Edward PDV

Aquele dia estava estranho. Eu sabia que a garota nova era filha do Chefe de Policia Charlie Swan, mas não fazia idéia do nome da garota. Sabia também que ela tinha um irmão.

Depois que saí do pátio furioso com Jacob, encontrei Alice com sua habitual amiga Rosalie. Admito que Rosalie era linda, tinha cabelos loiros, olhos azuis e um corpo de deixar qualquer cara louco, mas comigo não era assim. Pra mim, ela sempre foi como uma irmã, já que a conheço há bastante tempo.

- Hey, gatão. - Rose disse, me fazendo sorrir.

- Hey, gatas, me esperando? - Tentei ao máximo não demonstrar minha raiva.

 - Ed, o que você vai fazer hoje? Precisamos de uma viagem de compras. - Alice sorriu ingenuamente. Aquela garota era louca, só pensava em compras.

- Vou a La Push, garotas, a viagem de compras vai ter que ser para outra tarde. - A expressão de Alice ficou séria.

- Você vai beber de novo, Edward? Você está aproveitando a viagem de nossos pais para chegar em casa tarde e bêbado.

- Maninha, calma, estou apenas curtindo minha juventude.

 - Esse não é um bom jeito de curtir, Ed. - Rose falou.

- Hey, garotas, calma, não é como se eu fosse um alcoólatra, apenas estou curtindo um pouco.

- Mas... - Alice começou para ser cortada por Rosalie.

- Lice, deixa. Você sabe que, quando o Ed põe algo em mente, é difícil de fazê-lo mudar de idéia. - Ela falou séria e eu sorri. Dei um beijo no rosto de cada uma e despenteei o cabelo de Alice.

 - Não se preocupe comigo. Eu sei me cuidar. - Pisquei pra elas e fui para minha aula de biologia.

A sala estava praticamente vazia quando eu cheguei e sentei em meu lugar. A minha carteira era a única com uma cadeira vaga. Todos na sala tinham suas duplas. Infelizmente eu gostava de ficar sozinho.

Foi perdido em pensamentos que eu olhei pra porta e a vi com Jacob. Ela estava de costas para a porta aberta e ele me encarando maliciosamente, a fúria que senti foi tão grande que fiquei tentado a ir até a porta puxá-la para mim e bater em Jacob até ele chegar à inconsciência.

O que não demoraria muito, contando com a raiva que estava correndo em meu corpo.

Assim que Jacob parou de me encarar, ele olhou para a garota e sorriu, abaixando e fazendo algo que me fez querer matá-lo lentamente.

Ele a beijou.

Era óbvio que ela já tinha entrado no joguinho dele, o jogo que ele tinha em mente desde o momento em que ele viu interesse em meus olhos. Dessa vez, ele foi mais rápido.

Droga.

Eu não sei o porquê, mas fiquei preocupado com isso. Ela é só mais uma garota, não é? Não é? Então não tem o problema dela ficar com Jacob. A quem eu quero enganar? Ela não pode ficar com o Jacob. Não com o cachorro. Ela merece coisa melhor.

 Eu.

Eu a vi entrar na sala, meio abobalhada e com o rosto corado. Deus, ela é tão linda. Ela ficou no cantinho perto da mesa do professor e, quando o Sr Grenne chegou, ela lhe entregou um papel e ele a mandou para o único lugar vazio.

Ao meu lugar.

Procurei imediatamente seus olhos castanhos e nossos olhares se encontraram ao mesmo tempo, eu quase sorri com a coincidência.  Ela desviou o olhar e corou. Eu mal a conhecia e já adorava esse detalhe.

De repente, lembrei-me de outro momento que ela corou, quando Jacob a beijou. Minha fúria voltou e eu me peguei fazendo planos para acabar com Jacob.

Alice PDV

Odiava quando Edward bebia ou fumava. Era quase um instinto. Acho que pelo fato de sermos gêmeos, eu me sentia especialmente mais ligada a Edward do que a Emmett. Não que eu também não amasse meu irmão urso.

