/Suyane's POV/

    Eu estava no banheiro tentando me acalmar depois do Mitisuki ter me pedido em namoro na frente de todo mundo. Joguei mais um pouco de água no rosto me sentindo mais calma. Então enxuguei meu rosto saindo do banheiro. 

    Mas no exato momento que eu saí do banheiro, eu dei de cara com o Bakugou!

     - Yonara... - ele praticamente rosnou.

    Ele parecia muito bravo! Seus olhos estavam com mais ódio que o normal!

    Droga! Na última vez que eu fiquei a sós com o Bakugou as coisas não ficaram muito boas!

    - B-boa Noite Bakugou... - respondi um pouco nervosa.

     - Então... - ele nem olhava para mim - Quer dizer que você é o vira-lata albino são namoradinhos agora...

      - Aahh... Sim...

      - Que cena ridícula foi aquela em! - ele esbravejou - Esse vira-lata não tem noção das coisas não?

     Ah, eu já imaginava que o Bakugou poderia achar aquilo ridículo. Pra falar a verdade, muita gente poderia achar ridículo. Afinal, aquilo que o Mit fez foi tão... Brega. Mas, ainda fofo! Meu coração ainda está derretido.

     - Eu não sabia que ele iria fazer aquilo - falei.

    Foi tudo uma surpresa. As flores, o pedido de namoro... Mas tudo isso me deixou muito feliz. Até desviei o olhar para que o Bakugou não me visse sorrindo.

     - Então lembre-se de avisar ao próximo para não te pedir em namoro desse jeito imbecil! - Bakugou falou com um tom de voz Áspero.

     Meu sorriso se desfez imediatamente olhando para ele. Eu entendi certo?

     - Próximo? - arqueei uma sobrancelha.

     - É - ele falou como se fosse algo óbvio - Seu próximo namorado.

     - Eu pretendo ficar com o Mit por muito tempo! - falei seriamente - Quem sabe pra sempre - sussurrei para mim mesma.

     - Puff! Me poupe! - ele revirou os olhos enquanto bufava - Você acha mesmo que vai conseguir ficar muito tempo com aquele merda?! Duvido passar de um mês!

     Ok! Agora eu não estava entendendo mais nada! Por que o Bakugou estava dizendo aquelas coisas cruéis de repente? O que ele pretende com isso? Qual o problema dele!

    - Por que está dizendo isso? - perguntei indignada. Eu queria saber o porquê dele estar me atacando sem eu ter feito nada.

     Ele me olhou como se eu fosse uma idiota, e começou a falar de uma forma toda debochada:

     - Ué! Do jeito que você é daqui a pouco vai estar apaixonada por outro, e vai dar um pé na bunda do Shimizu - ele ironizou - E depois, ele vai se matar... Não que alguém se importe né.

     - Como é que é??? - agora eu estava realmente ofendida.

     O que passa na cabeça do Bakugou para ele dizer uma coisa dessas?!

     - Caralho! Você é burra ou algo do tipo?! – disse ele parecendo indignado - Você não disse a um tempo atrás que "gostava" de mim e queria saber se eu sentia o mesmo? É agora está aí toda apaixonada pelo vira-lata albino. Pelo visto seus sentimentos não valem nada. Já que do nada você começou a gostar de outro cara.

     Agora entendi! Ele está se sentindo inferiorizado por eu não puxar o saco dele tanto como antes.

     Honestamente, eu não necessariamente gostava dele, podemos dizer que foi um... Crush passageiro... E segundo aquela conversa não valia nem um pouco a pena...

     - Eu não sou obrigada a ouvir nada disso - disse apenas.

    E com isso eu passei por ele, me afastando. Eu não iria ficar ali escutando o Bakugou falar aquelas merdas. Melhor eu sair daqui antes que eu me estresse.

      - Não dê as costas para mim, Yonara!!! - ele gritou, puto.

     Eu parei de andar quando vi que ele ficou ofendido com aquilo. Respirei fundo e me virei de frente para ele, dizendo:

     - Não estou te dando as costas Bakugou! Só não vou ficar aqui parada enquanto você me humilha!

