De volta para você escrita por Bhabie


Capítulo 13
Capítulo 12 - Jolene


Notas iniciais do capítulo

Apenas digo uma coisa: Comentem porque eu sou carente e recomendem senão eu choro.



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PDV Bella

 

A tela do celular era a única coisa iluminando o quarto silencioso.

Eu encarava sem mover um músculo sequer, a mensagem à minha frente que havia sido entregue a mim já havia duas semanas.

Uma resposta para uma mensagem que eu havia mandado.

De @is.a.swan para @katrina_denali2012

Oi Kate! Que bom que finalmente te encontrei! Você deveria parar de mudar seu user, assim fica difícil manter contato. Como estão todos aí? Os meninos estão bem? Você sabe, não os vejo há quatro anos. Doideira, não? Bom saber que voltou para o Alabama, qualquer dia dou uma passada e te faço uma visita!

A resposta era o que me perturbava.

De @katrina_denali2012 para @is.a.swan

Não gaste sua energia. Quando chegar aqui já teremos ido embora. Deixe minha família em paz, não a queremos por perto.

Eu estava impossibilitada de responder, ela já havia abandonado sua conta no instagram e me bloqueado.

Não a via pessoalmente ia fazer quatro anos e por foto, três.

Mesmo tendo encontrado seu nome do instagram, sua conta era fechada e sem foto de perfil.

Logo depois da conversa que tive com Dolly, aprofundei minhas investigações e descobri a conta mais recente de Kate. Eu já havia sido bloqueada em todas as anteriores, então sua resposta para mim não era uma surpresa, assim como a ameaça em abandonar sua casa antes que eu pudesse encontrá-la.

Isso já tinha acontecido antes.

Então, suspirando profundamente, desliguei a tela do celular, o jogando ao meu lado na cama.

Tentei dormir, mas tudo no que eu pensava eram nos olhos verdes que eu não via há anos.

Com o coração apertado e mais uma vez me escondendo na escuridão de meu quarto, madruguei imaginando como seria quando eu encontrasse aquela família de novo.

Minha boca secou com esse pensamento.

Não sabia o que diria caso os encontrasse, caso o encontrasse.

Mas eu sabia de uma coisa: Não iria desistir de procurar.

 

“Jolene, Jolene, Jolene, Jolene

I'm begging of you, please don't take my man…”

 “Jolene, Jolene, Jolene, Jolene

Estou implorando pra você, por favor, não tome o meu homem”

 Cantei no ouvido de Dolly, que riu baixinho, mas continuou a costurar uma camisa de Emmett.

“Jolene, Jolene, Jolene, Jolene

Please don't take him just because you can…”

 “Jolene, Jolene, Jolene, Jolene

Por favor, não tome apenas porque você pode...”

— Ah, por favor, essa música é autodepreciativa, na próxima vez cante algo que ressalte minha beleza e que não tenha um homem envolvido na letra – Dolly ajeitou seus óculos de costura antes de dar mais um ponto na camisa.

Eu tinha acordado há alguns minutos e como restava tempo até dar a hora para me arrumar para ir até a escola, estava enchendo o saco de Dolly.

Emmett surpreendentemente já estava no trabalho, aparentemente as últimas duas semanas de treino pesado com Tanya estavam fazendo bem a ele.

— Relaxe, você é mais bonita que a Jolene – Dei um beijo em sua bochecha.

— Eu sei, criança – Ela riu baixinho.

— Dolly...eu acho que você deveria sair um pouco dessa casa. Sabe, ir conhecer gente nova e ir se divertir. Eu, Emmett e Alice já crescemos, não precisa mais cuidar de nós como antes.

Dolly parou de costurar e me olhou séria por cima de seus óculos.

— Isabella, eu não cuido de vocês por obrigação ou por pensar que não saibam se virar, eu cuido porque é o que eu amo fazer – Largou a agulha e a camisa de lado e agarrou minhas mãos – Eu não preciso de mais nada e de mais ninguém quando tenho vocês em minha vida. Eu prometi para seu pai que nunca os deixaria só, e eu vou cumprir com isso até o fim de minha vida.

Não era do feitio de Dolly ser tão emocional, é claro que sabíamos o quanto ela nos amava, mas ela nunca dizia, apenas demonstrava cuidando de nós.

