13 & Team 1: Sem Rumo e Sem Vida escrita por Cassiano Souza


Capítulo 3
Família


Notas iniciais do capítulo

Olá! Quanto tempo, demorai, mas voltei. E acho que é o que importa.
Novo capítulo, e finalmente o fim do hiato tão colossal, e quase interminável. Mas como prometido, tiraria férias e aí retornaria. Então, BOA LEITURA!



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A impaciência pairava sobre a casa. Yaz se encontrava deitada emburrada sobre o sofá da sala, e a cada instante o seu pulso estava frente a sua face. Ela não via a hora da Doutora voltar, ou da presença indesejada de sua família chegar de uma vez por todas.

O som de um carro para frente à casa, e risos animados soam ao lado de fora. Yaz revira os olhos, e parte à porta:

— Oi pai, oi mãe. - Disse indisposta.

Enquanto eles:

— Oi! - Berraram cheios de nostalgia.

— Oi pra você também, Sonya.

— Olá, estranha. - Correspondeu a irmã distraída com o facebook no celular.

— Que orgulho! - Disse o pai e a mãe, abraçando a jovem na porta, que parecia mais estar sendo estrangulada. – Sentimos tantas saudades!

— Pai, mãe, vocês não me veem a apenas uma semana e meia!

— É muito para nós! - Avisou o pai, deixando Yaz de ombros encolhidos. – Até ainda temos as suas roupinhas de bebê!

— Sim, e olhe só para ela, Hakim, acho que cresceu mais alguns centímetros! - Disse a mãe orgulhosa.

— Sim, continua a se desenvolver, parece uma daquelas nações emergentes capitalistas! Logo, logo estará casada.

— É, e tem aquele rapaz que eu te disse.

— Que rapaz?!

E Yaz em imediato pigarreia:

— Um que já morreu, em um avião, com uma bomba. - Todos arregalaram os olhos. – Ah, não queriam café? Que tal entrarem, vou fazer alguma coisa.

— Ótima ideia, vamos lá. - Adentram pai e mãe entristecidos.

— Bem, só espero que o que prepare não acabe saindo tóxico. - Zomba Sonya.

— Ok. Hum, o que é aquilo? - Aponta para longe, e Sonya se vira em direção.

Yaz fecha a porta.

Sonya fica completamente boquiaberta.

***

— É aqui!

— É aqui?!

— Aqui. Em algum lugar.

Diziam a Doutora e Ryan, já no centro de grande cidade de Sheffield, cercados por seus prédios empresariais, industrias falidas, ou condomínios de classe média e alta. Carros passavam frente a dupla, na grande avenida em que estavam, frente a um imenso condomínio.

— Então é esta área, as anomalias temporais sinalizam próximo? Por entre food trucks, sex shops, livrarias, e... Bordeis de lixo?! - Indaga Ryan fitando os vários letreiros.

— Sim, e isso nem é o mais intrigante! - Diz a Doutora apontando envolta o seu detector de anomalias temporais, com as suas antenas giratórias. Pessoas encaravam estranhando.

— Certo, o que é o mais intrigante?

— Todos os locais, todos, absolutamente todos, em todos os metros quadrados do centro... Emitem o mesmo sinal da interferência de tempo.

— Assim fica difícil! Como vamos encontrar o ponto de origem?!

— Sim, Ryan, como?!

— Bem, foi pela mesma duvida que eu te perguntei.

— Ah, acho que aquele suco de frutas gatunianas não ajudou muito.

— Tinha ossos naquilo! E talvez até partículas de fezes! Mas vamos lá, tudo de acordo com a sua bugiganga está igual, assim como todos os que nos encaram feio se acham normais. Sendo assim... O que há de diferente para todos?

— Nós.

— Certo, e o que há de diferente para o seu negócio maluco giratório e que eu não ponho fé alguma?

— Ohu! Um minuto. - Pediu de olhos arregalados, manuseando o aparelho. Que logo começou a apitar.

As antenas da máquina apontavam para o condomínio atrás da dupla.

— Sim! Resultado! - Berra a loira. – O único lugar em que não há sinais das anomalias. Mas por quê?!

— Fui inteligente, não fui?

— Foi sim, merece uma medalha. Ou... Outra dose daquele suco. 

— Ah, barriga cheia.

Dispensou Ryan, encarando ao longe da rua, e percebendo alguém que já tinha visto horas atrás:

— Doutora! A estranha maluca sinistra do cemitério! - Apontou.

A Doutora fita a distante imagem da estranha maluca do cemitério, mas por entre a multidão de pessoas ela logo se perde de vista:

— Que porcaria! Esses vilões... São sempre assim, se fazendo de difíceis, se fazendo de misteriosos, se fazendo de profundos. Que gente sem noção, pior que a pegadinha do Faustão!

— O que são pegadinhas do Faustão?!

— Não sei. Por que eu deveria saber?!

— Não sei, foi você quem disse!

— Digo coisas estranhas, fui diagnosticada. Esqueça isso.

