13 & Team 1: Sem Rumo e Sem Vida escrita por Cassiano Souza


Capítulo 1
Entre a luz e as trevas


Notas iniciais do capítulo

Olá! Sinceramente eu não esperava por uma história desse time, mas... Tudo é possível. E umas informações, os acontecimentos aqui se passam depois da temporada número 11, e de seu especial de ano novo. BOA LEITURA!



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As panelas chiavam, o liquidificador liquidificava, e o seu lança chamas lançava chamas dentro do tanquinho de lavar, que girava cheio de um liquido colorido como um suco. A Doutora sorria feliz, e assim deixando o lança chamas, partia para a mesa, onde várias soluções químicas coloridas e borbulhantes esperavam por ela. Porém cortando sua empolgação, a porta da sala se abria agora, onde Yaz chega emburrada, porém logo se toma outra expressão, vendo o que se tornou a sua cozinha:

— Doutora?! - Encarou boquiaberta ao ambiente. – O que você fez com a minha cozinha?!

— Ah, Yaz, chegou cedo. Que bom, porque vai adorar me ajudar! Aprenderá bastante sobre as leis da conservação das massas! Foi um amigo meu quem inventou, acho que... Lavoisier. - Enfiou uma panela no tanquinho, enchendo-o com o liquido verde gosmento, e assim pondo-a no fogão. – Mas como assim “o que eu fiz com a sua cozinha”?

— Isso! - Apontou para todo o caos envolta.

— Ah, sim, esqueci de te avisar! Estou usando a sua cozinha como laboratório provisório, tentando fundir átomos de hélio com átomos de neônio.

— Doutora, a minha cozinha não é o CERN.

— Mas poderia ser.

— Não, não poderia não!

— É claro que poderia! Podíamos instalar um energizador de correntes atípicas no seu teto, uma válvula de canalização nuclear em sua parede e um grande hipocampo de ejeção em seu forno! - Explicou empolgada, e Yaz permaneceu atônita, não havia entendido uma só palavra.

— Quer saber, faz o que você quiser.

Yaz se senta cansada na poltrona da sala, parecia sentir algum desconforto em sua cabeça, a Doutora notou isso. Ela nunca deixa nada passar, e assim se agachou frente a ela, a encarando firme:

— Antes de chegar e encontrar a sua cozinha um completo hospício você já estava emburrada. Por quê?

— Isso não é problema seu.

— Não? Tem razão, eu sou apenas uma Senhora do Tempo boba e que se importa com seres primitivos e tão tolos quanto ela. - Disse séria.

— Você nunca fala assim!

— Pois é, e você nunca chega do trabalho com uma cara tão fechada.

Yaz desvia o seu olhar, mas vendo a persistência na face da Doutora, ela logo se dá por convencida:

— Quer mesmo saber? Eu fui suspensa por tempo indeterminado.

— Por que fariam isso?! Você é excelente!

— Acham que eu contaminei o local de um crime. E eu não fiz isso! Deixei cair aquele anel que me deu, toquei o chão e disseram que contaminei o local, como se houvesse digitais em mais lugares. Eu não fiz isso. 

— Eu acredito em você.

— O departamento não.

— Mas qual o crime?

— Tipo aquelas coisas de Arquivo X! Corpos somem, onde algo aparentemente horrível aconteceu, e um monte de vestígios bizarros são deixados para trás.

— Yaz, eu sinto muito em você estar triste, mas vamos invadir o local do crime. Pegue o seu casaco.

— É em uma casa cheia de Poltergeist!

— Está com medo?

— Claro!

— Mas não quer provar a sua inocência?

Yaz respirou fundo pensativa:

— Tudo bem! - Disse indisposta. – Você venceu.

— Isso! Vamos lá.

— Mas e a minha cozinha, não vai pegar fogo deixando toda essa zona sozinha em meu fogão?!

A Doutora corre até as panelas:

— Perigo? Algum, está tudo sob controle. - Disse destampando uma das panelas, onde uma enorme lavareda quase incinerou a sua cara. – É! Realmente nunca confie em um fogão solitário, coisas traiçoeiras!

Mas a panela estava mais do que traiçoeira, com bolhas ardentes e vapores tóxicos sendo expelidos. Sem escolha e sendo rápida, a Doutora atira o utensilio pela janela.

— Como eu disse, tudo sob controle.

Yaz pigarreou: 

— Aquela não era a panela que eu ganhei de presente da minha avó?

— Talvez, era uma boa panela.

Yaz tapei a cara:

Mas desligando as chamas das bocas do fogão com sua chave de fenda sônica, partiu a Doutora rumo a porta da sala.

— Não se preocupe, Yaz, prometo de dar um caldeirão egípcio de presente.

— É bom mesmo. Mas e a TARDIS, não vamos nela?

Fitou a TARDIS, estacionada ao lado da geladeira.

— Mal funcionamento. - Respondeu a Doutora. – Há algo interferindo em sua navegação, e até em sistemas básicos como cozinha e banheiro!

