The Sirens escrita por jduarte


Capítulo 8
Soft Waves


Notas iniciais do capítulo

Hello, galera! Para começar bem a semana, cap novo para vocês!
Espero que gostem!
Beijos,
Ju!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/780938/chapter/8

A música estava alta demais, mas tudo parecia abafado e estranho. O homem atrás do balcão limpava o copo de vidro com um pano de prato branco, ainda úmido.

Estiquei meu copo vazio para ele e dei dois toques na borda do copo, chamando sua atenção.

— Pode colocar mais uma dose, por favor. – disse alto, sobrepondo a música.

Ele me olhou por alguns segundos antes de pegar a garrafa de whisky e colocar mais uma dose generosa em meu copo. O homem fez menção ao gelo na bacia do lado, e eu balancei a cabeça negativamente.

— Não precisa.

E realmente não precisava, estava anestesiada ao sabor. Ao mesmo tempo que me sentia imbatível e indestrutível, parte de mim ligara um alerta grande em minha cabeça, me lembrando das vezes que meu pai havia perdido a noção da bebida e aparecido em casa completamente bêbado.

Engoli a dose de uma vez e fiz careta. Baixei o copo me levantando. Meu mundo inteirinho girou e eu teria caído no chão se não tivesse me segurado na bancada de madeira. Me lancei em direção ao banheiro, jogando água no rosto e nos punhos, para tentar fazer com que minha pressão voltasse ao normal.

A luz baixa do banheiro, deixava-me ver meu reflexo no espelho e tive vergonha de mim mesma. O cabelo emaranhado, nada como estava há algumas horas, a pele ruborizada pelo álcool e os olhos caídos.

Definitivamente uma visão que eu não conhecia de mim mesma.

Hoje era cedo demais para começar a beber, mas eu não me importava nem um pouco. Quando se briga com sua única família por um motivo besta, a solução é tomar algumas doses de qualquer coisa.

Mesmo que fosse 3 da tarde. Seria 9 da noite em algum lugar do mundo, então eu estava perdoada de alguma forma, não?

— Estou completamente bêbada. – disse à mim mesma, e dei uma risada, lavando o rosto mais uma vez com a água corrente da torneira.

— Definitivamente, senhorita Wells. – uma voz masculina fez com que eu desse um pulo para trás.

Minha visão turva demorou levemente para focar no homem atrás de mim pelo reflexo do espelho e a princípio achei que ele fosse mais uma de minhas alucinações.

Ele estava vestido com uma camiseta branca e calça jeans preta, o braço tatuado chamava atenção e era um tanto quanto familiar. Mas eu não me lembrava de onde.

— Nossa, mas que alucinação bonita. – comentei comigo mesma, fechando a boca que havia aberto pelo choque.

Afinal de contas, aquele homem havia surgido do nada, pegando-me completamente desprevenida. Meu coração dobrou de velocidade, e eu fiquei levemente desconcertada por alguns meros segundos.

A alucinação riu e eu ruborizei. Até a risada daquela criatura era graciosa. Talvez ele realmente fosse uma das minhas melhores alucinações até agora.

— Não estou dormindo agora, então nem tente me incomodar com meus pesadelos. – tornei a dizer

O homem se inclinara na parede do lado oposto onde eu estava, com os braços firmemente cruzados em cima do peitoral esculpido na camiseta branca, e com um boné escondendo seu cabelo. Mas eu poderia reconhecer aquele maxilar em qualquer lugar. Um arrepio percorreu minha espinha quando a realidade tomou conta de mim.

Não pode ser...

— Carter? – minha voz pareceu pequena demais, incerta, até. Mas eu tinha quase certeza de que minha alucinação – ou não – se parecia demais com Carter. O homem sorriu e assentiu de leve. — O que está fazendo aqui?

Ele abriu a boca para me responder e riu, como se minha expressão assustada fosse engraçada.

— Poderia perguntar o mesmo.

Cruzei os braços em cima do peito, e me inclinei na bancada do banheiro, dando uma boa olhada nele.

— Você sabe que está no banheiro feminino, não é?

Ele riu genuinamente, como se eu tivesse contado a melhor piada desde a invenção de stand up comedies. Me senti levemente irritada.

— Senhorita Wells, – o som de meu nome saindo de seus lábios fez coisas acontecerem dentro de mim. Coisas que eu não tinha certeza se gostava ou não. – da última vez que vi, esse era o banheiro masculino.

Minha feição se desmanchou na hora.

Deus, pensei comigo mesma, é nessas horas que eu desejo que a Terra seja realmente plana, pra poder pular pela borda, de tamanha vergonha.

Meu rubor se espalhou por meu pescoço, alojando-se inquietantemente em minhas bochechas, e se a luz do banheiro não fosso terrivelmente baixa, eu até diria que Carter conseguia ver minha face vermelha como um pimentão.

Arrumei minha postura e limpei a garganta, colocando as mãos para trás.

— A-Ah, é? Você tem certeza? – perguntei enquanto gaguejava, caminhando de costas para longe de Carter, que assentiu novamente, ainda sorrindo de uma maneira que me deixava inquieta. — Bom, então okay. Tchau.

