Uma canção de Sakura e Tomoyo: beijos e despedidas escrita por Braunjakga


Capítulo 18
A hora mais escura (Parte I)




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Nota: Caso vocês queiram saber o “background” por trás de algumas coisas desse capítulo, leiam o capítulo “O Pai” de “Uma canção de Neus Artells”. Mas não é necessário ler ele para entender esse capítulo aqui, hehe! Boa leitura! 

 

Tomoeda, Japão

28 de agosto de 2002

 

Eram nove horas da manhã. Depois de uma bateria de exames no dia anterior, Tomoyo foi liberada.

Na frente do hospital central de Tomoeda, Sonomi, Touya, Kero e Fujitaka esperavam a garota. O professor universitário trouxe seu carro e deixou à disposição delas para levar todo mundo de volta para a mansão.

— Você vendeu até mesmo o carro, Sonomi?

— Eu tive que vender tudo, Fujitaka, tenho que entregar a mansão amanhã pro novo comprador. Ainda bem que eu já comprei a passagem… 

— Ainda bem que você vai explicar essa história pra todo mundo… – disse o homem de óculos.

— É bom se explicar mesmo, Sonomi! A Sakura não vai nada gostar desse papo que você falou pra gente ontem… – disse Touya.

— Só espero que não seja na mesma hora que o pirralho tiver que ir pra Osaka amanhã! Os caras parecem que marcaram o exame dele em cima da hora e não dá pra atrasar não! – Lembrou Kero.

— Eu espero mesmo que não seja na mesma hora… –  disse Fujitaka, limpando a testa de suor com a preocupação.

Junto com o carro de Fujitaka, estava duas viaturas da agência nacional de polícia, com quatro agentes com magia em cada uma. Subaru e Hikaru estavam lá também, esperando por eles.

— Já tá todo mundo fora da cidade, né, Hikaru?

— Claro, Subaru! Agora que aquele cara vai aparecer e dar as caras quando perceber que não tem mais ninguém pra caçar! 

— Eu tenho medo que ele fique com raiva quando perceber que o parceiro dele já foi dessa pra melhor… Fico até mesmo com medo de você, você abafou o caso de uma forma…  

— Pois é, é melhor que ele fique com medo da gente, é melhor que ele saiba que a gente pode fazer a mesma coisa com ele também. – A ruiva sacou a luva branca com um orbe rubi do bolso do sobretudo e vestiu o acessório. Subaru sacou seu maço de cartas brancas com um pentagrama preto e se preparou também.  

Da entrada do hospital, Tomoyo estava vindo apoiada em duas muletas. Sakura e Syaoran estavam atrás dela. Até que Sakura se ofereceu para que ela e Syaoran a levassem pelo braço, mas Tomoyo negou e disse que não estava inválida ainda. Estava perfeitamente bem, os exames não acusaram nada de mais. Só o seu pulso direito ficou pior e, para que não fizesse cirurgia, tinha que manter o braço parado por dois meses. 

— Bem, vamos pra casa agora, obrigada Senhor Fujitaka e desculpa por ter gritado com o senhor naquele dia.

— Você não tem nada o que se desculpar, já é a segunda vez que você faz isso! – O professor sorriu. 

— Eu precisava, a gente precisa se desculpar quando a gente erra… 

— Tá tudo bem, Tomoyo, vamos pra casa agora… – disse Touya. 

Sem que percebessem direito, um senhor idoso estava do outro lado da rua, olhando a cena toda. Ele tinha feições ocidentais, olhos azuis, cabelos ralos na cabeça e segurava um bastão nas mãos. Foi Hikaru quem reparou no homem e estranhou.

— Oi, senhor, está tudo bem? Tá precisando de ajuda? 

— Sim. Tinha um rapaz que morava numa favela das Filipinas que sonhava em dar uma vida melhor pra família dele. Até agora a mãe dele está esperando que ele volte pra casa, ela tá doente e precisa comprar remédios por causa da diabetes. Os remédios são tão caros… Vocês, policiais, sabem o que aconteceu com ele?

Subaru estranhou aquilo e apontou a arma para ele:

— Mãos ao alto! Solta o bastão! 

Os outros agentes que estavam com eles fizeram a mesma coisa. A turma ficou apreensiva e Syaoran já tratou de sacar a espada, assim como os agentes. 

— Vocês, agentes da polícia são tão fáceis de lidar! 