    Porém, isso pareceu deixar ele mais nervoso. Então ele me olhou totalmente indignado, voltando a me atacar com palavras:

     - E a culpa é minha se você acha o amor da sua vida a cada 5 minutos???

     - Não foi nada disso!!! - Agora foi minha vez de gritar- Não foi do nada!!!

     Bakugou está falando muita besteira, por que ele não enfia logo essa língua no próprio cu, pra ver se ele fala algo que preste! E a pior parte... É que parecia que ele não tinha terminado de despejar todo seu ódio em mim. Tanto que ele soltou uma risada irônica e continuou cagando pela boca:

     - Fala sério, o vira-lata albino? Você podia vender seu corpo pra um cara melhor, não acha não? Você já olhou pra cara horrorosa dele? Ele é tão burro, não tem um pingo de noção das coisas! - ele exclamou - Um conselho... Melhor você correr enquanto pode, por que ele com certeza vai acabar morto igual aos pais! E não de um jeito heróico...

     - Não ouse falar assim dele!!! - gritei com muito ódio, me aproximando um pouco.

     Ok, agora o Bakugou passou dos limites! Quem ele pensa que é para falar assim do Mitisuki e ainda fazer piada do passado dele?! Eu não ligo se ele me xingar, mas não vou tolerar que ele fale mau do Mit! Não vou tolerar esse absurdo.

      Porém, o Bakugou apenas sorriu ironicamente, parecendo achar engraçado o fato de ter me tirado do sério. Ele arqueou uma sobrancelha e disse:

     - Oh, foi ele que te ensinou a ser tão respondona assim?

     - Eu não vou aceitar que você fale assim do Mit! - falei seriamente. Ele precisava entender que estava indo longe demais.

      - Ah... "Mit", né? - ele praticamente cuspiu aquelas palavras, num tom de voz totalmente áspero - Pra você ficar tão putinha assim, ele deve estar te comendo bem mesmo, hein...

      Respirei fundo, tentando me controlar para não dar um soco na cara do Bakugou e fazer ele pegar fogo agora mesmo!. Definitivamente, ele só estava tentando me machucar e me deixar com raiva. Acho que a coisa mais... Madura e certa a se fazer... É deixar ele pra lá, falando sozinho.

      - Chega! - foi tudo que eu disse.

     Com isso, me virei de novo e fui novamente me afastando. Dessa vez, eu realmente dei as costas para ele. E estou pouco me fudendo se ele achar ruim!

      - Sério? O que ele tem de tão bonzão hein? - ele gritou assim que viu que eu estava indo embora - Você gosta dele só por que tem cabelo liso e corpo sarado, é? Ele não é nada de especial!

      Eu estava totalmente decidida a ignorá-lo, mas ouvir ele dizer aquilo fez meu sangue começar a ferver. Ele realmente quer sair daqui incendiado né?!

      - É claro que ele tem! - gritei de volta para ele - Ele é uma pessoa incrível!

      Eu não vou mais aguentar ouvir nem mais um segundo do Bakugou falando merda do Mit! Não mesmo!

     - Só por que ele congela e vira um Lobo predatório gigante? - Ele riu com deboche - Grande merda, eu sou melhor que ele e mesmo assim você me trocou por uma coisa dessas??? - Ele parecia inconformado – Sério! O que é que ele tem que eu não tenho?

     Ok... Agora o Bakugou conseguiu mesmo me tirar do sério. Eu estava com tanta raiva, mas tanta raiva, que bater nele nem parecia mais o suficiente. Eu só sentia o grande ódio tomando conta de mim! Tanto ódio que quando vi, meus cabelos tinham ficado totalmente negros!

     Mas ok... Se ele queria saber o motivo... Então ele vai ter os motivos!