E sem nem ao menos pensar duas vezes, saí correndo do banheiro masculino, dando de cara com um homem entrando na minha frente, e me encarando com uma feição de confusão. Dei dois tapinhas em suas costas quando dei ao redor dele, e fui em direção ao bar, pedindo mais uma dose de qualquer coisa que eles tivessem disponível.

Ao me sentar no bar, a realidade pareceu recair sobre mim duramente. Eu realmente havia entrado no banheiro masculino? Havia algo mais vergonhoso do que isso?

O garçom colocou a bebida no copo novo e esticou em minha direção. Quando meus dedos esbarraram no copo, percebi uma presença ao meu lado esquerdo, perto demais para que eu me sentisse confortável. Era nitidamente um homem, e homens em locais como esses bares significava encheção de saco, na certa.

Esses caras normalmente não sabiam o que significava espaço pessoal, e isso me deixava tão irritada quanto qualquer outra coisa no mundo.

Era como se eles tivessem um radar para localizar as mulheres sozinhas, como se emanássemos um tipo de hormônio que avisava esses tipos de homem, que dizia: “Hey, estou sozinha, venha dar em cima de mim”.

Revirei os olhos antes mesmo do homem se alojar no banquinho ao meu lado. O peso de seu corpo fez com que os pés do banco cedessem sob seu peso e parecessem reclamar, com um estalo.

— O que uma mulher tão bonita quanto você, faz num bar fuleiro desse, e sozinha, ainda por cima? – a voz do homem era rouca de cigarro e ele tinha bafo.

E eu conseguia perceber tudo isso sem nem ao menos me virar para olhar direito para o homem.

Revirei os olhos mais uma vez e bebi a dose sem me dar ao trabalho de responder.

— Farei companhia para você, então. – sua voz disse, firmemente.

O homem veio mais para perto de mim, e eu jurava conseguir sentir o bafo dele em minha orelha. Me arrepiei de nojo. Aquele cara não tinha a menor noção de espaço privado, eu tinha plena certeza disso agora. Me afastei ligeiramente, quase caindo de meu próprio banco, com um dos pés encostados no chão, pronta para fugir daquele maldito, se fosse preciso.

— Conte-me algo sobre você, minha lindeza...

— Não estou interessada. – lhe cortei bruscamente, virando para encarar o homem ao meu lado.

O homem era definitivamente velho o suficiente para ser um dos amigos de meu pai, e tinha algumas cicatrizes no supercílio e bochechas. Um dos olhos estava roxo, e eu duvidava que fosse por algum motivo banal.

Talvez ele tivesse recebido um soco justamente por não respeitar a privacidade alheia.

— Docinho, você está sozinha, deixe que eu ao menos, lhe faça companhia... – seus dedos calejados e sujos tracejaram meu ombro esquerdo e eu me afastei com asco. — Você é tão bonita.

— Tire as mãos de cima de mim. – lhe avisei, entredentes, extremamente irritada com a falta de noção daquele ser humano.

Era possível sentir toda minha irritação irradiando de meus poros, mas o homem, talvez por ser completamente sem noção ou estar bêbado demais, não percebeu.

— Ah, qual é, fofura, só uma noite, não vai custar nada...

O peso da mão do homem ficou mais forte, apertando meu ombro de uma maneira possessiva, e então meus batimentos dobraram de velocidade. Ele puxou minha cadeira para perto de si, e eu tentei puxar meu braço para longe dele. O que piorou a situação.

— O negócio é o seguinte, gracinha, você vai ficar sim comigo. Não tem opção, não. – ele sussurrou ameaçadoramente em minha direção e eu engoli seco, ficando sóbria na hora.

Minha mente parecia correr para relembrar de todas as aulas que tive sobre defesa pessoal, e como era possível afundar o nariz de alguém utilizando apenas a palma da minha mão. Se eu conseguisse deixá-lo na posição ideal, provavelmente até conseguiria imobilizá-lo, considerando seu estado de bêbado.

Um braço musculoso e tatuado se enfiou em minha frente, quase esbarrando em meu maxilar e se posicionou entre mim e o homem maluco. O músculo do braço retesou quase dolorosamente e algo se remexeu inquietamente dentro de mim.

— A moça disse que não está interessada. – a voz conhecida disse em alto e bom tom. — A não ser que queira que eu quebre o que resta dos seus dentes, sugiro que tire as mãos dela.

Olhei para o perfil ameaçador de Carter e meu corpo ferveu de uma maneira estranha. Engoli seco e o homem à minha frente, também. Ele largou meu braço como se eu tivesse o queimado e levantou as mãos.

— Okay, parceiro, não tá mais aqui quem falou. – ele disse e deu um tapinha nas costas de Carter. — Se ela é sua mulherzinha, não tem problema, encontro algo melhor. – então o homem me olhou com volúpia nos olhos e sussurrou. — Mas se quiser experimentar algo diferente do que o garotão aí, sabe onde me encontrar.

O nojo indescritível que cruzou meu corpo, talvez até mesmo uma mistura de puro terror com o mais puro nojo, foi o suficiente para que eu me dobrasse e vomitasse todo o conteúdo de meu estômago, bem em cima dos sapatos de Carter.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Continua?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Sirens" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.