— Não quer nem conhecer alguém? Sabe, você anda muito estressada, um homem pode resolver isso – Provoquei quebrando o clima.

Dolly revirou os olhos, mas entrou na brincadeira.

— Se homem resolvesse estresse, o casamento seria uma nova forma de terapia – Soltou minhas mãos, voltando para a costura – Além do mais, quem precisa sair e beijar muito é você. Quem foi o último cara mesmo? James, não é?

Soltei um gemido em resposta.

— Por favor, não me lembre disso.

— O quê? Eu gosto dele, o cara é gente boa.

— É, mas ele trabalha comigo, não quero me envolver assim.

— Mas você gosta dele?

Parei para pensar nisso. James era um cara incrível, educado e que aparentemente gostava de mim.

Tínhamos tido um pequeno caso no ano anterior: Ele havia me levado para jantar umas três vezes e as coisas acabaram um pouco mais íntimas.

Mas claro que desde a minha saída de Dartmouth, desde que eu rompi com ele, eu não queria mais relacionamentos sérios, não tinha estado em um desde então.

Foi difícil dispensar James, ele sempre me tratou bem e mesmo depois do nosso “término” ele seguiu sendo um grande amigo e sempre me recebia com um grande sorriso no rosto que fazia eu me sentir bem.

Se eu gostava de James? Eu gostava de sua companhia, de sua amizade, da forma como ele me tratava. Eu não sabia se isso estava incluso no gostar ou se era apenas um sentimento de amizade que nutria por ele.

Mas com certeza, eu não estava apaixonada por James.

Havia sentido aquilo apenas uma vez na vida e não esperava que sentisse de novo. Era algo forte demais, um sentimento que não deixava dúvidas e que tomava todos os meus pensamentos.

— Bella? – Dolly me tirou do transe – Você gosta de James?

Suspirei.

— Eu não sei.

Dolly mais uma vez parou de costurar para me olhar nos olhos.

— Você deveria dar uma chance, já faz muito tempo desde aquilo. James é um homem bom que tenho certeza que te fará bem. Não se prive de sentir algo de novo, criança.

Assenti, mas não estava convicta de suas palavras.

— Eu preciso terminar de me arrumar para ir, nos falamos depois – Rompi nosso contato visual para correr até meu quarto.

— Não pode continuar fugindo quando não sabe o que fazer ou quando tem medo de algo, Isabella – Ouvi Dolly dizer antes de chegar ao meu quarto.

Fechei a porta e fui em direção ao meu guarda-roupa.

No lado esquerdo, embaixo das roupas de inverno que eu não usava regularmente devido ao calor do Arizona, encontrei o que procurava.

A Polaroid estava levemente amassada e um pouco amarela nas pontas devido aos anos, mas a foto ainda se encontrava em perfeito estado.

Passei meus dedos sobre seu rosto parado em sua risada eterna. Ele era tão bonito, me fez tão bem. Eu era uma idiota por perder aquilo. Mas foi necessário para que meu novo eu pudesse nascer.

Dolly estava certa? Eu deveria dar uma chance ao James? Seria possível que um dia sentisse pelo meu amigo a mesma coisa que senti com ele?

Eu tinha medo de arriscar, mas não poderia mais fugir, ou passaria os dias arrependida, como vinha sendo nos últimos sete anos, imaginando como seria se eu tivesse ao menos tentado.

Ainda observando cada detalhe da foto, sorri com a lembrança daquele dia das bruxas.

Virei a Polaroid, encontrando o recado ainda presente em seu verso.

“Obrigado por se vestir de Exterminador do Futuro comigo em meu primeiro Halloween, mesmo que tenham batido as portas em nossa cara e não conseguido nenhum doce.

Essa foto é para você olhar todos os dias e ver como somos lindos juntos.

Eu te amo mais agora do que há um minuto atrás e sei que esse amor só vai aumentar no futuro (E espero que ninguém venha do futuro para atrapalhar isso!)

PS: Esse não é um presente de verdade porque não fazia ideia do que comprar para você, mas prometo que ano que vem vou te dar algo inesquecível!”

