Pagã escrita por Helly


Capítulo 3
Estive no mundo inteiro e jamais vi uma garota assim


Notas iniciais do capítulo

Decidi vir um dia antes kkkkk
O capítulo está grande graças ao segundo POV


CAPÍTULO REVISADO 05/01/23


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Quebra de tempo muito grande

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Quebra de tempo em minutos ou horas

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Quebra de tempo curta 

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Mudança de POV



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“Vai querer nunca ter conhecido ela

Estive no mundo inteiro e jamais vi uma garota assim

Ela é uma devoradora de homens”

Maneater – Nelly Furtado

 

TEMARI

 

E eles dizem: “Nossa Temari, como você é arrogante.” Meu ânus. Disse a verdade, nada mais e nada menos. Não havia motivos para Ino decidir se matar do nada. Eles estão acostumados a sempre ter alguém para concordar com o que dizem, mas isso não é do meu feitio. Os ex-imperadores amam discordar de tudo que digo. Ficar tanto tempo preso fez mal a eles. Estão cegos por algo que acham justo, ou que lhes dê uma resposta rápida. Esqueceram-se do verdadeiro inimigo, desejam viver a vida que perdemos e deixar os mais velhos governarem sem a nossa ajuda. Foram levados pelo medo de perderem tudo, eu não tenho esse medo até porque eu perdi tudo.

Escancaro a porta da casa; segundo andar, quarta porta a direita, entrar e me cadastrar. Não tenho reclamações sobre a evolução humana, mesmo sentindo saudades das batalhas em arenas, estou amando tudo. Há muita coisa que posso fazer; novas armas, novas guerras, novas roupas, novos passatempos e algo incrível chamado eletricidade. Só tenho elogios para o avanço deles, até que os deuses que ficaram na terra conseguiram levar a evolução humana aos trancos – admiro isso.

Subo a escada pulando um degrau, os degraus melhoraram do vinho para a água; menos estreitos. Irei fazer o meu cadastramento, algo para provar que sou humana, tudo para fugir das baratas. Temos que fingir que somos humanos para as baratas não desconfiarem que voltamos. Devo admitir que os velhos tiveram uma boa ideia e os que ficaram aqui souberam carregar essa situação sem perdermos tudo. Para pessoas que tiveram que se virar em somente 48 horas para pensar em tudo, até que eles foram eficientes e rápidos.

O corpo de mamãe ficou aqui, no mundo humano, está em outro país. O lorde Namikaze – ou imperador se levarmos em consideração que eles voltaram a governar – está fazendo um grande suspense em relação ao corpo de mamãe. Ele deu a ordem de trazê-la aqui o mais rápido possível, creio que ele pensa que o meu velho pirou de novo sem ela – e de certa forma ele está certo. Mesmo que somente para vê-la dormir, algo que ela faz desde que Gaara nasceu, será um grande alívio rever o rosto da minha mãe. Para mim foram milênios longe dela e para ela foram mais séculos. O tempo lá dentro passou diferente do tempo daqui, que foi mais lento em relação ao de dentro que foi rápido.

Espero que o corpo dela esteja como deixamos, bem cuidado e impecável. Mamãe fez de Gaara a vida e a morte ao dar metade do seu dom para ele conseguir controlar a força brutal e descomunal dentro dele. Foi estranho na época. Havia tanta coisa dentro dele, que Gaara teria que renascer no momento em que nascesse. Sabíamos que lady Uzumaki fez algo que conseguiu manter o seu filho vivo na mesma situação. Os Uzumaki são descendentes diretos de Rikudou, assim como os Uchiha e Senju, e isso faz deles portadores de pergaminhos que contém inúmeras informações. Em algum pergaminho muito antigo, os Uzumaki descobriram que se misturasse o poder dos pais e um dos dois pega-se metade do que havia dentro de si, seria o suficiente para controlar o excesso de poder bruto que havia dentro do bebê. O poder controlado consegue amenizar a brutalidade que habita o hospedeiro e tirar metade contribui para enfraquecer a força bruta. Eles tiveram meios e tempo, os Uzumaki tem anos de experiência e preparo para isso por sempre carregarem uma das bestas dentro de si. Nós, Sabaku, não tínhamos isso, no entanto, Rasa é meio Uzumaki, sua mãe era tia da imperatriz Uzumaki, e essa foi a nossa sorte.

Papai em si já era algo bruto, uma personificação da morte que nunca tinha sido vista, até Gaara nascer, e não poderia pegar metade e nem por. Os seus genes deixariam o poder bruto da bolotinha vermelha ainda maior, Karura que teve que fazer tudo sozinha. Mamãe pegou o máximo que conseguia enquanto dava quase toda sua essência para ele no momento em que Gaara nasceu prematuro, contudo, isso quase não era o suficiente para fazer o papel que Rasa deveria. Mas há algo, algo que até nós, deuses, sabemos que é maior que tudo, o amor de mãe. O seu amor pela pequena bolota vermelha foi maior que qualquer poder e preencheu a parte que papai deveria preencher. Agora sabemos que o poder bruto dele se origina da besta que ele carrega dentro de si, uma das feras que Rikudou criou após destruir sua mãe e separar seu poder em nove bestas.

 Abro a porta e marcho em direção à cadeira que passei a amar, ela gira e não preciso levantá-la para mudar de lugar. Estudo o humano na minha frente; apessoado, mesmo com essa expressão de sono, e se veste de maneira peculiar, com roupas folgadas e em tons escuros. O que mais chama a atenção é o seu cabelo castanho longo. A mulher tinha dito que esse tipo de cabelo estava fora de moda, os garotos surtaram quando tiveram que cortar, somente o Hyuga não cortou o cabelo – até porque eles não podem devido a uma tradição estranha. Ele e esse humano nasceram para ter cabelo longo, fica esbelto.

Seu suspiro quase não soa, o som que emite quando o seu dedo toca o retângulo com letras é tudo que ecoa no cômodo. Esse barulho é gostoso de ouvir. Toco em uma letra disfarçadamente, o seguidor para e encara-me, faço o mesmo; respirando profundamente, ele volta a tocar os retângulos. Faço novamente, é uma sensação peculiarmente gostosinha. O humano aponta para o que tanto mexe e depois para a caixa brilhosa na sua frente.

— Você tá ligada que eu percebo quando você toca no teclado, né?

— O que? Isso. – toco novamente. 

— É, isso. 

— Mas eu não fiz isso. – faço novamente.

— Já é a quarta vez. – o garoto indica a caixa brilhosa a frente. – Mostra aqui.

— Como?

— Eletricidade, fiação e tecnologia. 

— Está invocando alguém? – seu sorriso surge, mas logo some.

— São as coisas necessárias para a máquina funcionar.

Ainda não passamos completamente pela fase de aprendizado, ainda iremos ir para escola para entender essa nova sociedade da nossa forma e obter conhecimento do presente. Mas eu sou curiosa.

— O que isso faz?

— De tudo. – seus dedos voltam a tocar no retângulo.

— Exemplifique.

— Consegue acessar quase todas as fotos do mundo, notícias em tempo real, sabe toda a história do mundo, há de tudo aqui, até informações de pessoas tem.

É o final que desperta o meu interesse. Talvez a modernidade humana tenha mais a oferecer para o meu “trabalho” mais do que eu esperava.

— Consegue informações de uma pessoa?

— Depende.

— Do que?

— Se esta pessoa deixou rastros.

 Lembro-me da loira chamativa, Ino foi, literalmente, o sol em Suna. Sempre deixava pétalas por onde andava, um cheiro de flores às vezes enjoativo – só meu irmão amava isso todo santo segundo. Gaara e ela eram o contraste um do outro e, de algum jeito, eles fizeram dar certo. Por mais que tenha o lado vivido de mamãe, meu irmãozinho não demonstra muito, com Ino ele chegava a demonstrar um pouco. Ela o fazia vivo de uma forma que eu nunca consegui, por mais que eu tentasse fazer ele sorrir e ser feliz. Por um tempo possui inveja dela, aquele ser estava tirando descaradamente o meu bebê das minhas tetas. Aprendi muito com o tempo, uma das lições é parar de ver meus irmãos como meus recém-nascidos.

