— Você não tinha aula de chinês hoje? – Gabriel Agreste questionou, enquanto tomava seu café da tarde na mesa, acompanhado de Nathalie e Adrien.

— Tinha sim, mas eu cancelei. Estou muito cansado com os trabalhos da escola. – seu pai apenas assentiu e voltou a comer. Porém Nathalie o lançou um sorriso reconfortante, sabia da sua rotina como Chat Noir e imaginava que por conta disso estava se sentindo sobrecarregado. Sem falar que Adrien ia todos os dias falar com a mãe, o que provavelmente era desgastante para um garoto com ele.

— E como vai a Marinette, sua namorada?

— Vai bem.

— Você precisa trazê-la novamente para jantar qualquer dia desses. – Adrien sorriu com a fala do pai.

As coisas têm sido agradáveis entre eles depois da batalha. Mestre Fu fez com que Gabriel não lembrasse de nada relacionado aos Miraculous, ou seja, também não lembrava da condição atual de Emilie Agreste. Para Gabriel, sua esposa tinha desaparecido.

Já Nathalie lembrava dos acontecimentos, mas fazia de tudo para garantir a harmonia na casa. E Adrien agradecia muito por ter a mulher em sua vida.

— É claro. Vou trazer.

***

Chat Noir saltava entre os prédios, seguindo Ladybug. Logo, alcançou a heroína de vez e passou a correr ao lado dela.

— Boa noite, my lady. Ainda não é Natal, mas eu ouvi dizer que uma certa pessoa com traje vermelho entregou vários presentes hoje.

— Há há há! – ironizou. – Boa noite, gatinho.

— Falando nisso, eles não virão nos ajudar? – questionou e olhou para os lados.  

— Hoje não. Marquei um encontro ou reunião, que seja, com o pessoal amanhã. E então passaremos as instruções e coisas que eles precisam saber. Você vai poder ir? – Adrien pensou por alguns segundos e depois assentiu.

— Sim, é claro. Ali na frente. – parou e apontou e para um grupo de bandidos se aproximando de uma mulher indefesa.

— Ei! – Ladybug chamou a atenção deles e saltou na frente da vítima acompanhada do seu parceiro. A heroína girou o ioiô formando um escudo – Quatro contra um não é nada legal.

— Que pena! Mas vocês ainda estão em desvantagem. – um dos homens disse e riu. Chat Noir então sorriu de lado e escorou o bastão nas costas.

— Veremos então.

***

— Fica parado!

— Não dá! Ai! – Marinette mordeu o lábio inferior, enquanto limpava a ferida de Adrien.

Derrotar aqueles quatro bandidos tinha sido moleza, mas depois vieram outros e mais outros. Todos derrotados no final, porém os heróis acabaram com alguns ferimentos e Marinette não tinha usado o Lucky Charm, logo não poderia “consertá-los”.

— Terminou?

— Sim. – Adrien bufou e colocou o braço para dentro da camiseta novamente, enquanto a azulada guardava o kit de primeiros socorros de volta no banheiro.

— Eu não acredito que vou dizer isso, mas sinto saudades de lutar contra os akumas do meu pai. Pelo menos eles tinham poderes divertidos. – disse, enquanto ajeitava a cama de Marinette.

— É, parecia mais fácil. – concordou, deitando ao lado do namorado. – Ainda está com dor?

— Um pouco, mas daqui a pouco o remédio faz efeito. E você?

— Também. – ficaram em silêncio, olhando um para o outro. Em seguida, Adrien se aproximou e beijou Marinette.

Ambos sentiam tanta falta de momentos em que eles ficavam assim, simplesmente sozinhos, sem nenhuma preocupação. Apenas os dois, envolvidos. Eram momentos que infelizmente se tornaram raros entre eles de uns tempos pra cá, mas que se dependesse apenas deles, não acabariam nunca.

— Eu amo você. – segurou o rosto dela, com um sorriso apaixonado.

— Eu também te amo. – o casal se aproximou novamente, dando um beijo mais apaixonado.

Adrien escorou-se em um dos braços, ficando um pouco acima de Marinette e segurando a cintura dela com uma das mãos. Já a garota, mantinha as suas mãos no rosto dele. Vez ou outra paravam para recuperar o ar.

A mão do loiro tocou a pele de Marinette por baixo da blusa, fazendo com que ela suspirasse. Em seguida, ela envolveu o pescoço dele, o puxando para si. Estavam tão imersos no momento, que sem querer a mão de Adrien tocou em uma ferida que Marinette tinha perto do abdômen, fazendo com que ela parasse o beijo e apertasse os olhos.

— Ah, me desculpa! – Adrien se apressou.

— Não, tá tudo bem. – sorriu e o loiro voltou a deitar ao lado dela. Então Marinette se aproximou mais e se aconchegou nos braços dele. – Melhor irmos dormir, amanhã temos um longo dia.

