A vida não é uma novela escrita por Laila120


Capítulo 2
Capítulo 2




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O sol já estava se pondo quando Ana chegou ao hotel da praia onde ficava o apartamento de Milena, a fim de procurar alguma pista sobre onde ela poderia estar. 

Ao entrar no hotel, Ana se dirigiu ao balcão da recepção e pediu a senha para entrar no apartamento de Milena e esperar por ela. Após alguns minutos a atendente voltou e disse:

— Sinto muito, mas a senhorita não esta liberada no sistema de emergências.

— O que isso quer dizer?

— Como a senhorita não tem cadastro na listas de pessoas autorizadas a entrar nos apartamentos em caso de emergência, eu não posso te dar a senha.

Ana suspirou e ficou encarando a mulher como que a perguntar se não tinha outra maneira.

— Sinto muito, eu não posso fazer nada.

— Tudo bem, eu vou ligar para o meu chefe.

Ana se afastou um pouco do balcão e ligou para ele, mas só dava caixa postal. Sem saber o que fazer ela votou ao balcão:

— Só está dando caixa postal. — Ana se apoiou no balcão e ficou encarando a recepcionista. — Você não consegue mesmo me ajudar?

A recepcionista olhou brava para Ana e respirou fundo.

— O que eu posso fazer é perguntar para a minha gerente se ela autoriza à senhorita subir — a recepcionista falou calmamente.

Ana percebeu que havia vários hospedes na recepção e provavelmente ela estava atrapalhando o trabalho da recepcionista.

— Muito obrigada. — Ana sorriu para a recepcionista. — E não queria te atrapalhar.

A recepcionista sorriu para Ana e foi falar com a sua gerente.

Para não incomodar mais, Ana foi até o lado de fora tentar ligar para o seu chefe de novo. Quando se falaram na casa de shows, ele parecia muito calmo, como se soubesse que ela iria aparecer. Sem sucesso, ela resolveu mandar uma mensagem para ele enquanto voltava para dentro. Por não estar a prestar atenção no caminho, ela tropeçou no degrau da entrada e caiu de cara no chão. Ela tentou levantar-se o mais rápido possível com vergonha de alguém ter visto. Quando chegou ao balcão a recepcionista e um rapaz encaravam ela.

— Está tudo bem? — perguntou a recepcionista.

— Sim, estou bem — Ana respondeu sem graça.

— Eu acabei de receber autorização para deixar a senhorita entrar no apartamento. — Ela entregou um cartão de acesso para ela.

Ana correu para a área dos elevadores, e como o elevador já estava no térreo, ela entrou. Ao olhar para o lado percebeu que o rapaz que estava na recepção havia entrado no elevador. Ela o cumprimentou e ele simplesmente disse:

— Eu também já tropecei naquele degrau.

Ana, sem saber o que falar, o encarou pela primeira vez. Ele era um pouco mais alto que ela e estava com a pele bronzeada pelo sol.

— Me desculpe, eu não entendi.

— Nada. É só que... — Ele coçou a cabeça meio sem jeito. — Você não precisa ficar com vergonha por ter tropeçado, todo mundo tropeça de vez em quando. Por isso eu admiti que eu também já tropecei naquele degrau.

— E você também caiu? — perguntou Ana curiosa para saber onde aquela conversa ia dar.  

Ele riu e respondeu enquanto descia do elevador no oitavo andar:

— Não, eu não caí.

As portas do elevador se fecharam e Ana não teve tempo de responder nada. Assim que ela entrou no apartamento um cheiro de lavanda tomou conta do seu nariz e o tamanho do apartamento a surpreendeu. A sala de estar era maior que toda a casa dela, as paredes eram brancas e o chão de madeira. Ela andou pela sala de estar e pela cozinha e, não vendo nada de estranho, dirigiu-se para o quarto onde viu que as malas ainda não tinham sido desfeitas.

Já que tinha que esperar, ela se sentou no sofá e foi checar as mensagens do seu celular. Para sua surpresa, tinha um texto enorme do seu chefe contando que no último show da Milena o cenário caiu e de alguma forma seu figurino pegou fogo. Talvez o medo a tenha levado a fugir.

 O celular de Ana tocou, lhe dando um susto e interrompendo seus pensamentos.

— Alô.

— Ana, ela apareceu!

Ana se levantou do sofá ao ouvir a voz do seu chefe.

— A Milena?

— Sim, e ela disse que você sabia onde ela estava.

— Como assim? — Ana andou de um lado para o outro pensando. — Eu não...

— Você tem que vir até a casa de shows correndo. — Ana estava na porta quando ouviu seu chefe gritar antes de desligar: — Milena! Não!

Imediatamente Ana pegou sua bolsa e correu até a casa de shows. Chegando lá, o palco estava todo sujo com tinta preta. Ana ouviu gritos vindos dos camarins e correu para lá.

