Além do Fim escrita por Lucca


Capítulo 5
Guerra forjando paz


Notas iniciais do capítulo

A ideia era arrumar a bagunça exterior, deixando a situação um pouco mais estável, para podemos caminhar para a organização da bagunça interior dos sentimentos desses dois.
Tracei alguns paralelos como Vingadores: Ultimato, mas também coloquei diferenças cruciais para essa história e para minha paz interior.
Não, eu não sei me despedir de Stark e de Nat.
Boa Leitura.



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O retorno para o presente foi rápido e tempestuoso, num ritmo que, em outros tempos, Thor teria apreciado. Mas nesse momento, a velocidade dos acontecimentos lhe roubaram algo precioso: tempo para juntar dentro de si tudo que estava despedaçado desde que Thanos apareceu. Só assim, ele poderia conhecer a si mesmo e decifrar os sentimentos em ebulição no seu interior.

Ao se ver de volta à complicada realidade do presente, sua primeira reação foi pular da plataforma e ir até Sif que o aguardava atônita com o desfecho da missão. Colocando a mão direita no ombro dela e com uma expressão de paz rosto, ele disse:

— Eu consegui, Sif.

Retribuindo o gesto, ela disse:

— Eu nunca duvidei disso. – e assentiu com a cabeça.

Rocket, que passava perto deles, completou:

— Você quer dizer que eu consegui, né, Mané? Eu peguei a pedra, você ficou lá batendo papo com a mamãe...

O olhar de Sif se revestiu de preocupação e se dirigiu a Thor, ansioso por compreender o desfecho daquele encontro. Percebendo isso, ele disse com um leve sorriso nos lábios:

— Eu consegui falar com ela. Foi uma das coisas mais difíceis que já fiz, mas foi tão... importante. – e baixou o olhar para camuflar as lágrimas que se formavam.

A mão de Sif que ainda estava em seu ombro se apertou de forma simples, demonstrando solidariedade enquanto seu rosto se revestiu de compreensão:

— Nada acontece ao acaso. Essa conversa precisava acontecer. E você conseguiu cumprir essa missão. Honrou sua família.

Inesperadamente, ele a puxou para um abraço que ela retribuiu colocando todo amor que sentia por ele entre seus braços.

— Como assim “uma alma pela Pedra da Alma”? Isso implicaria na morte de um de vocês dois! – Scott Lang disse aflito.

— Essa era a ideia, gatinho. – Natasha disse dando uma piscadinha pra ele. – É por isso que o Banner está tão mudado.

— Eu e a Nat nos enfrentamos porque os dois queríamos ser sacrificados. Não foi fácil. Precisei enfrentá-la sem deixar o Hulk aparecer. Tudo bem que ele não aparecia há bastante tempo. Eu estava vencendo... quer dizer, me sacrificando e escorregando das mãos dela quando não consegui mais conter o Verdão. Quem bateu na pedra e foi sacrificado foi ele. Depois disso, só me lembro de acordar ao lado dela, nessa nova versão, corpo do Hulk e mente do Banner, já à beira do mar de fora de Vormir.

— Isso é a combinação mais estranha que já vi. E também a coincidência mais incrível. Se tivéssemos enviado qualquer outra dupla para pegar a Pedra da Alma, teríamos uma baixa. – Stark concluiu.

— É, parece que o universo conspira a nosso favor. Vamos aproveitar isso! – disse Rogers.

Com os Vingadores de volta à base trazendo com eles as jóias do infinito, uma nova manopla foi forjada e Banner, transformado em Hulk, estalou os dedos trazendo de volta todos aqueles que tinham sido aniquilados.

A alegria da vitória explodiu entre os amigos. Era como acordar do pior pesadelo e ver que tudo estava bem novamente.

Entretanto, mal puderam desfrutar desse momento. Os alarmes soaram e o pesadelo voltou a se instalar. Guiado pela lembrança cibernética de Nebulosa, Thanos descobriu o plano dos Vingadores e apareceu instalando de novo a guerra e o caos. Aniquilação total era o que ele prometia. Lutar nunca foi tão necessário.

