O Leitor escrita por Cláudia Batiston


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Toda história precisa de um vilão com boa motivação, e os bons vilões sempre estão em busca de dinheiro, poder e a satisfação de sua luxuria.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/778657/chapter/10

Os dias transcorriam em uma velocidade lenta, à noite eles se encontravam para namorar e durante o dia se evitavam ao máximo para não permitir que outros pudessem ver o que estava acontecendo.

Para o desespero de tia Dot e a felicidade de Catryn, Modred insistiu e depois ordenou que Maze passasse a fazer as refeições juntamente com a família. O que foi decisivo para selar a união deles perante a família.

Todos já sabiam que o duque havia decidido abandonar o aconchego do seu quarto e se instalar na cama de sua assistente. Mas ninguém tinha coragem de falar ou comentar alguma coisa. Era um assunto delicado que já tinha gerado outra briga com tia Dot, que só se acabou com Orion se metendo e acalmando os ânimos entre eles.

O outono chegou com suas cores vibrantes e sua luz relaxante, junto com ele veio uma preguiça enorme de sair cedo demais da cama.

— Modred, acorde amor. Você precisa ir para seu quarto. Vamos amor acorde, daqui a pouco terei que começar o dia de trabalho.

Ele abriu um olho preguiçosamente e a fitou, não acreditava que a noite já tinha chegado ao fim e o dia mal começava.

— Maze, você está me expulsando da sua cama?

— Sim, estou. Vamos manter o resto da boa imagem que temos perante todos que vivem nesta casa?

Ele a olhou com ar desafiador:

— E se eu não desejar sair daqui e resolver dormir mais um pouco? O que você fará?

Rindo do desafio que ele tinha feito, ela começou a fazer cócegas nele, tirando-o do estupor que o sono tinha deixado.

Inicialmente, Modred sentiu apenas a vontade de rir sem parar. Mas quando a prendeu debaixo do corpo, o calor do desejo invadiu seu corpo novamente.

— Eu irei mulher impertinente, mas somente depois de roubar seus beijos mais um pouco.

Aquela mulher tinha a capacidade de tirar sua sanidade e lhe despertava o desejo de fazer coisas que outras nunca tinham conseguido. Aquilo era lindo e interessante, já tinha feito amor com ela tantas vezes, que havia superado todas as outras que tinha levado para a cama, mas o seu desejo ainda era o mesmo de quando a tocou pela primeira vez.

Maze, ouviu a voz rouca de Modred e sentiu um arrepio na coluna, aquele era o homem que ela amava e o modo como ele lhe dava carinho e atenção era algo que ela não conseguia acreditar. Para ela era um milagre ser tão amada assim.

— Vossa Alteza anda muito abusado... tem certeza que quer apenas alguns beijos antes de irmos trabalhar?

Rindo ele a beijou e esqueceram do horário, quando ele finalmente conseguiu sair do quarto, o dia já ia alto e algumas pessoas reclamavam sua presença.

Entre elas Paulinho, que tinha tido uma visão enquanto brincava com os irmãos. Ele tinha visto que algo ruim iria acabar com a paz que reinava no ducado.

Correndo em direção ao pai, ele tremia e mal conseguia respirar, preocupado com o que vira.

 - Respire Paulinho, acalme-se. Você precisa aprender a separar o que vê do que está acontecendo no presente. Por favor, recorde das lições de tia Dot.

Com muito esforço o menino conseguiu controlar seus temores e sentou-se para contar o que virá:

— Vi a casa sendo invadida por sombras, depois alguém buscava por Maze e havia sangue em volta dela. Parecia que queriam chegar a ela e não conseguia, porque Maze está atada a Modred. Havia muito sangue por todos os lados, muitos corpos espalhados pela casa, mas nenhum sinal de Maze e de Modred.

Todos ficaram em silêncio, apenas Modred havia compreendido perfeitamente de onde vinha aquela ameaça. Olhou para Maze e viu que ela estava agoniada, segurando um grito com a mão na boca, a xícara havia caído a seus pés e espatifado, a cor havia fugido de seu rosto, parecia que ela iria desmaiar. Estava levantando para ampara-la quando sua tia interferiu:

— Se o problema é ela, resolvida a questão. Maze, fora dessa casa, o mais rápido que você possa. Não quero você aqui trazendo a desgraça para os meus. Fora! Fora da minha casa!

