14 de fevereiro outra vez escrita por Kamereon


Capítulo 1
Três anos depois do nosso primeiro 14 de fevereiro


Notas iniciais do capítulo

Sei que muita gente nem imagina que o ship "Inohima" existe. E também que é cedo pra dizer se vão ficar juntos ou não. Mas amo tanto eles, e gosto tanto dessa historinha que vou publicá-la sim. Hehehe, boa leitura, espero que também gostem ♥



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Era 14 de fevereiro. Outra vez.

 

Também estava frio, e as ruas estavam mais uma vez decoradas com corações, laços, adereços vermelhos e cor de rosa. Mas, diferente da outra vez, eu não estava à toa. Não, eu não tinha nenhuma missão naquele dia. Parecia estranho, será que o hokage havia proclamado feriado no dia dos namorados? Nada de oficial chegou aos meus ouvidos, mas cheguei a pensar no assunto. Talvez fosse bom, se fosse assim. Porque daquele dia em diante eu teria motivos para estar em Konoha no dia dos namorados, eu assim esperava.

 

Havia se passado três anos desde o dia em que Himawari entrou timidamente na floricultura e me pegou de surpresa com presentinhos e um doce beijo no meu rosto. Daquele dia em diante, ver Himawari caminhando pela rua não era mais um evento qualquer. Ela estava vindo e eu percebi que meu coração poderia acabar saindo pela boca a qualquer minuto.

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Aliás, dias depois daquele fatídico 14 de fevereiro foi que eu percebi que minha vida não seria mais a mesma e o meu coração ainda iria querer sair pela boca muitas vezes.

— Olha pra frente, branquelo. - Boruto reclamava. - O que está olhando?

Foi aí que ele percebeu, juntou os pontos. Olhou para as minhas bochechas coradas e meu olhar abobalhado. O aceno deplorável que eu dei para Himawari naquele dia talvez tenha entregado tudo. Ou, talvez, o belo sorriso que ela me direcionou.

— Era você? Não, espera, Inojin, me diz uma coisa aqui e agora. Você recebeu os chocolates da Himawari? Você? Você mesmo? - Boruto gritou. Também corou, mas de raiva. Shikadai tentou distraí-lo, mas em vão. - Você me traiu!!! Como pôde fazer uma coisa dessas? Inojin fique longe da minha irmã, ou eu vou te matar!!!

Shikadai foi quem – fisicamente – me salvou, segurando Boruto com seu Kage mane no jutsu. Eu só corri, foi a coisa mais covarde a se fazer, mas também a mais segura. Até porque, nem o surto do Boruto apagou meu sorriso para Himawari.

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O tempo passou e Boruto se acalmou. O que eu acho é que Shikadai convenceu o estressadinho de que eu não tive nada a ver com a situação. Shikadai soube de tudo o que aconteceu, por isso sabia que foi Himawari que veio até mim e eu nunca fiz nada a não ser aceitar os presentes.

— Qual é, Boruto? Queria que ele negasse os chocolates e Himawari voltasse pra casa triste e magoada? - O Shikadai era muito esperto, e Boruto, talvez num momento de fraqueza, se deixou levar pelo seu discurso. É claro que ele não contou nada sobre o beijo.

Só fiquei um pouco preocupado que Boruto fosse discutir com Himawari sobre isso. Preocupação sem motivo, eu soube dias depois.

— Ham, bem… Tudo certo entre você e o Boruto? - Perguntei a Himawari, quando cruzei com ela voltando de uma missão. Foi muito difícil de perguntar, dado que precisei disfarçar muito para que as pessoas em volta não prestassem atenção na conversa e ao mesmo tempo, fazer com que Himawari soubesse do que eu estava falando.

— Claro! Ele é estressadinho, mas não é louco de se meter comigo. Ele sabe que mamãe ficaria brava se discutíssemos.

 

Não, não começamos a namorar, por mais que Shikadai implicasse comigo e dissesse que eu deveria pedi-la em namoro logo. Éramos muito novos, tínhamos 12 e 14 anos. Eu mesmo e, depois fiquei sabendo, Himawari também, não queríamos algo assim naquele momento. Queríamos o frio na barriga quando passávamos um pelo outro no meio da vila. Queríamos os sorrisos e acenos escondidos. Eu queria vê-la corar quando eu falava com ela sobre um assunto qualquer quando nos esbarrávamos na lanchonete, e ela queria achar graça das minha mãos trêmulas embalando girassóis, quando ela visitava a floricultura. Certo dia, eu já contava por volta de 16 para 17 anos, estávamos em uma roda de amigos. Eu, ela, Boruto, Shikadai, Sarada, Chouchou, talvez outros em quem não fiz questão de reparar, porque Himawari estava ali. Tomei coragem e falei com ela. Falei com ela na frente do Boruto. Ele fez bico, mas não se deixou afetar muito. Foi aí que descobri. Ele e Sarada estavam namorando.

