De volta para você escrita por Bhabie


Capítulo 21
Capítulo 20 - The one


Notas iniciais do capítulo

Como vocês já sabem, o novo livro da saga, Sol da meia-noite, foi lançado e por isso eu e mais outras autoras decidimos dar um tempo nas fics porque como a maioria estaria lendo o livro, então as fanfics não teriam tanto alcance e isso seria frustrante.
Mas já voltei a ativa.

O capítulo é baseado na música The One, da Taylor Swift. Recomendo muito. Pra quem não conhece, ouçam depois do capítulo e procurem a tradução! Vale a pena
.
Só lembrando que: Não entendo nada sobre direito e principalmente sobre leis dos Estados Unidos. Me esforço ao máximo para tratar dos assuntos da fic direitinho, mas não peguem tudo como uma verdade!

OUTRA COISA URGENTE!: Estou procurando por uma Beta porque tenho percebido muitos erros depois de publicar os capítulos, se quiserem ser ou souberem de alguém, entrem em contato comigo por aqui ou pelo meu twitter @Bhabiefanfics
Eu posso betar algo pra você também! ;)

Boa leitura!



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PDV Edward

 

— Edward, eles estão com Kate. Seus primos são seus filhos. Dimitri e Noah são seus filhos.

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Dizem que ouvir a verdade é melhor do que viver uma mentira. Agora que eu tinha conhecimento da verdade, não sabia mais se poderia viver bem de novo. Não sabia mais se poderia viver bem ao lado de Bella de novo.

Eu perdi sete anos da minha vida, essa é a sensação quando se descobre que você tem dois filhos dessa mesma idade que nunca imaginou que existissem.

Ainda mais quando eu os chamava de primos.

Uma súbita vertigem me atingiu, então me sentei de volta no sofá, sem nunca olhar para Isabella - mesmo sabendo que ela me observava atentamente -, apenas para o nada.

Não sei quanto tempo se passou, mas o único som da casa inteira era a pesada respiração de Isabella e as batidas do meu próprio coração que ecoavam em meus ouvidos, fazendo-os latejar.

— Que merda é essa, Isabella? – Minha voz saiu sufocada e só então notei o bolo que se formava em minha garganta e meus olhos embaçados.

Finalmente a olhei e sua aparência caída e derrotada deveria ser um espelho da minha.

— Eu sei que fui uma idiota, mas eu vou te conta com calma tudo o que aconteceu. Tudo o que você precisar saber, eu vou te falar. Mas você tem que me ouvir, por favor, me deixa te dizer o que aconteceu de verdade naquele dia.

Eu não tinha forças para discutir ou sequer levantar e ir embora, então apenas me encostei no sofá e fixei meu olhar em um ponto qualquer da sala enquanto Isabella se preparava para começar.

— Naquele dia, o dia que eu fui embora, eu saí do seu apartamento e fui até o que eu dividia com Kate. Eu me lembro de estar morrendo de medo porque eu iria conhecer seus pais, eu estava apavorada. Eu me deitei para dormir um pouco e acordei pouco tempo depois...enjoada. No começo achei que tinha apenas comido algo que não me fez bem, mas então tudo foi se encaixando, as dores nas costas e de cabeça que estava tendo e minha menstruação atrasada e-

— Você não tinha notado sua menstruação atrasada? – Perguntei sarcástico, dando uma risada amarga. Aquilo não era óbvio por si só?

Eu nunca fui uma pessoa sarcástica ou que fazia comentários azedos apenas para incomodar de propósito as pessoas, isso era função de Rosalie. Mas naquele momento nada mais importava, não sabia mais quem eu era, pensava apenas no que eu poderia ter sido.

Isabella me olhou feio antes de responder.

— Nem sempre as menstruações são reguladas, eu achei que poderia estar apenas atrasada pelo estresse que estava passando na faculdade, mas você deve saber disso, já que se mostrou agora um grande conhecedor do metabolismo feminino.

Fiquei quieto e deixei que ela prosseguisse.