— Mas ver aquela garota... Só me fez lembrar do que ela disse. Ela disse que se não entendêssemos tudo logo... Seria tarde demais. O vovô é uma das últimas coisas boas que tenho, temos que encontra-lo.

— Fique calmo, daremos um jeito.

— O Graham, onde poderia estar?! O que poderia ter acontecido?! Como não me preocupar?

— Força. - Tocou num ombro do jovem. – Problemas nos deprimem, mas não estamos por debaixo deles, estamos por cima. E se você se curvar... - Pensou. – Eu esqueci o resto! Mas sei que já disse isso antes para alguém que acabou morrendo.

— Bom, tenho certeza de que foi algo tocante, mas não ajudou muito! Porém, obrigado mesmo assim.

— Por nada, mas agora... Que tal papel psíquico? - Se dirigiu aos portões do condomínio.

— Certo, eu serei um encanador, e você uma faxineira.

— Que machista! Claro que não! Você será um garoto de programa robótico, para um cliente, e eu a sua gerente administrativa!  

— Doutora, estes empregos ainda não existem nessa época.

— Jura? Que planeta mais atrasado!

Se dirigiram ao condomínio.

***

A Doutora e Ryan investigavam, e Yaz e a sua família lanchavam. Porém, logo após o lanche, logo a família de Yaz começa a arrumar os seus pertences, e assim Sonya se encontrava agora no quarto da irmã, a revirar o guarda roupa em busca de algum espaço. Um estranho objeto como uma flauta de cristal verde chama a sua atenção, e logo ela começa a tocar. Porém em imediato, Yaz chega ao ouvir o som, e assim Sonya se assusta, deixando o objeto cair e se quebrar sobre o chão.

— Me dê isso! - Berrou Yaz, sem notar que o pertence havia se quebrado. Mas logo notou. – Veja o que você fez!

— Nossa, era só um flauta. Eu não ia engolir ela! E a culpa foi sua!

— Não era só uma flauta! - Disse catando os cacos. – Era a última peça da dinastia Mulkon, a última em todo o universo, dada de presente a mim pela Doutora, quando salvamos o último cavalo das estrelas!

Sonya apenas franze a face desentendida, achava Yaz uma bêbada. Yaz avisa:

— E não dei permissão para mexer em minhas coisas!

— Disse que o quarto de hospedes não tinha guarda roupa.

— Mas disse também para não tocar em nada meu!

— Mas era só uma flauta idiota! Qual o seu problema?!

— Há coisas que você não sabe, e que não posso explicar, e aquele instrumento é uma dessas coisas, então... Pare de ser insuportável, e quando precisar usar as minhas coisas, nunca mais, nunca mais, toque em nada que não tenha sido comprado com o seu dinheiro. - Disse ríspida, deixando Sonya de olhos marejados. – Pare de ser desagradável, pare de ser alguém que só estraga tudo!

— Você não muda nunca, sempre tão cheia de “razão”. Acho que sou um problema em sua vida.

— Quer saber? É sim. Na maioria das vezes é.

Sonya fita cabisbaixa para o chão, se retirando depressa do quarto. Ela estava sem palavras.

— Sonya?! - Chamou Yaz, pensando melhor sobre as suas palavras. – Volta aqui. - Pediu envergonhada.

Mas nada Sonya respondeu. E tudo o que Yaz pode ouvir como resposta foi o som alto de rock no banheiro, e o som do chuveiro ligado caindo ao máximo.

— Eu te amo, sua idiota! - Disse Yaz recostando-se na porta do banheiro. – Escutou? Eu te amo!

— É? - Preguntou a outra no banho. – Eu acho que também não te odeio tanto, mas prometo que a sua conta de energia virá muito mais cara esse mês. 

Yaz assopra emburrada.

***

Um homem caucasiano, de meia idade, cabelo corte social grisalho, e vestido em um casaco simples senta-se numa poltrona em uma sala de um apartamento qualquer, e em seguida, uma mulher loira jovem de vestido branco estilo antigo, como de época, emerge da cozinha, e senta-se no sofá, sorrindo simpática:

— Meu senhor, como posso agradecer por toda a sua gentileza? Acho que você nem ao menos exista de verdade!

— Bem, sabe... Não precisa agradecer! Eu só... Sou gente boa, e pensei... Ela precisa de ajuda, então... Bem, eu sou o cara.

— Palavras estranhas, porém, no entanto... Com tanta sabedoria e dignidade. É um homem de verdade, como o meu pai. 

— Sinto muito, por tudo.

— Não sinta. Aqui com você... Sinto como se nada de ruim pudesse me ocorrer, como se eu estivesse num trono de ouro, como se...

E foi interrompida. A porta da habitação se abre de repente, e assim uma mulher loira e um jovem negro adentram em suas poses de quem estariam com armas, mesmo sendo só poses com as mãos.

— Graham?! - Dizem ao mesmo tempo a dupla da porta.

— Doutora?! Ryan?!

— O que faz aqui?

— O que faço aqui?! O que vocês fazem aqui?!

— Anomalias temporais. - Diz a loira, acenando com o detector.