Eu estava com saudades dele, obviamente não era apenas eu. Rosalie também estava morta de saudades dele, ela sempre foi apaixonada por ele e ficou arrasada quando ele foi fazer Direito em Harvard.

Era estranho como alguém como Emmet estava fazendo Direito, afinal de contas, de todos nós, ele era o mais “liberal”.

Eu estava indo para minha aula de cálculo, quando meu “namorado” James me puxou e me prensou na parede do corredor que estava ficando vazio.

Ele me deu um beijo e sorriu para mim, as coisas entre nós não estavam dando certo. Ele chegava atrasado em nossos encontros, não queria me assumir pra ninguém ainda, e faltava muito na escola.

- Oi James. - Falei suavemente.

- Oi gata. Desculpe não te encontrar no almoço hoje, tive que resolver umas paradas.

- “Paradas”?  - Perguntei desconfiada.

- É, em um rolo que meus amigos se meteram, mas eu já consertei tudo. Vai sair hoje à tarde? – Perguntou, acariciando o meu rosto.

- Bom, Edward ia me dar uma carona para o shopping em Port Angeles, mas vai a La Push com uns amigos e não pode me levar hoje, então estou livre.

- Bom. - Falou lentamente. – Me encontre no Volturi’s às três da tarde hoje. Merecemos um tempinho juntos e sozinhos. - Sorriu maliciosamente.

- Pode ser. Você não vai se atrasar não é? Eu não quero ficar vinte minutos te esperando. - Falei fazendo um biquinho.

- Você acha que eu a faria esperar, Liz? Eu juro que chegarei na hora.

- Ok. - Animei-me. – Vou te esperar às três horas no Volturi’s. Não se atrase.

Dei um selinho nele e segui para minha sala. Volturi’s era a melhor lanchonete de Forks, embora não tenhamos muitas opções.

Eu iria tentar, eu juro, uma última vez com James. Se não desse certo ,eu iria terminar com ele. Eu já não gostava muito dele mesmo...

Jasper PDV

Eu estava a uma semana nesse inferno de lugar pequeno. Não podia sair sozinho, e tinha que tomar um remédio estranho que o psicólogo do hospital passou.

Sem contar a vontade de...

Não, eu não podia dirigir meus pensamentos ao meu vício. O médico havia me dito que, quanto mais distraído eu ficasse, mais fácil seria esquecer o quanto eu necessitava das bebidas e das drogas.

Mas, como diabos eu poderia ocupar minha mente nesse fim de mundo, como eu poderia redirecionar meus pensamentos a ela, sem meu torpor?

Eu não queria voltar para esse mundo, mas eu precisava, necessitava...

Eu sabia que havia decepcionado meus pais, claro, quem quer um filho drogado, alcoólatra e depressivo? Eu certamente não queria...

 Meu pai estava trabalhando, e minha mãe estava arrumando as malas, ela iria embora em dois dias, quando um plano surgiu em minha mente.

Liguei o som do meu quarto alto como quando eu fazia para ignorar Bella e Renée em casa, principalmente quando elas quiseram conversar sobre o acidente.

Principalmente.

Eu me esgueirei pela janela do meu quarto e desci a arvore que ali tinha com dificuldade. Se eu desce um passo em falso, eu poderia morrer. Até que não seria má idéia. Eu certamente não deveria pensar em coisas assim, mas minha mente já estava ficando louca sem o meu torpor, eu não conseguia dormir, e mal comia.

Era terrível.

Peguei minha moto e torci para que a música estivesse alta o suficiente e minha mãe distraída para não me ouvir sair com a moto.

Para total surpresa – nota-se a ironia - começou a chover. Vaguei alguns minutos sem saber direito o que fazer, e resolvi ir ao centro de Forks, lá provavelmente teria um bar.

Assim que cheguei a um lugar razoável, estacionei minha moto na calçada e segui ao que parecia uma lanchonete. A chuva pouco me pegou, quando eu corri o pequeno percurso da moto ao estabelecimento.

Meus pais que me perdoem. Hoje, meu torpor iria voltar ou eu ficaria louco.