Com uma força incrível arrastava a jovem para fora da sala de visitas, mas Modred a segurou pelo braço, puxando-a com força, separando-a de Maze e colocando-a atrás dele em total proteção contra qualquer um que tentasse prejudica-la.

— Está pensando que você é quem para decidir algo sobre essa família? Dentro desta casa, quem decide as coisas, sou eu. Nenhum dos meus primos ou sobrinhos, muito menos a senhora. Ou devo lembra-la que eu sou o duque e o líder dessa família? – O tom de comando em sua voz era claro, ele estava impondo o título sobre ela sem o menor pudor.

— Modred! Não fale assim comigo.

— Sou o duque e o chefe dessa família, se for preciso agir assim para defender alguém eu o farei. Especialmente se for para defender a mulher que amo. E não adianta me olhar com essa cara de espanto. Se hoje eu tomo essa atitude, parte da culpa é sua. Uma porque me ensinou a ser justo quando é preciso e duas porque me ensinou a não permitir que me tirem o que eu quero. Provavelmente todos já sabem que eu e Maze estamos noivos.

Tia Dot não conseguia acreditar no que ouvia, aquilo era um absurdo:

— Francamente! Se divertir na cama dela até entendo, mas querer casar com ela, já é demais!

— Tia, já disse eu vou repetir: se continuar a insistir na ideia de que Maze não é a pessoa certa para mim, a coloco dentro da carruagem e a despacho para Londres. Eu não vou aceitar que você interfira em minha vida pessoal. E se o problema é ela, vamos resolver juntos o que iremos fazer. Eu e ela. Não você, não qualquer outra pessoa. Entendeu?

Maze não podia continuar vendo Modred tratando a tia daquele modo, sabia que depois ele iria se arrepender profundamente e ela não queria ser o motivo da discussão. Tocando em seu braço, procurando manter uma calma que não sentia, ela interviu:

— Modred, por favor. Não faça isso. Não posso permitir que você trate sua tia assim, ainda mais por minha causa. Ela tem razão. Se o problema sou eu, eu devo partir. Será melhor mandar o perigo para longe de todos vocês. Vamos conversar a sós e ten...

Mas o que ela falava se perdeu ante o barulho que vinha de fora, eram cavalos parando na porta.

— Parece que a reunião ficará mais interessante ainda. – Orion correu para ver quem era e respirou aliviado ao constatar que se tratava de Argus e Benned, seus primos prediletos.

Eles estavam cobertos de poeira da viagem, cansados e com as roupas amarrotadas, pelo visto haviam parados apenas o suficiente pra a montaria descansar ao longo dos três dias de viagem.

— Orion! O que você está fazendo aqui? – Argus não conseguia esconder a alegria de ver seu primo lá. - Olímpia também o enviou?

— Vá me perdoar primos se eu não os receber como se devem, mas devem admitir que estão empoeirados e precisando de um banho. – Orion conseguia manter o bom humor dentro de um espaço onde a tensão era visível em todos.

— E como quero um banho! Mas antes precisamos falar com Modred. Olímpia mal nos deu tempo de juntar alguma comida para a viagem antes de chutar nossos traseiros para fora de casa.

Argus sentiu o clima ruim que pairava na sala e entendeu que algo estava acontecendo e preferiu não tomar nenhuma decisão antes de saber o que era. Quando Maze estava saindo para buscar lanche e refresco para eles, Argus a impediu.

— Faz tempo que não te vejo, minha querida. É bom te ver bem. – Sua amiga de infância estava com um sorriso tímido e triste no rosto, e isto o deixou um pouco preocupado. - O que me trouxe aqui está diretamente ligado a você.

— Paulinho já nos contou. Ele teve uma visão, parece que o perigo está vindo atrás de mim.

Benned soltou o corpo na poltrona, ao lado de Argus, ambos exausto da viagem, o casaco azul dele, sempre impecável foi jogado para o lado, todo imundo. Maze correu para chamar o mordomo, pediu mais comidas e bebidas para eles, bem como uma tina para lavarem as mãos e o rosto.

Modred tentava captar qualquer pensamento que Maze pudesse enviar, mas mesmo a expressão dela estando aflita, ela não deixava passar um único pensamento que ele pudesse captar, e era horrível não saber o que ela achava que poderia fazer. Ele sentia que ela estava com medo e insegura, sentia, também, que ela estava se questionando se não era hora de ir embora.

Observava o ir e vir do vestido azul miosótis, enquanto ela ajudava seus primos a se recuperarem da viagem cansativa. Sua vontade era uma só: abraça-la e mantê-la protegida de todo o mal a sua volta.

