Kathlynn deu um grunhido quando percebeu que engolira a folha de mandrágora enquanto dormia.

— que houve, Kate? – perguntou Alice.

Kathlynn pegou outra folha discretamente.

— nada. – respondeu.

Foi para o banheiro e colocou a folha na boca.

— Kate, você vai à Hogsmeade? – perguntou Marlene.

Kathlynn saiu do banheiro.

— vou, por quê?

— a Lily falou que está pensando em não ir.

Kathlynn sentou na cama e começou a procurar seu vestido.

— Lily, você vai. – disse. – Você tem que ir.

Lilian sentou na cama.

— seria melhor se você me explicasse o motivo.

— porque você disse que ia ajudar a Lene a escolher o vestido dela pro baile. – respondeu Kathlynn.

Lilian inclinou a cabeça.

— mas nem saímos de setembro. – argumentou. – O baile é no ultimo sábado antes das férias de natal.

— mas sabemos como a Lene é precoce. – rebateu Kathlynn. – Não é, Lene? – olhou para a loira.

Marlene sorriu.

— pois é, Lily.

Lilian as olhou com um sorrisinho do tipo: vocês são impossíveis. Levantou-se e procurou sua roupa.

Enquanto isso Kathlynn foi tomar banho. Penteou os cabelos escuros e estudou seu reflexo um pouco. Os olhos verde-mar a irritavam muitas vezes, arrancando comentários de como não eram típicos da família Clark, que geralmente eram azuis, “grande diferença” respondia ela às vezes.

— MENINAS! – Dorcas entrou no quarto, animada.

Kathlynn saiu do banheiro, pronta.

— que aconteceu, Meade? – perguntou Alice.

— nada, só achei que vocês ainda estavam dormindo.

Kathlynn revirou os olhos.

— se eu ficar surda você duas me pagam. – indicou Dorcas e Lilian.

— eu? – repetiu Lilian surpresa.

Kathlynn limpou e garganta. 

— É EVANS, POTTER. EVANS. – imitou com perfeição. – E NÃO, EU NÃO QUERO SAIR COM VOCÊ!

As amigas riram.

— tá bom, tá bom. – falou Lilian sorrindo. – A culpa também será minha.

— Lily, vai se arrumar. – mandou Marlene. – Senão você usa isso como desculpa para não ir.

Lilian riu e foi para o banheiro.

Estava um pouco frio, então Kathlynn teve que pegar um casaco e o cachecol.

Depois do almoço foram para as carruagens que levavam à Hogsmeade.

— não sei como você consegue gostar disso. – disse Lilian quando Kathlynn pegou alguns diabinhos de pimenta.

Saíram da Dedosdemel.

— diabinhos nunca superarão os caramelos. – Marlene jogou um caramelo na boca.

Kathlynn deu um sorriso travesso e comeu um diabinho de pimenta, foi para o lado da amiga e cuspiu fogo nela.

Marlene gritou e começou a bater no cabelo, espantando o fogo que na verdade não queimava.

— Kathlynn Clark, eu mato você!

As outras riram.

— Kate – o tom de Lilian sugeria um futuro sermão, mas ela não conseguiu segurar o riso. – você é um diabrete.

Viraram a esquina e foram para a loja de vestidos. Marlene acabou por escolher um vestido rosa que lhe caia muito bem.

— você não precisava realmente comprar agora. – lembrou Alice num murmúrio para que Lilian não ouvisse.

— mas eu gostei. – disse Marlene. – Vou levar esse aqui. – disse para a vendedora.

Em seguida foram para o Três Vassouras.

Alice tinha foi sentar com Frank.

— o que vão querer, meninas? – perguntou Rosmerta pouco depois que chegaram.

— pode ser cerveja amanteigada…

— caramba, como vocês são caretas. – três garotos se aproximaram e sentaram com elas. James continuou, para Rosmerta: – Uísque de Fogo.

— um para cada? – perguntou a mulher. James assentiu e ela anotou o pedido: – Esperem um instante.

— Potter – começou Lilian. Kathlynn notou que ela quase o chamou por “James”, mas corrigiu tão rápido que podia ser apenas imaginação. – Nós não devíamos beber.

