Adrien queria mais do que tudo falar com Marinette sobre o dia anterior, no entanto, quase não teve descanso desde o beijo. Seu pai sempre inventava algo para fazer e quando finalmente tinham horário livre na escola, Nino convocou todo mundo para fazerem o seu filme, Horrificator.

O grupo de amigos mais discutia do que filmava e Adrien assistia quieto, pois sabia aonde tudo ia dar.

Depois que Mylene saiu, Ivan foi atrás e voltou culpando Chloé pela saída da namorada. Marinette então tratou de ir atrás dela no mesmo instante, com a esperança de que conseguisse encontrá-la antes que fosse akumatizada.

Quando chegou no banheiro, Marinette chamou por Mylene, mas não obteve resposta. Em seguida, olhou para o espelho e se deparou com a gosma roxa. Era tarde demais.

Baixou a cabeça frustrada, no entanto, logo lembrou do que viria a seguir. E assim que a cena de Chloé tentando beijar Adrien veio em sua mente, correu o mais rápido que podia de volta para a sala de aula.

— Corta! – gritou, abrindo a porta na hora certa e fazendo Adrien sorrir aliviado.

— Marinette, o que aconteceu? A gente tá no meio da filmagem! – Nino se aproximou. – E eu sou o diretor. Só eu posso falar “corta”, mais ninguém.

— E eu sou a produtora. – apontou para si – E a Mylene deveria ser a protagonista.

— Mas nós estamos sem tempo e a Mylene ainda está desaparecida. – voltou para o local aonde estava filmando – Do início por favor.

Alya se aproximou de Nino e começou uma discussão sobre a personagem não precisar de um envolvimento romântico, pois não fazia sentido para o desenvolvimento pessoal dela. E assim que Marinette ouviu a ideia de Chloé, de transformar a personagem numa enfermeira, sorriu travessa.

— E o que isso tem a ver com a história? – Alya folheou o roteiro, irritada com as modificações que estavam fazendo no seu trabalho.

— Não sei, mas eu ficaria ótima em uniforme de enfermeira. – disse a loira e então Marinette se aproximou.

— É uma ótima ideia!

— É claro, porque é minha ideia.

— Mas nós não temos um uniforme! – a Bourgeois abriu a boca, se dando conta – O que acha de ir com a sua assistente e experimentar alguns na enfermaria? – assentiu.

— Kim e Max, venham comigo. – estalou os dedos – Acabaram de ser promovidos a segurança e assistente. – Chloé sorriu e saiu, sendo seguida pelos dois garotos e Sabrina.

— Olha, que belo trabalho de produção! – Nino ironizou – Agora o filme está sem a protagonista de novo.

— A Marinette pode fazer a protagonista! – imaginou que a fala viria de Alya, porém se surpreendeu ao notar que quem disse foi Adrien – Ela sabe todas as falas, não é? – sorriu para a melhor amiga, que olhou para o chão constrangida.

Não ia negar que a ideia de beijar Adrien novamente era muito boa, porém tinha vergonha, visto que seus sentimentos pelo garoto só vêm crescendo a cada dia.

— Mas eu...

— Excelente ideia! – Alya levantou os braços animada. – Só vamos precisar de uns minutinhos pra ensaiar as falas e...

— Não! – o loiro exclamou depois de Juleka terminar de fazer a sua maquiagem pela décima vez. Sabia que logo Chloé voltaria e abriria a porta no momento mais esperado – A Marinette sabe, não sabe? – a azulada apenas assentiu.

— Tá bem, se ela sabe, melhor. Vamos de uma vez. – Nino apressou, pois estavam ficando sem tempo e precisavam terminar de filmar e editar ainda hoje. Alya sorriu, arrastando Marinette para a frente de Adrien, que possuía um sorriso discreto no rosto. – Vai claquete! Câmera rodando!

— Horrificator, take dezesseis. – Alix anunciou.

— Ação! – Marinette engoliu em seco e reuniu toda a coragem que tinha para conseguir fazer a cena.

— Eu não tenho medo daquele monstro, oficial Jones. – disse tentando parecer convincente, então Adrien segurou a sua cintura e a puxou para si. O loiro colocou a mão sobre o rosto dela, fechou os olhos e se aproximou, finalmente beijando Marinette.

Alya conteve um grito, enquanto a azulada fechava os olhos e aproveitava a sensação de ter os lábios de Adrien nos seus novamente – só que dessa vez em condições menos perigosas e em que ele se lembraria depois.

Quando Adrien fez menção de recuar, Marinette se inclinou, o trazendo de volta para o beijo e segurando a sua nuca com uma das mãos. Alya deu um sorrisinho perverso e não pensou duas vezes em puxar o celular e tirar uma foto – mesmo que Nino já estivesse filmando. Talvez Marinette desmaiasse depois disso, então precisaria registrar o acontecimento no seu celular para que ela lembre depois. Quem sabe até dar a foto de presente pra ela em um porta-retratos.

— Corta! – Chloé abriu a porta irritada e os dois se separaram ofegantes.

— O que eu disse sobre outras pessoas falarem “corta”? – Nino questionou indignado.

— Como você ousa agarrar o Adrien assim? – a loira apontou o dedo para Marinette. Antes que conseguisse responder, ouviram gritos vindos de fora da sala.

Marinette e Adrien rapidamente trocaram olhares, sabiam exatamente o que era.

***

— Chega de maldade, akuma! – quebrou o objeto akumatizado, liberando a borboleta negra – Hora de aniquilar a maldade! – capturou a borboleta e logo abriu o ioiô, fazendo-a sair purificada dali – Tchau, tchau borboletinha. – jogou as cordas de violão para cima – Miraculous Ladybug!