— Ino é algo perceptível de longe e sempre deixa rastros.

— Ino? – seus dedos param de fazer sabe-se lá o que.

— Sim, a noiva do meu irmão.

— Sabe o sobrenome?

— Yamanaka? – chuto, esse era o nome do seu clã. – É mais fácil descobrir pelo nome, ela vive nessa cidade com esse nome e possui a mesma aparencia.

Aparentemente eles demoraram muito para descobrir que Ino estava aqui e, quando descobriram, já era tarde e ela estava com uma vida humana sólida demais para eles levarem ela. Sem falar que um dos grandes fiéis era o “avô” dela e não estávamos em condições de perder mais um fiel. Ele ficou responsável por ela e mantém os que ficaram a par da situação dela. Também há o fato dela ter ficado sob os olhos de Satomi, quando está era viva, e para chegar nela foi impossível.

— Olha, meu pai disse para não me envolver nas vinganças dos deuses.

— Não é vingança. – cruzo os braços na frente do peito. – Só quero trazê-la de volta para sua família, meu irmão e seus pais sentem a falta dela de uma forma dolorosa e nada saudável.

 Gaara ruiu, foi para o chão como uma construção fraca. Durante anos ele chorava em silêncio, questionava onde errou e porque não percebeu que seu amor era unilateral. Dói, sua dor reflete em mim. Deveria ter visto isso, evitado que ela fosse embora com metade do meu irmãozinho. Se necessário usarei meus poderes no seguidor, faria qualquer coisa para Gaara voltar a ser feliz. Recapitulo a noite de ontem.

— Eu sei onde ela mora, é uma casa grande e azul. – cutuco o retangulo. – Procure ai com essa informação.

— Tem muitas casas assim aqui.

 A casinha singela e amorosa vem à mente como uma brisa suave. O que mais chamou a atenção foi o fato de reconhecer que as flores que circulavam as janelas é obra dela. Como ninguém nunca percebeu que era ela? A casa dela grita que é a residência dela.

— Havia flores roxas em volta da casa e cerca branca com desenhos coloridos. – o silêncio dele diz muito para mim, ele a conhece. – Eu preciso falar com ela urgentemente.

 Eles não trouxeram-na, Gaara somente a encarou de longe e não protestou contra a decisão de Naruto e Neji. Ao contrário de mim, eu odiei essa decisão burra. Seus olhos o traíram ao demonstrar o tornado que eram as suas emoções, foi nesse momento que senti mil espadas atravessando o meu corpo ao mesmo tempo. Farei de tudo para ele ser feliz novamente. Meu irmão ainda a ama incondicionalmente.

— Idade?

— O que?

— A idade dela.

— Quantos anos meu irmão tem aqui? – questiono, porque sei que eles têm a mesma idade e não importa o mundo.

— Dezessete.

— É essa idade. – o humano pisca várias vezes seguidas. Viu, conhece.

— Como ela é? O cabelo, os olhos e o jeito.

— Loira, olhos azuis e… – como descrever? Nunca passei muito tempo com ela, não tínhamos muito o que conversar. – Meu irmão a descrevia como maravilhosa, cheia de vida e que amava flores. 

 Gaara construiu uma estufa – na porra de um deserto! – para dar a ela como presente de casamento, ela nunca chegou a ver o presente que ocupava metade do tempo dele. Ele lotou o castelo de flores e abriu as janelas de cômodos que fechamos por ser algo contra a nossa natureza – algo vivido demais para a morte e derivados. Gaara destruiu tudo depois que ela se foi. Se a vida não existia ali, não havia motivo para essas coisas habitarem aquele mausoléu dela.

— Ela realmente amava flores.

— Eu. – o sorriso não consegue esconder seu temor.

 Sua mão tateia o manto curto em busca de algo. Logo uma pequena caixa retangular azul brilha em sua mão, é como o objeto que ele estava mexendo, mas sem o barulho gostoso. Ontem Tenten estava com um desses, foi por meio disso que ela falou com a herdeira dos Hyuga. Depois de mexer em inúmeras coisas, ele mostra o retrato e vejo uma imagem dela melhor do que ontem.

Ino continua um marco na beleza, até em retratos há vida e ela parece um sol radiante. Seu cabelão continua intacto e bem tratado, esse cabelo foi alvo de inveja de inúmeras mulheres em Sunagakure. Ino foi um impacto na sociedade de Suna, praticamente o que a maioria desejava ser.

— Você a conhece. – digo o óbvio, só porque ele ainda não percebeu que eu sabia há tempo.

— Isso só pode ser mentira. – sua mão despenteia o cabelo, que vai até o ombro. – Tem certeza que é ela?

— Acho que a reconheceria até de longe.

— Ela. – as palavras fogem dele.

— Se suicidou.

— O que? – acho que seus olhos nunca estiveram tão abertos assim.

— Quero informações dela, para saber o porquê dela ter pulado em direção a morte.

— Deuses não morrem.

— Não é bem assim, meio que “morremos” para renascer milênios depois.

— Então Ino. – ah, essa reação, reconheço porque é a mesma que eu tive.

— Ela forçou a sua “morte” – faço as aspas com os dedos.

— Impossível, minha Ino nunca faria isso, ela… – pela primeira vez o sorriso não esconde algo por trás, é simplesmente nostálgico e amoroso. – Ela ama viver, me entende? É a vida dela cuidar de flores e ser feliz, isso é tão ela que é praticamente uma forma de descrever ela.

 Porra, finalmente alguém que vê o mesmo que eu! Minha maior suspeita sempre girava em torno de: Ela era a vida. Todo Imperador Sabaku é a morte, consequentemente atrai e ama alguém que simboliza a vida. Ino fazia flores nascer, reviveu animais e plantas. Como a vida pode praticar suicídio? Não tem como. Disseram-me que os humanos comentem suicídio e Ino como sendo a “vida” poderia muito bem fazer o mesmo. E é ai que o problema se encontra, os humanos cometem suicídio, animais e plantas já é outra história. A Yamanaka não era a vida dos humanos e sim da natureza. Mamãe fez o que papai chama de suicídio, porque uma parte dela era a vida dos eremitas do deserto e dos oásis, havia um leve traço de morte ali, mas discreto. Ino não, essa era 100% vida.

— Eu não sei, tem algo suspeito em sua morte. – olho-o e surpreendo-me com a sua compreensão, nunca recebi esse tipo de olhar após dizer essas palavras. As pessoas realmente acreditam que ela se matou. Mas eu sou a deusa da caçada. – Eu acho que tentaram matá-la. Por isso quero achá-la e vigiá-la, para pegar seu assassino e protegê-la de uma segunda tentativa de homicídio.

 Digo por fim algo que vinha evitando após ataques que sofri. Foram anos e anos que pensei nisso e investiguei. Se isso for verdade, pode muito bem ter sido alguém da minha família tentando derrubar o Gaara. Eles não contaram que ele fosse ficar sedento por vingança, se é que posso chamar esse plano dele de vingança, e formasse uma aliança para tentar descobrir meios de abrir o portal para chegar até ela. Estando aqui, ela volta para a mira do assassino.

— Eu. – o humano olha para a porta que passei e hesita por alguns segundos. – Me encontre no lago que tem aqui perto, estudei a vinda das Hyuga e, se o que você diz for verdade, a vinda da Ino foi diferente.

— Que horas? – é um meio de ter algo para o meu “trabalho”, não posso hesitar e perder essa oportunidade. A vida da Ino está em perigo e é o meu dever proteger ela.

