When the Sun Goes Down escrita por Amy Manson


Capítulo 5
Magnets - V




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Magnets - V

Dois dias se passaram desde a ligação que recebi do assassino, ele não fez mais nenhum contato depois disso. A provocação não foi ignorada por nenhuma das partes envolvidas na investigação.  Mark quando soube do ocorrido quase colocou a delegacia a baixo, tamanho era seu ódio, e o capitão passou a exigir atenção redobrada agora que o serial killer sabia quem era a detetive responsável pelo caso. Crews sugeriu meu afastamento, ouvindo imediatamente a minha recusa. Não seria intimidada tão facilmente, serei eu pessoa que colocará esse assassino atrás das grades, era meu dever agora. Minha repulsa por seja lá quem for esse criminoso apenas havia crescido, nada que ele dissesse me tiraria dessa investigação. Eu não descansarei até conseguir justiça.

Pam havia reconhecido a garota que teve uma discussão com um humano no Fangtasia como sendo Shirley Philips e também havia feito uma descrição do mesmo. Cabelos e olhos castanhos, branco e de aproximadamente um metro e oitenta centímetros. Mark havia solicitado as imagens das câmeras de segurança, mas Eric alegou que o bar não as possuiu. Obviamente, seria útil ter acesso a figura do homem, mas a descrição deverá ser suficiente. Tentamos contatar a família de Shirley, mas a garota era órfã e não tinha parentes próximos, exceto um irmão chamado Matthew Philips que ninguém sabia onde poderia ser encontrado. Suas amigas também não puderam identificar ninguém que fosse compatível com a descrição dada por Pam.

— Ainda trabalhando?

Ouço a voz de Hannah juntamente com o barulho da porta de entrada sendo aberta. Já se passava da 1:00 da manhã, ela não deveria estar na rua até essa hora.

— Onde você estava? Sabe que não é seguro ficar fora tão tarde assim. – fecho o notebook na minha frente e vou até ela para ter certeza de que estar tudo bem.

Minha irmã havia saído de casa, mais uma briga com a nossa mãe, não era a primeira vez que isso acontecia e desta vez ela não quis me dizer o motivo. Seja o que for, eventualmente Judy Powell a convencerá a voltar pra casa e se afastar da irmã má que enche sua cabeça com mentiras sobre sua zelosa mãe.

— Não precisa se preocupar, eu estava com meu namorado. Nada de ruim acontece quando eu ‘tô perto dele. – Hannah mostra um sorriso tranqüilizador enquanto desamarra os sapatos. – Algum progresso no seu caso?

Suspiro pesadamente, frustrada demais para tentar manter qualquer fachada otimista.

— Quem me dera, só tenho a descrição do tal homem até agora.

A menina se mostra empática enquanto toca afetuosamente no meu ombro, se despedindo para ir dormir.

— Talvez você devesse voltar naquele bar.

Minha irmã sugere da porta de seu quarto parecendo saber mais do que me diz.

— Por quê? – pergunto cruzando os braços.

— É só que... Eu tenho uns amigos que disseram que o tal dono do bar sabe mais do que ‘tá dizendo. – Hannah responde e seu semblante deixa obvia sua preocupação, ela parecia certa do que dizia, mas em dúvida se deveria compartilhar a informação comigo.

Penso em questioná-la sobre os tais amigos, mas decido que seria mais fácil fazer isso pela manhã, então apenas aceno com a cabeça e lhe desejo um “boa noite” em voz baixa.

Talvez houvesse sido inocência da minha parte acreditar que vampiros realmente seriam honestos com a polícia, mas para minha sorte Mark havia sido bem mais cauteloso e seguia me alertando sobre Eric Northman e Pam de Beaufort desde o dia que os últimos foram a delegacia.

Pego as chaves do meu carro, vou em direção a porta e contra meu melhor julgamento, decido fazer uma visita ao Fangtasia para, mais uma vez, questionar Northman sobre o que realmente ele sabe.

***

Mesmo não sendo minha primeira vez neste lugar, parece que não consigo me acostumar com o ambiente. É claro que já havia estado em diversos bares antes e Deus sabe o quanto eu não me importava nem um pouco com a barulheira e cheiro de álcool barato, porém, enquanto tento me manter sóbria, a última coisa que desejo é ficar em um ambiente como esse, nunca foi uma boa ideia testar os limites das minhas motivações em abandonar a bebida.

Olho em direção ao trono que se destaca no Fangtasia e para a minha infelicidade o encontro vazio. Sigo em direção a um barman que servia bebidas a um grupo de jovens não muito mais velhos que Hannah. O homem, mais provavelmente um vampiro, olha em minha direção e revira os olhos, engolindo em seco. É sempre um prazer ser querida nos lugares!

