De volta para você escrita por Bhabie


Capítulo 22
Capítulo 21 - Lista de prioridades, bancos de praças e...alguma esperança?


Notas iniciais do capítulo

Queria agradecer a Ana, que betou esse capítulo para mim e espero que bete outros mais. Obrigada, Ana!

Boa leitura :)



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PDV Edward

 

Bati rapidamente três vezes com o nó do meu dedo na porta já entreaberta do quarto de Kate.

— Kate?

Minha prima olhou sobre o ombro assustada, estava na entrada do closet, de costas para a porta.

— Pode entrar, Edward.

Sentei-me na beirada da cama, rígido.

— Então, o que foi, Dimitri empurrou Noah de novo? – Ela continuava de costas para mim, arrumando as roupas nos cabides.

— Eu já sei de tudo, Kate. – Suas costas ficaram tensas, mas Kate não se virou para mim.

— De tudo o que?

Ri sarcasticamente.

— Não se faça de idiota, acabei de voltar da casa de Isabella. Ela me contou tudo. Eu sei que Noah e Dimitri são meus filhos.

Ela tentou voltar a organizar as roupas, como se aquela conversa não a abalasse, mas seus movimentos eram apreensivos, duros.

— Fico feliz que agora saiba de tudo, finalmente não preciso esconder mais nada de você.

— Bom, já que está reagindo tão bem, aqui vai mais outra informação: Bella e eu vamos entrar para pedir a guarda dos meninos. Quer dizer, ela já pediu, e acredito que já saiba disso. Só queria que ficasse a par da minha entrada nessa luta também.

— Não! – Katrina finalmente se virou. Pânico percorria seus olhos – Não pode ficar contra mim nisso, Ed. Nós somos uma família!

— Katrina, eles são meus filhos.

— Eles são meus filhos! Faça-me o favor, Edward, você nunca quis crianças! Sempre disse isso com todas as letras! Não os tire de mim, eu e Garrett os amamos. Amamos mais do que você e Isabella seriam capaz de amar.

Balancei minha cabeça em negação para toda aquela besteira.

— Eu nunca imaginei que você fosse fazer algo assim comigo. Eu sempre confinei em você. São meus filhos, Kate, você não pode controlar ou mudar isso. Eu nunca te perdoarei.

— Edward, foi ela quem não os quis! Eu sempre os quis mais que Bella! Eu apenas dei a essas crianças o que elas nunca teriam. Imagine se nascessem de uma família pobre, com uma avó problemática que abandonou os filhos, um tio obeso e ainda por cima, de uma mãe solteira!

— Isso foi culpa sua também.

— O que?

— Por que mentiu para Bella dizendo que eu a tinha esquecido e que já estava com outra? Por que, Kate?

Kate desmanchou o sorriso irônico que carregava.

— Eu sei o porquê – continuei quando ela não me respondeu – Foi porque você sabia que Bella triste e sozinha era muito mais fácil de manipular. Você tinha medo de nós juntos porque sabia o quanto podíamos ser fortes. Você sabia que eu nunca a abandonaria. E pra falar a verdade, bom, ela também nunca me abandonaria, pelo menos, não se estivesse tomando as decisões por conta própria, se não estivessem sendo manipuladas por você!

— Mas, Edward, ela te deixou de qualquer jeito! Não confie nessa mulher, ela só está te usando para chegar até os meninos!

— Só vim te informar isso e te dar outro aviso: Você tem até amanhã para contar aos meninos sobre toda a verdade, ou eu mesmo conto. Boa noite.

Dei as costas a uma Kate boquiaberta e bati a porta com força no momento em que ela começou a gritar algo comigo.

Logo ela contaria tudo para Garrett e então a guerra fria começaria.

Eu teria apenas que aguardar e, é claro, tirar um tempo para mim, para poder absorver com calma toda a situação.

Não conseguia mais ficar naquela casa, tudo ali me sufocava, Kate parecia uma cobra que me estrangulava aos poucos.

Então, aproveitando a noite convidativa, saí sem rumo pela cidade ainda parcialmente desconhecida para mim, levando comigo apenas as chaves e meu celular.

Andei a pé por quarteirões e mais quarteirões, chutando uma pedra o quanto pude, até perdê-la de vista.

Nada mais fazia sentido. Sempre vivi e trabalhei por mim, apenas por mim. E agora, mesmo acabando de saber que era pai de dois meninos de sete anos, já sabia toda a responsabilidade que teria que enfrentar. Minha vida ficara de cabeça para baixo em apenas uma noite.