— Bom, apenas liguei tudo e a partir daí se tornou meio óbvio. Eu rapidamente desci e fui comprar um teste na farmácia que tinha perto e como o esperado, ele deu positivo. Então eu comecei a surtar, e nãofazia ideia de como cuidar de uma criança, ao mesmo tempo em que eu te amava e queria ter esse bebê, eu sabia que não poderia te tirar sua liberdade recente. Tudo isso foi exatamente no dia em que Kate descobriu a gravidez dela também, mas diferente de mim ela estava em êxtase! Eu a invejava, invejava a estabilidade emocional e financeira dela para lidar com isso, invejava porque para ela e Garrett, era algo planejado e por mais que eu estivesse contente por ela, eu também estava amarga pensando nessas coisas.

“Então eu pedi uma coisa para Kate: que ela me ajudasse a te contar. Ela ficou muito feliz com a minha gravidez e começou a fazer planos dos nossos filhos nascerem juntos, mas eu ainda não conseguia pensar nisso, não ainda. Eu só queria saber como te contar. Eu falei meus medos para ela e foi aí que ela parou para refletir. Kate me contou que Carlisle e Esme tinham planejado toda a vida dos filhos, desde a faculdade que iriam cursar até com quem se casariam. Eu me lembro dela olhando no fundo meus olhos e dizendo que seus pais nunca iriam me aceitar, que fariam de tudo para me tirar de sua vida e se não desse certo, eles tirariam você da vida deles. Porque, afinal, nada poderia ser menos do que perfeito para você. Com todas as coisas que tínhamos conversado quando namorávamos, eu sabia que Kate estava certa. Nessa época ela ainda era minha amiga, ela ainda estava tentando me proteger, eu sinto isso.”

Isabella engoliu em seco antes de continuar com sua voz fina e baixa.

— Depois dessa nossa conversa e de ficar claro como seriam as reações dos seus pais, eu e Kate decidimos juntas que a melhor coisa a se fazer era eu ir embora e seguir com a gravidez longe de você porque assim ninguém sairia machucado-

Soltei uma pequena risada irônica que a fez interromper a história. Eu ainda não a olhava, mas sentia seus olhos analisando cada expressão minha.

— Eu voltei para casa, na Filadélfia. O plano era eu ter o bebê e só então te contar, tudo foi pensado para que seus pais não interferissem em nada, eu tinha medo pela vida do meu filho-

— Meus pais são a porra do que são, mas não são assassinos! – Grunhi entredentes – Você supôs isso sozinha ou Kate também ajudou nessa parte?

Meus punhos estavam cerrados e eu podia sentir minhas unhas machucando a palma de minha mão, mas não me importei.

— Eu preferi isso a arriscar – Isabella respondeu rispidamente – Eu era uma adolescente ainda, eu estava com medo e decidi sim seguir os conselhos de Kate que era mais velha do que eu. Agora eu vejo o quão idiota fui, mas não posso mudar o passado por mais que eu queira!

— Continua – Estava ansioso para saber o resto da história e de como meus filhos acabaram com Kate e Garret.

— Bom, eu também não pude te contar nada porque sei que você enfrentaria seus pais, largaria tudo e todo aquele drama. Você era jovem, mas já era bem decidido sobre as coisas que queria – Ela respirou fundo antes de continuar, como se para se acalmar - Tudo estava como o planejado até que Kate perdeu o bebê dela. Era uma menina e Kate a chamou de Eve. Foi algo horrível, Kate ficou tão abalada que cancelou o casamento. Depois disso ela definhou, não atendia minhas ligações. Eu estava bem preocupada e assim que ela terminou a faculdade e voltou para o Alabama, eu fui até lá vê-la. Ela estava péssima, não dormia e se recusava a comer. Mas quando ela me viu, já com a barriga grande, algo nela se acendeu. Eu me lembro que ela passou a ser super protetora com minha gravidez e assim que descobri que eram gêmeos ela ficou em êxtase, apenas isso a fazia sorrir depois de perder Eve e ela era minha melhor amiga, eu só queria vê-la bem de novo.

