— Que tal se você convidar ele para ir ao cinema?

— Mas eu não faço ideia de como falar. – mordeu o lábio inferior, encarando o contato de Adrien no seu celular. O pior de tudo é que ela não estava agindo como sua personagem, e sim falando a verdade.

— Vocês foram ao zoológico ontem e sabem as suas identidades. É só falar com ele. – a kwami disse. A garota tinha evoluído muito na relação com Adrien, com certeza conseguiria convidá-lo para o cinema.

— É, mas... – parou para pensar. Não seria nada demais, não é? Eram melhores amigos afinal, era para ser fácil – Tá, eu vou tentar. – Tikki sorriu e Marinette entrou para dentro do seu quarto. Olhou para o contato dele e em seguida chamou antes que se arrependesse.

— Oi, é a caixa postal do Adrien. Deixe o seu recado.

— Oi, c-caixa postal d-do Adrien. – balançou a cabeça em negação ao perceber o que tinha dito – Aqui é a Marinette. É claro que você sabe disso, porque tem o meu número. Então, eu tenho um recado pra você. E você também sabe disso, porque... – respirou fundo – Isso não vai dar certo, Tikki.

— É só convidar. Você consegue, Marinette. – a kwami motivou.

— Consigo ser um completo desastre. – suspirou – Eu acho que deveria usar a mesma abordagem da minha personagem, tipo oi gatinho, eu te convidaria para ir ao cinema mas eu estou tão ocupada pensando em você mais do que como meu melhor amigo, que mal consigo falar uma frase coerente. – deixou seus ombros caírem.

— Se quiser ouvir o seu recado novamente, tecle um. Se quiser apagar o seu recado, aperte dois. – Marinette fez um bico e apertou a tecla dois. Ou ao menos achou que tinha apertado – Recado enviado com sucesso.

— O QUÊ? – olhou para o celular com descrença – Não, não, não! Isso é um desastre, desastre! Como assim eu não cliquei no dois? – bateu a mão na testa por ter cometido o mesmo erro da sua personagem. Parece até que estava destinada a fazer isso – Ok, eu preciso pegar o celular dele antes que ele veja.

— Mas e a estátua da Ladybug e do Chat Noir? Você precisa estar na cerimônia. – Tikki lembrou do compromisso.

— Sim, eu vou estar. Não se preocupe. Não vai demorar.

Tikki deu de ombros e entrou na pequena bolsinha. Marinette então se apressou, sabia que Adrien checaria o celular antes de ir para a inauguração da estátua, ou seja, ela precisava chegar no vestiário antes dele.

A garota parou na frente da escola e rapidamente se esgueirou até o vestiário, passando despercebida. Quando abriu a porta, notou que Adrien estava prestes a abriu sua bolsa.

— Não! – gritou, porém logo colocou a mão sobre a boca.

— Marinette? O que você faz aqui?

— Eu vim... Buscar você. – pensou rápido e mostrou o seu celular – Já tá na hora. A estátua, lembra?

— Ah é, verdade. – o kwami negro saiu da bolsa e parou na frente de Adrien.

— Precisamos ir agora. Plagg, claws out! – se transformou e estava prestes a sair, porém notou que a garota não o acompanhou – Você não vem?

— Venho sim, eu só... Vou falar com o diretor rapidinho. Ele me chamou na sala dele enquanto eu vinha pra cá. Antes que você pergunte, não sei o porquê. Mas vou tentar ser rápida. – disse quase que atropelando as palavras.

— Ok, então. – Chat Noir sorriu e saiu.

— Vamos, Tikki. Me ajuda a pegar o celular. – a kwami rapidamente atravessou o armário e o abriu. Em seguida, Marinette pegou o celular com um sorriso, ela sabia perfeitamente a senha do celular do seu melhor amigo, o que facilitaria um monte. – Beleza, agora é só... Senha incorreta? O quê? – arregalou os olhos – Desde quando ele trocou a senha? Ai, não! – se ajoelhou no chão e tentou desbloquear mais três vezes, até que o aviso para esperar trinta segundos apareceu.

— Marinette, você precisa ir a cerimônia de inauguração.

— Eu sei, eu sei. Só mais trinta segundos. – esperou e tentou novamente – Não! O que eu faço? – Tikki deu de ombros e foi então que ela lembrou como a protagonista da série resolveu – Vou chamar a Alya!

— A inauguração...

— Ah, tem razão! – bateu a mão na testa – Isso fica pra depois. – guardou o celular na bolsa.

— Espera, você vai levar o celular dele?

— Sim, eu estou desesperada. O Adrien não pode ouvir esse recado, senão ele vai achar que eu sou maluca e isso vai arruinar a nossa amizade. Aí ele nunca mais vai olhar na minha cara, porque vai se afastar. Quem é que quer ficar perto de uma maluca, não é?

— Marinette!

— A cerimônia! – balançou a cabeça tentando se concentrar – Tikki, spots on!

Ladybug saiu pela janela e saltou entre os prédios, logo, parando ao lado de Chat Noir e surpreendendo os presentes.

Theo, o escultor, a olhava com admiração, porém estava com vergonha de falar diretamente com ela. Inclusive depois do que Chat Noir o disse sobre ele não ter esperança, pois os heróis já eram um casal.

— Você não disse nada pro Theo, né? – cochichou no ouvido do parceiro, estranhando que o escultor estava distante.

— Não, claro que não. – mentiu e olhou de relance para ele, que os observava com uma expressão um pouco irritada. Chat Noir deu um sorriso amarelo, desejando que sua lady não descobrisse que tinha agido por impulso, assim como seu personagem. Parece até que estava destinado a fazer isso.