Era o momento certo! Eu deveria ir e pedir para Himawari namorar comigo. Sim! Eu deveria, faria o melhor buquê da minha vida, o melhor desenho da minha vida, bateria na porta dos Uzumaki e…

 

Ela era filha do hokage. Ah, é verdade…

 

E se ele quisesse me matar? Boruto talvez estivesse mais calmo, mas e o hokage? Ele era apenas… o hokage. Ela poderia me matar em um segundo se quisesse. Calma Inojin, calma… Ele é o hokage então deve ser inteligente. Deve saber que a filha dele, alguma hora, vai namorar com alguém. Mas e se ele achasse ela muito nova? Ela ainda tinha 15 anos. Ou o certo seria “ela já tinha 15 anos”? E se ele não me achasse bom o suficiente pra filha dele? E se eu precisasse ser de um clã mais poderoso?

 

“Por que eu fui me apaixonar pela filha do hokage e irmã de um dos meus melhores amigos?”, eu pensei.

 

Foi nesse momento que eu percebi. Uma hora eu teria que tomar coragem e fazer o que deveria ser feito. Coragem… Às vezes eu me achava corajoso principalmente durante as missões; mesmo que tivesse medo, eu agia com o meu time. Às vezes, eu me achava um coadjuvante que deveria desempenhar um papel no time, mas mesmo assim me sentia confortável com isso. Mas nunca me achei medroso, até me apaixonar por Himawari.

 

Fui desenhar, precisava descansar a mente.

 

Desenhei essa garotinha tão linda que aos poucos foi tomando todos os meus pensamentos. Afinal, eu precisava descansar a mente mas não havia me cansado dela. Para isso, abaixei a cabeça na minha escrivaninha apenas por um momento para fechar os olhos e tentar relaxar…

Dormi. Dormi e fui acordado cerca de meia hora depois pelo meu pai. Meu pai, que observava o desenho de Himawari, que eu mesmo havia feito. Meus olhos se arregalaram e meu peito parecia que ia se abrir. Não adiantava mais esconder.

— A filha do hokage, hein? - Ele disse, com aquele sorriso típico de pai querendo ser compreensivo. Morri de vergonha, mas resolvi ser direto. Se ele era um pai querendo ser compreensivo, era a minha hora de ser um filho que precisava de ajuda.

— Como você e a mamãe começaram a namorar? - Lancei. Ele demorou um pouco e me respondeu:

— Ela me fez um favor, eu agradeci e disse que poderia retribuir com algo que ela quisesse. Ela quis um encontro, então começamos a sair.

— Credo, pai. Foi só isso?

— Como pode dizer que “foi só isso”? O favor que ela me fez foi ter salvo a minha vida em uma missão. Devia minha vida a ela, foi ótimo que ela tenha pedido apenas um encontro.

 

Às vezes eu achava que meu pai era uma manteiga derretida, e, outras vezes, achava que ele não tinha sentimentos. Passados alguns dias, aquilo não me saía da cabeça. Meu pai podia ser meio sem sentimentos de vez em quando, mas minha mãe não. Se havia uma coisa que minha mãe tinha, era sentimentos. Sofri muito com os beijos e abraços apertados dela quando criança…

— Mãe, é verdade que você e o papai começaram a sair por causa de um favor que você fez a ele? - Perguntei, fingindo total casualidade enquanto eu almoçava e ela terminava de lavar qualquer coisa na pia.

— Eu já sei da Himawari, Inojin. Acho fofo! Você quer saber como convidá-la para sair?

 

Bufei e revirei os olhos. Como meu pai poderia ser tão fofoqueiro? E eu não acho que era “fofo”... Era muito sério, oras.

— Só quero saber como foi com vocês… - Desviei os olhos e pedi.

— Seu pai só contou uma parte da história. Ele não contou sobre como foi esse encontro, não é? Ele foi tão fofo comigo. Dava pra ver que ele não sabia bem o que fazer, isso me deixou mais apaixonada. - “Eca”, pensei. - É estranho, mas ele conseguiu ser ele mesmo e ao mesmo tempo me surpreender com toda a gentileza e romantismo, eu não conhecia esse lado do seu pai ainda. No fim das contas, saímos de mãos dadas por Konoha e rimos das pessoas que reparavam em nós.

 

Ela contava e eu comecei a entender. Não dava pra fugir muito disso, eu deveria ser eu mesmo. Não havia uma fórmula mágica. Talvez eu devesse ir de encontro a ela e na hora, eu saberia o que fazer. Será?

— Está com medo do Naruto, não é? - Ela perguntou.

— Não, claro que…

— Claro que está. Eu não me preocuparia muito, se fosse você. Hinata deve ficar a favor de vocês, e se Hinata ficar a favor de vocês, o Naruto vai ter que aceitar. E não faça essa cara, acha que eu não sei que vocês já se gostam há uns bons dois ou três anos?

 

Minha cara de desdém se desfez na hora, dando lugar a uma expressão totalmente espantada. Como essa mulher sabe de tudo da minha vida sem que eu conte nada? Como é possível? Que eu saiba, ela não vive usando o shintenshin no jutsu em mim. Que eu saiba...