     - Bem... O que ele tem o que você não tem... Por onde começamos - Agora foi minha vez de fazer uma voz debochada - Bem, ele me faz feliz, me faz sorrir... Algo que você nunca tentou fazer! Ele diz todos os dias como gosta de mim, o quanto me ama pelo o que eu sou, o quanto me acha incrível, inteligente, forte e bonita! Ele faz questão de demonstrar pra todos o quanto ele tem orgulho de mim. Ele faz eu me sentir segura comigo mesma, ao ponto de que posso ser totalmente honesta com ele e ele comigo!

     Bakugou pareceu surpreso por eu começar a disparar palavras daquele jeito, mas ele estava ouvindo. Então, continuei dizendo, já com um tom de voz totalmente estressado:

     - E quer saber o que ele não faz? Ele nunca me disse que sou um lixo inútil, e que deveria me matar! Ele nunca tentou me forçar a nada e nem me beijou a força! Nem me chamou de putinha por ter recusado fazer sexo com ele! Ele nunca disse que ninguém amaria uma merda como eu! Ele nunca fez eu sentir culpada por algo que fiz por acidente!

     Eu não tinha percebido quanta mágoa eu tinha guardada no meu coração até eu começar a falar. Não só do Bakugou, mas também com todo o bullying que sofri na escola, as torturas e broncas dos meus pais, e as perseguições do meu irmão.

     E de repente, toda aquela dor que esteve presa dentro de mim por tanto tempo começou vir a tona!

     E sinceramente... Cansei disso. Não deixar o Bakugou me humilhar! Não vou mais ficar me culpando pelo o que aconteceu com o Say! Não vou me lamentar pela morte da Morgana! E estou nem aí se Hiroshi está me caçando! Não vou mais derramar lágrimas por causa deles, não vou me lamentar por eles. Mitisuki me fez enxergar como eu mereço ser tratada... Com respeito! E nenhum deles fazia isso!. Mitisuki mudou minha visão sobre este mundo.

     - Quer saber Bakugou... - continuei falando - Você só me humilhou, me agrediu, me xingou e me fez sentir horrível comigo mesma! O Mitisuki me respeita, me faz sorrir e faz eu me sentir bem comigo mesma, você só fez eu chorar! E você acha que eu parei de gostar de você do nada? E ainda pergunta o que ele tem que você não tem!

     Ele não falou nada. Ele estava com os olhos arregalados, completamente chocado. Acho que ele não esperava mesmo que eu fosse me impor desse jeito.

     Eu apenas olhei para ele, com certo desprezo e indiferença no olhar e finalizai:

     - Você está realmente perguntando por que eu escolhi ele em vez de você? - meu tom de voz soava totalmente debochado e com um pouquinho de decepção - Fala sério, Bakugou... Você tem um cérebro né? Então use-o... Você é mais inteligente que isso...

     Ele ficou completamente paralisado, sem nem reagir. Não sei se ele estava irritado demais para se manifestar, ou se não tinha dado a mínima para o que eu tinha dito. Não sei, e não faço menor questão de saber!

     Eu tinha dito o que queria, e como vi que ele não iria falar mais nada, finalmente dei as costas deixando Bakugou para trás.

     Voltei para onde meus amigos estavam, mas eu já não estava no clima de interagir com ninguém...

    Peguei o buquê de flores sem falar nada e comecei a andar em direção ao elevador.

     - Ei, Suyane! - Uraraka me chamou - Onde está indo? Nós não íamos fazer uma festinha?

     - E-eu... Estou cansada, preciso ir dormir... Afinal vou ter que limpar tudo isso aqui amanhã - inventei uma desculpa qualquer, sem nem olhar para ela.

     Apertei o botão do elevador, e enquanto esperava chegar, ouvi Mitisuki dizer:

     - Também estou com sono.

     - Aaahh, você também Shimizu??? - ela parecia decepcionada.

    Quando o elevador chegou, o Mitisuki entrou comigo. Ele esperou a porta fechar para tocar meu ombro suavemente.

     - Suy... - ele me olhou preocupado - O que houve?