 - Às oito da noite. Vou dar uma última revisada em tudo e irei falar com a senhora.

— Temari.

— O que? – a surpresa é estampada a cada piscar rápido.

— Você aceitou trabalhar comigo, isso faz de você o meu parceiro. – por mais que ele lute, dá pra ver que não entendeu. – Somos iguais, você é o meu parceiro, preciso de você assim como você precisa de mim, sabe? Para manter Ino viva.

— Ok... Temari. 

— Vou resumir o que acho e sei e hoje de noite você me resume o que sabe.

 Respiro fundo, finalmente botarei tudo para fora. Direi tudo que sei e suspeito. O humano não poderia me trair, na verdade ninguém tem essa coragem. Minha fama não foge nem um pouco do que realmente sou, amo a caça. Com base no medo, algo que o velho me ensinou, consigo não ser traída por causa do medo que coloquei sobre as consequências que isso gera. Sou uma deusa temida pelos humanos, Ino dizia que isso não era bom. Sua visão sempre foi diferente dos outros deuses, por isso ela era uma boa deusa e amada pelos humanos, aí está o erro dela.

 «»×«»

 

 Passei a tarde toda obtendo informações sobre a evolução humana. Focamos mais nisso para aprendermos a nos socializarmos, com o tempo iremos aprender sobre a evolução dos nossos inimigos. Sasuke encara o celular, finalmente gravei o nome do retângulozinho, suas narinas expande toda vez que ele cutuca algo. O estrondo que Gaara faz ao entrar deixa óbvio que ele não conseguiu se adaptar ainda em abrir essas novas portas leves.

— Como vai a vingança, novo Sasuke? – Naruto sustenta um sorriso empolgado, novamente tentando tirar uma com a cara de Gaara.

— Já foi hoje?

— Sasuke já mandou antes da Temari.

— Merda! – bato nas coxas fingindo raiva. – Tinha esperança de ser a primeira a mandar você ir se foder.

— Não foi dessa vez, mas é a primeira a mandar pela segunda vez. – Naruto manda beijo pra mim. – Voltando ao assunto, progrediu?

— Meu plano está perfeito da forma que está.

— Ual, Gaara! Se casar com ela, que plano maligno o seu. – finjo orgulho, na verdade acho que estou. O lado bom dele fala mais alto quando o assunto é ela. – Ino vai odiar casar com um homem airoso e deferente. Ai, que castigo cruel!

— Obrigado Temari. Estão vendo, ela concorda comigo. – ele realmente não leva jeito para algumas coisas e não sabe o que é “deferente” e “airoso”.

— Tô aqui pra isso irmão. – Naruto desata a rir sem parar.

— Você não presta. – o idiota fala entre o ataque de risada, esse sabe o que as palavras significam..

— Vai logo ver a sua noiva. – estendo o braço em direção à porta. – Ou está com medo? O grande Naruto Uzumaki com medo de uma mulher com menos de 1,62. O mundo é tão bom.

— Você viu como ela é? – a risada vai cessando aos poucos. – Tirei a sorte grande.

— Você está falando da minha prima. – minha boca abre à medida que a veia da testa do Neji pulsa.

— Eu sei. – alguém está pedindo para apanhar.

— Some daqui. – minha mão sacode na frente do meu rosto.

— Só estou indo porque vou pôr o meu plano em ação, – Naruto ergue-se da poltrona à minha frente e beija a minha testa. – não porque você mandou. 

— Cagou pra Temari. – Gaara sorri vitorioso, essas crianças tem algum problema.

— Não. Por que cagaria para ela?

— Porque há séculos ela te ganha no mano a mano. – Neji sorri vitorioso, que tara para sorrir assim, ele aponta para mim ostentando ainda o sorriso. – O humano tem muitas palavras boas.

 O nosso “aprendizado” consiste em: Receber as lembranças de um humano. Minha hospedeira finalmente poderá viver livremente como qualquer outro humano. Ela foi criada para viver como uma adolescente normal que recebe informações de tudo, seu nome é Shiho e ela conhece o humano, Shikamaru Nara. Ah, se as minhas lembranças caíssem nas mãos erradas, alguém estaria muito ferrado. Não sei se cometi um erro ao confiar nele, Shikamaru tem uma visão diferente de nós. Para ele somos egoístas, em certa parte ele está correto. Contra parte: Nem todos são. Naruto pode ser uma ameba – melhor palavra que a hospedeira poderia aprender –, mas tem um coração bom com todos e era idolatrado com razão pelos humanos. A exceção era com as esposas, essas conseguiram destruir esse lado que ele criou com amor para elas. 

 Mesmo não sendo um dos seguidores mais fervorosos, o Nara continua nos vendo como deuses que ele sempre irá seguir. Já botei alguns servos ao seu enlaço, poucos sabem do ato que papai fez há muito tempo. Rasa me deu um exército de fantasmas de ventos. Pode parecer nada, mas fantasmas de ventos tem um grito que deixa qualquer um surdo e pode matar; sem falar que ninguém consegue perceber eles. Até agora ele não fez nada que possa ser considerado traição, está andando na linha e sendo o mesmo sabichão de sempre. Levanto do sofá.

— Ok, crianças, tia Temari irá pegar uns esquemas.

— Que? – Gaara me olha como se eu tivesse falado algum absurdo.

— Vou pegar um cara, volto depois.

— Temari não perde tempo, mano. – Naruto vem para o meu lado. – Que orgulho da nossa guerreira!

— Vem. – soco o seu precioso, brincadeira estranha a nossa de ficar se socando. – Te acompanho até a entrada.

— Não precisa. – sua voz saiu esganiçada.

— Tudo bem, então. – pego minha jaqueta no cabideiro. – Vou demorar a voltar, não esperem por mim.

 Saio da minha casa. Esses vagabundos! Estão vindo à minha humilde residência para fazer absolutamente nada. Dá uma vontade de dedurar eles, mas ia sair no prejuízo. Esses seres malignos sabem se vingar, principalmente o Uchiha – não é o deus da vingança atoa. Ando a passos rápidos, quase correndo, controlo-me para não virar uma raposa. Posso não ter vindo como Gaara, tendo esse poder bruto dos Uzumaki, mas o meu animal sagrado puxou o deles. Uma raposa do deserto, pelos claros como o meu cabelo e orbes em tom de um verde vívido; bem diferente do meu primo e sua cor laranja, ou coral, e olhos castanhos avermelhados. 

 Gaara e Kankuro puxaram a mamãe. Enquanto a bolinha vermelha tem como sagrado um guaxinim – graças ao guaxinim ranzinza dentro de si –, Kankuro é como mamãe em vários sentidos nesse quesito, ele tem a salamandra e ela tinha uma andorinha azul como os seus olhos. Em resumo: São animais que não habitam a areia do deserto. A única coisa que puxei dela foi o dom de controlar o vento, o resto puxei do velho. Meu tipo de raposa vive no deserto e o animal de papai também, a cascavel chifruda; nunca um animal representou tanto o deus que tem como sagrado. Somente uma andorinha pode amar aquela cascavel traiçoeira. Paro no meio do caminho, seus passos são barulhentos. Cruzo os braços e espero o Kankuro chegar. Que vergonha, não ensinei nada direito para esses birrentos?

— O que você quer? – pergunto antes mesmo dele sair de trás da árvore.

— Quantas vezes terei que lhe falar para você e ele esquecerem a Ino?

— Nenhuma. Você me faria um favor parando de me seguir dizendo: Esqueça a Ino. Parece um sociopata assim.

— Temari. – Kankuro esfrega o rosto impaciente. - Ela morreu, fim, não devemos ficar lembrando a todo instante dos mortos.

— Você está me mandando esquecer a felicidade do Gaara?

— Ele está bem e feliz sem ela na vida dele.