Quando vi Bella depois de anos, o adolescente dentro de mim se revirou como antigamente, como nunca mais se revirou por ninguém, além dela. Desde o nosso reencontro, era uma meta ainda em planejamento conquistá-la novamente.

Talvez eu mesmo não tenha percebido que era esse o real objetivo do jovem dentro de mim, afinal, o Edward adulto era orgulhoso demais e magoado demais para ir atrás de quem o abandonou, e o Edward jovem se aproveitava dessa mágoa, usando a desculpa de ter que saber exatamente tudo o que aconteceu para que ele fosse descartável. Nunca foi sobre esclarecimentos, afinal.

E reconquistá-la não era mais a coisa número um em minha lista.

Não porque eu não sentisse mais atração por ela, não porque eu não gostasse mais de cada detalhe seu, mas sim porque surgira outra coisa mais importante para nós dois.

Em algum momento, minha caminhada se tornou estranhamente solitária e triste, até porque, tudo ainda estava guardado dentro de mim, não tinha para quem contar sobre as novidades, Kate fora exceção, pois sempre soube de tudo. Eu sabia que, uma hora ou outra, teria que contar aos meus irmãos, mas Rosalie não terminaria de ouvir ou só ouviria as partes que incentivariam ainda mais seu ódio por Bella, enquanto Jasper...não sabia qual seria sua reação, mas dizer algo a ele era a mesma coisa que contar a Rosalie, os dois não mantinham segredos.

Meus pais estavam fora de cogitação, fora as ligações diárias que mantinha com Carlisle para informá-lo sobre as novidades da filial ainda em construção, não tinha mais nenhum contato com eles.

Pela primeira vez em muito tempo, senti falta de um amigo.

Afinal, meus irmãos não poderiam ocupar esse posto para sempre.

Então, ainda com o vazio ecoando meu peito, mandei mensagem esperançosamente para a outra única pessoa que conhecia em primeira mão tudo o que eu estava sentindo naquele momento.

Edward: Oi.

A resposta veio depois de dois minutos.

Bella: Oi! Está melhor?

Edward: Ainda tentando assimilar tudo, mas estou lidando bem com toda a situação.

Bella: Isso é bom, fiquei preocupada achando que você poderia ter um ataque cardíaco ou algo assim hahaha

Edward: Hahaha acho que ainda sou muito novo para isso, mas suas suposições chegaram perto.

Bella: Sério, fico aliviada que esteja bem, sei que é muita coisa, mas não poderia mais ser uma cadela e te esconder isso.

Edward: Na verdade, eu ainda tenho algumas perguntas para fazer...

Edward: Podemos nos encontrar? Ou está ocupada?

Bella: Agora? Eu estou livre, mas minha casa não está vazia...

Edward: Tudo bem, eu estou na frente daquele parque perto da escola. Pode vir até aqui?

Bella: Claro! Chego em alguns minutos!

Edward: Ok J

O parque não era tão grande, Bella me encontraria fácil, então me sentei em um dos primeiros bancos que vi, de frente para um parquinho onde algumas crianças brincavam no balanço vigiadas pelos pais. Por um segundo inteiro, me imaginei na posição dos pais, observando Noah e Dimitri brincando, sempre preocupado com algum possível arranhão ou empurrão. Afastei o pensamento rapidamente, queria manter minha mente limpa por um tempo depois de tanto estresse, depois eu contemplaria melhor esse devaneio.

Como em todas as noites no Arizona, estava quente, mas dessa vez havia uma brisa gostosa que deixava o calor mais suportável, então aproveitei para curtir o clima, fechando os olhos em uma espécie de meditação.

Vinte minutos se passaram, até que senti uma presença atrás de mim. Abri os olhos e vi que Isabella estava parada me observando. Ela corou quando a notei.

— Ei – Bella me cumprimentou baixinho, finalmente se sentando ao meu lado.

— Oi. A quanto temo estava ali?

— Não muito – Admitiu ainda envergonhada, evitando meu olhar, seu cabelo cobrindo seu rosto.

Fiquei incomodado com aquilo, eu queria vê-la.

Como se lesse meus pensamentos, Bella finalmente colocou o cabelo atrás da orelha e se virou para mim com um sorriso tímido.

— Como está? – Perguntou de novo.

Suspirei.

— Sinto como se alguém tivesse roubado minha vida, minha história, como se eu não fosse mais eu.