    Assim que olhei para o rosto dele, eu não aguentei mais. Toda aquela raiva e ódio começaram a se transformar em lágrimas muito dolorosas. Antes que me desse conta, eu já estava em prantos.

     Mit não hesitou em me abraçar bem apertado. Eu até mesmo acabei deixando o buquê de flores cair no chão sem querer. E então, eu afundei meu rosto no peito dele, apertei as roupas das costas dele e comecei a soluçar feito um bebê.

     Merda... Não acredito que estou chorando por causa disso de novo! Todo aquele sofrimento do passado que não tinha sido resolvido parecia estar transbordando em mim agora.

    O elevador logo chegou no nosso andar, e então a porta se abriu. O Mit se afastou um pouco do abraço, para apenas colocar um braço na porta do elevador para impedi-la de fechar.

     - Suy... - ele falou docemente - Posso ficar com você no seu quarto agora? E aí se você quiser, você me conta o que aconteceu? Ok?

     Eu apenas fiz que sim com a cabeça, ainda sem conseguir parar de chorar. Mitisuki então saiu do abraço suavemente, pegou o buquê de flores do chão e segurou minha mão amorosamente. Ele me conduziu para fora do elevador e entramos no meu quarto.

     Eu já estava me sentindo melhor só de saber que eu poderia chorar no ombro do Mit o quanto quisesse, falando sobre meus sentimentos, enquanto ele acariciava meus cabelos e dizia que tudo iria ficar bem...

    Eu realmente não sei o que seria se mim sem o Mitisuki...

                                      ***

/Bakugou's POV/

Yonara já tinha me deixando ali no corredor há alguns segundos, mas eu ainda não conseguia me mexer. Meus dedos tremiam, e meu peito doía. Merda... Eu estou sentindo que meu coração foi esfaqueado umas 10 vezes.

     Porra... Eu tenho que sair daqui urgentemente!

    Quando finalmente consegui me mexer, saí dali ainda em choque. Eu não sabia o que pensar direito, só sabia que queria ficar sozinho. Corri para o elevador e apertei o botão, torcendo para essa merda não demorar pra chegar.

    - Bakugoooou! - ouvi Ashido gritando da cozinha - E a onde você vai? E a festinha?

     Eu nem dei o trabalho de responder. Eu nem sei se eu conseguia falar... Minha mente estava tão confusa, tão embaçada.

    - Ta todo mundo indo embora! - Kaminari choramingou - To achando que não vai ter festa,hein...

      - Mas tá meio tarde também, né gente? - Takashi desmotivou o pessoal ainda mais.

     - Concordo com a Takashi - disse o cabelo de merda - Melhor deixar pra outro dia.

     Finalmente o elevador chegou e eu não teria mais que ouvir aqueles filhos da puta dando piti por que não ia ter a merda de uma festa. Entrei no elevador e fui para o meu quarto o mais rápido que consegui.

      Quando entrei no meu quarto, o choque finalmente passou, e aquela dor dilaceradora começou a rasgar meu peito como se tivesse tentando me matar!

     Porra...Porra... PORRA!!!

     - AAAHHHH!!! - gritei com toda a minha força, passando o braço pela mesa do meu quarto violentamente, derrubando tudo que tinha ali em cima.

    Cadernos, Lápis e vários objetos de decoração se espalharam pelo chão. Mas aquilo não era o suficiente. Eu queria quebrar tudo! Matar tudo!

     Corri a estante de livros e comecei a derruba-los brutalmente, com toda raiva do meu ser. Eu só sentia que queria destruir tudo, quebrar tudo ao meu redor! Aaahhh mais que merda!

     Foda-se os cadernos, foda-se os objetos, foda-se tudo nessa porra! Foda-se a Yonara e o Vira-lata, foda-se também as flores! E vai tomar no cu também quem vendeu aquelas flores! Espero que todos morram da pior forma possível! Lenta e dolorosa!!! Vai todo mundo pra puta que pariu!!!

     - Aaaaahhhhh! - gritei mais uma vez enquanto atirava o último livro da estante no chão.

