Hanna foi com a mãe para o Hanna's Caffee na manhã seguinte, se lembrava perfeitamente de todos os clientes e de tudo que deveria fazer como garçonete.

— Sua cabeça pode estar em ordem, mas não vai trabalhar hoje. – Samira anunciou. – Você precisa descansar.

— Mãe, eu já descansei bastante! – Hanna disse, fazendo bico. – Quero trabalhar!

— Sua pressão continua baixa, querida. Não vou deixar você passar por outro desmaio.

— Então o que eu vou fazer?

— Por que não vai para o seu apartamento?! Talvez você encontre o Bob.

— Seria melhor se eu conversasse com ele?

— Ele pode te ajudar a lembrar.

— Eu vou vê-lo então, mãe. Te amo.

— Te amo, filha. Até mais tarde.

— Eu volto já para te ajudar a limpar o Caffee, tá!?

Samira balançou a cabeça afirmativamente, e Hanna logo atravessou a rua em direção ao seu apartamento. Logo encontrou Bob no corredor de seu andar.

— Oi, Bob. – Hanna sorriu para o amigo.

— Hanna! Você se lembrou de mim?! – ele sorriu de volta.

— Não... Desculpe. Mas eu vim aqui para conversarmos! Talvez você possa me ajudar a lembrar.

Bob abaixou o rosto, decepcionado.

— Desculpe, Bob... Mas... – ela disse, envergonhada.

— Tudo bem... Quer entrar? – Bob a convidou para seu apartamento.

Hanna aceitou e sentaram lado a lado no sofá da sala.

— Quer dizer que você não se lembra de nada sobre mim?! – Bob perguntou.

— Não me lembro... – Hanna disse, sem jeito.

— Eu não sei nem o que dizer. Bom... Meu nome é Robert, mas você sempre preferiu me chamar de Bob. Foram poucos momentos que tivemos juntos... Eu estudo medicina, e não tinha muito tempo para te ver. Mas eu sempre fiz o máximo para me aproximar mais de você.

— Nós éramos namorados?

Bob olhou assustado para Hanna, pensou por alguns segundos e mentiu:

— Você e eu somos namorados. Estamos juntos a alguns meses e íamos nos casar, Hanna.

— Nós... íamos nos casar? – Hanna se assustou com a idéia.

Bob então tirou a aliança de dentro de uma das gavetas do criado mudo, e sorriu:

— Você tinha desmaiado após dizer sim.

— Eu devo ter ficado muito feliz, né?! – Hanna disse, olhando assustada para a aliança dourada.

— Você ficou muito feliz, querida.

Hanna respirou fundo e sorriu para Bob, estendendo sua mão:

— Bom, se essa foi a minha escolha...

Bob colocou a aliança no dedo de Hanna, todo feliz, e deu um beijo em sua mão.

— Você não faz idéia de como eu estou feliz por tê-la de volta. – Ele disse, orgulhoso por sua mentira estar dando certo. – Eu te amo, Hanna.

Mas antes que Hanna pudesse dizer algo, ele a puxou para si em um abraço apertado.

— Pode ter certeza que vamos ser muito felizes juntos, meu amor. Vou te fazer mais feliz do que você já é. – ele sussurrou em seu ouvido. – E vou te fazer lembrar de mim, eu prometo.

Hanna permaneceu em silêncio, sem saber o que dizer.

Ficaram abraçados até que Bob tentou beijá-la, mas ela virou seu rosto.

— Por que não me beija? – ele perguntou, parecendo nada satisfeito.

— E-eu não... – Hanna gaguejou e se soltou do abraço. – Desculpe, eu preciso ir.

Hanna correu para fora e entrou em seu próprio apartamento, trancou a porta e observou o pequeno quarto. Tudo estava normal para ela.

Quando se acalmou, sentou na frente de seu computador e verificou seu histórico de buscas. Após abrir a pasta, viu que haviam dezenas e dezenas de pesquisas sobre a mesma pessoa: Michael Sparks.

— Então, eu não te esqueci. – Hanna sussurou para si mesma.

Foi checar seus e-mails e, após apagar todas as mensagens de propaganda, teve uma grande surpresa. Era uma mensagem de um garoto, que ela não reconheceu pela foto:

"Hanna Meyer. Não sei se você se lembra de mim.

Nós estudávamos juntos quando éramos crianças.

Espero sua resposta.

Michael Sparks"

— Mike?! – Hanna colocou as mãos sobre o peito, sentindo seu coração bater forte.

Ela ficou praticamente meia hora na frente do computador, lendo aquela mensagem, sem saber o que responder.

— Eu devo ter passado tanto tempo procurando por ele... – Hanna pensou em voz alta. – E justo agora... Justo agora ele me aparece?! O que eu respondo?!

Pensou por mais um tempo e digitou:

"Oi, Mike! Como vai? Você cresceu muito, heim?! rs.

Um abraço, Hanna Meyer"

— Eu devo ter ficado tanto tempo esperando por esse momento... E quando o reencontro, fico sem palavras... – Hanna continuou falando sozinha. – E sem memórias para me lembrar dele...

Ficou na dúvida se enviava ou não o recado. E acabou apagando a mensagem e desligando o computador antes que digitasse algo estranho, que pudesse se arrepender depois.

Resolveu pedir ajuda para Karen. Pegou seu celular e ligou para a amiga, a chamou para uma visita e ela concordou.

— Ótimo! – Hanna sorriu, aliviada.

Se levantou da frente do computador e fez uma limpeza rápida pelo apartamento.

Esperou a amiga chegar e quando a campainha tocou, tomou um susto com o que viu em sua porta.