— Anomalias temporais?! - Questiona Graham.

— Sim! - Responde ríspido, Ryan. – Mas acho que não eram o problema, acho que tudo foi só isso mesmo. - Disse fitando a mulher loira de vestido. – Um rabo de saia! Um rabo de saia elegante!

— Não compreendo este homem. - Diz a mulher atordoada. – Estou de vestido, meu cavalheiro.

— Que sínica! Doutora, você viu que sínica?!

— Vi sim. - Confirmou a Senhora do Tempo. – Nós preocupados com o destino desta cidade maravilhosa, e a vida de nosso amigo. Enquanto ele... Estava em uma lua de mel?!

— Doutora, Ryan, calem as suas bocas! - Ordenou Graham. – Não é nada disso que estão imaginando com as suas mentes fracas, e se estavam preocupados... Perdão, mas não tive escolha!

— Como não? - Indaga Ryan descrente. – Você some, não deixa notícia alguma, aparece com uma moça bonita, trancado na casa dela, e diz que não é nada do que imaginávamos?! Como não teria escolha?! Por acaso ela tá te pegando a força?!

— Não!

— Então admite que está pegando ela de livre e espontânea vontade?!

— Não!

— Então o quê?! Conte a verdade. Pare de destruir a memória de minha avó. Tudo bem você ter mais alguém, mas tinha que ser agora?!

— Escute, moleque, eu jamais faria isso. E mesmo se ficasse com alguém, seria um direito meu. Meu, e de mais ninguém.

— Não quero mais te ouvir. Eu me preocupei com você!

Se encararam relutantes. Mas logo a Senhora do Tempo pôs-se entre a família:

— Ryan, acalme-se. Eu sei que parece estranho, ou revoltante, ou sei lá o que de humanos, mas precisa se acalmar. E Graham, por favor, nos conte o que está havendo, e afaste-se dessa mulher.

— Ah não, Doutora, você também não!

— Graham, todo o centro de Sheffield sofre por anomalias temporais constantes e terrivelmente perigosas, menos aqui, menos neste apartamento.

— Não tenho nada a ver.

— Eu sei, mas e a sua amiga?

— Ela é inocente, não é culpada por nada.

— Quem disse?

— Eu sei disso!

— Como a-conheceu?

Mas Graham reluta em responder, apenas encarando sério para a Doutora.

— Responda, Graham. Como a-conheceu?

— Não importa.

— É claro que importa!

— Ouça, ela é inocente, e se há alguma vítima aqui nessa história toda é ela! Não você, não eu, não o Ryan!

— Então explique. Por que ela não é atingia pelas anomalias, por que ela é inocente, e como você a conheceu?

— Doutora, eu não posso responder.

— Por que não? Está sob ameaça?! Você está ameaçando ele?! - Fitou a mulher.

— Não! - Negou a mulher assustada. – As suas palavras, são tão estranhas, são tão duras. O que querem de mim?!

— A verdade. - Foi até a outra, encarando-a séria. – Quem é você, e o que quer com o Graham e Sheffield?

— Eu...

— Não, Rose! - Pediu Graham. – Fique calada, eles não entendem, e nunca irão entender, são insensíveis, e imaturos. São meus amigos, mas não são mais bem vindos aqui.

— A casa por acaso é sua? - Indaga Ryan.

— Foi paga com o meu dinheiro, então acho que sim, ela é minha. - Fitou amargurado para o neto, que desviou o seu olhar.

— Graham, por favor, precisa confiar em nós. - Continuou a Doutora. – Há algo de ruim acontecendo, envolvendo tecnologia antiga, anomalias temporais, e algo que haja neste recinto. Então... Por favor, colabore, pelo bem de todos.

Mas Graham, apenas encarou frio para a Senhora do Tempo, e disse:

— Você e Ryan fizeram muito barulho. Poderiam ter acordado o nosso bebê.

 E Ryan e a Doutora arregalam os olhos. Graham completa:

— Vão embora, ou chamo a segurança.

Ryan e a Doutora então apenas se conformaram.  Eles haviam quase entendido uma de suas dúvidas, e resolvido outra. Sabiam agora do paradeiro de Graham, porém... De uma forma em que nada confortáveis acabaram se sentindo.

— Vamos, Ryan. - Disse a loira de casaco branco, partindo à porta.

— Vamos. - Confirmou, fitando sério para o outro. – Adeus, vovô. - Disso indisposto.

— Adeus. - Correspondeu ele.

 

 


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Notas finais do capítulo

E então, chocados, ou empolgados? Eu gostei muito desse capítulo, mas do que os anteriores, e gostarei mais ainda do próximo talvez. Que aliás, logo será escrito. Já tenho tudo anotado e organizados os fatos dos capítulos, só não tenho todos os capítulos já finalizados.
E a Rose, qual será a dela? E um aviso, não é a rose da série, mas tem algo a ver.
E a Sonya, gostam dela? Ela terá influência na história, por isso já conflitos aqui.
OBRIGADO PELA LEITURA!



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