Tudo voltou ao normal, inclusive Mylene, que abraçou o namorado e o beijou.

— Irado! – disse Nino, ainda filmando. Logo, Marinette cruzou os braços e balançou a cabeça.

— Zerou! – Ladybug e Chat Noir fizeram o toque de sempre e permaneceram se encarando.

— Ué, mas cadê a Marinette e o Adrien?

— A-Ah... Nós vamos... Procurá-los! – Chat Noir respondeu e puxou a mão da parceira, correndo para fora dali. – Espera! – a chamou, assim que viu que ela desviou para o outro lado.

— Vamos “aparecer” de onde “sumimos”, é mais convincente. – o loiro assentiu e então eles se esconderam. – Spots off! – Tikki caiu na sua mão, enquanto Marinette não podia deixar de sorrir. – Eu não acredito que beijei o Adrien. De novo. – a kwami riu.

— Nem eu!

***

Nino estava frustrado. Os jurados não tinham gostado tanto assim do filme. Chamaram até o monstro de “réplica irreal” e “difícil de crer”.

— Não esquenta, Nino. – Adrien colocou a mão sobre o ombro do amigo. – Todo grande diretor começa assim.

— É, e além do mais, eu com certeza vou postar no Ladyblog. Um filme com a Ladybug e o Chat Noir, vai atrair muitas visualizações pro meu blog e muita visibilidade pro seu trabalho. – Alya puxou o namorado, para falar sobre e então Marinette e Adrien trocaram olhares, ficando sozinhos ali.

— O filme ficou ótimo, não é? – o loiro começou.

— É, ficou sim.

— A cena do beijo do Ivan e da Mylene ficou incrível no final. É uma pena que não usaram a nossa. – Marinette riu e fitou suas sapatilhas.

— Pois é.

— Pareceu bem realista, você não acha? – a azulada encarou Adrien, não entendendo aonde ele queria chegar com aquela conversa.

— Aham.

— Falando nisso, ontem quando derrotamos o Cupido Negro... Bem, na verdade quando você derrotou ele, nós nos beijamos? – tinha certeza que sim, embora não lembrasse da sensação. No entanto, queria ouvir de Marinette.

— Sim, m-mas... Era só pra quebrar... A maldição, sabe? – respondeu. – Digo, o feitiço. Digo, o efeito do akuma. – Adrien deu uma risada discreta, sem que ela percebesse.

— Tudo bem. Inclusive, eu devo ter dito coisas nada legais pra você enquanto estava sob efeito do akuma.

— Não se preocupe, sei que não era você. – sorriram um para o outro.

Nesse momento, Adrien sentiu uma onda de coragem o invadindo. Precisava dizer à Marinette o que sentia por ela, pois tinha quase certeza de que era recíproco.

— Marinette, eu...

— Adrien! – Chloé surgiu, empurrando Marinette e abraçando o loiro. – O filme foi incrível, mas é uma pena que não terminamos a nossa cena, não é? Por culpa da Marinette, obviamente. Como ela pôde te agarrar assim? – a azulada juntou sua bolsa, que tinha caído por conta do impacto do empurrão e fez uma expressão emburrada.

— Tá tudo bem, Chloé. Ela não me agarrou. – Adrien tentava tirar os braços da loira de cima de si, enquanto Marinette verificava se Tikki estava bem, já que a bolsa tinha até aberto ao cair no chão.

— Eu vou indo, tchau. – Marinette se despediu e saiu, deixando Chloé com um semblante irritado.

Antes que a loira dissesse algo, seu pai, o prefeito, a chamou para irem para casa.

— Tchauzinho, Adrien. – beijou a bochecha dele e foi embora.

— Tchau, Chloé. – suspirou pesadamente e olhou para baixo. Aquela garota era muito insuportável. – O que é isso? – seu olhar pousou em uma bolinha de papel vermelha, amassada no chão. Não tardou em pegar e ver o que era – O cartão de dia dos namorados. – reconheceu de cara o papel em formato de coração. – É da Marinette. – dessa vez ela tinha assinado.

— Adrien? – o seu carro parou na frente do local e Nathalie saiu de dentro dele, chamando seu nome.

— Já estou indo. – guardou o papel no bolso e entrou no carro.

O caminho até em casa foi silencioso, como sempre. E assim que chegou, foi direto para o seu quarto e fechou a porta para finalmente ler o que estava escrito – visto que quando passou o olho, notou que não era o mesmo poema da série, o que o deixou curioso.

— Hum, você tem uma admiradora secreta? – Plagg riu, comendo um pedaço de camembert.

— Shh! – sentou na sua cama e abriu o cartão.

“Eu sou péssima com rimas e péssima com poemas. Na verdade, sou péssima em muitas coisas.

Mas quando estou com você, sinto que posso ser até uma super-heroína.

Você sempre foi especial para mim. Mas agora, eu te vejo como muito mais do que o meu melhor amigo.

Talvez você me ache maluca por dizer essas coisas e talvez eu me arrependa depois.

Talvez você possa fingir que nunca recebeu essa carta e talvez seja melhor assim.

Talvez você não entenda o que eu sinto por você agora, porque talvez nem mesmo eu saiba direto.

Em meio à todos esses “talvez”, a única coisa que eu tenho certeza é que essa loucura toda que estamos vivendo me fez perceber:

Adrien Agreste,

Eu amo você!

Marinette Dupain-Cheng”.