— e por que não, ruivinha? Até onde sei somos maiores de idade.

— E-V-A-N-S. – corrigiu. – E estou falando de ser uma bebida muito forte, não seria bom se nos embebedássemos. Principalmente porque somos monitores.

James riu.

— não se preocupe, Evans.

Rosmerta trouxe as bebidas. James assegurou que não ia exagerar e Remus fez uma careta ao beber o líquido. Depois de um tempo, as conversas começaram a fluir ali na mesa, Kathlynn perguntou o mais casualmente possível onde Sirius estava.

— ah, ele tinha um encontro. – responderam.

Peter pediu bolinhos e ficou se empanturrando, mal bebendo o uísque.

— e aí? – Sirius chegou depois de um longo tempo. E olha, adivinha só quem era a garota do encontro: Audrey.

— senta aí, Almofadinhas.

Audrey tinha um sorriso estampado no rosto.

— vocês demoraram. – o tom de James sugeria algo que não agradou Kathlynn.

  Audrey sentou bem na frente de Kathlynn, que pode ver várias marcas roxas no pescoço da garota. Audrey cobriu as marcas com o cachecol.

Uma raiva descomunal cresceu no peito de Kathlynn e fez seu sangue ferver.

— não adianta cobrir os chupões se não esconde sua cara de puta. – disse ela com a maior calma possível.

Todos viraram para ela.

— como é? – perguntou Audrey com o rosto traçado de raiva.

— você ouviu bem. – disse Kathlynn. – Ou agora é, além de puta, surda?

Audrey foi pular em cima de Kathlynn, mas Sirius a segurou.

— ME SOLTA, SIX. – gritou a garota. – EU VOU MATAR ESSA…

— AUDREY, CALA A BOCA! – Kathlynn nem soube quem disse aquilo, varias pessoas olhavam para aquela mesa.

Kathlynn levantou, mas James se colocou em sua frente.

— Kate, calma! – pediu segurando seus ombros.  

— eu estou calma, James. – sua voz saiu acida. – quem pirou foi essa aí!

— por favor, se retire! – mandou Rosmerta para Audrey, que só faltava espumar pela boca de raiva.

James parecia indeciso entre rir ou dar sermão.

— porra, Kate, por que fez aquilo?

Kathlynn deu de ombros.

— só a chamei de puta, o que é que tem?  

— o que é que tem? – repetiu James debochado.

— não é verdade?

James inclinou a cabeça.

— é. – respondeu. – Mas você não devia ter dito. O que é que deu em você?

— efeito do álcool, talvez.

James balançou a cabeça sorrindo.

— e Lily ainda falou de mim. – semicerrou os olhos. – Mas tem certeza que foi só isso?

Kathlynn arqueou as sobrancelhas.

— por que mais seria?

— ciúmes, quem sabe. – sugeriu James.

Kathlynn deu uma risada sarcástica.

— ah claro, estou completamente apaixonada pelo idiota do Black. – o sarcasmo imperou em sua voz, embora fosse verdade. – c…

— isso explica muita coisa. – era Sirius, já tinha levado Audrey para sua Casa.

Kathlynn sentiu o sangue congelar.

— era sarcasmo, Black. – disse.

Sirius se aproximou.

— é, notei o tom. – cruzou os braços. – Você tem certeza?

Kathlynn cerrou o maxilar.

— só em pensar na possibilidade de me apaixonar por você, já sinto náuseas. – falou e atravessou a sala, subindo para os dormitórios.

— Merlin, Kathlynn, você é louca. – disse Dorcas quando ela entrou no quarto.

— não fiz nada demais. – deitou-se em sua cama e se cobriu.

As garotas se olharam com sobrancelhas arqueadas.

— ok – disse Marlene. –, então vamos começar a nos cumprimentar com: oi, suas putas.

Dorcas riu.

Kathlynn deu de ombros.

— por mim…

As outras foram se deitar também.

— só me pergunto se você não ficou irritada com Audrey por ela estar com o Black. – refletiu Alice.

Morgana me livre, pensou Kathlynn, mas era verdade, ela sabia.