JEONGGUK

Toda vez que tentava falar sobre isso, meus olhos começavam a queimar e eu iria quebrar novamente. Bo Young e eu sentamos na praia, a cabeça de Gureum no meu colo com o sol rosa no horizonte. Ela me entregou uma barra de chocolate, e eu quebrei um pedaço para mim.

— Ele me ligou — Sussurrou. — Jimin. Ele ligou ontem à noite, querendo saber se eu tinha falado com você. Parecia que ele estava — 

— Por favor, não — eu implorei, escovando o pelo do Husky. — Cada vez que penso nele, penso nela, grávida. Se eu ficasse em sua vida, então ficaria com ciúmes e chateado, e... ser forçado a vê-la, contando que ele queira estar comigo. Vejo-me machucando e machucando ele em troca. — Além do fato de que eu não tinha certeza se queria filhos, quanto mais ser o padrasto de alguém.

— Então você nunca vai falar com ele novamente? Não é culpa dele, Gguk.

— Eu sei. Eu sei que não é culpa dele. Tudo isso foi antes de mim, mas isso não muda o fato de que ele vai ser um pai, ou já é um. Não vejo nenhum lugar para mim. Não há lugar para mim na sua vida. Não é nem nossa culpa, mas não posso; não quero passar a vida esperando nos bastidores, esperando um dia sermos apenas nós. — Eu tentei rir, mas minha voz falhou. — Lembra quando eu disse que Hyung Sik não era o cara certo para você? Obrigado por me dizer para parar, porque eu odiaria estragar sua vida tanto quanto estraguei a minha.

— Você não estragou a sua vida. — Ela pegou minha mão. — As coisas acontecem, e vida é a vida. E você estava certo sobre Sik naquela época, ele era um tolo. Ele me traiu.

— Não, ele não fez. — Se tivesse, eu ia matá-lo.

Ela assentiu com a cabeça, girando o anel no seu dedo. — Foi algumas semanas depois que eu saí. Conheci a garota e dei um soco bem na cara, mas eu não conseguia encará-la. Eu não desisti por causa de Sik, desisti porque eu não conseguia acompanhar, e lá estava você, primando à velocidade da luz. Senti que meu mundo estava desmoronando, e não conseguia encarar você ou os meus pais, então terminei com ele e trabalhei em um bar naquele ano que não nos falamos. Poderia ter-lhe chamado a qualquer momento, mas eu só queria ficar sozinha. Sik e eu tínhamos acabado de voltar quando nos tornamos amigos novamente. Eu nunca te disse por que pareceu idiota em retrospectiva, e eu sabia que você ficaria chateado que eu não tivesse te procurado mais cedo.

— Eu sou um péssimo amigo. Desculpe-me, eu não estava lá, Bo-ah, e aqui eu estou agora, chorando tudo sobre seu ombro.

Ela deu de ombros. — Você veio porque você confia em mim, e eu estou feliz. Sinto por não ter confiado em você o bastante naquela época. —  Peguei-a em um abraço, e nós caímos na areia, rindo.

—Prometa, não importa o quê, que vai me dizer se alguma coisa acontecer, tudo bem? E se alguma vez Hyung Sik — 

— Entendi, entendi. Vá, você tem a sua própria vida amorosa para resolver.

Esse era o problema.

Eu tinha uma vida, mas não tinha uma vida amorosa.

JIMIN

Eu era um pai.

O nome da minha filha era Lee Park Adora. Ela pesava 3 quilos e 121 gramas. E era linda. Já era capaz de respirar por conta própria, mas não deixaria a UTI neonatal por um tempo, e não podia sair da incubadora ainda. Mesmo assim, era bonita. Passei as últimas 48 horas ao seu lado. Precisava de mais alguns exames, mas minha mãe acreditava que ela ficaria bem.

Então, Jieun foi ficar com ela, sentada em sua cadeira de rodas, enquanto estava fora, assinando papéis. — Parece que você teve uns dias difíceis.

Ouvir a voz dele me fez congelar. Rezei rapidamente, que quando me virasse ele estivesse lá e agradeci a Deus que realmente estava quando virei. Jeon levantou uma xícara que cheirava café para mim. Ignorei, puxando ele em meus braços... só que o moreno não me abraçou de volta.