Duas semanas atrás ele baniu um retrato porque toda vez que via lembrava dela. Isso não é está bem e feliz, se for, eu estou completamente infeliz.

— Claro, super feliz. – dou as costas para ele. – Ino Yamanaka não pulou no Véu porque quis.

— Lá vai você falar isso de novo. – ouço suas mãos se chocarem contra sua coxa.

Eu vou te provar que ela amava ele e não tinha motivos para pular!

— Já conversamos.

— Sim, por isso não entendo o porquê de ainda se intrometer.

 Teoria de Kankuro: Ino preferiu a morte para não se casar com o Gaara porque o repudiava. Meu irmãozinho é meio lerdo às vezes e prefere acreditar no que estendem para ele. Kankuro não olha muito ao redor, é facilmente manipulável e descrente da maldade de outros deuses do seu próprio clã.

— Temari. – o tédio em sua voz me enfurece.

— Não sei se você se esqueceu. – interrompo-o. – Mas eu sou a mais velha e eu que devo tomar conta de vocês, não ao contrário.

— Não ligo para isso, vocês são meus irmãos e irei protegê-los.

— No momento em que ela aceitou se casar com ele, Ino virou nossa irmã. A protegemos como nos protegemos? Não. Deixamos ela ser comida viva pelos lobos.

 O farfalhar ao longe chama minha atenção. Finjo não ouvir, Kankuro continua tagarelando. O vento traz seu cheiro, de ervas; Shikamaru Nara tem um cheiro estranho. Se ele não tivesse feito barulho no arbusto, nem teria percebido. O Nara é como um veado vermelho; silencioso, astuto, precavido e inteligente. Digo qualquer coisa para aliviar Kankuro e ele ir embora. Depois de toda dor que Gaara passou, não somente por causa da Ino como também pelas mãos do velho, o meu boneco passou a proteger o bolotinha como mamãe faria conosco. É como se ele fosse o mais velho e eu a mais nova. 

 Quando enfim tenho certeza que Kankuro foi embora, volto a andar. Consigo usar minha visão noturna para ver ao longe e lá está ele, se afastando sem fazer um único ruído. Aposto que ouviu nossa conversa, um curioso humano. Acelero o passo somente para ver sua reação, faz parte de ser deusa da caçada, essas coisas me empolga. Em poucos segundos passo por onde ele estava, caminho dividindo o olhar entre o Nara e o chão. Ele entra em alguma área iluminada após uma árvore torta, não demoro a atravessar também e lá está ele, fingindo levantar do tronco de madeira. Esperto. Prefiro ser a primeira a falar algo.

— Olá Shikamaru Nara. – cumprimento repuxando meus lábios em um sorriso astuto, para ele sentir que eu sei quem ele é.

— Senhora.

— Temari.

— Trouxe os papéis.

— Ok, Nara. – bato as palmas uma contra a outra. – Temos trabalho a frente, certo?

 Shikamaru anda com a papelada estendida para mim. Ele expira confiança e persistência, como se finalmente tivesse chegado nos dias de glória após tanta luta. Suspeito que não fui a única que foi ignorada, o Nara provou do mesmo olhar e respostas que eu. Sabia que um dia Rikudou enviaria alguém para provar que minhas suspeitas estavam certas, alguém que mesmo depois de tudo não me visse como uma louca. Sei que posso confiar nele, as lembranças da humana é a minha principal base dessa confiança, ela o conhece bem demais. Agora eu o conheço bem demais.

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“Eu não procuro pelo problema

Mas o problema procura por mim

E está à espera em todos dos cantos”

Trouble – Neon Jungle

 

 NARUTO

 

O meu plano é infalível, irei seguir ela para conhecê-la melhor e saberei exatamente como conquistá-la. Só preciso dela por causa do acordo, por mim não casava. Meus casamentos são horríveis e traumatizantes demais, não quero outros assim. Elas são mimadas demais, pede cada coisa e não gostam de mim, gostam do poder que posso oferecer; sem falar que tramam contra o próprio marido e o próprio povo em prol de suas ambições. Queria alguém que me completasse como mamãe completa o velho, alguém a quem confiar.

O grande Minato foi ajudar uma família humana e acabou preso aqui, isso culminou no meu mandado precoce na adolescência. Há uma grande diferença entre gostar de lutar como um guerreiro adulto e governar toda uma legião e clã com dezessete anos. Finalmente poderei viver a vida que perdi há muito tempo. 

 Transformo-me numa pequena raposa com coloração alaranjada, faz anos que não faço isso. Sentia falta de correr pela floresta, sentir o vento vir de encontro ao meu rosto em uma velocidade absurda, audição apurada e visão noturna; isso fez falta. Vivia preso dentro do castelo, refém do poder. Somente mamãe me apoiava e amava. Achava que quando fosse imperador Uzumaki seria amado, respeitado e admirado; só recebi traição, motim e ódio. Fui ingênuo, principalmente quando pensei que receberia amor de um casamento arranjado. Não é porque alguns conseguiram isso que todos irão conseguir. 

 Emerjo na cidade humana; gravei o caminho até a casa dela. Essa hora ela está voltando da casa das amigas. Ela costuma sempre ir à casa das amigas após sair da escola, essas novas escolas são muito estranhas. Na minha época meninos e meninas não podiam nem dividir a mesma sala por cinco minutos sozinhos. Entro no beco que leva para a entrada da farmácia e da casa dela. A podridão afeta o meu olfato, na forma humana nem chega a incomodar, no entanto, neste instante o meu olfato está mais do que apurado.

Salto para o lado, pelo menos meu reflexo está bom. O grupo de cachorros se aproxima rosnando. Empino as costas e mostrou os dentes, em um claro aviso para não se aproximarem. Só que isso os atiça mais. Muita coisa mudou e não é só na vida dos humanos. Antigamente eles atacavam um por vez, mas esses não são assim. Oito contra um, injusto. Esquivo dos dentes de um, que seria fatal, e sou mordido na calda por outro. Esgueirando entre as mordidas e ataques, me defendo e retribuo o ataque. Não posso ser mordido em lugar fatal, quando voltar a forma humana a cicatrização vira uma mancha no meu corpo e ao voltar para a forma de raposa a cicatrização continua do ponto que parou; é algo extremamente doloroso.

Mordo o pescoço do maior deles enquanto sou mordido na pata travesseira, puxo com violência o pescoço dele. O animal sai cabisbaixo, mas os outros persistem em me atacar. Sinto as mordidas pelo corpo e o sangue escorrendo. A chuva cai sobre nós como um dilúvio. De onde surgiu essa chuva? O tempo só estava nublado e frio.

Quando quase perco o meu olho em uma mordida, é o instante que percebo que terei que agir. Não tem como fugir, infelizmente terei que matá-los. Escancaro a boca para morder o menor, que cisma em morder minhas patas traseiras e qualquer coisa ao redor. Estou em desvantagem e com dor por todo o corpo. Sair do plano astral dos deuses requer muita energia e poder. Mas já estive em situações piores que essa. Avanço na orelha do menor deles e jogo-o para longe, o maior deles que sobrou morde a minha orelha. Divido-me para atacá-los nas patas traseiras e me defender. Quando estou pronto para partir para a matança, é o momento ao qual ela chega. Alguns se afastam com os gritos da garota e a madeira que ela vem agitando em nossa direção.

Respirando pesado fracasso contra a luta com o cansaço, a chuva torrencial me impediu de ouvir o que ela dizia. A criatura mais formosa que já vi agacha ao meu lado, entre o cheiro de ferro, fedor e chuva. O vento da chuva traz consigo um aroma suave que me faz ceder ao sono.

 

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 Acordo e apago por horas a fio, parece que não durmo há milênios. O que me traz de volta são os dedos finos que fazem carinho na minha nuca. Até que um carinho e um sinal de empatia cai bem agora. Estou exausto, esses cachorros de hoje em dia devem tomar muita vitamina para serem tão fortes assim.