Isabella soluçou e de canto de olho vi suas lágrimas jorrando em seu rosto vermelho. Voltei ao meu ponto fixo no outro canto da sala.

— Então os meninos nasceram – Agora havia um sorriso em sua voz e perceber a movimentação de suas mãos limpando avidamente seu rosto – Eles vieram antes da hora, mas disseram que era normal. Nesse meio tempo ela tinha me convencido a ficar no Alabama. Dolly não foi comigo, eu disse que ela deveria ficar com Alice que ainda era adolescente. Claro que ela me xingou muito, mas Kate estava pagando os melhores médicos para mim e eu não poderia recusar aquilo, queria apenas o melhor para meus filhos. Garrett estava lá também e antes dos meninos nascerem, o hospital já estava reservado e o médico que faria meu parto era um velho conhecido de Kate.

“Eu deveria ter desconfiado que havia algo de errado desde este momento, mas eu não via maldade alguma em Kate. Enfim, quando os meninos nasceram era ela quem estava lá para segurar minha mão, ela foi a primeira a segurá-los. A felicidade que eu senti ao tocar nos meus filhos pela primeira vez foi algo surreal, mas Kate...Kate vibrava, os olhos dela até tremiam e eu me lembro de naquele momento apenas agradecer por ter ao meu lado alguém que amasse meus filhos assim como eu os amava.”

“Eu escolhi os primeiros nomes deles e Kate escolheu os segundos. Eu escolhi Dimitri e Noah e Kate escolheu Taylor e Benjamin. Eles estavam fortes e saudáveis, então logo fomos para casa. Nisso, Kate já tinha me convidado para morar um tempo com ela e como Dolly já era idosa e não teria como ela me ajudar com dois bebês, eu aceitei. Nós ficamos uns meses no Alabama, morando perto da casa dos pais de Kate-“

— Carmen e Eleazar sabiam?

— Sim. Carmen chegou a nos dar algumas dicas, ela sempre estava lá.

— Eles são meus tios – Sussurrei.

Me sentia traído por minha própria família. Quantas pessoas mais sabiam disso?

Era como se rissem em minhas costas.

Que tipo de família faz isso?

A minha, afinal.

Assenti uma vez lentamente, já sem forças para qualquer coisa.

— Prossiga.

— Como eu disse, o plano era contar para você depois do nascimento. Eu disse a Kate que iria para Hanover para te contar tudo, mas então ela me disse que você já estava com outra pessoa.  Eu fiquei...péssima. Não tinha motivos para duvidar dela, era minha melhor amiga e sua prima, porque iria me enganar sobre isso? Ela sabia o quanto eu te amava, ela nos apoiava. Kate me orientou a tirar você totalmente de minha vida, disse que você sentia apenas raiva de mim e que a confusão que isso iria se tornar não valia a pena.

“Eu aceitei. E então me candidatei para uma faculdade no Canadá, o mais longe possível de você. Nessa época eu já tinha aceitado o quanto amava pedagogia e só queria ser feliz fazendo o que eu gostava, mesmo que isso não fosse a vontade do meu pai; eu decidi que honraria a memória dele com outras coisas. Eu queria alugar uma casinha lá, estudar de manhã e a tarde e arranjar alguém para cuidar dos meninos para mim durante as aulas. Eu ainda tinha o dinheiro da poupança do meu pai e me sustentaria assim. É claro que Kate não queria que eu levasse Noah e Dimitri comigo, ela disse que eu tinha que me dedicar totalmente aos estudos e que eu não teria condições de cuidar sozinha de duas crianças. Ela me convenceu e nós fizemos um trato: Ela e Garrett cuidariam dos meninos para mim enquanto eu estivesse no Canadá e pelo menos duas vezes por mês eu voltava para ficar com eles. Kate diria à vocês  da família que eram crianças órfãs precisando de um lar provisório e que ela e Garrett haviam se candidatado para isso, não teria erro.”