— Tem razão, my lady. – beijou a testa dela – Boa noite.

— Boa noite, gatinho.

***

Marinette estava ansiosa para a reunião com os portadores. Seria um passo importante para ela como Guardiã.

— Você acha que eles vão vir? – Chat Noir riu.

— É claro, my lady. Ainda faltam cinco minutos, não se preocupe. – antes que Marinette pudesse responder, Nino e Alya chegaram. – Adiantados, gostei de ver. – os heróis sorriram uns para os outros, porém Ladybug estava preocupada com Chloé. Ainda tinha um certo receio. Entretanto, as preocupações da heroína foram embora assim que Queen Bee pousou ao lado de Rena Rouge e Carapace.

— Ótimo, todos aqui. – sorriu – Bom, vamos começar. Eu e Chat Noir decidimos chamar vocês aqui hoje para falar um pouquinho sobre com o que vocês estão se comprometendo.

— É, você sabem como lutar contra akumas. – disse o herói – Porém eu e a Ladybug podemos dizer que os criminosos “comuns” podem ser um pouco mais complicados.

— Por exemplo, às vezes eu não posso consertar o estrago. Por isso vocês devem tomar muito cuidado, entendido? – eles assentiram.

— Também pode ser que eu e Ladybug não estejamos por perto quando algo acontecer. Se vocês acham que podem cuidar da situação sozinhos, ajam sem nos esperar. Mas se for muito complicado, peçam ajuda.

— E não hesitem em pedir. Não podemos correr riscos, ok?

— Entendido.

— Certo.

— Pode contar com a gente, Ladybug.

***

Marinette estava fazendo o trabalho de geografia na biblioteca. A garota se sentia mais tranquila depois da longa reunião que teve com o time. Na verdade, ela estava tão contente que tinha chegado mais cedo para esperar Alya e já tinha começado a fazer a parte dela do trabalho.

As portas da biblioteca foram abertas e a azulada imaginou que fosse sua melhor amiga. No entanto Kagami passou por elas e olhou em volta pelo cômodo. Em seguida, seu olhar pousou em Marinette, como se tivesse encontrado o que procurava. Então Kagami andou até ela.

— Posso? – apontou para o assento em frente à Dupain-Cheng, que apenas assentiu. Não sabia o que a mais velha poderia querer com ela, embora estivesse curiosa. – Gostaria de falar com você sobre... Bem, o Adrien. – claro que seria algo do gênero. No entanto, ao tocar no nome do seu namorado, Marinette ficou ainda mais curiosa.

— O que tem ele?

— Como você sabe, eu gosto dele. – Marinette engoliu em seco – Mas eu sei que ele está feliz ao seu lado e respeito a escolha dele. Só que eu não vou negar que ainda tenho sentimentos pelo Adrien, além de ele ser um bom amigo. Por isso eu vim procurar você. Estou preocupada com ele.

— Preocupada? Como assim?

— Ultimamente notei que ele andava meio desfocado durante os treinos, mas não comentei nada, pois não era da minha conta. Só que agora nem aos treinos eles vem mais. – Marinette estranhou. Adrien não era de faltar, mesmo que seu pai não estivesse mais tão exigente. O loiro adorava esgrima e mesmo que faltasse, provavelmente avisaria ela.

— Faz quanto tempo que ele não vai?

— Acredito que cerca de oito ou nove treinos.

— Nossa!

— E eu sei que eu não devia me meter, mas...

— Não, tudo bem. Você estava preocupada. Fez certo em me contar. – sorriu e Kagami retribuiu, porém com um sorriso mais discreto.

— Na verdade, eu imaginei que você soubesse. Só que eu quis avisar de qualquer forma.

— Entendi. Muito obrigada.

— Não há de quê. – Kagami levantou e colocou a sua bolsa no ombro – Tenha uma boa tarde.

— Você também. – a mais velha assentiu e saiu, deixando Marinette sozinha com seus pensamentos, já que Tikki dormia dentro da pequena bolsinha.

Honestamente ela não culpava Adrien por faltar ao treinos, ambos estavam em uma rotina muito cansativa. Só que era estranho fato de ele não contar isso à ela. E se ele estava faltando aos treinos de esgrima que ele tanto amava, estaria ele faltando ao chinês e às aulas de piano também?

Marinette não imaginava que ele estivesse a traindo ou algo assim. Confiava muito em seu namorado. No entanto, alguma coisa ele escondia. E a azulada também não podia negar que ele parecia estranho de uns dias pra cá.

Será que tudo tinha a ver com que ele tinha dito sobre desistir? Ou era sobre a sua mãe? Será que poderiam ser ambos?

A garota deu um longo suspiro e se debruçou sobre a mesa. Esperava de verdade que sua decisão de entregar os Miraculous à Alya, Nino e Chloé, contribuísse para que ela e Adrien tivessem mais tempo para resolver as pendências particulares.