Sentia que sua tia ruminava outras palavras e já estava disposto a tomar alguma atitude mais rude para que sua vontade fosse respeitada.

 Catryn, sentada no canto da sala, cuidando da pequena Olivia, via que outra discussão poderia irromper na sala a qualquer momento, tinha que deixar claro o que pensava sobre tudo aquilo:

— Não concordo com a senhora, tia Dot. Maze é uma peça importante dessa família. – Suspirando e passando as mãos pelos cabelos, ela tentava encontrar as palavras corretas. -  Quando eu mais precisei de socorro, Orion esteve lá por mim. Ele me ajudou sem querer saber se eu tinha um título ou não. Quando precisamos de ajuda com Gilles e o dom dele, foi para cá que corremos. Portanto, não acho justo virarmos as costas para Maze agora, só porque ela não nasceu no seio da sociedade. Acredito que ela seja a pessoa perfeita para Modred, ela o apoia sem muito esforços. E se ambos desejarem ficar juntos, seja como for, eu vou apoiar. Mesmo que isto signifique ficar contra a senhora, tia Dot.

— Concordo com Catryn. Minha mulher tem razão. Devemos apoiar Maze e Modred, se é o que ambos desejam. Perdão tia Dot, mas eu devo ser leal ao que é certo e não ao que é convencional.

Tia Dot estava com caras de poucos amigos, parecia que iria explodir cedo ou tarde. Fazia um esforço enorme para não falar algumas verdades para todos sobre aquele assunto.

— Eu sou voto vencido quanto a este assunto. – Resmungou.

— Pelo visto minha doce irmã Ollie sabia o que estava falando quando resolveu nos despachar para cá. - Argus soltou uma gargalhada rouca.

— Com certeza, Argus. Acho que temos um incêndio maior para apagar do que imaginávamos.

— Então, minha doce e querida Maze e meu primo recluso estão juntos, é isso mesmo?

Modred apenas assentiu com a cabeça, não queria dar explicações para Argus. Por mais soubesse que ele aprovaria, ele queria ter certeza de que as palavras e os atos ditos naquela sala não iriam impactar em seu relacionamento com Maze. Sua vontade era de jogar um vaso de flor na cabeça de Argus para tirar aquele sorriso zombeteiro dos lábios deles.

Para sua surpresa, Maze mostrou a língua para Argus que respondeu rindo mais ainda.

Alguns hábitos de infância não morrem jamais. Meu filho será bem criado junto desse louco”.

Filho? Como assim, filho? Será que Maze está grávida? Isto foi um insight ou só um desejo meu de ser pai?”

— Crianças, venham comigo, vamos deixar que eles decidam o que precisa ser feito e nós iremos cuidar da pequena Olivia que está com fome.

— Mas Catryn, eu... – Paulinho não queria deixar a sala, se sentia importante por ter dito aquela revelação e queria saber o que seria feito.

— Vamos meninos, não discuta com a mãe de vocês. Ao final, todos saberão a decisão que iremos tomar. – Orion socorreu sua mulher, sabendo que seus filhos eram teimosos demais quando enfiavam algo na cabeça.

— Eu também irei, já que não sou mais bem vinda nesta casa. – Tia Dot fez menção de sair, mas Argus não permitiu, queria todos ali.

— Tia, não confunda o amor que temos pela senhora com fato contrariarmos sua vontade. Modred tem o direito de constituir uma família e se ele gosta de Maze, cabe a nós apoiarmos. Essa discussão e teimosia da senhora não combina com tudo que nos ensinou e o que pregou durante a vida toda.

Ele passou as mãos pelo cabelo soltando o resto da trança e espalhando poeira para todos os lados. Escolhendo as palavras que iria dizer para deixar claro que iria apoiar sua irmã de criação no que fosse preciso.

— Maze foi criada comigo e com Olímpia, de quem é muito próxima. Uma não iria abandonar a outra em meio ao perigo. Maze já lutou as lutas de Ollie, esteve ao lado dela, quando ela engravidou do Ilar. Foi Maze quem protegeu e amparou Olímpia durante toda aquela crise. Então, não posso simplesmente virar as costas para Maze. Meu dever de quase irmão de Maze me faz estar aqui e defende-la. E se ela for, eu também irei.

Maze abriu a boca para protestar. Sabia que Argus se sentia assim por ela, mas não queria que ele se colocasse em frente ao perigo por ela.