Depois que a cerimônia acabou, Marinette desfez a sua transformação e foi para a casa de Alya. Pois precisava dar um jeito de apagar aquele recado constrangedor do seu celular de Adrien, antes que ele descobrisse que ela tinha furtado o aparelho no desespero.

Embora Adrien sequer tivesse notado o sumiço do seu celular. Na verdade, ele ficou de olho no noticiário, caso algum Copycat aparecesse.

***

Marinette estava no quarto de Alya, enquanto a melhor amiga tentava desbloquear o celular.

— O Chat Noir virou do mal! – ouviram uma das irmãs de Alya gritar na sala, então as duas foram correndo ver o noticiário.

— Como é que é? – Alya questionou de queixo caído. Marinette apenas balançou a cabeça em negação, não acreditando que Adrien tinha cometido o mesmo erro. Se bem que não podia julgar muito. – Ele está preso no Louvre. Ai meu Deus! – a morena pegou o próprio celular – Marinette, eu prometo que te ajudo depois. Mas agora eu preciso mesmo cobrir isso pro meu blog.

— Ok, sem problemas.

— Obrigada, amiga. – sorriram uma para a outra e Alya saiu correndo da casa. Marinette então pegou o celular de Adrien de volta e guardou na bolsa, em seguida, saiu correndo também.

Não demorou muito para encontrar um lugar para se esconder.

— Tikki, spots on! – Ladybug saltava pelos telhados e logo pegou seu ioiô e ligou para o parceiro – Chat, aonde você tá?

— Correndo pelos telhados da cidade e sendo perseguido pela força policial de Paris. E me desculpe por ter criado essa situação, a culpa é toda minha. – ela suspirou. Se ele estava admitindo o que fez, ela também poderia.

— Não, tudo bem. Eu também...

— Oh não! Helicópteros! Te encontro no ateliê do Theo.

***

Ladybug chegou no local e se deparou com Chat Noir e Copycat parados um de frente pro outro. Segundo a série, o que estava acorrentado era o verdadeiro, porém ela imaginou que Adrien não cairia na armadilha.

— Chat Noir?

— Ladybug! – os dois responderam, até as vozes eram iguais.

— Mas... – a azulada foi até eles, alterando seu olhar.

— Eu prendi ele, olha!

— Não escuta ele, eu sou o verdadeiro!

— Não, eu que sou!

— Parem! – levantou as mãos para cima. Somente uma coisa poderia trazer a verdade à tona e ela esperava de que o verdadeiro Adrien se lembrasse – O verdadeiro Chat Noir me chama por um apelido carinhoso. Qual é?

— “My lady”, é claro.

— Também. Mas a resposta certa é “Bugaboo”. – o Chat acorrentado disse com um sorriso, em seguida, chutou o vilão para trás.

— Parece que você foi desmascarado, Copycat.

***

Marinette sorriu ao lembrar de dar o seu primeiro autógrafo – como Ladybug, mas mesmo assim deu um autógrafo. Porém o seu sorriso se desfez assim que ouviu batidas no alçapão do seu quarto.

Depois da batalha, tinha pedido para Adrien ir até a sua casa. Pretendia entregar o celular para ele e falar a verdade, mas ainda tinha esperanças de que ele não escutasse o recado se ela pedisse.

— Pode entrar. – Adrien então surgiu no local e Marinette tratou de levantar – Oi.

— Oi. Se você me chamou aqui pra falar sobre o que eu fiz mais cedo, eu já vou adiantando que eu sei que fui idiota e...

— Não, não é isso. – balançou as mãos – Eu não vou te julgar, até porque fui meio idiota também.

— Como assim? – Marinette tirou as mãos de trás do corpo e as estendeu na direção do garoto – Esse é... O meu celular? – ela assentiu – Mas... Espera. Você mandou aquele recado?

— Sim. Quer dizer, não mandei aquele recado. Mas eu tentei mandar um e você sabe que não sou muito boa falando em ligações. – o que era verdade. Entretanto, era pior ainda falando pessoalmente, logo, a ligação parecia uma boa opção. – Eu queria pedir desculpas por furtar o seu celular.

— Sem problemas.

— E eu tentei apagar o recado, mas não consegui. Então, eu agradeceria se você apagasse e fingisse que nada aconteceu.

— Então você não quer que eu ouça?

— Por favor, não.

— Tudo bem. – sorriu e Marinette fez o mesmo – Eu preciso ir agora, tenho sessão de fotos.

— Ok, boa sorte lá.

— Obrigado. Tchau, Bugaboo. – depositou um beijo na bochecha dela e saiu.

Adrien passou pelos pais de Marinette e acenou com um sorriso. Não demorou muito para sair da casa e entrar no carro. Gorila então deu a partida e o garoto olhou para janela pensativo. Em seguida, pegou seu celular e viu o recado de Marinette. Desbloqueou a tela e clicou na notificação.

— Você tem um novo recado. Aperte um para ouvir o recado e dois para apagar. – o loiro pousou seu dedo sobre a tecla dois, porém ponderou. O que será que Marinette tinha dito e que não queria que nem mesmo ele escutasse? – Você tem um novo recado. Aperte um para ouvir o recado e dois para apagar.— a caixa postal repetiu. Adrien apertou a tecla um por impulso e colocou o celular na orelha.

— Oi, c-caixa postal d-do Adrien. Aqui é a Marinette. É claro que você sabe disso, porque tem o meu número. Então, eu tenho um recado pra você. E você também sabe disso, porque... Isso não vai dar certo, Tikki.

— É só convidar. Você consegue, Marinette.

— Consigo ser um completo desastre. Eu acho que deveria usar a mesma abordagem da minha personagem, tipo oi gatinho, eu te convidaria para ir ao cinema mas eu estou tão ocupada pensando em você mais do que como meu melhor amigo, que mal consigo falar uma frase coerente.