Tom acordou assustado, com o coração acelerado, descompassado e sua respiração estava arquejante logo as 07h. Olhou para o lado e viu-se sozinho na cama, seus tênis e sua camisa estavam ao pé da mesma como da ultima vez que vira e ele saltou da mesma para buscar a garota de cabelos negros.
              Metade das coisas do gigantesco closet não estavam lá e uma mala havia sumido, o ipod laranja inseparavel tambem não estava lá e o celular tambem. Ele discou o número e ouviu o celular tocar, ela trocara os chips e agora tinha o do Sideckick da mãe. Era verdade então? Ela realmente fugira e o deixara lá.
              Discou outro número, o de Bill. Sabia que dificilmente ele atenderia já que provavelmente virara a noite, mas gostaria de tentar e ver se conseguiria contato com alguem que confiasse. Sete toques e nada, com certeza estava dormindo. Ele próprio nunca acordava antes das 10h quando passava a noite com uma garota e por um mero milagre acordou mais cedo por um sonho. Um sonho que ele aprendera a rezar apenas para pedir que nunca acontecesse mas que ele estava se deparando com algo pior: Cassandra ter fugido sem ter lhe avisado.  
              Colocou sua camisa e os tênis e então se preparou para pular de volta a janela. Ao chegar ao chão deparou-se com a velhinha que mora do outro lado da rua, Frau Nicht, uma mulher de aproximadamente 75 anos, baixinha e de cabelinhos extremamente brancos, uma graça. Tom fingiu um sorriso e Frau Nicht o observou, chamando-o.
 -- Guten tag Frau Nicht -- Tom esboçou um sorriso
 -- Guten tag Tom.-- a senhorinha sorriu -- O que faz pulando a janela de Frau Adams? -- ela fez uma expressão surpresa e seus lábios se con torceram em uma expressão indecifrável -- Não estaria lá para manter uma relação com a Cassandra não é? Sente-se aqui -- ela apontou para um banquinho proximo a ela -- A garota é adoravel e conta tudo para mim. Como ela pode não contar de um namorado?
 -- Não somos namorados Frau Nicht -- ele deu um meio sorriso sem jeito -- E não estamos tendo uma relação, somos só colegas.
 -- Então por que não desceu pela porta Tom? -- a senhorinha de cabelos brancos semelhantes a nuvens era interessante e sabia de muito
 -- É a senhora me pegou -- ele riu um pouco e ela sorriu contente -- Eu vou contar mas preciso de segredo.
 -- Claro que mantenho o segredo meu jovem. -- ela sorriu -- Venha, vamos entrar, eu faço um café para nós dois.
 -- Tudo bem.
              A idosa o levou para dentro e os dois se sentara nas banquetas da bancada de granito e ela deu ao garoto de dreads uma xícara com café e sentou-se com outra caneca, uma preta com alguns desenhos tribais.
 -- Agora conte-me tudo o que o aflige.
 -- Como sabe que tem  algo me afligindo? -- Tom ergueu a sobrancelha confuso o que fez com que Herr Nicht sorrisse largamente
 -- Meu jovem eu já tive sua idade. Eu sei o que é estar aflito com algo e manter em segrdo o que te aborrece ou te aflige, mas é bom ouvir uma opinão mais velha as vezes não? -- surgiu um leve brilho semelhante a uma esperança nos olhos da mulher e ela prosseguiu -- Sabe, Fräulein Cassie e Fräulein Jasmine são quase como minhas netas, moro há quase 50 anos nesta casa, meus pais a construiram após o final da Segunda Guerra e estou aqui até hoje, e acredite meu jovem, passaram muitas pessoas por esta rua e eu conheço cada um e ainda me lembro de suas histórias, caso queira ver eu tenho alguns albuns com essas histórias. E uma delas é a dos Adams. Eu os conheci na época em que Josephin estava grávida da mais velha, eles vinham bastante para cá nas férias. Tinham um conhecido que morava na rua e sempre vinham. Ah Josephin é um amor e suas filhas tambem, seu marido, Richard tambem era uma ótima pessoa. -- Tom sorriu um pouco, então Frau Nicht conhecia o falecido pai das duas meninas -- Eles eram ótimos. As crianças vinham brincar aqui e como as duas eram muito pequenas quando vinham e quando seus pais tinham jantares, ficavam aqui, contando tudo o que acontecia em Melbourne, todos os amiguinhos... Quando Richard sofrera o acidente há um ano atras -- fazia tanto tempo assim? era o que Tom se perguntava -- Fräulein Cassie ficou desolada, o pai era seu companheiro, passou um ano indo na média em uma escola particular, por pouco não repetiu e ela é uma excelente aluna, teve de passar todo um tempo em terapia, a mãe chegou a acreditar que seria necessário interná-la no manicômio já que ela estava a beira da loucura -- tudo bem, o Kaulitz de dreads sempre quisera saber disso, mas nunca imaginou que aconteceram tantas coisas com Cassandra e saber de tanto o dava um leve aperto no tórax -- Até que então ela fez algumas amizades na escola de vocês, o que fez com que ela saisse um pouco do buraco, a Katherine que apesar de ser um pouco esnobe ajudou tambem. Levou-a para a Inglaterra com uma amiga por uma semana e quando ela voltou ela estava totalmente diferente. Estava sorrindo, com um estilo diferente, o cabelo diferente, tinha mudado completamente o estilo, mas graças a Fräulein Katherine e a amiga Fräulein Sophie, Fräulein Cassandra sorridente, otimista e fofa que eu conheci voltou. Então pode dizer que eu irei escutá-lo.   