“Kate era a única pessoa do mundo fora minha família que eu confiava com todo meu coração, era uma segunda mãe para meus filhos, nunca faria mal algum a eles, então eu não tinha nada para temer, deixei tudo pronto para meus filhos, fiz as malas, me despedi deles e fui para o Canadá. No começo deu muito certo, nós trocávamos mensagens e fotos deles todos os dias, eu estava sempre ligando para saber mais detalhes. Mas é claro, doeu por eu não vê-los dar os primeiros passos, doeu quando eu não escutei as primeiras palavras.  Eu sempre dizia a mim mesma que aquilo logo acabaria, eram apenas quatro anos nessa rotina até eu os ter todos os dias. Eu estava lá sem falta em todos os natais e aniversários, minhas férias da faculdade eram todas as lado deles, eu amava esses tempos, mas a pior parte era me despedir e ter que voltar ao Canadá.”

“Mas então as cartas, os e-mails, as fotos e os telefonemas foram ficando cada dia menos frequentes, não por minha parte, é claro. Até que no meu último ano da faculdade, eu já estava agoniada e brava por Kate ficar sem me dar notícias por semanas. Ela dava desculpas esdrúxulas, como o e-mail com problema, o sinal ruim, o celular quebrado, as cartas que nunca chegavam. No fundo eu sentia que havia algo de muito errado, então assim que isso piorou ainda mais, eu peguei um avião e voei ao Alabama, mas a casa já estava vazia, nem Carmen e Eleazar estavam mais lá. Então eu surtei, não entendia o que estava acontecendo, nunca imaginei passar por isso, achava que era algum mal entendido, eu não queria acreditar. Eu não queria acreditar, mas estava tudo na minha cara o tempo todo.”

“A impotência que eu senti, o vazio...nunca vou conseguir descrever, foi a pior sensação do mundo. Ela tirou meus filhos de mim, Edward. E se isso foi planejado desde o princípio, ela é uma maldita psicopata! Assim que entendi o que havia acontecido, a primeira coisa que fiz foi ligar para Emmett e contratamos um detetive particular. Foi uma caçada pelo país todo, foram mais de três anos a procurando, sempre chegando nos lugares assim que ela saía de lá. Eu me senti inútil. Não contatamos a polícia porque descobrimos que ela e o médico que fizeram meu parto alteraram os documentos. Eu dei entrada no hospital com o nome de Katrina Denali. Legalmente, Noah e Dimitri são os filhos dela. Eles alteraram tudo, ela deve ter subornado muita gente para que isso acontecesse por debaixo dos panos sem eu me dar conta.”

— Eu me arrependo tanto de tudo, Edward. Se eu pudesse eu faria tudo diferente. Por favor, me perdoa. Eu sei que é muita coisa para assimilar, eu não queria que nada fosse tão difícil assim. Me perdoa – Sua voz morreu na última palavra e um soluço rompeu do fundo de sua garganta.

É estranho ouvir partes importantes de sua própria história vindos de outra pessoa, partes que você não fazia ideia da existência, que mudaria todo o rumo de sua vida caso fossem reveladas antes.

Depois de tudo isso, eu só conseguia pensar no “e se”.

E se Bella tivesse ignorado Kate e me contado? Como eu reagiria?

Certamente não como agora.

Sete anos antes eu era uma adolescente que detestava crianças, sempre deixei isso claro a Bella e ela sempre ria de minhas caretas quando tínhamos que lidar com alguma criança. Não posso dizer com propriedade como reagiria se Bella tivesse me contado sobre a gravidez. Posso criar hipóteses, mas nunca saberei a resposta certa.

Se eu não vivi esse momento, então como posso saber?

E se eu não aceitasse?

Bella iria embora de qualquer jeito?

Estaríamos como estamos agora?

E se eu aceitasse, meus pais provariam serem os monstros que Bella acha que são e fariam qualquer mal?

Levando essa hipótese em consideração, meus filhos estariam vivos? Eles teriam sequer nascido?