— Jeongguk — disse, soltando-o. — Eu sei que isto é confuso e estranho, mas vou trabalhar isso, eu prometo a você — 

— Jimin, está tudo bem — sussurrou, colocando o copo na minha mão. — Não se preocupe comigo, eu vou ficar bem. A única pessoa que deve estar na sua mente é sua filha. Parabéns. Eu realmente espero que ela fique muito mais forte."

Odiei isso, como ele sorriu e foi tão obviamente falso, parecia que tinha fechado a porta para mim e se tornou frio.

— Jeon Jeongguk, não. — Eu podia sentir isso vindo. — Eu sei que eu posso descobrir isso. Não me deixe de fora. Dê-me uma chance. Nos dê uma chance — 

— Jimin, éramos apenas uma aventura. — Ele praticamente me apunhalou com suas palavras, ainda sorrindo. — Nós éramos duas pessoas solitárias que encontrou conforto no outro, e agora é hora de voltar à realidade. Você tem sido um grande amigo para mim — 

— Pare! — Não consegui ouvir mais.

— Jimin ...

— Pare de dizer meu nome desse jeito, como se eu não importasse para você. Você está mentindo na minha cara agora; é tão claro, que me sinto insultado por que você acha que eu não iria notar.

— National Geographic está começando uma nova revista chamada The Real. Eu vou partir para a Índia e em seguida Rússia. Vou tirar fotos em todo o mundo, Jimin, e você vai ser um pai maravilhoso.

— Você está fugindo — Ele estava correndo mais longe possível de mim, e doeu de uma maneira que eu não poderia começar a descrever.

— Eu vou...

— Tirar fotos, eu te ouvi, mas não vá. Você me ama, então não vá, Jeon.

Pela primeira vez, a máscara falsa, que ele tinha se escondido começou a rachar, e ele não podia forçar aquele sorriso mais. — Eu nunca disse que te amava, Jimin. Então vamos fazer isso — 

— Simplesmente? Facilmente? Isso esta parecendo simples ou fácil? Jeon Jeongguk, você me disse com suas mãos, seus olhos, seu corpo, que você estava apaixonado por mim, e agora você está correndo para a Índia sem me dar uma chance. — Ele balançou a cabeça, penteou o cabelo para trás.

— Foi só sexo, Jimin —

— Você disse. Você disse, mesmo antes de você adormecer nos meus braços, naquela noite. Você deve ter pensado que você estivesse só pensando nisso, mas você disse isso com seus próprios lábios, seis palavras: Eu estou apaixonado por você, Jimin. Então não me diga que foi só sexo. Não sorria e diga que tínhamos um caso.

Eu coloquei minha mão em concha em seu rosto, forçando-o olhar para mim.

— Não, não fomos. Com cada fibra do meu ser, eu sei que o que há entre nós é mais do que isso, porque eu estou apaixonado por você, também, Jeongguk. Então me ame o bastante para dizer as palavras. Por favor.

Quando ele olhou novamente para mim, seus olhos encheram de lágrimas, que não deixou cair.  — Me ame o suficiente para me deixar ir, Jimin. — Minha mão caiu de seu rosto e senti meus olhos queimarem.

Eu não podia.

Eu não deixaria terminarmos dessa maneira, e ainda com ele partindo. Jeon não negou que ele me amava, e ainda ia me deixar de qualquer forma. — Ok — eu sussurrei, e esperava que doesse ele ouvir o quanto me doía dizer. Ele assentiu com a cabeça, indo embora.

— Jeon Jeongguk — eu chamei. Ele parou, mas não se voltou para mim.

— Coma muito na Índia e ria ainda mais em qualquer outro país e lembre de se manter quente na Rússia. Onde quer que você vá depois disso, fique seguro, fique saudável e quando você estiver pronto para voltar para casa... volte para mim. Eu estarei aqui. Em um ano, em cinco, ou dez ou vinte anos, eu estarei bem aqui, Esperando para que você volte para mim.

Seu corpo virou parcialmente.

E parcialmente eu esperei.

Mas ele continuou indo embora.

— Você está...

— Não — Eu disse para Hoseok, entregando-lhe a xícara de café que Jeon tinha me dado como seu presente de despedida.

— Não estou muito bem.