Levanto a cabeça para encarar o ser que possui os dedos calorosos e macios. O tom perolado de seus olhos denuncia sua identidade, Hinata Hyuga, e o fato de tê-la visto antes contribui para diferenciá-la da irmã. Algo que não ficou óbvio chama a minha atenção, isso são peitos? Que idade essa garota tem? Toda essa abundância some ao ver o seu olhar para mim, que tipo de dádiva divina ela é? A princesa Hyuga tem uma beleza estonteante, não há como negar, mas a pureza em seu olhar é a sua maior beleza. Nunca tinha visto os famosos olhos dos Hyuga com ar de carinho e bondade; era sempre ódio, desprezo e frieza. A princesa possui olhos que me lembram um dia de outono refrescante.

— Está tudo bem agora, amiguinho. – cheiro seu dedo.

 Hinata Hyuga tem cheiro de flores, uma explosão de flores. É como se ela tivesse roubado o cheiro suave de cada flor que tocou ao longo de sua vida. É um odor vicioso, esfrego meu nariz em seu corpo. Que explosão de odores magníficos. A risada dela é uma melodia calma e suave do inverno. Acho que a reconheceria até de longe depois dessa primeira fungada.

— Mãe, ele acordou. 

 Começo a esfregar o focinho em sua mão, para descobrir quantas e quais flores ela tocou em toda sua vida. Protesto quando ela afasta a mão, foi divertido tentar me reconectar com a minha versão mais jovem que vivia para descobrir a criação e os humanos. Ao sentir suas pequenas mãos envolvendo o meu corpo me acalmo, aninho em seu corpo. Há certo calor de primavera sendo exalado dela. Minha boca por pouco não escancara ao ver Lady Hyuga entrando na sala. Agora entendo todo esse amor dele por ela, essa mulher é como uma floresta! Para humanos o que chama a atenção em nelas é a beleza, mas com os sentidos aguçados fico imerso nos odores naturais delas. Sua filha é uma bela flor desabrochando, diria mil flores desabrochando em um vasto campo, e ela uma floresta gigantesca. Fui informado que são três na casa, procuro a menor.

— Deixe-me vê-lo. – suas mãos não conseguem ser mais suaves que as da filha, mas são macias.

— O que é isso? Um gato? Tadinho, o ataque foi tanto que ele ficou feio. – a mais nova delas, já que a voz é diferente das outras duas só posso deduzir isso, diz logo atrás da mãe.

O ódio acabou de ser plantado, cultivado e colhido

 Procuro a criatura intemente que disse isso. Lá está, uma cópia da mãe, mas com traços do pai. Das três o seu odor é o mais diferente, alecrim, enquanto a mãe e a irmã tem cheiro de flores e de floresta na primavera. Aposto que puxou o pai além da aparência.

— Ele deve estar sentindo muita dor. – a voz da maior soa preocupada.

Não, só raiva mesmo. – encaro o pequeno ser maligno. – Eu sou uma raposa! Não a merda de um gato, favor não confundir.

— Mãe, esse animal está me olhando com raiva.

— Hanabi! – a princesa a repreende.

— Mas é verdade! – aquilo aponta para mim. – Repara.

 Cheiro os dedos da princesa, o mal escara a boca. A risada dela é muito boa de ouvir, doce melodia das flores. Meu corpo contrai ao sentir o líquido gelado deslizar pelas minhas patas. Lady Hyuga está passando algodão com algum tipo de líquido incolor. Protesto, isso arde. A criatura põe algum tipo de brinquedo e fica miando. Ela está de putaria com a minha cara? Tento jogar o brinquedo no chão.

— Viu, ele está amando brincar com você. 

Vou brincar de revidar tudo isso.

 Prendo o grito e lanço um olhar para a Lady. O remédio que ela está passando arde sem parar, parece brasa sendo colocada em uma água fria. Contorço-me, no entanto, as duas donzelas prendem-me contra o sofá enquanto Lady Hyuga trata-me. Sou agradecido, não minto ou omito, mas isso tá doente pra cacete.

Meus pensamentos procuram outra coisa para focar, sem ser a dor nojenta. Elas são diferentes das pessoas que conheci, as raposas nunca tiveram tal ato, bondade, dirigido a elas. Sempre tratadas como a escória da floresta e todos desconfiando a cada segundo, é bom receber empatia. Respiro aliviado quando ela acaba, reparo que a parte em que ela fez curativo não tem pelo. Aproximo a cabeça descrente com o que essa mulher fez. Ela cortou meu pelinho macio e laranja avermelhado, eu estou careca!

— Não, não pode lamber isso.

 Sinto Kurama acorda. E lá vamos nós, já devem ter passado quatro dias desde que saímos do plano dos deuses. Passei um dia apagado? Mais de um dia? Apanhei tanto assim? Que tipo de cachorros eram esses?

Sinto minha força voltar aos poucos. Já, já Kurama aparece falando que fiz merda. O demônio de nove-caudas dorme metade do tempo e o resto conversa comigo. Na guerra era bastante presente, liberava Kurama frequentemente e ele nunca foi tão feliz quanto ao caçar os filhos de Hamura. Ele tinha muita raiva dos deuses e humanos, sentia-se usado. Quando percebi isso, tratei de mudar a concepção para os fatos reais. O odio pelos filhos de Hamura veio séculos mais tarde. Com o tempo desenvolvemos uma amizade e depois viramos gêmeos siameses. Prevejo muitos xingamentos da raposa velha. Ele ama os seus preciosos pelos.

 Sou pegado no colo e levado pela casa, é bem simples; uma casa com três quartos, uma sala com cozinha americana e uma porta de saída. O que me chama a atenção está nas paredes, acho que o velho ficaria louco e babão ao ver as fotos na parede. Tem fotos delas desde pequenas e algumas têm uma loira e uma rosada ao lado da menininha de olhos perolados. Então quer dizer que elas são amigas há muito tempo, bom saber. Irei sondar bastante esse lado, para Sasuke e Gaara.

Entramos em seu quarto, que é em tons de branco e lilás. É tudo muito feminino, na parede há mais fotos, só que recentes. Tem uma foto em questão que mataria tanto Gaara quanto Sasuke, elas estão de costas somente com aquela roupa de banho que parece roupa íntima. Qual é o nome mesmo? Riquini? Bikuri? Não, biquini. Ah, o que eu não daria pra ver a reação deles ao ver essa foto. Uma foto em questão chama minha atenção. Ela está vestindo branco, a coroa de flores em sua cabeça lhe dá um ar majestoso e tudo na foto transpira realeza e bondade. Puta que pariu, essa garota é bonita até sem maquiagem.

Sou posto em cima da cama, ela curva e puxa algo debaixo da cama. Minha boca escancara ao ver uma outra cama surgir. Pulo na cama de baixo, que legal! Estou endoidando com as novidades dos humanos.

— Você gostou? – Hinata diz entre risos. – Fico feliz, porque você vai dormir ai.

 Melhor notícia em muito tempo, uma cama secreta só minha. O colchão é tão macio que parece que estou sendo engolido por um bolo enorme. Deito de barriga para cima, é suave e quente. O teto brilha quando ela desliga a luz, pequenas estrelas e planetas viram vagalumes em meio a escuridão. Levanto da cama com os machucados latejam, ela está quieta há muito tempo.

Ei, coisinha pequena, você já vai dormir? — cheiro seu rosto.

— Amigão, está na hora de dormir. – lambo sua bochecha. – Também não está com sono?

Nem um pouco.

— Que tal – o quarto é iluminado por uma luz fraca. – ver TV? 

 Sou puxado para a cama, antes estava a poucos centímetros abaixo do colchão dela. Aconchego contra o seu torax. Aparentemente a princesa curte documentários, travo ao ver minha estátua. Eles explicam alguns de meus atos e como sou visto, isso é melhor do que as informações dos livros. Sou dito como um deus galinha, que teve inúmeros semideuses. Eles citam cinco das maiores mulheres com quem já dormi e cinco dos meus filhos. Pelo que lembre eu só tive um filho e duas mulheres humanas.

