Siblings escrita por hrhbruna


Capítulo 7
06


Notas iniciais do capítulo

Venho compartilhar mais um capítulo de Siblings com vocês ♥



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As melhores pessoas são loucas

— ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS.

Charlotte recebeu alta na hora do almoço, ainda assim porque Madame Pomfrey já estava ficando aborrecida com a menina a constantemente se queixar. Por fim, a mulher a deu poções para continuar tomando ao longo do dia e a recomendou a voltar caso sentisse mal-estar.

Foi um dia repleto de enxaqueca e tonturas, mas Charlotte não retornou à enfermaria. Por outro lado, ela ficou bastante grata às poções que Madame Pomfrey havia a dado e fez uso da medicação corretamente.

Pelos próximos dias, pelo menos até sexta-feira, Charlotte aceitou que Blaise carregasse sua mochila e se dispusesse para ajudar com o dever de casa, mas quando chegou o fim de semana Charlotte já estava precisando recuperar sua solidão.

— Eu vou dar uma volta no jardim. — anunciou a Blaise e Daphne que estavam fazendo as tarefas no salão comunal.

— Eu vou com você. — Blaise se colocou imediatamente de pé.

A careta feia de Daphne foi um incentivo extra para Charlotte negar ao amigo.

— Não. Eu quero ficar sozinha.

— Mas e se você passar mal?

— Eu não vou. — Charlotte declarou em tom firme. — Eu preciso de um minuto de solidão ou eu vou enlouquecer. Por melhores que sejam suas intenções, Blaise, eu preciso ficar sozinha. Você sabe disso.

Blaise não pareceu satisfeito. Ele na verdade temia pela saúde de Charlotte... também não queria que ninguém tirasse proveito de sua fragilidade. Olhou de soslaio para Crabbe e Goyle que devoravam bolinhos de amora e pareciam alheios aos dois.

— Vinte minutos ou eu vou atrás de você.

Charlotte certamente levaria muito mais que vinte minutos, mas Blaise poderia ir até os confins de Hogwarts que ela duvidava que o amigo fosse encontrá-la.

Ela era boa em passar despercebida e silenciosamente. Também dominava a arte de desaparecer em segundos quando avistava alguém que queria evitar. Naquele dia em especial ela estava caminhando na direção da cabana de Hagrid.

Desde o início das aulas ela não tinha tido muito tempo para conversar com o meio-gigante, a não ser entre as aulas.

— Ei!

Charlotte olhou com cara de poucos amigos sobre o ombro, mas foi surpreendida por Oliver Wood. Ele caminhava apressadamente para alcançar o passo dela.

— Oi. — cumprimentou sem graça.

Desde que ela passara alguns dias na Madame Pomfrey, Charlotte não via Oliver. Como Blaise dificilmente a deixava sozinha, claramente o Grifinório não havia tido oportunidade para abordá-la.

— Você desapareceu. Soube que tinha tido alta da enfermaria, mas depois nunca mais a vi. Nem nas refeições. — Wood comentou em tom preocupado.

Ele se inclinou e beijou seu rosto num gesto terno. O lugar que os lábios do rapaz tocaram ficaria formigando por um generoso tempo...

— Sim. Eu tive alta na quinta-feira, mas precisei colocar a matéria em dia e eu ainda não me sentia confiante para comer em público. — explicou.

— Entendo. Eu te visitei, mas em nenhuma das circunstâncias você estava acordada. E também foi só uma vez, porque sempre havia gente lá. — Wood falou coçando a nuca. — Seu irmão. Zabini. Malfoy.

O último nome foi pronunciado com bastante desprezo.

— Muitos garotos na sua vida, né. — complementou o goleiro com uma risada sem graça. — Não me surpreende que ao longo da semana não tenha tido tempo para falar comigo.

Teve vontade de rir. Um marmanjo como Wood estava com ciúmes dela.