Minha cabeça rodava e por um momento agradeci por não ter comido nada nas últimas horas, eu certamente teria colocado para fora.

Ainda estava absorto em pensamentos, prestes a desmaiar a qualquer momento, Bella tentava chorar o mais baixo possível, mas não adiantava muito já que não existiam outros barulhos que pudessem a encobrir pelo ambiente.

— O-o que mais eu tenho que saber? – Não tinha certeza sobre o que eu deveria perguntar, mas como ela nada mais falou, decidi tomar a palavra.

— Tem mais uma coisa... – Ela fungou antes de continuar – Eu dei entrada no pedido de custódia dos meninos. Emmett reuniu muitos documentos, mensagens e fotos que provam que eles são meus. Mas há um problema...e é aí que você entra. Se topar, é claro.

Engoli em seco, sabia que não viria coisa boa pela frente.

— Diga.

— Por mais que eu tenha as provas, Kate ainda tem mais chances de ganhar. Ela é casada, os meninos a conhecem como a mãe e é claro, ela tem dinheiro.

— Você também tem.

— Não mais. Emmett nos faliu. Voltamos a estaca zero.

Ri sem humor, aquilo só podia ser brincadeira.

— Parece que terão que processar outro fast food. Quem sabe o Burger King dessa vez?

Bella me olhou feio.

— Ok, o que você quer que eu faça? – Cruzei os braços.

— Bem...você é o pai dos meninos então pensei em talvez...fingir que estamos juntos.

— O QUÊ? – Gritei.

Bella se encolheu, evitando meus olhos.

— Escuta, por favor. Olha, você é o pai dos meninos, isso já é um ponto. Você tem dinheiro, então o juiz saberia que os meninos teriam uma boa qualidade de vida e também...nunca dariam a guarda a mim sendo solteira.

Abri a boca para responder, mas ela me interrompeu e continuou.

— Você não precisaria ficar comigo depois! Eu sei que você não vai querer os meninos, eu me lembro da sua opinião quanto a crianças, então não espero que você os aceite ou os queira. Mas pense neles, eu sei que os ama como seus primos, então deve concordar que eles têm que saber a verdade, saber sobre a própria história. Depois vamos sumir de sua vida, eu prometo.

Suas palavras me congelaram.

Ao mesmo tempo em que eu as engolia como um grande insulto, também me perguntava sobre o quê eu estava ofendido.

A possibilidade de ficar com Noah e Dimitri como o pai deles ainda não passara pela minha cabeça. Nunca quis ter filhos. Eu não seria um bom pai.

Mas mesmo depois de anos negando insistentemente a paternidade, aquele pensamento doeu fundo em mim, me cortando como faca.

Eu não seria um bom pai.

Não era algo que eu precisaria provar para saber.

Meu pai não foi um bom pai, meu avô não foi um bom pai e meu tio não foi um bom pai.

Não precisaria continuar a linhagem Cullen-Denali para saber como seria a cada geração.

Mas Noah e Dimi não foram premeditados, e eles se embolaram em mim sem eu nem perceber. Baixaram todas as minhas guardas, removeram todos os preconceitos sobre seres pequenos e catarrentos que assombravam meus pesadelos. Quer dizer, eu os amava. Talvez até dissesse que os amava como meus filhos. Antes mesmo de saber que eram meus.

Isso seria uma maldita conexão de pai e filhos?

Pensei naqueles seres pequenininhos, em cada coisa que os ensinei. Quando ensinei Noah a andar de bicicleta e Dimitri, de skate. Quando os fiz ouvir minhas músicas favoritas e eles odiaram. Quando brincávamos de Transformers com suas coleções de carrinhos.

Eu não queria desistir disso.

Eu queria continuar fazendo parte.

Mas ainda havia Bella.