Imediatamente, todos se prepararam para enfrentá-lo. Thor estava partindo quando percebeu Sif já vestida com sua armadura a frente de um grupo no chão. Sem relutar, ele voltou e se aproximou dela:

— Por Odin, Sif, onde você pensa que vai?

Ela o encarou com o olhar firme e levantou as sobrancelhas colocando um pouco de sarcasmo na voz:

— Ensinar ao grandão ali e à qualquer outro que duvide disso que não se aniquila toda a existência sem sentir o peso do meu braço!

Thor sentiu uma ira estranha ganhando seu interior. Como ela ousava por sua vida em risco? Custava compreender que ele precisava dela segura? Tomado pela urgência em resolver a situação, ele segurou firme no braço dela:

— Não! Você vai voltar agora e ficar segura na base! – um minúsculo raio correu por seus olhos mostrando que não estava disposto a enfrentar discordâncias sobre esse assunto.

Sif puxou o braço de seu aperto com força:

— Segura? Não haverá lugar seguro no universo se Thanos recuperar a manopla com as joias do infinito. Quem é você pra me tirar isso? Eu sei quem sou. Sou a Deusa da Guerra e não uma bonequinha de porcelana para você exibir se tudo isso não acabar da pior forma. E vou lutar e honrar meus antepassados e também seus pais por tudo que me ensinaram. Prefiro morrer em batalha ao seu lado do que viver pra ver a glória desse ser imundo!

As palavras dela pareciam ricochetear dentro da cabeça de Thor fazendo encarar seu erro, mais um erro, mas também reacendendo uma chama antiga: o calor das batalhas que enfrentaram juntos e que forjou a amizade que tinham. Envergonhado por sua atitude, ele recuou um passo e fez um leve sinal de reverencia à ela:

— Sua espada e seu conselho sempre foram fonte de dignidade para mim, Milady. Peço perdão por minha atitude vil. Lutar ao seu lado sempre foi e será uma honra para mim.

Ela retribuiu a reverência e ele disse:

— Por Asgard.

Ela respondeu com uma provocante piscadinha, como ele costumava fazer nos velhos tempos, e retomou seu posto.

A batalha começou com fúria total. As principais forças do universo se digladiavam pela existência disputando a manopla com as joias dos infinito. Rogers conseguiu usar Mjornir por ser digna sua causa. Mesmo unidos como nunca, os Vingadores não conseguiam formar uma frente decisiva contra Thanos que mantinha sua aparente invencibilidade.

Quando suas forças começaram a falhar, pensaram que seria o fim. Nesse momento, vórtices de tempo se abriram trazendo exércitos de todos os cantos e também os Vingadores que pereceram no primeiro estalar de dedos do inimigo. Com esse reforço, um novo ímpeto de garra se apoderou deles e a batalha prosseguiu.

A manopla foi defendida pelos Vingadores num estratégico trabalho de equipe nunca antes visto. Passou por diversas mãos e muitos heróis se uniram para evitar deixá-la a mercê do inimigo.

Thanos, entretanto, não era de forma alguma fácil de se subjulgar. Deusa da Guerra, Lady Sif antecipou a estratégia do ardiloso inimigo e pediu ajuda à Valquíria para levá-la em seu cavalo alado até Thor. Ela precisava alertar o Deus do Trovão para impedir o pior.

Mas as argardianas enfrentaram diversos obstáculos. Quando o alcançaram seu destino, parecia ser tarde demais. Thanos pegou a manopla. Bastava um estalar de dedos para todos deixarem de existir.

Nesse momento, Thor e Sif se entreolharam e ela gritou:

— Você pode segurá-lo se canalizar toda a sua força!

— Sozinho não sou capaz de controlar tanta fruição de energia, Sif.

Então, ela balançou a cabeça trazendo para o lado seus longos cabelos feitos do mesmo material que Mjornir e Stormbreaker:

— Você não estará sozinho. Tem a mim.