— Onde eu passo encontrar seu chefe? – decido não fazer rodeios, arqueando a sobrancelha e mostrando o distintivo preso no cós da minha calça.

— Ele não ‘tá aqui hoje.

O homem segura meu encarar não demonstrando estar nem um pouco intimidado por mim. E por que ele deveria, sendo ele um ser sobrenatural e eu somente uma policial de cidade pequena?

Não baixo minha guarda, mantendo meu olhar desafiador enquanto o homem volta a se concentrar em suas bebidas. As vozes ao meu redor tornam difícil pensar com clareza enquanto caminho pelo bar em busca de algum rosto conhecido, talvez Pam pudesse responder minhas perguntas.

— Socorro!

         Abruptamente sinto um esbarrão no ombro, quando olho ao meu redor não consigo identificar a pessoa que o fez. A aguda voz feminina ecoando na minha cabeça tornando impossível procurar cautelosamente.

Eu nunca pude controlar as “visões”. Elas sempre apareciam tão sorrateiramente quanto iam embora, sem explicação nenhuma, me deixando a deriva para interpretar de qualquer maneira que julgasse adequada. Na maioria das vezes falhando em entender seu real significado.

— A que devo a honra de sua visita, detetive?

Viro-me em direção a voz de Eric Northman, que se encontra próximo demais do meu espaço pessoal, me fazendo questionar como não o percebi se aproximar. Ergo a cabeça na tentativa de me igualar a sua altura, somente para perceber que será necessário mais do que isso para fazê-lo.

 - Eu sei que você ‘tá escondendo algo.

         Talvez, só talvez, eu devesse ser mais cautelosa ao enfrentar um vampiro que poderia tão facilmente quebrar meu pescoço, mas eu nunca fui do tipo que pensa antes de agir.

         - Isso é uma acusação perigosa, detetive Powell, espero que saiba disso.

         O homem invade um pouco mais meu espaço, me fazendo segurar a respiração. Minhas mãos trêmulas vão direto a arma que guardo no cós da calça quando sinto os dedos frios de Eric Northman me impedindo de completar o movimento.

         - Acredite em mim detetive, você não quer fazer isso. – sua voz é intimidadora, tão próxima ao meu rosto que não consigo ignorar o cheiro amadeirado que exala do homem. – Além de atrair uma atenção que nenhum de nós deseja, não surtiria efeito algum contra mim.

         Suas orbes extremamente azuis vão de encontro as minhas. Meu corpo inteiro congela, e sou capaz apenas de manter seu olhar, esperando parecer tão intimidadora quanto ele.

         O momento parece durar uma eternidade, apesar de saber que ele poderia se quisesse, suas mãos não machucam meu braço, mas seus olhos penetrantes parecem fazer mil cortes na minha alma. Eu me sinto nua, totalmente à mercê do homem a minha frente. Ele olha pra mim como se eu fosse o mais simples dos livros que ele já lera, completamente decifrável. Mas eu também consigo ver além do que meus olhos me permitem, e dentro de seus profundos olhos azuis vislumbro todas as coisas que simplesmente sei que ele precisa esconder. Quando percebo, já estou invadindo suas memórias sem convite algum, e sua voz sussurra como um segredo, não para mim, mas para quem quer que seja que estar com ele,

         — Esse é o problema com cobras sorrateiras, sempre se metendo em assuntos que não deviam.

         A voz de Eric cessa ao mesmo tempo em que o homem em minha visão grita pela última vez e o escarlate de seu sangue invade meu olhar. Sinto sua mão deixar meu braço quando o vampiro percebe que algo não parece certo, seu olhar antes tão a par de quem sou eu, agora parecia tentar decifrar o mais difícil dos enigmas.

         - Vamos conversar no meu escritório.

         Ele diz sem me dar tempo para pensar, indo em direção aos fundos do bar, sinalizando para que eu o siga.

         Repito o mesmo caminho que o homem e logo chego à sala em que ele já estava fechando em seguida. Eric leva a mão os cabelos loiros enquanto anda impacientemente pelo cômodo, de alguma maneira ele sabe que eu vi algo e parece tentar fazer sentido da situação incerta.

         - O que foi aquilo? – a ansiedade em sua voz é notável quando ele para na minha frente, mas diferente da vez anterior, não há intimidação na sua voz, apenas genuíno interesse. – Eu sabia que havia algo em você desde a primeira vez que te vi, mas não imaginava ser tão forte assim.

          Seu tom é mais calma agora, Eric mantinha sua inquietação domada enquanto buscava respostas que eu não pretendia dar tão facilmente, mesmo se as soubesse.

         - Isso não importa agora. – tento igualar seu tom, escondendo tanto quanto possível minha própria curiosidade em relação ao ocorrido. – O homem que você matou, ele tinha alguma coisa haver com o meu caso?

