O sol se escondia no horizonte, os precários raios solares atravessaram a janela da incrível mansão Hitachiin, aos poucos a escuridão do anoitecer tomou seu lugar, trazendo consigo a brisa fresca de uma noite limpa. Pela fresta da janela da sala de estar, Haruhi pode ver as luzes dos faróis do carro se aproximarem, e ambos os irmãos saltarem após um dia cansativo de aula e clube –no qual fez questão de ir embora o mais rápido possível- se aproximou da porta quando duas empregadas se aproximaram para abri-la.

—É nossa função recebermos os senhores. –Anunciaram as gêmeas.

—Ok. –Rendeu-se levantando as mãos em sinal de paz.

Com as portas abertas, Hikaru e Kaoru passaram como verdadeiros reis.

—Estamos em casa!

—Bem vindos senhores. Seus banhos já estão preparados e o jantar será servido logo em seguida, assim se desejarem.

—Muito obrigada por sempre cuidarem da gente. –Kaoru sorriu e seguiu adiante, parando apenas para cumprimentar a nova moradora temporária.

—Por que não nos esperou para vir Haruhi?

—Olá Hikaru, não estava a fim de ficar mais tempo no clube, ainda tinha coisas para arrumar aqui.

—Era de se esperar. Irei tomar meu banho, nos falamos no jantar?

—Claro que sim. –Sorriu docemente para ele.

—Mais uma coisa, estamos bem mesmo?- Perguntou ainda duvidoso com todos os problemas que ocorreram.

—Estamos, mas, uma mancada de novo e não irei me segurar para brigar com você. E quando achar algo ruim sobre minha atitude converse comigo e seja claro.

—Nada de brigas ou segredos entre nós.

—Sim! –Concordou ela prontamente.

Sem conter as emoções, Hikaru pulou em cima dela, abraçando-a com força, sem se importar com as funcionarias que ainda assistiam a cena. Para ele, nada mais importava, apenas ela ali, em seus braços finalmente, ainda se sentia desacreditado e inseguro com tudo, por isso sentindo-a minúscula em seus braços foi reconfortante ao ponto de esquecer tudo, o lugar, as pessoas ao redor, ou que em algum momento estavam brigados.

—Nunca irei te deixar apenas se queira isso Haruhi.

—Hikaru...

—Shiii...vamos ficar assim.

—Os funcionários estão olhando. –Olhando para baixo, notou a pequena extremamente vermelha.

—Ohh, isso é raro, você vermelhinha assim se torna mais maravilhosa ainda.

—Hikaru vá para o banho de uma vez!- Berrou.

Em sua cabeça não seria assim, a declaração que recebeu abertamente seria apenas um gatilho para experimentar um amor que nunca sentira antes, claro, já existia algo além da amizade, as piadas antes inocentes, começaram a carregar um duplo sentido para aqueles que realmente prestavam atenção na troca de farpas. Mas após a morte de sua adorada mãe, jurou para si não se apaixonar abertamente como estava fazendo, ainda conseguia se lembrar do sofrimento do pai em cria-la sozinha, não queria passar pelo menos, nunca. Agora, com Hikaru lhe mostrando aos poucos a sensação de quentura no coração, se sentia mais indefesa e aberta em relação ao amor entre um casal.

Olhar o lado de fora pelas grandes janelas da mansão se tornará um hábito, as estrelas aos poucos começavam a brilhar, cada uma com sua própria luz e energia. Respirou fundo, seguiria adiante, enfrentaria tudo pelo que sentia, ciúmes, brigas, tudo de ruim, passaria por cima como a verdadeira mulher forte que sonha em ser, claro, junto vem os carinhos, brincadeiras, coisas boas, e essas faria questão de abraçar com todas as forças, para que durassem para sempre.

 E os dias foram se passando, a mansão nunca fora tão animada, os senhores principais da casa ainda viajavam a negócios, os únicos donos: apenas os gêmeos, que faziam de tudo para agradar a integrante que cada vez se sentia mais a vontade, conversava com os empregados, ajudando em tudo que a deixavam fazer, principalmente cozinhar. Infelizmente a rotina começou a entediar a todos. Hikaru e Kaoru ricos desde o berço, não viajavam a semanas, e Haruhi, se encontra agoniada em pensar no pai trabalhando sozinho para conseguir dinheiro para uma nova casa ou apartamento.

—Vamos fazer uma viajem! –Propôs Kaoru.

—Iremos a praia em outro país! –Concordou o irmão. –Vamos Haruhi?

Concentrada em um jornal na paginas de empregos respondeu.

—Creio que não poderei por enquanto.

—Oras, vamos diga o por que.

—Vou arrumar um emprego!