Calma princesa, não sou tão galinha assim. – soo sem graça.

 O grande Naruto Uzumaki lutando nas batalhas da floresta da morte e da Noite estrelada – as melhores –, ganhamos de lavadas deles. Citam alguns de meus atos com os humanos, os mais memoráveis tais como o do país do chá. Lutei contra o demônio Zabuza Momoshi e seu escudeiro Haku para defender o povo do seu chefe que fazia pacto com demônios, os libertei e fiz deles meus guerreiros.  A busca pelo Ero-sennin e os nove atos para Rikudou. O homem descreve minha luta com Gaara, só dei uns tapas na cara dele para ele deixar de drama e se situar, e com Sasuke, desde o primórdio do tempo o Uchiha é dramático e faz um fusoe desnecessário – miss dramático. Por fim eles descrevem a minha luta com o Nagato e o corpo do semideus Yahiko. Meu primo estava mal, os Otsutsuki o manipularam de tal forma que até usar o corpo do melhor amigo, ele usou. A luta ficou entre Nagato e eu, e ninguém mais conseguiu se aproximar dele. A luta durou dias a fio, Kurama conseguiu se libertar, naquela época não éramos como hoje. Konan foi quem nos ajudou, ela achou o local em que ele estava. Foi fácil encontrá-lo, convencê-lo que foi manipulado foi o oposto. No fim, Nagato usou tanto o seu poder que ficou em um tipo de coma, igual à mãe do Gaara. Ergo a cabeça para vê-la.

Está vendo o homem com quem irá se casar? — Hinata sorri. – Sou incrível, né?

— Você está gostando? Isso é bom, eu amo ver sobre a religião dos deuses de Rikudou.

Iremos nos dar muito bem. – dizemos ao mesmo tempo.

 Isso é bom, muito bom. Ela já conhece em parte sobre o seu povo. Apoio à cabeça em sua barriga. O deus que eles dizem agora é o do dela, clã Hyuga. Ah, eu amo ouvir sobre como esses filhos de Hamura chegaram ao poder. Eles começam pelo princípio, o primeiro Hyuga em meio ao nosso mundo. Por ser fruto de um relacionamento fora do casamento, o poderoso primeiro Hyuga foi deixado dentro da montanha de Anly, esposa de Rikudou, pela mãe. Infelizmente a mãe dele morreu esquartejada pelo seu noivo, esse povo ainda quer ser deuses – amadores

 Ele foi encontrado por uma servente e cresceu como um de nós. Quando adulto, Rikudou, já idoso e sem o irmão, fez um acordo com o descendente de seu irmão. Assim a família principal dos Otsutsuki veio e teve um casamento entre o primeiro Hyuga e a filha mais velha daquela família. Não os vemos como filhos de Hamura, Rikudou o via como um dos seus, como iríamos contra o nosso senhor salvador? Os velhos fizeram isso para tentar evitar a guerra, mas eles realmente querem poder. Tanto que passaram por cima de um deles. Lady Hyuga foi uma vítima do próprio povo. 

 Lambo o braço dela. Hinata era uma criança quando eles jogaram a maldição junto com a Nohara. Ia crescer em uma prisão, com zero experiência de vida. Sua mão faz um cafuné no meu pescoço.

— Eles tem uma história diferente, certo? Gostou? 

  Imagino se ela teria essa áurea e jeito se tivesse crescido lá. Não, ela seria como Ino – fragmentada. De repente se Hinata estivesse lá, Ino não teria feito o que fez. Rikudou deu a ela uma segunda chance e parece que a Yamanaka realmente está vivendo o oposto da vida que levava. Todos foram quebrados de certa forma. Mesmo sendo assustador e ter um ar ameaçador, Hiashi não merecia passar pela dor de perder três dos seus maiores amores. Estou pensando seriamente em ajudá-lo a reconquistar a esposa e refazer a vida.

Solto um pequeno gemido para não preocupá-la, estou com dor na pata travesseira. Fecho os olhos e rogo a Rikudou que não me traga nenhum sonho.

 

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— Naruto! – sua voz soa ao meu redor.

 Procuro Iruka pela floresta. Eles atacaram em um dos meus pontos fracos. Deveria ter ouvido Sasuke, agora Iruka não estaria sendo mantido como refém. A culpa é inteiramente minha. Eu entendi o recado deles, para que pegar o Iruka? Ele é só um homem inocente.

Afasto o galho para o lado. Meu mundo desaba em questão de segundos com o que encontro. Ele é como meu pai, eu o amo como tal, eu o vejo como tal. Meu segundo pai está com a barriga aberta com as tripas para fora enquanto o corpo de nove raposas o cercam. Há uma mensagem escrita com seus órgãos: Abdique. Ando aos tropeços em direção a ele, caio de joelho ao lado do homem que me criou.

— Iruka. – abraço seu corpo sangrento.

 A culpa é minha. Não deveria ter sido tão complacente com alguns lordes. Eles fizeram tanta coisa e eu aguentei calado, forçaram ao limite. Mas isso? Isso é inadmissível, isso requer devolução e castigo. Não serei burro novamente, não irei abaixar a cabeça. Eles irão sentir a minha fúria.

— Garoto, calma.

— Eu entendi Kurama, eu finalmente entendi.

— É um sonho.

 

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Acordo sobressaltado. O som ecoa pelo quarto todo, irritando meus ouvidos sensíveis. Sonho, sonho, sonho. O barulho irritante me lembra a todo instante que sonhei com uma lembrança.

— Calma. – sua mão faz carinhos em minha temporã. – É só o alarme.

 Sou posto para o lado enquanto ela levanta da cama. Seu cabelo cai como um manto em tom escuro em suas costas brancas como leite, que contraste. O som cessa quando Hinata bate no pequeno relógio ao lado da cama. Alarme, vasculho nas lembranças. Som, toca na hora em que programamos e diz que horas é. Espreguiço, meu corpo todo dói. Parece que fui chutado. Princesa faz um último carinho antes de levantar da cama. Observo tudo que ela faz. Tira o uniforme de dentro do guarda-roupa, puxa a mochila lilás de baixo de uma prateleira e sai de fininho. 

Futura esposa?

 Salto para o lado. Filho da puta, nem para avisar. Balanço o corpo, agora mesmo que não irei dormir. Preciso dar um jeito de sair e ter ajuda.

— Sim. – respondo Kurama.

Não é jovem demais para você?

— Voltei a ter dezessete. – faço um resumo de tudo que ele perdeu nos últimos anos, algo que já me acostumei em fazer.

Que merda ein.

— Eu sei, já tinha me enquadrado.

Essa é a Hyuga? Ou estou inconsciente há tanto tempo que você já arranjou outro casamento como aliança?

— Engraçadinho, é a Hyuga. – solto uma risada. – Você só ficou quase nove anos apagado, perdeu até a nossa gloriosa libertação.

— Mãe! – o mal realmente desperta cedo. – O bichano está fazendo um barulho estranho.

Gostei dela, quem é? O filhote menor do Hyuga?

— A Kaguya em pessoa.

 Lady Hyuga entra no quarto com a caixa preta em mãos. Subjugo a vontade de sair correndo.

— Ih lá vamos nós.

Como assim?

 Hideaki senta na cama e tira inúmeras coisas para tratar de mim. Hinata entra carregando uma garrafa, ela senta perto de mim e me segura delicadamente. Decido traçar um plano para ignorar essa parte dolorosa. Essa é a única forma de ignorar a dor. Um deus não deve sentir dor nesse plano. Solto um tipo de grito, tá ardendo mulher! Que não deve o que, essa mulher está quase me fazendo chorar como um recém-nascido.