Ela se remexeu ficando de frente para mim no banco, mudando de posição, como se em nenhuma estivesse confortável.

— Edward... eu quero pedir desculpas de novo, por tudo. Sei que já pedi antes, mas tudo isso que está acontecendo foi por minha culpa e eu nunca me perdoarei e-

— Tudo bem. Eu...eu acho que te desculpo. Eu sei que a Kate fez muita merda com você, sei que você é vítima tanto quanto eu, mas não posso deixar passar tão rápido você ter me deixado. Eu...eu fiquei na merda, Bella – Fechei meus olhos com força demais para evitar contato visual e apertei a ponte de meu nariz. Aquilo era humilhante demais para se confessar.

Bella ficou alguns instantes em silêncio, enquanto eu reunia forças para voltar a abrir os olhos.

Quando finalmente falou, me surpreendeu.

— Eu procurei por você. – Foi um sussurro, mas foi o suficiente para me fazer encará-la em choque.

— Você o que?

Ela relutou, mas finalmente nossos olhos se encontraram pela primeira vez na noite.

— Lembra que eu disse sobre o detetive particular? Então...também pedi para ele procurar por você. Isso foi há uns três anos, mais ou menos, quando descobri que Kate tinha mentido para mim, sobre tudo. Eu descobri tudo o que estava acontecendo em sua vida naquele momento. – Ela deu uma risada constrangida – Pensei em ir atrás de você, mas...não saberia o que dizer, não poderia simplesmente aparecer depois de quatro anos, dizendo que tínhamos dois filhos gêmeos, e que sua prima os sequestrou. Sei que ainda morava com seu pai, não quero nem pensar no que me chamariam... Posso até ver as manchetes nos jornais.

Eu também podia. Os títulos envolveriam palavras como “vigarista”, “golpe”, “dinheiro”, “escândalo”, entre outras piores ainda.

— Eu pensei em te procurar, ir atrás de você na sua cidade, mas nem sabia direito onde era sua casa. Isso foi nos primeiros meses, meus irmãos me impediram de ir, depois ficou mais fácil... conviver sem você – Mas acho que nunca superei de verdade, pensei.

— Seus irmãos devem me odiar.

— É, eles odeiam – Rimos em sintonia.

— Isso é muito louco, não é? Parece que tudo o que vivemos...parece que foi outra vida, tudo era totalmente diferente – Seu olhar agora estava distante.

— Sim, parece mesmo.

— Lembra-se da vez que saímos para o halloween só porque você nunca tinha participado? Nos vestimos iguais!

Ri com a lembrança.

— Meu Deus, claro que eu lembro! Nunca tantas portas foram fechadas na minha cara como naquele dia!

— Pelo menos conseguimos um chocolate.

— Sim, e você comeu ele inteiro sozinha!

— O que!? Eu deixei um pedaço para você!

— Era do tamanho da minha unha do dedinho! Não conta!

— Você é muito ingrato – Ela jogou seu ombro contra o meu, sorrindo – Ei, você ainda gosta de Britney Spears?

— Se eu gosto dela? Eu vou a todos os shows dela que eu posso! Eu casaria com a Britney!

Bella gargalhou alto e pela primeira vez, em anos, pude apreciar esse som.

— Teria que passar por cima de mim primeiro, eu sou a primeira da fila para casar com ela.

— Isso não vale, eu sou o maior fã de todos!

— Ok, mas então teria que dividi-la comigo!

— Fechado.

O clima entre nós ficou leve, parecia que o tempo não tinha passado e então eu tinha dezoito anos novamente, um garoto ainda descobrindo a vida, sentado em um banco de praça do lado do meu primeiro e último amor.

— Eu ainda tenho a foto – Bella sussurrou quebrando o silêncio nada desconfortável.

— Qual foto? – Franzi o cenho tentando me lembrar.

— A do dia do halloween, que você me deu...na véspera de natal.

— Ah – Agora sim, eu me lembrava perfeitamente da foto, eu a dei para Bella na manhã em que ela partiu. Se eu soubesse que Bella iria embora naquele dia, nunca teria dado nossa única foto juntos, eu a teria guardado para mim.

Mas eu tinha outra coisa.

Revirei o bolso de minha calça até encontrar o círculo de metal envelhecido.

— Lembra-se disso? – Mostrei o anel sobre a palma de minha mão.

Seus olhos se arregalaram quando reconheceu o objeto.