No momento eu sentia mágoa e raiva dela. Não mais por me deixar e esconder a verdade, mas por ser tão idiota e cega com Kate. Bella sempre foi a mais responsável da nossa relação, era ela a mais séria, a mais centrada, a que evitava que eu fizesse burradas. Para mim era surreal que tivesse caído em um golpe tão baixo assim. Talvez esse fosse o problema. Era algo tão baixo que ela não esperava. Essas coisas nunca se esperam. Era sua melhor amiga, sua irmã.

Ela dizia que não iria mais me perturbar, que iríamos apenas fingir.

Foi para isso que ela me procurou então.

Para ser mais uma peça desse jogo e depois me descartar.

Ri internamente pensando no Edward idiota de uma hora atrás que estava vindo até a casa dela na esperança de algo a mais, de que pudéssemos tentar de novo.

Idiota. Ela não tem mais nenhum interesse real em você. Talvez até crie seus filhos junto daquele cara loiro do restaurante.

Estremeci.

Não deixaria isso acontecer.

— Eu os quero.

— O quê? – Ela perguntou surpresa.

— Eu também quero Noah e Dimitri, eles são meus tanto quanto são seus. Não os deixarei com a psicopata da Kate.

Bella piscou atônita.

— Ah.

— Eu topo, finjo estar com você, mas depois que a farsa terminar eu quero ter meus direitos sobre os meninos. Assim como sempre deveria ter sido.

Ela ficou alguns segundos em silêncio, analisando a situação.

Por fim, piscou algumas vezes e assentiu.

— Tudo bem, é justo. Podemos fazer um acordo depois que nos livrarmos de Kate.

— Não será fácil, os meninos a amam.

— Eu sei, não quero simplesmente tirá-los dela, Kate sofreu muito com a morte de Eve e por mais que eu a odeie, eu sou mãe e entendo o que é ter os filhos tirados de mim. Não quero que ela sinta isso de novo, será um processo delicado, quero fazer isso aos poucos, romper o laço deles aos poucos, mas sei que nada nunca será como deveria ter sido. Só quero que Dimi e Noah entendam melhor o que aconteceu quando crescerem.

Assenti e permanecemos calados, eu ainda anestesiado pela conversa.

— Hum, quer um café? – Perguntou Bella hesitante.

— Hãn, não. Obrigado. Eu...acho que vou embora.

— Sim, claro, ok. Tudo certo. Eu te levo até a porta.

— Não precisa.

— Ok.

— Ok.

— Edward?

— Sim?

— Eu ia pedir para não falar com Kate sobre isso, mas você já é adulto e decide o que faz. Além do mais, Emmett já organizou tudo para que ela não fuja dessa vez. Mas saiba que isso se tornará uma guerra se decidir enfrentá-la.

A conversa entre Kate e Garrett que ouvi escondido mais cedo e que nem lembrava mais, de repente fez sentido.  O que só fez com que eu me sentisse ainda mais como um boneco de ventríloquo, controlado por todos a minha volta.

— Tudo bem, vou decidir o que fazer.

— Se tiver mais qualquer duvida é só me ligar. Sei que agora precisa de um tempo, mas logo ligarei para você para nos organizarmos melhor quanto ao processo dos meninos.

— Uhum.

E sem mais olhá-la, saí pela grande porta de madeira.

Nem vi quando entrei no carro, não sei como cheguei até a casa de Kate.

Apenas uma pergunta pairava em minha mente quando, revirando minhas malas, encontrei um anel grosso com uma rosa incrustada em seu centro, segui para a sala de brinquedos onde meus filhos agora estavam e observando-os rir com seus jogos, apertei o círculo contra minha palma em punho.

Se as coisas tivessem sido diferentes, ela teria sido a certa para mim?


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Notas finais do capítulo

Bom, vocês meio que já viram essa parte da história, mas de outra perspectiva. Qualquer dúvida é só voltar lá no capítulo 10, onde o Edward conta a história de alguns meses através de e-mail enviados a Bella.
Agora todas as peças se juntaram e tudo faz sentido?
Vocês ainda tem alguma dúvida? Se tiverem, digam aí que eu esclareço tudinho no próximo capítulo.



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