 Pensa em outra coisa, pensa em outra coisa. Mesmo sendo difícil devido ao fato de Kurama berrar bastante palavrões da idade média e surtar por ter perdido pelo em uma região. Vou mandar uma mensagem para o Sasuke e encontrá-lo, tenho gravado na cabeça os locais perto daqui que leva até o nosso condomínio. Tem uma praça a poucas quadras daqui. 

E quanto a elas?

— Como assim?

Elas vão estranhar a falta da raposa.

— Mas elas vão à escola.

E a Lady? Também estuda?

— Não tinha pensado nisso.

— Mãe, ele está sentindo dor. – sua voz sai angustiada.

— Ele vai sentir dor nessa primeira semana meu anjo. – ótima notícia, mais dor.

Elas são idênticas, até a voz. – Kurama ri. – Parece você e eu.

— Isso! – a ideia surge com essas simples palavras. 

Não. – Kurama capitula a ideia.

— Por favor.

Por quê?

— É importante. Meu plano vai ruir se você não aceitar.

Não.

— Kurama. – começo a usar o tom manhoso.

Não.

— O Kurama, por favor!

Não.

— Vou ficar repetindo: O kurama, por favor. Até você aceitar.

Tudo bem.

 Meu plano é fácil e bom, tudo dará certo. Terei que usar a escada que tem do lado da casa na volta, por hora irei pular a janela do quarto dela. A dor cessa um pouco, volto a prestar atenção ao que acontece ao redor. 

— Eu vou para escola, mas volto antes de você acordar. – Hinata acaricia minha cabeça. – Vou tomar banho e já venho me despedir de você.

 Vou aproveitar essa deixa para ir atrás do Sasuke. Espero-a sair, uso a audição para ver a situação. O mal está reclamando na cabeça da mãe na cozinha e a princesa acabou de entrar no banheiro e trancar a porta. Agora. Volto a forma humana, obrigado horário escolar. Kurama materializa na forma de uma raposa, com curativo igualzinho, na cama.

— Seja amável com ela.

Você fala como se eu fosse um demônio mal educado.

— Mas você não é?

Demônio sim, mal educado não.

 Balanço a cabeça. Mal educado não, diz a coisa que se pudesse me dava um pescotapa e xinga metade da minha corte. Devo lembrar Kurama da vez que xingou o conselheiro Iruka? Acho melhor não, estou pedindo um favor. Encosto na janela e surpreendo-me, a escada fica ao lado da sua janela. Isso não é perigoso? Alguém pode subir de noite, vou manter a atenção redobrada. Desço a escada na ponta dos pés. Preciso achar Sasuke urgentemente. Tateio a roupa atrás do celular, puxo do bolso o objeto azul claro. Desbloqueio e mando a mensagem para o Sasuke me encontrar no parquinho aqui perto. 

 Saio do lado da farmácia, as lojas estão abrindo aos poucos. O cheiro de pão fresco faz minha barriga roncar, a padaria fica na esquina que terei que passar. Tiro um pouco de dinheiro do meu bolso, irei comprar algo para comer. Espero que o ônibus passe para atravessar. Não há muito movimento na padaria, peço meu pão com queijo. Batuco no balcão enquanto espero. O celular vibra somente uma vez, puxou-o e vejo a mensagem. Sasuke confirma e diz que está indo para o local. Pego o pão e pago as pressas. Pelo menos uma vez quero chegar antes dele.

 Divido entre correr e comer, sigo animado para o local. Por que parece que corro e corro e nunca chego? Ansiedade, só pode. Não tenho um plano concreto na cabeça. Me infiltrar tão rápido na casa delas não estava no plano. O começo do plano do Gaara e o meu é igual, a diferença começa após conquistar. Gaara planeja se vingar da dor que Ino causou a ele, eu planejo viver pacificamente com ela. Reformulando o plano todo, terei que conquistá-la na escola e ver se estou progredindo na casa dela. Ainda preciso criar outro plano para ajudar o velho, sou um ser caridoso com velhos sociopatas.

Corro como um louco por mais uma quadra até chegar na praça. Sasuke está sentado no balanço, mais uma vez perdi. Não demorei a chegar aqui após sua confirmação.

— Como você sempre chega primeiro estando longe?

— Sombras. – sento ao seu lado.

— Como vai o seu plano de vingança?

— Bem, por quê?

— O meu também está indo bem, obrigado por perguntar Sasuke. – sorrio para ele.

— Olhar ela de longe não é estar indo bem.

— Idiota, eu me infiltrei na casa dela.

— Aé? – Sasuke encara as pessoas passando pela rua. – Como?

— Por sorte do destino. Fui atacado por um grupo de cachorros do lado da casa dela, como Rikudou me ama, ela... – coço o pescoço desconfortável com a bronca que ele ira dar. – Me salvou, ela me salvou dos cachorros.

— Já te falei sobre a ordem da natureza.

— Não vou atacar cachorros inocentes.

— Assim como não atacou a corte e depois eles voltam sedentos por sangue, os cachorros irão fazer o mesmo e você não terá nenhuma Hyuga para salvá-la e não poderá.

— Continuando. – interrompo-o antes dele continuar, não quero lembrar disso. – Estou disfarçado de raposa na casa delas, como estou machucado tudo veio a calhar.

— Elas não vão achar suspeito a raposa machucada sumir do nada?

— Kurama está no meu lugar e elas na escola e no trabalho.

— Kurama deve estar odiando.

— Cuido disso depois. – sorrio sem graça. – Sasuke, quer fazer um favor pra mim?

— Depende.

— Do que?

— Irá cuidar desses cachorros?

— Sim. – respondo sem alternativas, vou arranjar lares adoráveis para eles.

— Volta. – sua cabeça indica a direção ao qual eu vim. – Até daqui a trinta minutos tudo estará resolvido. 

— Obrigado. – meus braços são abaixados antes mesmo que consiga se erguer para abraça-lo.

— Daqui a quatro dias começamos na escola, você vai ter que ir.

— Como?

— Deixa Kurama e vai comigo pelas sombras. – tento novamente abraçar Sasuke.

— Obrigado mozão.

— Sai coisa. – Sasuke fica me empurrando com os braços e afastando a cabeça.

— Você vai ser o padrinho dessa vez.

— Casa mais do que o seu avô.

— Deixa o velho tarado ouvir isso. – paro de irritar Sasuke, meu hobbie favorito.

— Todo dia, após elas saírem, estarei esperando-o no beco que tem a escada.

 Levanto da cadeira de concreto. Sasuke realmente é um bom amigo, só as vezes que ele faz merda e leva porrada por isso. Mas amigos são para isso, sempre francos um com o outro. Quando estou quase saindo do parquinho o ouço me chamar, ele tenta soar neutro. Sorrio de lado, ele vai ter aquele momento protetor que ele nega ter.

— Naruto! – olho sobre o ombro para ele. – Toma cuidado e seja cauteloso. 

— Tudo bem, mãe, vou ter cuidado.

— Depois apanha e pergunta o porquê.

— Também te amo Sasuke. – saio rindo.

 Corro de volta para o caminho que vim, vou usar esse tempo para descansar e acumular o máximo de poder que conseguir ao lado de Kurama. Não foram os cachorros que esgotaram os meus poderes, foi a vinda. Todos estão, no mínimo, usando somente o básico até agora. Com a vinda de Kurama ficar em 100% será fácil. Somos mais forte quando trabalhamos juntos.

Hinata vira a esquina da padaria acompanhada do mal. Escondo-me no primeiro beco que vejo. Espera, ela nunca me viu na forma humana. Bato na testa e volto para a rua, passo ao seu lado tranquilamente. Nem uma olhada! Como alguém não dá uma olhada nessa belezura aqui? Sorrio de lado, os "galãs" da corte terão problemas com ela.