Apertei a foto contra meu peito, sentindo as lágrimas se acumularem em meus olhos. Não foi preciso ninguém vir do futuro, eu mesma estraguei tudo.

Ele já havia me dado presentes inesquecíveis, a Polaroid era apenas um deles, os outros, eu mantinham apenas em minhas lembranças.

Lembranças.

Era tudo o que aquele foto era. Uma imagem parada no tempo de quando nada era complicado o bastante, quando ríamos de nossas piadas e eu o ajudava a desvendar o mundo.

Peguei uma caneta de cima de minha escrivaninha e escrevi na parte superior branca à esquerda da Polaroid.

Lembranças de Dartmouth.

Eu não seria mais uma covarde, tentaria refazer a minha vida.

 

— Vocês entenderam? É só somar esse número por ele mesmo, aí teremos o resultado dele vezes dois.

Apontei para a lousa cheia de tabuada.

— Eu não entendi – Alec anunciou.

— Qual parte, Alec? – Perguntei pacientemente para o menininho inquieto.

— Todas. Pode explicar desde a tabuada do um? – Ele encolheu os ombros, com medo de minha reação.

— Não estava prestando atenção?

Ele baixou seu olhar para as mãos inquietas, seu corpo pulava na cadeira por conta de suas pernas balançando.

— Alec...- Me ajoelhei ao seu lado – Está tomando os remédios direitinho? – Perguntei baixinho para que apenas ele pudesse ouvir.

Alec torceu a boca.

— Estou, mas minha mãe disse que pode ficar mais forte conforme eu vou crescendo.

Assenti e peguei em sua mãozinha.

Alec tinha TDAH - Transtorno de défict de atenção com hiperatividade, o que fazia com que eu tivesse que dar um pouco mais atenção à ele em comparação com os outros alunos, sempre me certificando de que não estava disperso ou prestes a sair correndo e pulando para descontar seu acúmulo de energia.

— Eu vou explicar tudo do começo, ok? Mas preciso da sua máxima concentração. Toda vez que perceber que parou de prestar atenção ou que perdeu algo importante, você tosse duas vezes que eu venho te ajudar, assim as outras crianças não vão zombar por você não saber. Tudo bem?

Ele deu um sorriso brilhante.

— Fica fria, prô, eu que zombo com eles.

O repreendi com um olhar e ele revirou os olhos.

— Mas ok, eu faço isso.

— Ótimo.

O sinal do intervalo tocou e todas as crianças se levantaram para sair, Alec saiu correndo me deixando para trás ainda ajoelhada ao lado de sua mesa.

— Essas crianças...até parece que estão sendo torturadas para saírem correndo assim – Uma voz masculina surgiu por trás de mim, me sobressaltando.

— James, oi - Me virei para encontrá-lo encostado na soleira da porta com os braços cruzados.

James era um homem bonito, sua pele bronzeada pelo sol e seu cabelo loiro escuro o faziam parecer um surfista; claro que um professor assim não passava despercebido, o que fez com que sua presença na escola movimentasse muitos pais e mães até a escola em dia de reunião. Ele estava sorrindo, o que fazia as poucas rugas em volta dos seus olhos ficarem evidentes, deixando à mostra seus quatro anos a mais em comparação com a minha idade.

— Oi, Bella – Se desencostou do batente e se aproximou de mim – Faz tempo que não conversamos de verdade, sempre apenas nos cumprimentamos rapidamente por causa das milhares de crianças que temos que cuidar – Ele ainda sorria.

Eu sabia que ele estava brincando, James amava as crianças e dava aulas para o quinto ano, o que era dois anos a frente das minhas turmas.

— Pois é – Coloquei as mãos no bolso desconfortavelmente esperando que ele prosseguisse com a conversa.

— Então, eu estava pensando que poderíamos sair para jantar qualquer dia desses; você sabe, para colocar a conversa em dia – Completou.

Eu sabia!

Quando estava pronta para recusar, me lembrei da conversa que tive mais cedo com Dolly.

Eu precisava seguir em frente, sabia disso, e James seria um com recomeço.

— Tudo bem, eu vou adorar.

O sorriso de James aumentou ainda mais.

— O que acha de hoje a noite?

