova, a garota tinha o mesmo efeito autoritário sobre Chat Noir.

— O fato da eu do futuro não saber que você veio pra cá, tem a ver com eu não concordar com a sua ideia?

— Talvez.

— E por que você veio mesmo assim? – cruzou os braços, o encarando. Os dois heróis mais velhos sorriram discretamente. Era engraçado ver que não importava a idade, Chat Noir e Ladybug sempre agiam da mesma forma um com o outro.

— Porque eu preciso alertar vocês de algo que vai acontecer. – explicou e olhou para sua versão mais nova – Você concorda comigo, não é? – Ladybug arqueou a sobrancelha para o parceiro.

— Bem, se eu vim te alertar, deve ser algo importante, Bugaboo. – dizia com cuidado.

— Ok, vamos com calma. – olhou na pulseira – Abriu uma nova fenda perto da Notre-Dame. Preciso que vão verificar, eu e Chat vamos ver o que as nossas "versões superiores" querem. – a equipe assentiu e se despediu com um aceno.

— A propósito, eu fiquei incrível. – Luka disse para sua versão mais velha, que deu uma piscada cúmplice.

— Concordo. – Marinette deixou escapar e em seguida balançou a cabeça, levando outra olhada feia do namorado – Certo, ér... Foco. Antes que nos digam o que aconteceu, qual é a gravidade da situação?

— Bem grave.

— Alguém morre?

— Não. A princípio.

— Ok, então não precisam nos contar.

— O quê? – os três heróis do futuro e o Chat Noir do presente disseram em uníssono.

— Nós já mexemos com o espaço-tempo o suficiente, não acha? – disse para o namorado. – E quando fizemos isso, impedimos nossa derrota. Mas agora, expomos a nossa Terra a mais ameaças. Não podemos fazer isso de novo.

— Mas...

— Olha, eu aprecio de verdade a sua tentativa. – falava de maneira calma e compreensiva – Mas não podemos nos arriscar mais. – Chat Noir suspirou.

— Se não fosse sério, eu não teria vindo, Marinette.

— Se fosse sério, eu teria dito pra você vir, Adrien. – os dois permaneceram encarando um ao outro por alguns segundos, que mais pareceram horas.

— Ok, tudo bem. – levantou as mãos em sinal de rendição – Nós três vamos ficar na cidade até o fim do dia e aí você decide se quer saber ou não.

— Chat...

— Até o fim do dia. – pegou seu bastão – Vamos, pessoal.