    Merda... Agora não tinha mais nada para derrubar.

    Caí de joelhos, bem no meio do meu quarto. Eu não estava mais conseguindo me manter em pé. Parecia que toda minha energia tinha sido sugada. Eu estava sentindo tanta angústia que não conseguia mais raciocinar direito.

    Merda... Eu não consigo respirar!

    De repente, comecei a sentir minhas lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Eu sentia como se aquele nó na garganta estivesse me sufocando, e as lágrimas descendo no meu rosto estivessem queimando a minha pele. Porra! Está doendo tanto... Tanto!

     Quando eu percebi, eu já estava chorando e soluçando feito um filho da puta! Merda! Por que eu não consigo fazer essas coisas pararem!

     Mas que cu... Eu fiz de novo, não foi? Deixei minha raiva falar mais alto e fiz merda... Outra vez...

      Eu só... Não consegui lidar com aquela cena. Quando eu vi que o Shimizu chegou com um buquê de flores, eu já sabia que nada iria acabar bem. Eu senti como se alguém estivesse passando uma corda em volta do meu pescoço e estivesse apertando com toda força. E quando a Yonara aceitou o pedido de namoro, eu senti que meu chão tinha se despedaçado, e eu só conseguia cair e cair...  

     Merda... Eu não consegui lidar de novo com essa dor! Por que tenho que ser assim???!

     Quando vi que a Yonara se afastou dos outros, eu nem pensei duas vezes. Fui até lá na impulsividade e deixei minhas emoções falarem mais alto. Eu falei um monte de merda pra ela... Eu só queria que ela sentisse o mesmo que eu! Queria que ela entendesse o quanto eu estava machucado!

     Ah! Você queria machuca-la? Parabéns! Katsuki, você merece um prêmio!

     Puta merda! Sério o que eu esperava??? Que eu iria perguntar o porquê dela ter me trocado pelo Shimizu e ela dizer: "Não sei Bakugou... Eu ainda gosto de você, só estava com ele para tentar te esquecer. Vamos ficar juntos?!" E que ela iria voltar correndo para mim??? É óbvio que ela iria pisar em mim com todo aquele ódio e palavras! Como eu pude ser tão burro???!

    Merda! E eu ainda ouso dizer que gosto dela!??? Eu sou um monstro!

    Esse tempo todo eu odiei o Shimizu. E comecei o odiar ainda mais quando ele roubou a Yonara de mim. Mas agora eu vejo... Ele não roubou porra nenhuma. Fui eu que fiz a Yonara se afastar de mim. Eu fiz tudo sozinho...

     Aaaahhh! Mais que cu!!! Por que eu tenho que ser tão imbecil?!! Por que eu simplesmente não consigo lidar com isso?! Tudo vira raiva e eu quero destruir tudo... Eu... Eu realmente sou uma bomba-relógio não é mesmo?!

     Talvez eu até mereça tudo isso. Talvez eu esteja fadado a destruir minha vida e acabar sozinho!

     Aaaahhh! Mais que porra!!!

     - AAAAAAHHHHHH! - soltei mais um grito repleto de ódio e dor, socando a parede do meu quarto, deixando sair uma explosão sem querer.

     Quando eu vi a tintura do meu quarto ficando preta por causa da explosão, mais e mais lágrimas começaram a descer os meus olhos.

    Merda! Eu só queria que essa dor fosse embora! Eu só quero que isso acabe... Será que a morte é minha única opção?

    De repente, ouvi alguém dando várias batidas na porta do meu quarto:

     - Bakugou!!! - era a voz do Kirishima - Que porra é essa???

     - O que está acontecendo ai dentro? - e a voz da Takashi.

     Aaarg! Não estou nem um pouco no clima para lidar com esses dois agora! Só fiquei em silêncio, torcendo para que esses dois fossem embora logo.

     - Ei! - Kirishima praticamente esmurrou a porta - Você sabe que eu moro no quarto do lado, né? Eu posso ouvir você quebrando tudo!