— Ah, então por isso invadiu a minha cozinha?

— Não necessariamente, preciso fundir átomos de hélio e neônio para consertar isto. - Revelou um objeto retirado se seu casaco, algo como uma gerigonça totalmente maluca.

— E o que é isso?

— Um detector de anomalias temporais. Talvez tenha a ver com isto o problema da Fofa.

— Quem é Fofa?!

— A TARDIS! Antes eu a chamava de Sexy, mas Sexy soa muito sexy. Francamente!

— Realmente. Mas agora até quando vai ficar aqui em casa? Os meus pais disseram que vão passar a semana toda aqui.

— Tempo indeterminado. Por quê? Achei que se sentiria grata por eu ter arranjado uma casa pra você.

— Estou! Mas não precisa jogar na cara.

— Perdão, mas é que por todo lugar onde ando estão me questionando onde foi parar o meu lado obscuro!

— Ok. Mas sobre o que eu disse, você sabe como é a minha mãe.

— Ah, as mães humanos, tem perspectivas tão empolgantes de como funciona a vida de um filho!

— Hum. Mas ir voltar de a pé na cena do crime, ah!

— Não se preocupe, iremos de taxi.

— Quem paga?

— Você! Quem mais teria dinheiro?

Yaz assoprou inconformada, mas assim partiu com a amiga, tentando acompanha-la, enquanto ela seguia rua afrente em seus longos passos. Mas na secretaria eletrônica, alguém parecia mandar alguma mensagem, exatamente naquele momento.

— Olá. Yaz? É o Ryan. É que aconteceu uma coisa, diz pra Doutora que... O Graham sumiu.

***

— Eu não sei mais o que fazer, vó. - Conversava Ryan, frente a lapide. – Eu já procurei ele em todos os lugares onde ele poderia estar!

Continuou a encarar a foto na lapide.

— O pub do Welinton, o pub do Jack, o pub do Harry, a casa dos primos, a casa dos irmãos, a casa dos amigos, a casa dos vizinhos! Eu... Eu realmente não sei para onde ele foi, e não sei mais o que posso fazer. A Doutora e a Yaz não atendem os seus telefones, parece ser o sinal, e na secretaria eletrônica... Bom, mandei mais de dez recados hoje a tarde, mas acho que elas aproveitam o tempo naquela casa pra fazer outras coisas mais interessantes do que atender recados.

Ryan se cala cansado, e senta-se na lapide vizinha.

— Eu pensei em chamar a polícia, mas algo em mim diz que não é um caso tão simples. 3 dias sem Graham, porém lembra quando ele bebeu um dia inteiro e voltou rockeiro? Quem sabe...

Olhou para a lapide de Grace:

— O que você faria, vó?

Ryan continua em encarar a lapide, mas distrai-se com a imagem distante das lapides ao longe, um vulto humanoide passa de uma lapide à outra.

— O que é aquilo?

Ryan se levanta de onde está, se aproximando curioso de onde teria visto o outro indivíduo.

— Ei, você! - Chamou Ryan. – Por que está se escondendo?

E nenhuma resposta era dada, a não ser o rugir dos arbustos com o balançar do vento.

— Isso parece cena de filme. - Diz Ryan consigo mesmo.

— Concordo. - Correspondeu uma voz feminina madura vindo de trás do rapaz.

— Quem está aí?! - Se virou assustado. – Ah, você. Quem é você?

A mulher desconhecida trajava um sobretudo cinza, com um capuz sobre a cabeça, e óculos de sol. A sua voz era calma e séria, sua pele era negra e o seu rosto muito paciente.

— Meu nome não importa, mas eu sei quem você é.

— Sabe? Como sabe?

— Sei de muitas coisas. E sei onde o seu avô está.

— Sério?! Procurei por Sheffield inteira. Onde ele está? E como assim você sabe onde ele está? Espera aí, o que fazia com ele?!

— Não fazia nada com ele, mas sei quem faz. É importante que vocês entendam tudo o mais rápido possível, pois se pelo contrário... Eu sinto muito, será catastrofico. Eu já tenho que ir. - Se virou para ir. - Vim apenas lembra-lo para não se esquecer de carregar a velha espingarda. 

— Eu não tenho arma! E Você não pode sair assim! Não me deu nenhuma dica, como vou achar o Graham?!

— Procure direito.

— Como?! E se você sabe de alguma coisa vai ter de explicar, não pode chegar assim e simplesmente sair, parecendo aqueles malucos que só falam por parábolas!

— Eu já disse, tenho que ir. Queria ajudar mais do que isso, mas eu não posso, eu juro, eu não posso, é perigoso.

— Ah, pode sim! Você vai ter que falar. - Segurou a mulher por seu braço.

— Me solte, imbecil, se não quiser acabar como os que estão enterrados aqui, ou castrado.

Ryan a-solta:,

— Te soltei, mas não por medo de suas ameaças idiotas, te soltei por respeitar o seu direito. Porém, se você sabe o que está acontecendo com o meu avô e não quer fazer nada para ajudar e ele aparecer morto depois... Quero que saiba que a culpa será toda sua. 