— Não Maze, não fale nada. Você sabe, muito bem que nosso dever pra com você vai além do que podemos mensurar. E se eu não agir com decência com você agora, corro o risco de nunca me perdoar por isto.

Argus deu aquele assunto por encerrado, virou para os demais e começou a traçar os planos para a luta que viria:

— Vamos resolver o que faremos, traçar planos que precisam ser feitos para que todos saiam dessa crise em segurança. Inclusive a mim, porque deixei minha mulher e meus filhos esperando por mim em Sundunmoor, sem saber que estou aqui.

Argus estava agitado, a adrenalina da viagem ainda corria em seu sangue, foi até a janela para se acalmar e tentar colocar as coisas sob a devida perspectiva. Olhava com atenção o caminho que levara até lá, pensava como um soldado, vendo os melhores locais para posicionar seus homens.

— Olímpia teve uma visão cerca de cinco dias atrás. Acredito que tenha sido a mesma que Paulinho teve, que o perigo se aproxima, e que ele vem por causa de Maze. Mas Olímpia disse que Maze precisa estar aqui, precisa ficar e ajudar a afastar a ameaça. Ollie disse que você sabe a origem do mal e poderá nos ajudar a defender o ducado. - Ele tirou uma carta de dentro do bolso do casaco, junto com um pequeno estojo revestido de seda preta, amarrado por uma fita de veludo bordô, e entregou a ela.

— Ollie disse que a carta iria explicar tudo a você. Enquanto você lê, nós vamos começar os preparativos para garantir a segurança do ducado. Ao concluir, se possível, nos diga se tem alguma informação extra sobre este problema.

Maze apenas assentiu com a cabeça, enquanto se dirigia para o escritório. Com as mãos trêmulas abriu a carta. A linda letra de Ollie tinha preenchido quase duas folhas de papel, deixando transparecer o quão mandona era ela.

Querida Maze,

Sinto falta de você ao meu lado, mas sei que aí é o melhor pra ti. Acredito que em breve estaremos juntas, pois o bebê está cada dia mais forte e poderemos ir visitar você.

Ilar não cansa de perguntar pela ‘tia Maze’, ele sente falta de suas leituras diárias e gostaria de estar ao seu lado agora. Prometo que estaremos juntas em breve.

Quero que saiba que eu tive uma visão sua, cerca de um cinco meses atrás. Vi você grávida, com Modred abraçando-a por trás. Ilar, meu pequeno John e seu filho corriam pelo campo, junto com os filhos de Argus. Erámos uma família muito feliz.

Então, eu soube o porquê de você ter que estar aí. E me senti feliz por ter permitido que minha intuição a levasse até Modred.

Meu primo sempre foi muito recluso, fechado dentro do mundo dele, com medo de nunca ser amado por alguém.

E eu sei que você o ama!

Em sua carta isto ficou bem claro para mim. E isto me faz muito feliz. Se tem duas pessoas que já sofreram muito nessa vida, são vocês.

 Você o fará feliz, sei disso. Você tem essa capacidade de se doar, de se entregar para que outro tenha segurança, paz e conforto. Nem que isto custe sangue e suor de sua parte.

Ah minha querida irmã, quantas vezes eu desejei que você fosse feliz! Quantas vezes eu sonhei que você superava suas dores.

E quem melhor que meu querido Modred para fazer isto? Ele que durante tanto tempo juntou os próprios pedaços e aprendeu a ser afetuoso com as pessoas a volta dele?

Eu vou apoiar sua decisão, mas acho que ela é a da minha visão: vocês estão juntos. E isto me enche de alegria.

Como sei que você deve estar preocupada com o suposto dote que deveria dar pra ele no dia do casamento, estou mandando um dos meus colares para você. Com certeza valerá o dote. Mas duvido que ele vai te pedir isso.

Porém, eu tenho algo a pedir em troca: conte toda a verdade a ele, não esconda nada dele, nem mesmo sobre seu filho e sobre quem é o pai da criança.

Ele precisa saber e sinto que essa ameaça que está indo sobre vocês será resolvida de forma diferente se ele souber a verdade.

Seu pequeno Joshua está bem. Tia Antigone está cuidando bem dele. Ele pergunta sempre por você. E ele se parece totalmente com você, nem um pouco com o idiota do pai dele.

Talvez seja hora de se perdoar por não tê-lo aceitado no começo, não acha? Pois eu sei que você sente falta do seu menino.

