Case 39 escrita por Kev1n


Capítulo 2
The Ring


Notas iniciais do capítulo

oi, desculpem me pela demora, eu estive meio ocupado esses dias, aí quando resolvi postar o cap, o nyah entrou em manutenção, sofro, porém aqui está, espero que gostem



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E o assassino do Terror ataca novamente, dessa vez a vítima foi um jovem de 16 anos, encontrado na floresta, com duas marcas de dentes em sua jugular e com 90% do seu sangue drenado. Obviamente, o filme escolhido dessa vez pode ter sido algum filme com o tema de vampiros. Ainda sem muita informação a polícia pensa em fazer um toque de recolher e sugere que os donos das casas instalem câmeras para melhor proteção...

James desliga a televisão.

— Ouviram, Charles e Christian, toque de recolher, a partir das 18h, não quero ver nenhum de vocês dois fora de casa. — James ordena.

— Olha aqui, só porque você namora a nossa mãe, você não é o nosso pai. — Retruco. — O Christian até pode ficar aqui em casa, preso, mas eu tenho 16 anos e tenho três amigos, vamos seguir o toque de recolher da polícia e voltar para casa às 20h. Inclusive, vou ao cinema agora, adeus. — Termino de falar e saio de casa.

Pego a minha bicicleta e vou pedalando até o cinema. Lá, encontro Martha, Cesar e Mark. Pode ser meio que uma ironia, mas hoje é a quarta-feira do terror. Faz algumas semanas que o assassinato das irmãs Jensen iniciou uma série de assassinatos relacionados a filmes de terror, A Garota da Porta ao Lado. 1303 – Apartamento do Mal, onde uma garota foi achada acorrentada e mutilada na sala de aula de mesmo número. Até filmes trash como os de tubarões de duas, três, quatro cabeças já foram usados como referência.

Todos estão apenas esperando o próximo assassinato para tentarem descobrir uma conexão ou uma pista do próximo assassinato. O cinema, entretanto, não podia parar de fazer sua sessão de filmes de terror, do mesmo jeito que existe um assassino a solta também existem amantes de filmes de terror, Mark não é um deles, mas ele se esforça.

— Qual o filme de hoje? — Cesar pergunta.

— Um clássico. O chamado. — Respondo.

— O chamado não é um clássico. — Martha retruca.

— Que diferença faz? É tudo de terror. — Mark diz e nós rimos.

Fazia tempo que eu não via O chamado ou um filme de terror decente, hoje em dia o terror é só sobre psicopatas assassinos ou sobre demônios, muitos esquecem das lendas e mitologias. Terminamos de ver o filme e saímos da sala.

— Ah, sei lá. — Mark começa. — O filme foi bom, mas eu não entendi muito bem a história da Samara.

— Bem, a história é que... — Martha inicia a discussão, mas seu celular toca. Todos a encaramos, com medo. Ela pega o celular e atende. — Alo?

Sete dias.

Martha grita de medo, deixando seu celular cair, logo depois, outro grito, um garoto da nossa sala, e outro, e outro, e outro, até que o saguão do cinema vira uma grande cena de horror com gritos de desespero.

A polícia chega no local rapidamente e começa a pegar o depoimento de todos que receberam a chamada, inclusive o meu.

— Tenham cuidado jovens, a partir de hoje, fiquem em casa durante o toque de recolher, tranquem bem as portas e as janelas, liguem os alarmes das casas e deixem o número da polícia na discagem rápida de seus telefones. — Um policial nos instrui.

— Ai droga. O que a gente vai fazer Charles? — Martha fala em desespero. Cesar chega perto dela e a puxa para um abraço calmante.

— Eu não sei, Martha. — Digo triste e pensativo.

— Ué, não é óbvio? — Mark começa e nós o encaramos. — É só fazer uma cópia da fita, foi assim que a mulher e o garoto do filme se salvaram.

— Mas não tem uma fita, Mark. — Retruco.

— Tem a locadora da rua 7. — Mark responde. — Poderíamos alugar o filme e fazer uma cópia dele no computador. Não custa tentar.

A ideia de Mark foi boa, corro até um policial e explico para ele o que nós poderíamos fazer. O policial fala com outros policiais, logo todos se juntam e pedem para que nós façamos exatamente o que Mark propôs e que mesmo assim ficássemos em casa.

[...]