— Oh meu Deus! Você o guardou! – Bella pegou o anel e o observou atentamente, como se tentasse relembrar de cada detalhe dele.

— Claro que sim, eu o guardei bem para que Jasper não o jogasse no oceano ou algo assim.

O olhar de Bella era emocionado e nostálgico.

— Uau, isso é incrível.

— Sim, é – Mas eu não estava falando do anel.

Com um sorriso simples, ela me devolveu o anel, mas em vez de guardá-lo de volta em meu bolso, fechei minha mão em volta dele.

— Então, me diga o que fez nesses anos.

Levantei uma sobrancelha.

— Achei que você soubesse.

— Não sei de tudo, sei apenas as informações que colhi de você anos atrás.

— Humm, vejamos...- Pensei por um tempo no que dizer a ela, mas nada suficientemente significativo aconteceu em minha vida – Bom, depois que me formei fui trabalhar com meu pai. Eu ainda morava com ele e... ele ainda tomava todas as decisões para mim, mas até que foi legal, eu pude aprender bastante coisa, conheci muitos lugares, fiz muitos contatos e ganhei meu próprio dinheiro. Fora isso... mais nada. Saber que sou pai é a coisa mais emocionante até agora.

— Hum, e nessas viagens...você não conheceu ninguém? – Sua voz ficou um pouco mais aguda enquanto terminava a frase, como se estivesse forçando para a pergunta sair descontraída e natural. Ela evitou meus olhos.

Pela sua tensão, eu sabia exatamente sobre o que ela falava.

— Não. Não realmente. Você me deixou meio traumatizado em me aprofundar em relacionamentos, então nunca tive um relacionamento de mais de uma semana. Não por eu ser cafajeste, mas porque eu realmente não queria ter que conhecer outra pessoa desde as primeiras etapas, não parecia natural, era sempre como se eu forçasse uma intimidade que não existia, entende?

— Entendo – Ela suspirou de alívio, mas meu coração se apertou.

— Então, quer dizer que com você também foi assim? Você conheceu alguém? Aquele cara do restaurante...digo, não estou querendo supor nada, mas eu meio que atrapalhei alguma coisa, eu fui um idiota, aliás, me desculpe, eu não pensei direito, só te vi e fui falar com você e então, tudo ficou muito estranho. Eu não sei lidar com essas situações porque nunca penso muito antes de falar e posso acabar constrangendo alguém e tenho certeza de que te constrangi, porque você ficou toda vermelha-

— Edward! – Ela chamou minha atenção, rindo.

— O que foi?

Bella riu ainda mais forte.

— Ok, seu jeito quando está nervoso não mudou nada, isso é bom. E só para constar: eu e James não temos nada, apenas saímos algumas vezes no passado, mas nada nunca foi pra frente.

Foi como se duas toneladas saíssem de minhas costas. Aquelas palavras me causaram grande alívio, mas agora que eu já sabia o que queria, outra coisa me chamou a atenção.

— Por que é bom meu jeito não ter mudado?

Ela deu de ombros.

— Eu acho fofo isso em você, me lembra dos meus alunos. As crianças nunca pensam bem no que vão falar e sempre soltam umas pérolas. É...- Ela pareceu pensar em uma palavra – genuíno!

— Acho que isso foi um jeito de dizer que sou infantil – Brinquei.

— Claro que não! Na verdade, você está muito maduro, isso me surpreendeu. O jeito que está lidando com tudo isso...é muito responsável.

Apenas assenti diante de suas palavras.

— Ei – A chamei e Bella olhou para mim, curiosa – Eu estou muito orgulhoso, de tudo o que você conquistou, por ter ido atrás do seu sonho e se tornado uma boa professora.

Ela corou um pouco.

— Ex-professora – Corrigiu com uma careta.

— Por pouco tempo.

— Assim espero.

— Sabe, eu queria ter visto todo o seu caminho até aqui, mas fico feliz que tenha chegado bem.

— Eu também queria que você tivesse visto – Ela me ofereceu um sorriso triste – Até que foi divertido. Bom, tirando a parte do sequestro de duas crianças.

— É, isso foi ruim.

Nos olhamos por um tempo, tentando ficar sérios, mas assim que Bella fez um barulho estranho e contraiu seus lábios, eu caí na gargalhada sendo acompanhado por ela.

— Oh meu Deus, eu não sei se estou rindo por finalmente encontrá-los, pelo absurdo dessa frase ou porque tudo isso parece tão surreal! – Ela suspirou, tentando controlar a risada – Só sei que hoje, depois de muito tempo, eu estou finalmente feliz. Preocupada com o futuro, mas, ainda assim, feliz.