O homem bateu com o bastão no chão e as armas dos policiais flutuaram. Subaru soltou um papel com um pentagrama e criou uma barreira mágica na rua. Tudo o que estava fora da barreira congelou, como se o tempo tivesse parado fora da barreira. Ela como se todo mundo estivesse dentro de alguma dimensão paralela. 

Sonomi desmaiou na hora, mas Tomoyo não. Touya foi logo agarrando a empresária, evitando que ela caísse no chão. 

— Ela não tem poderes, pai! Vamos colocar ela dentro do carro!

— Nem o carro de vocês é seguro… – Disse o velho. – Ele bateu de novo com o bastão no chão e os três carros explodiram.

— Escudo! – Sakura tocou na chave do lacre no pescoço e a chave virou o báculo da estrela. A cardcaptor sacou a carta escudo na hora e protegeu Tomoyo, Kero, Syaoran, o pai, Sonomi e o irmão da explosão. Kero ficou na forma verdadeira e estendeu as asas para reforçar a proteção. 

Os demais agentes da polícia não tiveram a mesma sorte. Todo mundo voou para o alto e caiu inconsciente no chão, mas não estavam mortos. Os três carros pularam no ar e cairam de qualquer jeito na rua. HIkaru e Subaru se levantaram com dificuldades e trincaram os dentes de raiva contra ele.

— Eu ainda tava pagando ele… – Lamentou Fujitaka. 

— O que você quer? – Perguntou a oficial de polícia.

— Suas balas e suas armas não significam nada para mim, senhora Hikaru Shidou! 

— Foi você quem matou o Kenji? – Perguntou Subaru.

— Havia muita energia Clow dentro dele… Há muita energia Clow dentro de cada um de vocês, graças à Sakura! Mas é uma energia tão instável e perigosa que precisávamos de algumas amostras para poder estudar ela a fundo, como ela se comporta, tudo aquilo que permitisse que a gente pudesse dar o próximo passo e obter as cartas… 

—  Então foi você quem fez os ataques, né? – perguntou Touya.

— Não, foi Domingo quem fez os ataques.

— O que o agente da polícia local que vocês mataram no beco teve a ver com isso? – indagou Hikaru.

— Ele apontou uma arma pra gente, atirou e a gente reagiu. O mesmo aconteceu com o Kenji, colega de vocês. Ele tentou atirar, a gente se defendeu, só isso! Não queria ter matado ele, só queria uma “amostra”. Os outros dois que foram atrás da gente não foram mortos, como vocês bem sabem…

— Seu cretino! Você trouxe o Kenji de volta pra vida da forma mais cruel! Como uma ferramenta de vocês! – Subaru espumava de raiva.

— Aquilo foi para mostrar pra vocês que a gente não estava de brincadeira. Em vez de ir pessoalmente buscar as cartas, a gente mandou ele. Mas as cartas são tão poderosas que vocês derrotaram uma armadura da Ordem só com uma carta! 

— É a merda da Ordem do Dragão, não é? Faz trezentos anos, trezentos anos… E vocês ainda querem as cartas Clow? – Kero voou para frente e ficou rosnando. 

— As Cartas Clow são uma peça importante nos planos da Ordem, nos planos do grande Enric Miró! Eu devo dizer, Kerberos, que foi o senhor Clow quem descumpriu sua parte no trato, nós apenas estamos tentando deixar tudo justo entre nós, ou eu estou mentindo? – respondeu o homem. 

— Faz trezentos anos que esse desgraçado morreu e parece que ele tá vivo ainda! – Kero rosnou com mais força ainda. – Eu nunca vou permitir que vocês cheguem perto das cartas! 

Sakura, Tomoyo e Syaoran não entendiam nada daquela história de trezentos anos atrás. Syaoran pulou na frente de todo mundo e ficou ao lado do leão dourado e falou:

— As cartas Clow também é um legado da minha família. Nunca ficamos sabendo desse acordo e já que a gente não sabe, eu nunca vou permitir que vocês toquem as mãos nelas! 

O velho sorriu. 

— Pois bem, se vocês não vão facilitar que eu pegue as cartas, só me resta conversar…  – O velho estendeu as mão livre para Sakura. – Eu peço, por gentileza, mocinha, que me entregue as cartas. Eu sei que você não teve nada a ver com isso, com essa história de mais de 300 anos que o Kerberos escondeu de você, mas entenda! Há trezentos anos, Clow transferiu essas cartas para a Ordem em troca de um favor. A gente cumpriu a nossa parte no plano e ele descumpriu a dele. 

— Sei! Belo plano! Vocês chantagearam o Clow! Isso sim! – disse Kero. O velho continuava sorrindo. 