E sei que Modred irá aceita-lo tanto quanto aceitará o que fizeram com você. Permita ser feliz, é tudo que eu te peço.

Bem, me despeço por hora, ansiosa pra ter notícias suas. Muito em breve quero ouvir que todos aí estão bem e que a ameaça foi apenas um susto.

E que o casamento se realizará em breve, já tenho visto alguns vestidos para você usar no dia.

Seja feliz minha doce Maze.

Ollie (odeio esse apelido, mas você insiste em me chamar assim, então...)

Maze ficou sentada por um tempo considerável, havia chorado quando lia a carta e não acreditou quando abriu a caixa, dentro dela estavam o colar de safiras, brincos e pulseiras que ela tinha ganho da família do bastardo que a engravidou ainda na adolescência.

De fato, ali havia uma fortuna muito grande e que poderia pagar o dote para o casamento, isto se houvesse um. Estava dividida entre ficar e lutar, e ir embora e levar o problema junto com ela. Não suportava a ideia de colocar a vida do seu amado em risco, por algo que ele não tinha a mínima culpa.

— Ah, Modred, como contar a você tudo? Eu preciso colocar isso pra fora, mas como?

— Sendo honesta comigo. Simples assim. O que há mais a me dizer, Maze? – Ela não tinha ouvido sua aproximação, o que lhe causou um enorme susto.

Olhou para o lindo casaco verde oliva que ele usava, para as calças claras que deixavam as coxas musculosas em destaque. Observou suas mãos másculas e o lindo rosto de lábios fartos que ele tinha.

O abraçou e mandou para o espaço qualquer pudor de ser vista pelos demais empregados. Precisava sentir o conforto e a calma que dele emanava.

Ele havia deixado os outros decidindo o que iriam fazer e foi atrás dela. Sentia que sua tia tinha a afetado mais do que ela diria, precisava confirmar se ela ainda era dele. Por isto não se assustou quando ela se aninhou em seus braços, nervosa, querendo apoio para fazer o certo.

Teve paciência para esperar ela decidir falar. Alisava suas costas e sentia que aos poucos ela estava ficando mais calma.

Ela o puxou para o canapé que havia no canto da biblioteca. Sem olhar em seus olhos, ela segurou suas mãos e pegou a carta da mesa e entregou a ele para ler. Durante uma eternidade esperou ele ler cada uma das doces e seguras palavras de Olímpia.

Sabia que ele estava pensando o mesmo que ela, que a segurança do relacionamento deles estava em ela contar toda a verdade a ele.

— Modred, parte do que ela diz na carta eu já te contei. O que me aconteceu e que me levou a ter Joshua em minha vida. Mas eu não te contei quem é o pai dele.

— Não sei se eu quero saber quem é. Acho que iria dar um tiro nele, se soubesse quem ele é.

— Só que agora, acho que você precisa saber. – Ela respirou profundamente, se acalmando antes de falar - Ele é Lorde Burton. O Visconde de Yrre.

— Mas ele é o chefe do departamento que a maioria dos meus primos trabalham. – Aquilo o pegou totalmente desprevenido, esperava qualquer um, menos alguém que conhecia muito bem os segredos de sua família.

Ela assentiu a cabeça. – A mulher dele não lhe deu filhos, somente filhas. Ele estava desesperado para ter um herdeiro. E tentou engravidar quantas mulheres que encontrasse pelo caminho. Somente eu tive um menino. E ele ficou desesperado quando descobriu. Tentou comprar o menino. A mulher dele fez um escândalo, até mesmo me ameaçou de morte. Disse que se a criança entrasse naquela casa, ela mataria o pequeno. Por mais que eu tenha reservas com Joshua, não posso vender meu filho. Ele é inocente e não pode ser exposto a maldade. Não era isto que eu pretendia para minha vida. Depois que eu e você começamos a ficar juntos, comecei a ter vontade de ter meu filho por perto. E tentar descobrir se posso ser mãe de verdade. Parece que a visão de Olímpia veio dizer que irei superar toda a dor que este evento me causou.

— Eu sempre soube que você tinha bons sentimentos para com seu filho, esperava que você finalmente visse isso. E fico feliz de saber que sente falta dele – Abraçando-a mais forte ele prometeu: - Vamos visita-lo quando toda a confusão passar, está bem? Mas agora precisamos contar a Argus e aos demais quem é o traste e decidir o que faremos com ele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Leitor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.