— Eu não tive tempo para falar com você, porque dificilmente tive tempo para mim mesma. — Charlotte respondeu. — Blaise não me deixou um minuto a sós e surpreendentemente dois dias foram suficientes para acumular matéria.

— Nem me fale. Os NIEMs serão ser meu maior pesadelo este ano. — Oliver suspirou. — Mas estou obstinado a ganhar o torneio desta vez.

— Assim que se fala. — encorajou-o.

Estava pronta para se despedir quando Oliver a deteve.

— Você vai?

— Vou o quê?

— No jogo da Grifinória contra a Lufa-Lufa?

Franzindo o cenho, Charlotte pensou na resposta. Ela mal ia aos jogos de sua própria casa, imagine aos jogos das demais...

— Eu não consigo encontrar um bom motivo. — falou honestamente.

— Outch.

— Desculpe. — Charlotte sorriu sem graça. — Olha... eu realmente queria dar uma caminhada para espairecer. Podemos combinar melhor isso depois?

Ela reacendeu uma chama no atleta. Oliver concordou com a cabeça e deu um sorriso.

Sutilmente se aproximou dela, mantendo as mãos nos bolsos dos jeans gastos. Ele usava roupas de trouxa nos fins de semana, assim como ela, e diferente da maioria dos rapazes de sua casa.

— Olha... eu te acho fascinante. Quero muito conhecê-la melhor, Char.

Ninguém nunca havia usado a palavra fascinante para descrevê-la. Tampouco a chamavam de Char, mas não a incomodou. Ela gostou vindo de Oliver Wood.

— Eu também, Oliver. Eu só preciso que tenha paciência. Tenha mais paciência comigo que com seu time.

Ele riu e levou a mão ao queixo dela. Um gesto de carinho muito próximo, mas que não a deixava desconfortável.

— Posso te dar um beijo? — perguntou ele.

Charlotte tinha quase certeza que os alunos não eram autorizados a ficarem de namorico pelo campus. A Profa. Minerva lançava olhares bem desagradáveis aos alunos que ficavam se agarrando pelos corredores.

— Aqui? — replicou com um riso nervoso.

— Não é esse tipo de beijo. Obviamente eu posso beijá-la de uma maneira única se esse for seu desejo, mas a princípio não haveria língua.

Charlotte sentiu suas bochechas ficarem da cor de seu cabelo. Sua respiração começava a ficar mais ofegante a medida que o rosto de Wood se aproximava mais do seu.

Foi aí que ela viu.

— O cachorro preto! — disse repentinamente e empurrando Oliver. — Eu tenho que ir!

O cachorro preto saiu correndo em disparado e Charlotte foi atrás dele. Corria o mais rápido que suas pernas permitiam, sentindo os pulmões queimarem devido ao ar gelado do outono que tinha chegado.

O chão irregular do campus dificultava o caminho. Ela sequer prestava atenção no trajeto que o bicho estava fazendo, até porque estava desesperada para alcançá-lo, porque enquanto ele tinha quatro patas Charlotte só tinha duas pernas.

— Charlotte! Onde pensa que está indo?

Estancou no meio do caminho ao escutar a voz do amigo Hagrid. Foi aí que se deu conta que o cão tinha a levado a orla da Floresta Proibida.

— Sabe que não pode entrar aí. — o meio-gigante disse com um machado apoiado em seu ombro. — Onde estava com a cabeça, hein?

— Você não viu? — perguntou ansiosamente.

— Vi o quê?

— O cão! O enorme cão preto.

Hagrid a dirigiu um olhar preocupado. O mesmo olhar que Charlotte estava tão habituada a vislumbrar no rosto das pessoas quando falavam com ela. Todos achavam que tinha algo de errado com ela. Se eles achavam que seu irmão era algum tipo de rapaz bagunceiro e que gostava de se meter em problemas, então eles olhavam para Charlotte e pensavam que ela definitivamente tinha uns parafusos a menos.

Charlotte já tinha mudado sua postura, seus ombros haviam caído e mesmo ela agora se convencia de que talvez sim. Talvez ela estivesse vendo coisas que outras pessoas não podiam visualizar.