     - Caí fora porra!!! - gritei, muito puto.

    Esses dois imbecis não podem me deixar em paz???

     - Bakugou, abre a porta, por favor! - pediu Takashi.

     Ah, mas nem fudendo! Eu não posso deixar eles me verem assim... Tão humilhado.

     Eles continuaram a bater na porta falando para eu deixar eles entrarem. Mas eu apenas os ignorei e depois de um tempo eles pararem de bater na porcaria da porta. Ah... Pelo visto eles desistiram... Finalmente sozinho.

     Porém, do nada eu ouvi a porta de correr da minha varanda abrindo. Puta merda! Eu até pulei de susto. Que porra era aquela?!

    - Mas que merda??? - gritei ao ver a cara do Kirishima e a da Takashi.

    Esses dois idiotas tinham pulado da varanda do Kirishima para a minha?! Merda, eu deveria ter trancado a porta da varanda também! Mas que cacete!

     - E aí, Bro! - o Kirishima teve a cara de pau de sorrir para mim.

     - Vão embora agora!!! - esbravejei. Mas sem olhar para eles. Não queria que eles me vissem com o rosto inchado.

     Porém esses dois desgraçados apenas olharam um para o outro, deram de ombros e disseram:

     - Não tô afim... - disse Kirishima.

     - Nem eu - falou Takashi.

    Aaahhhhh! Eu já estou na merda! Esses dois vem me tirar do sério?!

    Sem conseguir me controlar, me levantei do chão e avancei para cima deles. Começando a dar inúmeros socos, deixando sair até mesmo explosões.

     - Dá a porra do fora daqui, caralho!!! - continuava o socando sem parar - Seus filhos da puta!!! Vão se fuder!!!

     Quando senti a dor do meu punho, vi que Kirishima estava usando seu endurcimento para se proteger, e Takashi tinha se escondido atrás dele. Mas eu não dei a mínima, continuei o espancando e gritando para que eles fossem embora.

       Porém, do nada o Kirishima agarrou meus pulsos e endureceu sua mão, me impedindo de continuar batendo. Eu fiquei tão surpreso que nem resisti.

     - Bakugou!!! - ele gritou, ainda me segurando - Nós não vamos a lugar nenhum!

     Kirishima me olhava com uma expressão seria e Takashi ainda escondida atrás dele, me encarava com um olhar totalmente preocupado. Foi ai que percebi que os dois estavam olhando para meu rosto inchado! Porra, agora esses dois sabiam que eu estava chorando! Mas que cu!!!

     Puxei meu braço com toda a força que ainda me restava para que ele me soltasse e gritei:

     - Foda-se! - me virei de costas para eles - Fazem o que quiserem então, eu não dou a mínima.

    E com isso, me deitei na minha cama, virado para a parede. Tentando fingir que eles não estavam ali, mas era difícil. Merda... Eu estava tão humilhado. Não acredito que deixei eles me verem tão vulnerável...

     Escutei Takashi sussurrando alguma coisa com o Kirishima, mas eu não consegui escutar o que era exatamente. Será que eles estão falando de mim agora? Puta o que pariu! Era o que me faltava!

     De repente, eu escutei minha porta sendo destrancada, e alguém saindo e depois ela foi fechada de novo. Dessa vez eu ousei olhar rapidamente para saber o que estava acontecendo, e agora só a Takashi estava no meu quarto. Grr! Não duvido nada daquele cabelo de merda ir contar pra todo mundo sobre meu estado!

     Ouvi a Takashi começar a pegar as coisas do chão. Provavelmente estava recolhendo os livros, cadernos, lápis e outros objetos que derrubei. Mas... Por que ela está arrumando tudo?

    Eu decidi deixar pra lá. Se ela quer bancar a empregadinha, o problema é dela. Talvez agora que eu estou deitado na cama, essa idiota pense que eu vou dormir e vá embora.

    Mas infelizmente não foi isso que ela fez. De repente, senti um peso surgindo atrás de mim na cama. Ela tinha deitado na cama comigo e passado um braço pela minha cintura.