— Mas se está tão nervoso, porque não foca na Himawari primeiro, em vez de focar no pai dela? Você já pediu ela em namoro?

 

Eu nem expliquei a situação, mas ela soube exatamente o que dizer. Na verdade eu nem teria como explicar, visto que eu nem sabia por onde começar ou o que eu deveria fazer. Claro! Fazia todo sentido do mundo se eu primeiro pedisse à Himawari que saísse comigo. Levantei da cadeira, beijei e abracei minha querida mãe. Saí correndo, era hora de agir.

 

O dia 14 de fevereiro se aproximava, e eu tive logo uma ideia. Peguei o desenho que fiz e rabisquei um recado no canto da folha.

 

“Vai estar livre no dia 14? Pensei em conhecer a nova confeitaria da vila, se quiser podemos ir juntos”

 

E corri. Corri até a mansão Uzumaki, como se não houvesse dia seguinte. Sabia que naquele horário ela estaria em missão, ouvi Boruto falar no dia anterior. Também sabia qual era a janela do quarto dela. Se eu tivesse sorte, poderia deixar o bilhete por lá.

Chegando lá eu quase fui pego. Havia alguém no quarto e aquele chakra não era da Himawari. Me escondi na sacada, ocultando meu próprio chakra e ouvindo quando, segundos depois, a porta do quarto se fechou. Sorrateiramente eu saí do meu esconderijo e percebi a janela completamente aberta, pronta para me receber (eu soube, tempos depois, que a mãe dela viu o meu rabo de cavalo e por isso se retirou, deixando que eu entrasse. Me senti um fracasso como ninja e o hokage tirou sarro da minha cara, mas depois pude dar algumas risadas disso).

Nem fiquei para reparar em como era o quarto dela ou se havia algo lá que eu não pudesse ver. Apenas reparei no desenho que ela fez quando era pequena, aquele o qual eu usei o meu choju giga e apaguei os personagens. Ele estava em um painel na parede, junto com algumas fotos dela, da família e das amigas. Não pude deixar de sorrir, mas também estava com pressa. Deixei meu bilhete em cima da cômoda, e parti.

É claro que me arrependi depois. Eu não havia marcado o local de encontro e nem o horário. Como iríamos nos encontrar? E será que eu não havia errado nenhuma palavra? Será que não soei grosseiro no bilhete?

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Minha sorte foi que no dia seguinte, Himawari, assim que chegou da missão, percebeu meu desenho em sua cômoda. Foi a vez do coração dela quase saltar pela boca. O corpo dolorido de tanto lutar e correr de volta para casa nem parecia importante naquele momento. Tudo o que ela conseguia pensar era em tomar um banho e ir atrás de mim.

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Eu estava – graças a Deus – apenas com Shikadai, saindo da lanchonete na qual marcamos de comer e jogar juntos naquele dia. Boruto havia ido a um encontro com sua amada…

— Inojin san - Himawari apareceu do nada, aparentando pressa e cansaço. Eu me assustei e deixei meu jogo cair no chão, abaixando logo em seguida para pegá-lo. Patético…

— O-oi, Himawari chan. Tudo bem? Como foi de missão? Chegou agora? Estava correndo? - Comecei a falar muito rápido, como um abobado. Shikadai apenas observava com um pequeno sorriso no rosto.

— Ah, bem, sim, eu estava correndo, estava procurando por você. Eu cheguei agora há pouco, e estou bem. - Ela completou, soltando uma risada muito bonitinha. O rosto dela se iluminou e todo o cansaço fugiu de sua expressão. - Eu precisava falar com você...

 

Ela disse, e Shikadai entendeu o recado. Ele foi na frente, disse que estava atrasado para um compromisso que nem ao menos existia. Então estávamos ali, apenas eu e ela.

— É sobre o seu bilhete… - por instante meu coração bateu muito forte, como se fosse explodir. Passou pela minha cabeça que ela fosse recusar meu convite. - Você não deixou o horário em que devemos nos encontrar.

— Ah, mas é claro. - Respirei aliviado. - Isso é porque vou buscar você na sua casa.

 

Falei. Gelei. Meu estômago quis devolver todo o sanduíche e refrigerante que eu havia consumido. “Que ideia é essa, Inojin?”. Para o meu espanto, ela corou e sorriu mais uma vez.

— É sério? Eu mal posso esperar. Vou ficar pronta às 14h, tudo bem? - Ela dizia e dava pulinhos.

— Ótimo. Depois de amanhã, estarei lá.

 

Ela agradeceu e me abraçou, pulando em meu pescoço. Foi nosso primeiro abraço. Até hoje me sinto patético por mal ter movido meus braços no momento; fiquei em choque. Depois de me abraçar, ela saiu correndo novamente.

Era interessante. Eu estava morrendo de medo assim como antes. Mas não tinha dúvidas de que às 14h do dia 14 de fevereiro, lá estaria eu, na frente da mansão Uzumaki, esperando por Himawari, mesmo que isso custasse minha vida.

 

Foi nesse dia que descobri que ela me dava coragem.




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Notas finais do capítulo

Me digam o que acharam, por favorzinho :)



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