Como um guerreiro, assentiu com a cabeça e ela saltou do cavalo enquanto ele já puxava a força dos raios. Sif e Mjornir foram atraídos pelo magnetismo daquela energia e, em pleno ar, todos tomaram uma só forma: Thor atrás, Sif encostada à ele na sua frente, Stormbreaker e Mjornir fundidos numa só arma e os cabelos de Sif que se enrolaram pelos braços dos dois ajudando-os a manter a estabilidade das armas. Um forte disparo dessa energia foi direcionado a Thanos, segurando-o imóvel, sem ser capaz sequer de estalar os dedos.

Todos olharam pasmados o que acontecia e perceberam que deveriam agir rápido. Thor e Sif não seriam capazes de segurar Thanos por muito tempo. Então, numa rápida manobra, Capitã Marvel se aproximou e arrancou a manopla da mão de Thanos. Apenas ela tinha a resistência necessária para suportar a descarga de energia que atingia o vilão. Também só ela suportaria o que precisava ser feito. Calçando a manopla em sua própria mão, Carol estalou os dedos determinando o fim da existência de Thanos e de seu exército.

Seguiu-se um momento de silêncio absoluto. Finalmente tinha acabado. Todos estavam seguros e tudo que queriam era respirar aliviados.

Devagar, Thor iniciou a descida de volta à terra. Durante o trajeto, os cabelos de Sif foram se desenrolando de seus braços e de suas armas que voltaram a se separar. No silêncio que imperava, ele era capaz de ouvir seu próprio coração pulsando no peito. A paz ainda não havia chegado até ele. A onda de energia que canalizaram foi tão intensa que Sif poderia não ter suportado.

Ao chegar no chão, ele soltou as armas com a intenção de amparar Sif. Porém apenas Stormbreaker tombou. Mjornir estava na mão dela e, de forma surpreendente, ela se firmou no chão assim que pousaram, mostrando que estava viva e ... lúcida? Thor olhou para sua companheira admirado por sua força. Percebendo que ela permanecia imóvel, afastou uma mecha de cabelo que cobria seu rosto e viu os raios ainda reluzindo pelos olhos dela. Ainda havia muita energia contida no interior de Sif e isso podia ser perigoso para todos ali e também para ela mesma.

— Minha Sif, preciso pegar essa energia de volta. Por favor, me perdoe por isso, eu realmente não queria que acontecesse assim, por esse motivo e dessa forma.

E sua mão correu pelo rosto dela, deslizando até a parte de trás de sua cabeça. Devagar para não assustá-la, ele fechou a distância entre os dois e colou seus lábios aos dela beijando-a com toda delicadeza que podia enquanto sugava de volta o excesso de energia que a imobilizava naquele momento. Outra energia, entretanto foi se formando, tão forte e intensa quando àquela que os deixava. Mas era mansa, plena. Quando terminou, ele manteve a sua testa encostada na dela por alguns instantes antes de recuar.

Os dois se entreolharam, apesar de seus corpos não estarem mais em contato um com o outro, algo forte ainda fluía entre eles.

— Você está bem? – ele perguntou ainda tomado pela preocupação.

— Obrigada. Agora estou. – ela respondeu com um sorriso se formando em seus lábios. – Eu acho que isso te pertence. – continuou entregando Mjornir de volta à ele.

— É, parece que você é digna.

— E mais forte do que você imaginava. – ela queria parecer mais sarcástica, mas esse sorriso que teimava em se formar no seu rosto na presença dele a traiu.

— Com certeza. Você sempre consegue ser a maior surpresa nos melhores momentos da minha vida.

O silêncio voltou a se instalar entre eles e nenhum dos dois conseguia romper a conexão de seus olhares ansiando de forma inconfessável por um novo beijo e por tudo mais que esse sentimento pudesse lhes trazer.

A conexão entre eles foi tão forte que sequer perceberam que, ao seu redor, explodia a comemoração da vitória. E os amigos os rodearam e abraçaram tomados pela alegria sem perceberem que interrompiam um precioso momento do casal.

 


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Notas finais do capítulo

Não sei se essa história ainda tem algum leitor após tanto tempo sem atualização. Foi um período tumultuado e não tive tempo de me dedicar à isso. A inspiração ainda está voltando aos poucos. Então, se ler, por favor, deixe um comentário para eu saber que tenho motivos para continuar. O próximo capítulo será o ápice até aqui.

Obrigada pela leitura.



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