     Mas que porra é essa???!!! Eu até paralisei de tão chocado que fiquei. Essa palhaça estava me abraçando de conchinha???

    - Que merda você está fazendo? - minha voz quase não saiu.

     - Nada... - ela se fez de doida, ainda sem me soltar.

     Merda... Eu estava me sentindo tão estranho. Aquilo era tão estranho. Ninguém nunca tinha me abraçando assim, nem mesmo minha mãe. Eu não sabia o que fazer, nem o que sentir. Eu só sabia que estava odiando aquilo. Odiando por que... Estava fazendo eu me sentir... Acolhido.

    Porra! Eu não deveria querer me sentir acolhido! Eu não deveria precisar disso. Era como se aquele maldito abraço estivesse esmurrando as paredes do meu orgulho. E aquilo doía...

     O nó na minha garganta começou a ficar tão sufocante que eu não consegui mais segurar. Foi só eu deixar uma lágrima escapar, que em segudos eu estava em prantos. Merda! Não acredito que estou chorando feito um bebê na frente da Hiyori. Mas eu não consigo parar.

    A Takashi não falou nada. Ela apenas me abraçou mais forte e ficou ali, em silêncio.

    Eu nem sei quanto tempo eu fiquei ali chorando. Mas durante esse tempo todo, Takashi continuou me abraçando bem forte, esperando pacientemente até que eu me acalmasse.

     Aos poucos meus soluços foram diminuindo, até que se tornaram simples fungadas. E estranhamente... Eu me sentia um pouco melhor... Parecia que aquele abraço tinha feito a dor escondida dentro de mim sair para fora. Doeu muito, mas era como se parte dela tivesse ido embora...

     Um tempo depois que eu já tinha parado de chorar,então Takashi falou bem baixinho ainda sem sair daquela posição;

      - Você quer falar sobre isso?

     - Não... - respondi prontamente, sem me virar para ele.

     Eu nem sequer sabia o que eu estava sentindo direito, quem dirá colocar isso em palavras.

    Ela pareceu aceitar minha resposta. Mas logo fez outra pergunta:

     - Você quer que eu vá embora agora?

    Ah merda, quando ela entrou aqui, tudo que eu queria era que ela fosse embora. Queria que ela desse um fora daqui para que eu pudesse ficar em paz e chorar até o amanhã!

    Mas... Ela se recusou a ir...

    Mas agora se eu falar "sim". Ela vai sair por aquela porta e nunca mais vai comentar sobre o ocorrido. Porém... E se eu não quiser que ela vá?

     Merda...

    Alguns segundos já tinham se passado desde a sua pergunta, então eu respirei fundo e respondi antes que eu pensasse demais, quase como um sussuro:

    - Não...

    Novamente, ela não falou nada. Apenas se ajeitou melhor atrás de mim para ficar mais confortável, ainda me abraçando.

     Em poucos minutos, notei que a respiração da Takashi estava mais pesada... E eu também escutava uma espécie de ronrono. Ah... Ela tinha dormido.

    A esse ponto eu já tinha parado de fungar e minha respiração já tinha voltado ao normal. Eu ainda me sentia triste, mas não sentia mais aquela vontade de acabar com tudo. Merda... Acho que tudo que eu precisava era alguém que ficasse perto de mim, ao meu lado, em silêncio, sem dizer nenhuma palavra. Alguém que realmente estivesse aqui por mim...

     Talvez eu não esteja tão sozinho assim, no final das contas. Talvez eu não precise estar...

     Fechei os olhos e me aconcheguei melhor na cama. Takashi ainda me abraçava, mas eu não sai daquela posição. Normalmente, em dias dolorosos como esse, eu choraria sozinho durante a noite toda, sem conseguir pregar o olho. Mas acho que pelo menos hoje eu conseguirei dormir...

     Ah... Eu realmente tinha me esquecido que algumas pessoas sabem desarmar bombas-relógio.