 A volta é mais rápida que a ida. Com um movimento do dedo, a escada desce, subo pulando um degrau, a escada sobe logo atrás. Dá para fazer coisas pequenas como essa e não gastar o poder. Abro a janela, Kurama dorme na cama. Cutuco a sua barriga. O cheiro gostoso que paira no quarto é tentador.

— Preguiça.

Estava tendo um sonho ótimo.

— Você não sonha.

Comer a cabeça do pessoal de Hamura para o meu ser divino parece um sonho.

— Que maligno. – solto uma risada baixa. – Vamos. Volta, preciso virar raposa.

A mulher veio aqui, a Lady. – arregalo os olhos. – Faz alguns minutos.

 Transformo-me em raposa rapidamente. Kurama salta da cama e para na minha frente. Precisamos urgentemente de um aviso para quando isso acontecer. Penso em vários e o mais prático ganha.

— Sempre que alguma delas estiver aqui, você tranca a janela e trava a escada ao lado da casa quando eu tentar puxá-la.

Eu não sou um ser onipresente. – bufo. – Ok, eu sou. Tem quantas delas? Parece ter somente uma de tão parecidas.

— Três e uma me chamou de gato.

Ficou para morrer?

— Claro que não. 

Não?

— Não, ela só não soube distinguir um animal, esplêndido e majestoso, de um ser maligno como ela.

Percebi

 Rindo, Kurama vira uma fumaça laranja que envolve-me e entra dentro de mim. Isso foi somente uma materialização pequena do real tamanho de Kurama, a verdadeira vive dentro de mim como uma parte do meu ser. Há muito tempo que Kurama está livre, mas esse ser se acostumou comigo, assim como eu me acostumei ao seu jeito maluco. Ele disse que não vê motivos para sair de dentro de mim, já que ambos saímos ganhando. Ambos amam a companhia um do outro e mantemos um equilíbrio na nossa vida.

Tento pular para cama, mas a dor não deixa. Sigo para perto das vasilhas no chão. Cheiro a carne, cheirosa, é daqui o cheiro bom. Diria que foi preparada a pouco tempo. Mordo com cuidado, macia e saborosa. Mais uma coisa para a lista mental de coisas em que elas são boas: Fazer carne. Devoro tudo rapidamente. Ainda não estou completamente satisfeito, mas dá para o gasto. Deito no chão e fecho os olhos. Espero que ela leve bastante tempo na escola, ontem quase não dormi devido às dores e o documentário. Com Kurama facilita as coisas para mim, porque posso dormir e ela fica acordada no meu lugar. Faz anos que deixei ela assumir o meu corpo às vezes.

Sou erguido facilmente, desperto grogue, ainda estou com sono. Sou posto gentilmente na cama, vou dar uma cochilada rapidinho. Desejo ser como Kurama e não ter sonhos; seria bem mais fácil do que reviver as guerras e as pessoas que já matei. Volto a ser erguido, dessa vez acordando sem sono. Hinata está me segurando em sua frente, ela checa algo. Seu sorriso é de puro alívio. 

— Você me assustou amiguinho, achei que tinha morrido. – seu nariz esfrega em minha cabeça. – Você dorme muito.

 Peguei essa mania da Kurama. Agora se acalme, mulher, que ainda estou acordando. A risada dela me desperta, devo estar parecendo dopado. Esse ser é dona de uma risada gostosa de ouvir. A bondade dela, aparência e sorriso estão encantando-me lentamente. Quero facilitar as coisas para o primeiro dia de aula, pular para a parte em que começamos a nos beijar como loucos sedentos.

Sinta-se atraída por mim, sinta-se atraída por mim, sinta-se atraída por mim. – minhas patas descem e sobem, batendo gentilmente em seu braço. Os humanos chamam isso de cocriação, quando você repete muitas vezes algo positivo para acontecer em sua vida. Vai que rola, né.

— Mãe, eu acho que ele está passando mal. – Hinata corre comigo até a sala.

O que? – Hideaki e eu dizemos ao mesmo tempo.

— Ele está fazendo um barulho estranho. 

Não mulher, estou cocriando.

 - Deixa eu ver. – de maneira minuciosa ela olha todo o meu corpo. – Deve ter algum machucado nessa área que eu não vi.

 Sou posto gentilmente no sofá. Não acredito que minha tentativa de cocriação deu nisso. Guincho ao sentir uma dor enorme perto da pata superior direita. Hinata faz carinho no meu pescoço, a onda de alívio é arrebatadora. Que tipo de poder de Rikudou é esse? Procuro movimentar a cabeça em busca dela, e mais uma vez seu olhar e seu sorriso prendem a minha atenção.

— Está tudo bem amiguinho, vai passar logo. 

Já passou, aí está o problema.

 Deixo ser abraçado por ela. O calor de seu corpo é tão viciante quanto seus sorrisos. Como ela pode ter saído do saco do Hyuga? Parece impossível a meu ver. Assim, não tem nada além dos olhos dele. Cadê a parte assassina cruel? Ser sombrio? O ódio pela sociedade e interações sociais? Ter cara de cu?

Encaro a TV, passa a novela das nove. Obrigado humano por ser um leque e me dar informações de coisas que parecem bobas. O barulho na cozinha chama a atenção das duas, que saem correndo. Ouço-as brigando com Hanabi, mandando-a sair da cozinha. Por favor, que não venha para cá. Infelizmente a criatura vem e encara-me com os olhos cerrados. Nossa troca de olhares pode gerar uma bomba atômica.

— Você sabe que não me engana, né?

Sei, mas engano a sua família facilmente.

— Vou provar que você é um ser maligno.

 As trevas cutuca a ponta da minha orelha, solto um grunhido baixo. É um aviso claro para ela parar, mas essa demônia não para. Aproximo de sua mão com as costas envergadas e os dentes amostra, só esse ato dói. 

— Mãe, esse animal quer me atacar! – a demônia grita manhosa.

 Rapidamente finjo estar calmo, ouço as duas entrando no cômodo na hora. Pague de louca, pequeno monstro.

— Querida, ele está quieto.

— Não mãe, essa criatura do mal realmente tentou me atacar.

— Hanabi! – um belo contraste o Hyuga e a sua esposa fizeram. 

Aquela coisa ali é filha dele, a princesa não. Aquilo não nomeado parece até ter sido feita somente por ele.

— Esse animal é maligno.

— Tadinho do Naruto. – Hinata me pega no colo, com todo respeito me aconchego nela.

— Naruto? Vocês já deram nome pra essa coisa?

— Eu achei a coleira dele hoje, infelizmente só tá escrito que ele é uma raposa e seu nome é Naruto. 

 Sasuke foi rápido, devo admitir que ele está melhorando nesse quesito de se adaptar e agir rápido aqui. Não nega que é um bom guerreiro calculista.

— Temos que providenciar papéis e espalhar pela cidade. 

— Irei. – lady Hyuga levanta. – E você deixe de cismar com esse pobre animal.

— Se eu parar vocês fazem os papéis?

— Sim. – Hinata soa triste.

— Negócio fechado.

 A princesa respira fundo e sai da sala dizendo que logo a comida estará pronta. Essa criaturazinha das trevas está deixando-a abatida. Sua mão faz carinho na minha cabeça, enquanto ela repete que tudo ficará bem. Essa garota é a segunda pessoa a me dizer isso, mamãe dizia que tudo ficaria bem quando algum ramo tentava me derrubar, quando minhas esposas me tratavam somente como um meio para o poder, quando sentia medo de não ser um bom imperador e quando sentia saudades de papai e Iruka. Pela primeira vez sinto que alguém, além de mamãe e meus amigos, se importa com o que sinto e comigo, Naruto, e não o imperador Uzumaki. Acho que me darei bem com ela quando casarmos, retribuirei tudo que está fazendo por mim e tenho ciência que ela irá fazer o mesmo.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha gostado



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