Arquivos da Frota Estelar 8 - Data escrita por Valdir Júnior


Capítulo 3
Imprevisto




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Data havia conversado com o capitão Picard a pouco mais de quinze minutos quando um som baixo de alarme começou a soar nos painéis de comando da câmara criogênica. Alguma coisa estava errada.

O androide sondou a câmara com o “tricorder” médico que havia a bordo e os gráficos mostravam que os sinais vitais do seu ocupante estavam oscilando.

Imediatamente ele constatou novamente a Enterprise.

— Aconteceu alguma coisa tenente? — perguntou o capitão Picard assim que o canal foi estabelecido. Ele estava em seu gabinete particular.

— A câmara criogênica entrou em colapso – informou Data sem rodeios – seu ocupante precisa ser retirado agora ou vai morrer. Mas receio ter poucos conhecimentos médicos para proceder com segurança. Além disso descobri que a cápsula só pode ser aberta antes do horário programado inserindo-se um código preestabelecido no teclado alfanumérico que lacra a fechadura.

— Aguarde, comandante - disse o capitão.

Imediatamente Picard acionou seu broche comunicador.

— Doutora Crusher, apresente-se a minha sala imediatamente — ordenou ele.

— A caminho capitão— foi a resposta.

Menos de dois minutos depois a médica entrava na sala.

— Pois não, capitão – disse a médica.

— O comandante Data necessita de sua orientação urgente, Doutora— informou ele.

O capitão colocou-a sucintamente a par da situação e ela franziu a testa preocupada.

— Tenente, precisamos abrir a câmara criogênica agora – disse a médica, colocando-se ao lado do capitão para também ser vista por Data através do cana de vídeo.

O androide foi até a câmara e imediatamente começou a digitar no teclado do lacre, tentando descobrir o código. Seus dedos se moviam tão depressa que era difícil acompanhar os movimentos. No entanto o compartimento continuava fechado.

— Os sinais vitais estão ficando perigosamente baixos – disse a Data, consultando os monitores, sem parar de digitar – mas existem milhões de combinações possíveis e temo que não haja tempo hábil para que eu descubra a seqüência numérica correta para abrir o lacre antes que o ocupante da câmara morra.

— Então parece que nossa única opção é forçar a abertura – disse o capitão — faça o que for necessário Data.

Data parou imediatamente de digitar. Em seguida passou as mãos pelas laterais da porta da câmara a partir do lacre, analisando as travas. De repente ele enfiou os dedos por baixo da tampa, em dois pontos separados e, usando seus poderosos músculos hidráulicos, puxou com força.  Após alguns segundos ouviu-se um ruído seco de metal se partindo e a porta do compartimento se abriu, revelando uma adolescente pálida, ainda em animação suspensa.

O andróide sondou-a com o “tricorder” médico.

— Os sinais vitais dela ainda estão oscilando – informou – Doutora, vou retirá-la da câmara e transferi-la pra uma das cadeiras reclináveis da cabine para que você a veja melhor e me oriente como proceder.

Com delicadeza, o androide se inclinou para a jovem inconsciente e a pegou nos braços, encaminhando-se para uma das cadeiras da nave, reclinando-a o máximo possível.

— Tenente – disse a médica – você achará no estojo médico de emergência uma “hypo” com uma etiqueta verde já preparada com um estimulante leve. Isso vai ajudar a estabilizar os sinais vitais dela. Em pouco tempo começará a fazer efeito e em instantes ela deverá acordar.

O capitão Picard olhou para Beverly, suspirando. Ele não se sentia muito confortável com a perspectiva de informar a uma adolescente que todos que ela conhecia estavam mortos a mais de um século.

— Data – disse a Doutora Crusher – agora conecte o “tricorder” médico da nave com o computador e transfira os dados que você coletou na última sondagem para este terminal.

Quando os dados começaram a chegar e a Doutora começou a lê-los, o capitão notou que ela estava olhando para a tela parecendo estranhar alguma coisa.

— Algo errado, doutora? – perguntou o capitão.

— Errado não seria o termo – respondeu ela – porém eu jamais vi leituras biológicas como estas em seres humanos.

— Como assim, Beverly?— questionou Picard, aproximando-se.

— Veja – disse ela, indicando os painéis – as leituras mostram que seus sistemas cardíaco, respiratório e nervoso funcionam em uma taxa de eficiência cento e vinte por cento superiores às normais. Seus ossos e músculos têm uma densidade e força que fariam inveja a um halterofilista. Ela poderia literalmente me levantar nos braços com um mínimo de esforço.

— Doutora, ela está despertando – disse Data, em segundo plano - parece que teremos algumas respostas.  

 


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