Deixei minha risada morrer.

— É, quando se tem dois filhos, não paramos mais de nos preocupar com o futuro. Tem as faculdades para pagar, o plano de saúde, a comida, roupas, puberdade... – Fechei os olhos e gemi diante desse último – Ah não, a puberdade.

— Isso aí, pense em tudo o que agora é sua responsabilidade e até o fim da noite estará com os cabelos brancos.

— Tudo bem, por esses meninos eu ficaria até careca – E não era mentira, eu amava meu cabelo e só mudei de corte uma única vez para deixar meu topete mais baixo, mas ainda o mantinha, porém agora era mais modesto.

Bella ficou séria de repente.

— Bem, tudo isso será nossas responsabilidades apenas se conseguirmos a guarda dos meninos...

— Nós vamos conseguir. – Apertei seu joelho rapidamente, mas o suficiente para uma estranha sensação passar pela minha espinha.

Ela estremeceu, talvez imaginando como seria perder a audiência.

— Sabe, eu dei um ultimato a Kate. Disse que ela tem até amanhã para contar aos meninos toda a verdade, ou eu mesmo conto. Quer dizer...se eu for fazer isso, gostaria que você estivesse comigo.

— Eu tenho tanto medo deles me rejeitarem, Edward. De quererem ficar com a Kate... eu não sei como poderia viver assim.

— Ei, eles são nossos filhos e nada nunca vai mudar isso, ok? – Meu braço esquerdo se esticou por trás do banco até parar em seu ombro – Eu não irei desistir de juntar nossa família. Eu prometo.

Bella me deu um sorriso cansado, mas cheio de gratidão.

— Eu também não vou desistir.

— Eu sei.

Talvez fosse inconsciente, mas agora estávamos bem mais perto um do outro do que estávamos quando Bella se sentou ao meu lado.

— Eu posso te fazer uma pergunta? – Soltei repentinamente depois de algum momento apenas observando as crianças nos brinquedos. As mães começavam a chamar seus filhos para irem para casa, estava ficando tarde.

— Claro, o que quiser.

— Você teria me contado sobre os meninos se me encontrasse sozinho aqui em Phoenix? Sem todo o drama de também ter encontrado a Kate e sem ter falido?

Ela franziu o cenho, quase brava com aquele pergunta.

— É claro que sim, você merece saber. As coisas só foram assim porque, bem, não tinha outra saída. Desde que te vi, sabia que não demoraria muito tempo até tudo estourar, então, desde o restaurante, eu vinha me preparando psicologicamente para isso, sempre soube que não seria fácil. Só que tudo estourou de repente, então eu tinha que te contar o mais rápido possível, mesmo sabendo que você poderia não acreditar em mim ou não me apoiar. Não quero que ache que sou uma interesseira ou algo do tipo, sei que agora estou falida e sem emprego, mas farei o possível e o impossível para cuidar dos meninos. Só que te coloquei nessa porque, você sabe, sua família é rica, assim vai ser mais fácil deixarem a guarda para mim.

— Para nós. – A corrigi.

— Edward, você tem a sua vida, não quero que se sinta obrigado a nada. Eu posso dar conta sozinha.

— Sim, eu sei disso, mas não estarei fazendo isso por obrigação, eu os amo também. Talvez eu nunca supere Garrett, mas nunca saberei se não tentar.

Bella pegou a minha outra mão que estava por cima do meu colo e a apertou de leve.

— Obrigada, você sempre foi incrível. Mais do que eu mereço, talvez – Enquanto falava, nossos rostos iam ficando cada vez mais perto, como se atraídos por alguma eletricidade invisível que formigava minha pele.

— Não fale besteiras – Sussurrei, porque nessa altura, apenas alguns centímetros nos separavam.

Bella suspirou.

— Você ainda cheira a lar...e mar.

— O que?

— Nada.

Me inclinei para ainda mais perto de Bella, tão perto que poderia sentir seu hálito batendo em meu rosto.

E então, no momento em que eu fecharia essa distância entre nós, um celular tocou estridentemente, nos fazendo pular para longe um do outro.

Observei enquanto Bella atendia o aparelho, quase rosnando.

— O que você quer, Alice?

Consegui ouvir um pequeno ruído em resposta do outro lado da linha, e então, Bella falou de novo.