A mulher se mostra ofendia. Ryan prossegue:

— Isso mesmo, toda sua. Sabe que está negligenciando um possível socorro a alguém.

— Você acha que é fácil pra mim?!

— Não faço a menor ideia. Me diga alguma coisa, qualquer coisa.

Não foi fácil dizer, mas após alguns segundos de relutância, amargura e desespero, a estranha senhora disse:

— Anomalia temporal. Queria uma dica? Anomalia temporal. Agora me deixe em paz.

Saindo depressa, partiu a encapuzada. Enquanto Ryan, apenas franziu as sobrancelhas confuso, tentando interpretar aquilo.

***

O taxi trazendo a Doutora e Yaz chega no local do crime, uma casa antiga e enorme, em arquitetura clássica, e alicerçada em uma área fora da cidade, porém bem próxima, cercada então apenas de vegetação, e da vista distante dos prédios.

— Ah, esse taxista foi tão simpático!

— Doutora, ele cobrou o triplo.

— Eu sei, mas foi um preço tão barato, me senti muito agradecida!

— É porque o agradecimento não saiu de sua carteira.

— Vocês humanos reclamam demais. Chover, fazer sol, caminhar, isso tudo é tão maravilhoso, e vocês reclamam. - Apontou a chave sônica, e assim as portas da frente se abriram.

— Doutora! Isso vai contaminar o local do crime ainda mais! Devíamos ir pelos fundos.

— Hum, boa ideia, mas devia ter avisado isso antes.

Se agacharam por entre as fitas de marcação criminal.

— Casas assombradas, adoro casas assombradas. - Comentou a Senhora do Tempo já dentro da sala. – Trouxe uma lanterna?

— Não.

— Ora, que tipo de policial não leva uma lanterna quando vai à uma casa assombrada?!

— Porque geralmente você é quem gosta de carregar bugigangas. E que tipo de ser milenar se comporta como uma criança hiperativa?

— Não sei, que tipo de ser milenar se comporta como uma criança hiperativa?

— Esqueça.

— Mas vamos lá, me explique, desaparecimentos ocorreram aqui, porém... Sendo um local completamente improvável, afinal o que guiaria tantas pessoas diferentes a uma casa tão distante e infestada de ratos e baratas? - Encarava o ambiente.

— Doutora, adolescentes humanos não são coisa desse mundo. Davam uma festa aqui, e exatamente por ser uma casa afastada se tornou esse o atrativo.

— Por quê?

— Barulho. Vão ouvir música, vão conversar alto, vão...

— O quê?

— Coisas.

— Ah, coisas! É claro, eu também adoro fazer coisas, tenho uma lista enorme. Mas mesmo assim, você disse que todos desapareceram. Como desapareceram? E se desapareceram, quais as pistas?

— Sumiram, simplesmente não há paradeiro deles em nenhum local da cidade e arredores, ou na casa. E não foi encontrado aqui nenhum sinal de luta ou qualquer tipo de conflito físico. Bem, estava uma bagunça tudo, mas mesmo assim, coisas normais.

— Mas se todos sumiram qual o sentido da história?! Não teria como vocês saberem se todos desapareceram, à menos que esta seja uma armadinha e você um alien do mal.

— Doutora, menos.

— Eu sei. - Sorriu abobada. – Brincadeira. Mas, continue.

— Alguém ligou para nós, e contou sobre o sumiço dos outros. Essa pessoa nem teve tempo de terminar a chamada, e logo teve a fala calada, mas sem a ligação acabar.

— Então talvez haja algo envolvendo a casa. - A Doutora encarava a escada. – De quem é a propriedade?

— De ninguém, esta casa não existe.

— Como assim?!

— Este terreno onde ela está é público, não privado, e não há nenhum registro desse recinto.

— Então essa casa não é uma casa. - Disse a Senhora do Tempo em seu tom aterrorizado.

— Hãn? Claro que é, podemos ver, podemos tocar. - Yaz bate na parede. – Ela nunca foi registrada, mas ela aparenta ter uns 40 anos talvez.

— 40 anos? Bem, depende de pontos de vistas em flexões temporais. - A Doutora escaneia o ambiente com a chave sônica. – Mas acho que você não entendeu. - Encarou o resultado da chave. E a sua face se tornou de puro terror. – Yaz...

— O quê?

— Corra!

 

 


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Notas finais do capítulo

Vai ter próximo capítulo? Talvez, comentem para me motivar, pois juro que terá outro antes do fim de ano. É, essa história só continuará quando eu terminar o volume 4 de Venha Comigo.
Gostei do capítulo, e será uma história divertida, tive uma ideia, e comecei a penasar mil coisas sobre ela, não sei 100% da história, mas sei 70% da história kkkk
CERN é A Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, maior laboratório de física de partículas do mundo, localizado em Meyrin, na região em Genebra, na fronteira Franco-Suíça.