Pv Oliver

Era hora de volta para realidade, temida realidade, aquela que a gente estava fugindo desde o momento que tudo começou e assinamos nosso nome naquele contrato, maldito contrato, eu estava preso nessas entrelinhas daquele contrato de um ano.

A gente tinha acabado de chegar de viagem, “lua de mel” para os outros, ninguém sabia com tudo iria acontecer, talvez nossos pais, que já estava com o circo todo montado e planejado, mas precisava está preparado, essa tinha sido nossas pequenas férias.

Eles tinham entregue um pequeno bloco com algumas opções de coisas bem aleatórias, depois da nossa reunião e do contrato, que na hora não tinha feito sentindo nenhum, mas agora já estava entendendo do que se tratava. Uma das opção do bloco era casa ou apartamento, eu marquei apartamento, era algo mais prático no meu ponto de vista, eu quase não parava em casa, mas agora era diferente, tinha a Felicity, e essa vida, que a gente tinha que criar juntos, ela tinha escolhido opção casa, bom nesse ponto a gente não bateu nas ideias, e nem nas outras devo imaginar, a verdade que quando respondi, respondi pensando em mim, não em nós ou nela, era estranho essa ideia, esse novo normal que surgiu do nada.

Foi marcado bem cedinho uma visita, logo no outro dia que chegamos de viagem para o que pode ser nosso possível novo apartamento, eu achei que tinha chegado atrasado, mas pelo visto eu tinha chegado cedo ate demais, encontro uma mulher que parecia a corretora e outra perto que estava na reunião não lembro o nome, mas a mesma que marcou meu encontro com a Felicity que foi um fiasco.

— Bom dia Oliver, você sabe onde está sua esposa? – a moça que parece corretora falou sorridente dando a mão.

— Acho que deve ter atrasado no trânsito. – Respondi

—Como? Vocês não estavam juntos?

—Eu disse banho, ela atrasou no banho e pediu pra vir na frente.

—Cheguei. – Felicity interrompe a conversa, ela estava vestida formalmente, e com cabelo preso.

— Então vamos começar - outra moça falou tentando corto o assunto.

Assim que entramos, o apartamento se mostrava bem grande e com uma pegada moderna, ele tinha espaço de sobra, nada diferente do que eu vejo ou frequento, na verdade era mais do mesmo, sempre mesma coisa, cores neutras, objetos de decoração de luxo, quadros grandes, lustres, melhores eletros, tudo completo. A gente passeava pelo apartamento enquanto elas ficava explicando algumas coisas, coisas essa que nem sempre estava prestando atenção, era tudo um saco aquilo e eu estava pensado com a gente vai fazer da certo.

—Olive! Você ouviu o que falei?- a corretora indagou, e vejo as três mulheres olhando para mim.

—Sim, era algo sobre o espaço do apartamento. – respondo

— Isso mesmo, falei sobre a prioridade que eu dei quando selecionei esse apartamento para vocês, seus pais deixaram isso bem claro quando vieram aqui ver, espero que gostem.

— O espaço na verdade é para deixá-los mais confortável possível já que é uma nova vida juntos, era bom um pouco de espaço para começar a se acostumar com a ideia de dividir o mesmo teto, tivemos esse cuidado, mas lembrem porta pra fora vocês têm um papel para cumprir. – falou a moça que estava na empresa no dia do contrato, baixinho para nós dois ouvir.

 -Bom esse é o apartamento de vocês. – finalizou a corretora, eu nem percebi que quanto tempo eu perdi pensado tanto. – Aqui esta as chaves.

—Ótimo, bom dia, preciso ir, tenho reunião hoje e estou atrasada. – Felicity falou pegando as chaves e saindo, so agora percebi que ela passou todo o momento calada sem fala nada, não julgo acho que estava do mesmo jeito. Fiz o mesmo so pegue as chaves e sai, queria ocupar minha cabeça.

Passei tao rapido pelos corredores da empresa no desespero de chegar ate minha sala e na torcida de não ter ninguém no caminho, que quase atropelo minha secretaria, mas acho que ela notou que não queria ser incomodado por que depois que fechei a porta ela não tentou nem chamar meu nome ou bater. Fecho os olhos respirando fundo, e afrouxando a gravata, queria um momento de silencio para organizar tudo na minha cabeça.

—Oliver querido, bom dia, como foi a viagem? – ouvi a voz da minha mae sair do canto da sala

—Não sabia que estava aqui.

—Quanto bom humor, tambem estava com saudade. – falou seca

— Voce quer saber se seu circo todo esta dando certo?- falei irônico

—Oliver eu sei que não é facil fazer o que pedimos...

—Pediram não. Ordenaram praticamente, não tive nem escolha.- interrompi com raiva

—Voce sabe muito bem o porque fizemos isso, um dia voce vai entender que nem sempre se trata de esta confortável em uma situação, mas sobre fazer alguns sacrifícios para algo maior, nem que isso custe nossa liberdade, felicidade ou como queira chamar, no momento meu filho é duro, mas voce não esta pronto para essa conversa ainda, e quando estiver, voce vai entender do que se trata, e vai conseguir compreender melhor por que fizemos isso. – ela finalizou já em frente à minha mesa, eu apenas me joguei na cadeira atrás de mim.

—Claro mae. – falei sem olhar para ela, enquanto esfregava meus olhos e massageava minha têmpora.