 -- Fiquei surpreso com a história, nunca imaginei que tanta coisa aconteceu a ela --Tom disse apenas isto, estava surpreso que Cassandra sofrera tanto assim
 -- É, ela passou por maus bocados mas agora está bem. Só está com medo agora. -- ela disse com um meio sorriso
 -- Como assim, medo? 
 -- Não seria medo na verdade, um tipo de insegurança. Finalmente a pequena se apaixonou.
 -- Ela está apaixonada?
 -- Sim, por você meu jovem -- a idosa sorriu contente e Tom corou violentamente -- E você a ama?
 -- P-po-por mim? -- ele perguntou trêmulo, então realmente Cassandra o amava
 -- Sim, e você a ama?
 -- U-uhum -- o garoto respondeu trêmulo e sentiu lágrimas vindo a sua garganta -- Mas e-ela se f-foi...
 -- Como assim ela se foi? -- o sorriso da mulher de cabelos de nuvem sumiu
 -- Ela fugiu enquanto eu estava dormindo
 -- Como tem certeza de que ela fugiu? -- ela fez uma expressão preocupada -- Por que acha isso?
 -- Eu vi, o Ipod inseparavel dela não tava mais lá, o celular foi trocado de chip, o closet foi quase esvaziado. Ela foi embora Frau Nicht.
 -- Tom, acalme-se. -- Herr Nicht empurrou o café para ele, vendo ali um modo de ele se acalmar -- Vou conversar com a mãe dela, os pais delas tem muitos contatos, ela deve estar com algum deles.
 -- Danke Frau Nicht! -- Tom exclamou aliviado, finalmente encontrara alguem que poderia ajudá-lo -- Só por favor se ficar sabendo de qualquer coisa, se ela está bem ou qualquer coisa me diga, por favor.
 -- É claro Tom. -- ela sorriu e abriu a porta já que ele dizia precisar ir
 -- Muito obrigada Frau Nicht! -- ele parou abaixo da soleira ainda ficando mais alto que a senhora de cabelinhos de nuvem -- A senhora é ótima! Que bom que a senhora existe! Muito obrigado.
              Ele deu um beijo estalado na testa de Frau Nicht e foi quase que correndo para sua casa, precisava contar a Bill tudo o que ocorrera, mesmo sabendo que ele não estaria em casa.
              Frau Nicht fechou a porta e foi em direção ao sofá, pegar o tal album que mencionara. Já tinha gravado a história de Cassandra ali então começou a ler em voz alta. Quase a mesma coisa que contara para Tom, apenas deixou obscuro o fato de que sabia para onde a garota de cabelos negros estava indo. Uma vez ela comentara com Frau Nicht que se tivesse de fugir para algum lugar, com certeza fugiria para a casa de Marcello e Giuliana que são velhos amigos italianos de seus pais. Segundo Cassandra, eles eram os únicos que ela confiaria e que estavam longe o suficiente para ela acatar a ideia de fugir para tal lugar. A idosa de cabelinhos de neve sorriu abertamente ao se lembrar de algumas histórias, vendo que Tom realmente se importava com uma de suas netas de consideração.