Exatamente uma semana depois, a ideia de Mark funcionou, todos que fizeram uma cópia do filme se salvaram, os que não fizeram... bom, morreram. Talvez essa seja uma forma de acabar com o assassino, descobrir como não morrer, mas essa é a parte complicada, o que fazer quando no filme todo mundo simplesmente morre?

— No que está pensando Sr. Mills? — A professora de Química interrompe o meu pensamento.

— Em nada.

— Quer dizer que o ”nada” é mais importante do que saber sobre ligações peptídicas? — Ela me questiona.

— Não.

— Para a diretoria, agora.

— O que?

— Preciso repetir Sr. Mills?

Me levanto irado e vou para a diretoria, injustamente. Chegando lá, me sento e espero o Diretor me chamar, enquanto isso, olho para a pequena televisão no canto da sala, onde passa uma reportagem dizendo que o assassino do Terror não conseguiu matar a sua vítima, o filme da vez era para ser IT - uma obra-prima do medo, porém a criança escolhida não tinha medo de palhaços e atacou o assassino, machucando a sua perna direita.

— Charles Mills.

— Eu.

— O Diretor Higgs o espera. — A balconista me diz.

Entro na sala e vejo o Diretor Higgs lendo o jornal diário, me sento, olho ao redor da sala e espero ele dizer alguma coisa.

— O que o traz aqui hoje, Sr. Mills? — O Diretor me questiona deixando o jornal em cima da mesa.

— Eu estava pensando sobre o assassino e a professora Daniels percebeu e me tirou da sala, foi isto.

— Entendo. — Ele pigarreia. — E por que estava pensando nisso?

— Eu quero tentar descobrir quem é o assassino, antes que ele fira as pessoas que eu amo, minha mãe e meu irmão.

— Mas e o seu padrasto, o James?

— Ele não é nada para mim.

— Por que não me conta mais sobre o acidente que você sofreu há alguns anos? — O Diretor me pergunta, aquilo me fere como mil facas me perfurando no peito. Com muita dor eu começo a contar.

Eu tinha acabado de entrar de férias, meu pai e eu íamos acampar na floresta da nossa antiga cidade, todas as vezes, nas férias de verão, nós viajávamos para acampar, pescar, conversar sobre a vida. Meu pai me ensinava sobre como sobreviver na floresta e eu ensinava para ele como mexer no Twitter.

Porém, naquelas férias de verão, foi diferente. Na viagem de ida, tinha acabado de chover e a pista estava bem escorregadia, era final da tarde, quase noite, quando um bêbado virou repentinamente a direção do carro na nossa frente, os dois carros viraram e saíram da estrada, o carro do bêbado bateu numa árvore e lá ficou, o nosso bateu numa divisória, quebrando-a, rolamos colina abaixo e caímos num lago. Eu e meu pai desmaiamos, acordei algum tempo depois, com a água já enchendo quase todo o veículo, tentei acordar o meu pai, mas sem sucesso, o carro já estava com água até o teto. Com algum esforço, abri a porta do automóvel e fui nadando até a superfície, depois fui até a beira do lago, onde já tinham pessoas e uma ambulância lá, conseguiram tirar o meu pai do lago, e nos levaram ao hospital. Lá, ficamos internados por alguns dias, minha mãe deixou o meu irmão com os vizinhos e foi lá nos visitar, poucos dias depois, meu pai, que estava em coma, teve morte cerebral. Minha mãe assinou um termo, os médicos desligaram os aparelhos e meu pai, oficialmente, morreu. Ficamos de luto durante alguns meses, a minha mãe seguiu em frente e conheceu o James, mas eu não.

— O que você acha de fazer uma terapia com um psicólogo? — O Diretor me sugere.

— Eu não sou louco.

— Você não precisa ser louco para ir a um psicólogo. — Ele retruca, o sinal da escola soa. — Vou deixar essa passar, pode ir embora, mas lembre-se da minha sugestão, ok?

— Ok. — Respondo e vou para a casa.

Minha mãe, meu irmão e... James, estão na sala vendo algum filme infantil, passo direto, subo as escadas, coloco meus fones, ligo a música e aumento o volume, começo a chorar, há muito tempo que eu não falava do meu pai, ter que reviver tudo aquilo me destruiu, ainda mais do que o Diretor ter me perguntado sobre.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Comentem e acompanhem a fic, bjjs :P



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