— Nenhum de vocês tem nada a ver com isso, eu não quero brigar, eu só quero as cartas e eu vou embora. E então, Sakura, o que me diz?

— Você matou o pai da Naoko, como me fala uma coisa dessas? – gritou. A cardcaptor tremia. Tremia porque Kero não disse nada para ela sobre isso, tremia porque não sabia que as cartas já tinham dono. Ela não sabia o que fazer, só sabia que talvez não tinha tanto poder para enfrentar alguém assim. Não queria que sua família, nem seus amigos sofressem, mas Kero e Syaoran estavam prontos para a briga. Foi então que Tomoyo agarrou o ombro de Sakura e gritou no seu ouvido:

— Sakura, ele não é da Ordem do Dragão! 

— Ele é sim, Tomoyo! – retrucou Kero.

— Não deixe se enganar pela aparência, Kero! A Ordem do Dragão não é assim, você sabe muito bem!

— E você, por acaso, conhece a Ordem pra dizer uma coisa dessas? – perguntou Kero, surpreso.

— Eu só sei que essa Ordem do Dragão desenvolveu aquela armadura que eu usei com os próprios recursos deles. Eles parecem ser orgulhosos demais pra precisar das Cartas, não acha? Se eu fosse eles, eu criaria uma coisa parecia, mas não ia vir atrás das cartas, nem precisaria delas pra nada… – respondeu Tomoyo. Kero olhou com olhos arregalados para ela. 

— Mas que merda! O goiabinha me disse uma coisa parecida! Depois você vai me explicar essa história direitinho, Tomoyo, tim-tim por tim-tim! Você e sua mãe! Quero saber como essa armadura veio parar na mão do seu pai! – disse o leão. Todo mundo também estava surpreso com Tomoyo. O homem idoso sorria freneticamente, como se tivesse sido descoberto. Ele trincava os dentes de raiva suas mãos tremiam e apertavam o bastão com força. Ele não sorria mais.

— Vocês são um bando de bastardos miseráveis que pensam que podem parar a gente! Tudo bem, eu posso não ser da Ordem, mas olha as roupas deles aqui comigo! – O homem bateu o bastão no chão e uma capa, uma estola e um capuz vermelhos, cheios de inscrições e desenhos dourados, apareceu no corpo dele. O bastão que usava ficou negro como carvão. Ele apontou a arma para Tomoyo e a garota voou pelos ares, batendo as costas com tudo numa pilastra do hospital. Sakura arregalou os olhos e gritou desesperada:

— Tomoyo! – Sakura correu até ela e todo mundo ficou vendo a queda. A costureira se levantou com dificuldade, apoiada em Fujitaka e Touya, que correram também para ajudar.

— Sakura, você tem que enfrentar ele! Pode parecer difícil, mas tem um monte de gente aqui do seu lado, tem seu pai, seu irmão, o Syaoran-kun, o Kero! Não tem como perder!

— Isso mesmo, Sakura! Eu estou aqui! – disse Syaoran.

— Vamos lá, Sakura! Vamo botar pra quebrar! – disse Kero.

— Sakura, não temos outra alternativa senão lutar e descobrir a verdade pela gente mesmo! – disse Hikaru. Ela apertou a luva na mão e uma armadura branca revestiu seu corpo. Uma espada flamejante saiu dentro do orbe rubi também.

— Eu vou ficar na retaguarda protegendo todo mundo! É melhor! Protect! Shell! – Subaru soltou dois papeizinhos brancos e uma espécie de barreira invisível arco-íris cobriu todo mundo, até mesmo os agentes desmaiados no chão. 

Sakura olhou para os policiais, olhou para o pai, para o irmão, para Subaru, para Tomoyo denovo e para Sonomi, que dormia ao lado deles. Os quatro que estavam conscientes fizeram sim para ela.

— Quando essa loucura acabar, a gente vai pra praia, tá, eu prometo! – disse o pai.

— Vai lá, monstrenga, e mostra do que você é capaz! – disse o irmão. Sakura apertou o báculo com força nas mãos e se virou para o homem idoso.

— Eu não sou uma monstrenga! Eu sou uma menina divertida que adora educação física e detesta matemática! Eu quero continuar amando e odiando tudo isso! – Sakura fechou a cara e encarou o vilão na sua frente.  

 – Pois que venham! Eu, Cláudio Ricieri, em nome da Torre Negra que preenche a existência de tudo e de todos, vou tratar de acabar com esses sonhos idiotas de uma vez por todas! 

Todo mundo partiu para cima de todo mundo.

 

Continua… 


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