—Bom Estou indo então só vim para saber como foi a viagem, mas se você não quiser falar eu respeito, espero que Amanda tenho explicado tudo sobre  o apartamento, escolhi ele justamente pelo espaço que voces teriam, os quartos tambem achei bem importante esse detalhe, tudo foi muito bem pensando para deixar a situação agradável, ao máximo pelo menos. – ela pegou sua bolsa ajeitou no ombro e saiu.

Não tinha mas o que fazer, estava feito, não tinha por que ainda ficar em negação, seria assim agora, volta todo dia para casa e encontra Felicity, minha rotina agora era com ela, meu dia a dia seria com ela, saber quer agora era casado, tinha a empresa tambem, mas aquele anel dourado tinha um peso tao grande, era sufocante o que ele queria dizer. Era isso, eu estou oficialmente casado.

O relógio marcava mais de 23:00h, provavelmente boa parte da empresa já estaria em casa ou pelo menos no caminho, eu seguia enrolando o tempo na minha sala, ensaiando como seria minha chegada, ou o que falaria, ou se simplesmente eu iria direto para meu quarto, ou talvez eu nem encontrasse ela, mas o que eu sei é que preciso enfrentar isso logo, hoje era apenas o primeiro dia dos outros 365 dias.

Depois que estacionei o carro, notei que so tinha eu chegando nesse horário, quase meia noite já, fiquei pensando se a Felicity já estaria dormindo ou me esperando, ela não parecia esse tipo de mulher, mas tambem já se mostrou bastante preocupada, não sei se já deu tempo criar algum vinculo, tudo era muito confuso, depois que adentrei o elevador ouvi um voz feminina pedindo para segura o elevador, faço como pedido.

— Ah, obrigada esse estacionamento esta bem esquisito, acho que pelo horário também. – a loira falou sorrindo parecia um pouco ofegante pela corrida, estava de cabeça baixa enquanto vasculhava sua bolsa.

— Sim, esta um pouco esquisito mesmo, aconteceu alguma coisa na empresa? Felicity.- falei surpreso por encontra ela ali naquela hora, e ao mesmo tempo com uma cara “te peguei”, ela simplesmente travou no lugar.

—Oliver? Chegando essa hora, devo dizer que estou surpresa imaginei chegando de madrugada ou nem aparecendo hoje. – falou levantando a cabeça, seu tom saiu acido.

—Eita que eu sou fiz uma pergunta, e pelo visto não sou o único chegando tarde. – me defendi, ela ia ser sempre assim, estava no ataque, sem trégua. A porta do elevador se abre, ela sai jogando o cabelo e batendo o pe forte no chao, pelo o barulho dos saltos imaginei que não seria facil.

Ela abre a porta do meu apartamento em um velocidade impressionante, nosso, nosso apartamento, e entra jogando a bolsa no sofa, e os saltos proximo a mesinha de centro, fiquei ali observando a cena, ela passeava pelo apartamento como se tivesse já vindo ali, como se não fosse a primeira vez, ela agora estava segurando um copo com acho que suco ou chá, e volto a olhar pra mim.

— O que foi? – ela perguntou, depois de notar que eu estava observando ela

— Notou que eu existo foi? – respondi tirando o palito e tambem deixando no sofá.

— Notei voce no elevador se não se lembra. – falou revirando os olho e dando outro gole.

— Voce fala da patada grátis que recebi, por que eu achei que a gente estava bem, depois que conversamos na viagem. – falei com cautela, e sentando na cadeira proximo ao balcão.

— Oliver voce tem vezes que se faz de bom moço, não entendo a sua, ganha o que com isso, com o teatrinho, voce não cansa? – falou finalmente me encarando.

— Mas do que é que voce esta falando?

— Mais cedo precisei vir aqui, pegar algumas coisas, minha mae falou que tinha mandando quase tudo meu para cá, entao eu vim buscar, quando chego aqui imagina minha surpresa quando encontro Susan Williams na minha porta, na verdade na nossa porta, NOSSA OLIVER! Não minha, não sua, mas NOSSA. Como ela sabia? A gente acabou de pisar aqui, voltamos ontem e hoje estamos nesse apartamento novo, entao com ela sabia? – eu conseguia ver sua veia pulsar a cada palavra.

— Olha vamos por partes ta legal, eu nem sabia que ela esteve aqui, e não eu não sei como ela sabe desse apartamento, mas obrigada por perguntar. – fui franco com ela

— Fica dificil de acredita as vezes – ela suspirou, abaixando a cabeça.

— Vamos combinar assim, quando voce quiser pergunta algo, sobre qualquer coisa, voce pergunta, não importa o que acha, quem falou, onde voce viu, voce só pergunta, voce tem passe livre, pode ligar, manda mensagem, como preferir. – falei tentando simplificar tudo.

— Por que?

— Como assim?

— Por que voce ta fazendo isso, voce sabe que não é por que a gente ta na mesma casa que precisa de tudo isso. – ela falou

— Eu sei, eu sei tambem que viver em briga o tempo todo, distribuindo patada não vai ajudar em nada, e é horrível, vai por mim, é cansativo. Eu cresci em um cenario como esse e não foi legal.- soltei sem nem percebe que estava falando da minha vida

— Tudo bem, entao como fazemos?- ela perguntou mais calma

— Eu não sei. – fui sincero

— Eu tambem não.

— Bom eu acho que já esta tarde, podemos ir dormir e depois vemos isso, a gente tem tempo. – falei cansado, precisava descansar.

— Boa noite entao Oliver. – ela falou já subindo as escadas

— Boa noite Felicity.