Ela ia se despedir de Hagrid e alegar que Blaise provavelmente estava procurando por ela, o que não seria de tudo mentira, mas de repente o corpo de Charlotte se tornou muito mais consciente de onde estava. Foi como se ela tivesse recebido um pico de adrenalina súbita e ela começara a olhar para os lados, buscar de onde vinha a ameaça.

Observou enquanto os poros de sua pele dilatavam e os pelos alaranjados que cobriam seu corpo se arrepiavam. Ela sentiu o coração bater forte, tão forte que parecia que a qualquer momento poderia escapar de seu peito, e foi aí que...

— Hagrid. Charlotte.

O professor Lupin surgiu. Suas vestes gastas, seu semblante calmo e cansado. Ele parecia estar convenientemente aproveitando uma caminhada naquele sábado a tarde.

— Como vai, professor? — Hagrid perguntou em seu costumeiro tom agradável. — Lendo um pouco?

Lupin mostrou o livro que carregava. Era justamente o livro de Criaturas Mágicas que o terceiro ano estava utilizando nas aulas do guarda-caças.

— Sim. Estudaremos um pouco de criaturas noturnas esse semestre. — explicou o professor. — Excelente doutrina, Hagrid. Muito bom mesmo.

O meio-gigante ficou com as bochechas rosadas e agradeceu o elogio desconsertadamente.

Charlotte continuou em silêncio e com o olhar vidrado em Lupin. Ela dizia ao seu corpo para relaxar, mas era como se tivesse ficado demente ou o corpo não respondesse mais a suas ordens.

De repente Lupin pareceu se dar conta que Charlotte o contemplava de maneira avaliativa. Ele estava acostumado com os olhares de reprovação e avaliadores devido a sua aparência e suas vestes, mas os olhos de Charlotte não exibiam o desdém mesquinho que o colega de casa dela, Malfoy, dirigia-o em todas as aulas.

Era como se ela conseguisse ver através daquilo. Era como se ela estivesse tentando desvendar sua alma.

— Está tudo bem Charlotte? Parece pálida. — Lupin comentou.

Foi a vez do professor avaliar a aluna. Ela estava definitivamente dois tons abaixo do normal, estava com a boca seca e a respiração ofegante demais para uma garota de treze anos que estava parada no mesmo lugar há uma quantidade razoável de tempo.

Podia dizer que os batimentos cardíacos dela estavam acelerados e ele viu também que ela notou que ele notara – embora não tivesse a menor consciência disso. O corpo de Charlotte voltou a normal e ela ficou ansiosa invés de atenta.

— Aconteceu alguma coisa Charlotte? — insistiu em perguntar.

— Não. — a resposta dela foi rápida e pronta demais para ser verdade.

Lupin notou que ela notou com ansiedade para Hagrid como se o pedisse alguma coisa.

— Algo que eu deveria saber, Hagrid? — indagou ao guarda-caça.

Charlotte continuava a contemplar o meio-gigante com o mesmo semblante ansioso.

— Er... ah... er...

Sorte do dia: Hagrid era um péssimo mentiroso.

— Charlotte chegou aqui toda esbaforida e quase entrou na Floresta Proibida. Disse que estava atrás de um cão preto.

Foi a vez da cor fugir do rosto de Remus.

Charlotte olhava para os próprios pés e mantinha os braços cruzados sobre o peito.

— Talvez... talvez fosse só o Canino caçando. — Charlotte murmurou. — Eu vou indo.

Remus ficou parado no seu lugar enquanto observava a filha de seus melhores amigos fugir.

Um cão preto. Um cão que tinha pedido o sanduíche dela a caminho da estação de trem e agora um cão que tentara a levar para dentro da Floresta Proibida?

— Pobrezinha. — ouviu Hagrid dizer. — Todos dizem que ela tem um parafuso a menos.

Remus olhou para o guarda-caça.

— Não. Ela tem um parafuso a mais.


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