         Eric parece travar uma batalha interna sobre compartilhar ou não qualquer coisa que ele saiba comigo, apesar de suas feições serem calmas, o anil de seus olhos jamais seria capaz de esconder o que realmente passa em sua cabeça.

         - Isso é muito maior do que você imagina Elizabeth.

         Pela primeira vez ele diz o meu nome. Por uma fração de segundo eu esqueço o que havia iniciado essa conversa em primeiro lugar, minha mente se torna apenas um vazio ecoando a voz dele dizendo meu nome.

         - Então me explica Eric.

         Trago minha mente de volta a realidade e decido que não posso mais andar em círculos, a verdade é a única coisa que deve importar pra mim.

         O homem a minha frente ainda parece imerso em suas próprias dúvidas. Seu olhar em minha direção só se intensifica e sou tomada por uma vontade imensa de me aproximar dele, contudo meu corpo parece mais são que minha mente, mantendo-se completamente parada. Eric quebra o contado visual abaixando a cabeça, seu suspiro pesado entrega que o homem se deu por vencido.

         - O único motivo pelo qual eu vou te contar isso é porque essa habilidade sua pode ser útil para mim, mas não pensa por um segundo que você tem algum poder aqui. – sua voz é mais uma vez ameaçadora, e não a nada em sua expressão que me faça duvidar das palavras do homem. – E eu mato você em um segundo se qualquer coisa que for dita aqui chegar aos ouvidos dos seus amigos policiais, você entendeu?

         E mais uma vez Eric Northman se encontra perigosamente perto de mim. Suas ameaças me causam calafrios, como era esperado, mas seus olhos revelam que ele jamais cumpriria tal promessa.

         Aceno com a cabeça, deixando claro que estamos na mesma página e aguardo o homem proceder.

         - Existe um culto muito antigo chamado Purificadores. – ele começa, indo em direção a cadeira atrás de sua mesa, sigo em direção ao assento vago a sua frente. – Eles acreditam que Deus, ou a ideia deles de Deus, só retornará à Terra quando vampiros foram extintos e por isso, a cada 300 anos, eles promovem um massacre contra qualquer vampiro que cruze o caminho deles.

          - Por que a cada 300 anos? – interrompo sua explicação na esperança de conseguir alguma informação a mais.

         - A líder deles foi uma bruxa do século IX chamada Calypso, eles acreditam que a cada 300 ela ressuscita e por isso eles devem começar a “purificação”.

         Nada disso faz sentido para mim, e se nós ainda estivéssemos vivendo em um mundo no qual vampiros não existem, eu seria capaz de rir de cada palavra que me foi dita. Mas esse não é um mundo normal e eu estou tendo uma conversa com um vampiro.

         - Ninguém sabe exatamente como eles continuam passando esses ensinamentos mesmo depois de mais mil anos, tudo o que sabemos é que quando a hora chega, mais da metade da minha espécie é assassinada.

         - Como isso se encaixa com o meu caso? As garotas que morreram eram humanas. – questiono me arrependendo no segundo seguinte ao perceber que posso ter soado insensível.

         - Eu ainda não tenho certeza. O que eu sei o que as garotas estavam envolvidas com vampiros e foram mortas no mesmo ano em que a purificação irá acontecer. Eu já vivi tempo suficiente para saber que coincidências assim não existem.

          Eric continua sem parecer se importar com a minha lista de prioridades. Os vampiros provavelmente são capazes de lutar por si mesmos, as garotas humanas obviamente não compartilham do mesmo poder.

         - O que vamos fazer para parar essas pessoas?

         - Suas visões, ou seja lá o que for que você faz, é a chave, eu tenha certeza disso. – a convicção em sua voz é uma novidade na conversa, sou grata por isso. – Eu acredito que você pode me levar até a pessoa que reiniciou tudo isso para que isso possa acabar de uma vez por todas.

         - Você quer dizer matar a Calypso?

         - Exatamente. Existem pessoas dessa vez, bruxas dispostas a ajudar, elas garantem que podem quebrar o feitiço que faz a Calypso ressuscitar, se eu encontrar o receptáculo dela antes que seja tarde demais.  

         Há uma verdade inesperada em Eric, ele realmente parece determinado a destruir esse culto, mas por algum motivo eu sou levada a acreditar que algo a mais o motiva, não apenas a ameaça eminente a sua vida.

         Penso nas garotas mortas e na ligação que recebi de possível assassino, apesar de agora saber que não é “apenas” um serial killer, eu ainda sou responsável por fazer justiça por elas, é minha obrigação, independente do que se encontra por trás de tudo isso. Elas foram apenas efeito colateral de uma guerra que não lhes cabia enfrentar. Elas serão vingadas.

          - Quando começamos?

         Dessa vez, a determinação em minha voz é palpável.

          - Primeiro, eu preciso saber tudo sobre o seu dom.


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