— É época de provas, tenho muitas para corrigir. Que tal amanhã a noite? Vou tentar terminar de corrigir tudo hoje para ficar livre logo.

— Claro, claro. Vai ser ótimo. Eu mando uma mensagem marcando o horário para passar na sua casa.

— Tudo bem.

— Eu preciso ir, eles já vão voltar do intervalo. Até mais, Bella – Ele piscou para mim antes de se afastar.

— Até mais, James – Acenei.

Soltei o ar que não sabia estar prendendo e me apoiei na minha mesa.

Aquilo seria bom para mim, afinal. Havia semanas desde a última vez que tinha saído por diversão. Costumava sair muito com Alice quando ela vinha nos visitar, mas com a data se aproximando cada vez mais, preferia ficar mais reclusa e focada no trabalho para não pensar muito no assunto.

As únicas pessoas que eu realmente tinha para conversar eram Alice, Dolly, às vezes Emmett e agora Tanya, que estava de volta para relembrar dos tempos que nos divertíamos no Canadá.

Tanya era uma boa amiga, mas não a considerava minha melhor amiga, aquele posto estava vazio desde que Kate se afastou de mim e eu odiava admitir, mas sentia a falta dela.

Fui desperta dos meus devaneios pelo sinal anunciando o fim do rápido intervalo e logo minha sala estava lotada de crianças de novo.

Alec tinha um pouco de grama no cabelo e estava suado, mas aquilo não era nada fora do comum.

— Sentem-se, crianças. Vamos começar de onde paramos! Bom, agora vamos para a tabuada do três - Peguei o giz para escrever as contas na lousa – Eu vou fazer as primeiras e deixar vocês tentarem as outras e depo-

— Isabella – Fui interrompida por Marcus, o diretor do colégio que estava na soleira da porta aberta, ele era bem sinistro, sempre usava apenas roupas totalmente pretas e tinha um rosto congelado em apenas uma expressão de tédio, o que rendia aos alunos diversas histórias de terror, menos ao Alec, seu sobrinho – Desculpe interromper sua aula, mas preciso dar um comunicado aos alunos.

— Tudo bem, Marcus – Não estava nada bem, odiava interrupções na minha aula, ainda mais quando ele teve o intervalo todo para fazer aquilo.

Ele se virou para a turma antes de começar a falar.

— Primeiramente, como as provas já começaram, eu gostaria de lhes desejar boa sorte e os aconselhar a estudarem muito, pois depois a vida só ficará pior, mais difícil e mais sombria – Ele até parecia um emo falando aquelas coisas, as crianças estavam com as carinhas assustadas.

Fiz uma careta. Eram apenas crianças. E daí que a vida ficava assim? Eles não precisavam saber disso agora.

— Em segundo lugar, temos alunos novos e eu gostaria que vocês os tratassem extremamente bem, são importantes – Com “importante” ele queria dizer que eles eram ricos – Vou buscá-los no corredor, esperem aqui.

Ninguém moveu um músculo até Marcus voltar.

Os meninos entraram o seguindo, eram idênticos à primeira vista, mas os analisando bem, era notável que um parecia mais recluso e envergonhado, passando a mão toda hora em seu cabelo cheio de gel enquanto o outro sorria excessivamente, seu cabelo castanho bagunçado todo bagunçado, parecendo que tinha acabado de acordar.

Gelei, um arrepio subiu por minha espinha e senti o chão sumir sobre meus pés.

— Turma, estes são Noah e Dimitri Denali, seus novos colegas de classe.

Eu conhecia bem esses nomes, eu que tinha ajudado Kate a escolhê-los. Apesar de não vê-los desde que tinham quatro anos, eu tinha passado natais suficientes com Kate e Garrett para não me esquecer de suas aparências, fora os incontáveis e-mails que trocamos durante anos, mas que vinham sendo ignorados por minha agora ex-amiga há anos.

Era oficial, Kate estava de volta à minha vida.


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Notas finais do capítulo

Música: Jolene - Dolly Parton

E ai????? Eu sei que falei que esse PDV seria do Edward, mas eu precisava colocar essa parte logo ou iria explodir!

O próximo capítulo sai ainda essa semana se tudo der certo e aí sim, será PDV do nosso querido Cullen.



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