Quando Ana entrou Milena estava com um vestido roxo em uma mão e um pincel com tinta preta na outra, o espelho da penteadeira estava quebrado e havia roupas espalhadas por todo o lugar. O chefe dela estava com outra mulher estavam do lado oposto tentando acalmá-la.

— O quê você está fazendo? — perguntou Ana para Milena.

— Eu vou destruir meu show antes de deixar que vocês o destruam.

— O quê? Eu não entendi nada do que você disse. — Ana começou a andar em direção a Milena.

— Sempre foi assim, vocês estragam tudo! Até queimar o meu vestido vocês já deixaram acontecer! — Milena estava segurando seu choro. — Eu pensei muito e decidi que esse show não vai acontecer porque dessa vez eu mesma vou acabar com tudo, inclusive esse vestido.

Ana conseguiu chegar perto de Milena antes que ela estragasse o vestido e tirou o pincel de sua mão. A mulher que estava lá tentou arrancar o vestido, porém a Milena continuou puxando.

— Você acha mesmo que destruindo tudo você se sentir melhor? — perguntou o chefe de Ana. — Ele não trabalha mais aqui, então a única pessoa que pode impedir que esse show aconteça é você.

— Para de jogar toda a culpa nele, vocês também são responsáveis pelo que aconteceu! — Milena gritou e puxou o vestido com tudo.

— Então eu espero que você esteja preparada para arcar com a multa por não se apresentar! E é claro, você também vai ter que pagar o prejuízo que a casa vai ter para consertar tudo que você estragou — explicou chefe de Ana com calma e ironia.

— Sempre sobra para mim — murmurou Milena. — Eu não tenho como pagar.

— Ótimo, então vai para casa, toma um banho e descansa. Amanhã você pode vir para a casa de shows, depois do almoço e nós fazemos a passagem de som.

— Você ainda quer que eu cante amanhã?

— Claro que eu quero! Ou você tem dinheiro para pagar a multa por não se apresentar?

— Eu entendi. Então eu vou para casa.

— A Ana vai ficar com você até a hora do show, para garantir que nada vai acontecer.

— Eu não preciso de babá — reclamou Milena.

— Vai ser só por precaução — explicou o chefe de Ana. — Ana me desculpe por te pedir isso. Eu vou te dar um dia de folga depois para compensar.

— Tudo bem, só que eu tenho que passar em casa primeiro — explicou Ana, enquanto Milena revirava os olhos ainda sem aceitar essa situação.

— Então está tudo certo. Eu mando uma mensagem amanhã avisando para vocês virem para cá.

Já estava dando meia-noite quando Ana e Milena finalmente entraram no apartamento. As duas tomaram banho e foram comer a comida que pediram em um dos restaurantes italianos do resort.

— Você gosta de nhoque? — perguntou Ana querendo começar uma conversa.

— Eu não desgosto — respondeu Milena sem tirar os olhos do prato. — Fala logo o que você quer saber!

— O que aconteceu no seu último show?

Milena suspirou, espetou um pedaço dos brócolis com o garfo e ficou brincado com ele até começar a falar:

— Eu iria cantar nesse show como uma homenagem á minha mãe que faleceu. — Ana começou a abrir a boca, porém Milena fez um sinal para que ela ficasse quieta e continuou. — De repente, a estrutura do cenário caiu, e todas as flores que decoravam a estrutura de madeira estavam jogadas no chão. Eu corri desesperada para o camarim e ele estava lá me olhando, sem nenhum pingo de remorso. Nós discutimos e ele pegou o meu último vestido. Era uma homenagem para minha mãe! — Milena começou a chorar. — Ele colocou fogo e se o primeiro olho não tivesse aparecido, eu não sei o que teria acontecido.

— Desculpa interromper, mas quem foi que fez tudo isso? — perguntou Ana querendo entender tudo.

 — O antigo terceiro olho. Ele não era uma boa pessoa. — Milena parou de chorar e pela primeira vez olhou para Ana. — Acho que você não me entende. Isso não importa, no final jogaram toda a culpa em cima dele, mesmo sabendo que ele não era o único culpado.

— Tem outra pessoa! — Ana ficou assustada de saber que deixaram a outra pessoa escapar. — Quem é? Se tinha mais um culpado, ele também deveria ser demitido.

— Eu não posso falar quem é, mas te garanto uma coisa, ele deve ter ficado com muita raiva por conta do que eu fiz hoje. — Milena sorriu e voltou a comer.

— Se ele esta com raiva de você, ele pode tentar fazer alguma coisa! — concluiu Ana.

— Eu não me importo. As minhas malas já estão feitas. Depois do show eu vou logo embora. — Milena acabou de comer e se levantou. — Eu vou embora, só que você vai ficar, então sugiro que fique esperta.  

— Será que vai ter mesmo o show amanhã? — perguntou Ana não querendo pensar muito no aviso de Milena.

— Com certeza! Eles sempre dão um jeito. Agora é melhor irmos dormir que hoje o dia foi cheio e amanhã vai ser mais ainda.


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