— Eu não vou levar pizza nenhuma! Eu sei que quem está por trás disso é o Emmett! Diga a ele que irei contar para Tanya e Rosa...Rosalinda – Mais silêncio - Rosalinda, Alice, a outra personal trainer dele! Sim! Essa mesma! Agora tenho que ir...não te interessa onde estou, vá a merda!  Ok, também te amo coisinha.

Ela desligou o celular e revirou os olhos.

— Desculpe, a Allie e o Emmett...são dois idiotas.

— Tudo bem. Eles ainda devem ser divertidos. Você disse que Emmett tem duas personal trainers? Sabe, isso é muito louco porque a Rosa... – Travei de repente, compreendendo tudo – Ah! É a Rosalie, não é?

Bella se encolheu.

— Sim. A contratamos a pouco tempo, mas apenas para sondá-la e ver se ela tinha informações sobre a Kate e as crianças.

— Então ela não sabe quem são vocês de verdade?

— Não, ela nunca me vê e o Emmett...bem, ele está duzentos quilos maior do que na faculdade, então é meio difícil reconhecê-lo.

Balancei a cabeça, descrente.

— Cara, quando ela descobrir não quero estar nem perto. Ela vai te matar.

— Eu sei! Agora que você já sabe de tudo estou pensando em dizer que não precisamos mais do serviço dela, me sinto culpá-la por usá-la!

— Não! – Gritei – Quer dizer, melhor não. A Rose não estava conseguindo arrumar um emprego por aqui. Sabe, ela finalmente virou as costas para Carlisle, então tecnicamente está falida. Ela precisa desse emprego. Por mais que no começo vá ficar puta com toda a situação, ela não deixa de amar o que faz. Talvez eu mesmo conte a ela para te poupar dessa.

— Isso seria muito bom. – Ela respirou aliviada, mas depois fez uma careta – Eu amei passar o dia com você, mas tenho que ir. Essa hora, as ruas daqui ficam meio perigosas e agora a Alice e o Emmett não vão mais parar de me ligar para saberem onde estou.

— Tudo bem – Murmurei meio decepcionado – Eu te levo até seu carro.

Bella assentiu e ficou de pé, se espreguiçando. Repeti seu gesto e a segui até o carro estacionado no outro lado da rua.

— Então...- Ela começou quando abriu a porta do motorista – Isso pareceu nosso primeiro encontro.

— Aquele que tivemos depois que você quebrou o meu nariz?

— Isso é uma calúnia! Você apenas caiu! Não posso cuidar dos seus péssimos reflexos.

Ri de sua cara de ofendida.

— Estou apenas brincando – Ela sorriu e uma nova brisa passou por nós, bagunçando seus cabelos curtos – Quando te vejo de novo?

— Se Kate não contar aos meninos...então nos veremos apenas depois de amanhã. Quer dizer, isso se você quiser, porque, qualquer coisa, podemos nos ver amanhã mesmo, eu não me importo muito, você é a dama aqui, então você que decide. Podemos nos encontrar em qualquer outro lugar. Eu trabalho das sete as seis, então nesse horário não dá, mas também posso pedir uma folga. Carlisle não ia gostar muito, mas eu explicaria que-

— Ei – Ela me cortou, divertida – Eu te mando mensagem, ok?

Respirei fundo, recuperando o ar que perdi por ser tão tagarela.

— Ok.

Piscando apenas um olho para mim e com um sorriso tranquilo, Bella entrou no carro e deu partida.

Eu a observei até sumir de vista e só então rumei a passos lentos de volta até a casa de Kate.

O anel ainda estava em minha mão, a mesma que usei para circular os ombros de Bella no banco da praça.

Dessa vez, em vez que recolocá-lo no bolso, eu o encaixei em meu dedo indicador.

Noah e Dimitri poderiam ser os primeiros em minha lista agora, mas Bella era a segunda.

Nada mudara entre nossa química, ainda éramos os mesmos adolescentes por dentro.

Em breve, toda a minha família estaria unida como sempre deveria ter sido. Apenas eu, Bella e nossos filhos.

Outro vento passou por mim, como se varresse minhas preocupações, levando embora todo o peso de meus ombros. Eu era um homem livre por agora saber toda a verdade e, acima de tudo, esperançoso.

Uma pena que nem tudo acabe como prevíamos.


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Notas finais do capítulo

Por essa semana TALVEZ seja só isso, mas preparem o coração para o próximo capítulo!

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Beijos beijos, coisinhas



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