Need You Now escrita por oicarool


Capítulo 22
Capítulo 22




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Elisabeta perdeu as contas de quantas vezes quis revirar os olhos. A primeira vez foi quando Angel e Darcy encerraram o abraço e logo precisaram se abraçar novamente. Depois, quando ele puxou a cadeira para que Angel senta-se, mesmo que não houvesse qualquer necessidade, uma vez que ela já estava sentada antes. E por fim, a cada trinta segundos a medida que os Williamson demonstravam todo o seu amor por Angel.

Era óbvio que tinham uma enorme amizade. Angel, em idade, ficava entre Darcy e Charlotte. Eram inseparáveis, segundo Archibald. E Elisabeta sabia que não havia motivo para irritar-se com nada daquilo, e ainda assim não conseguia evitar ao ver a forma como Darcy olhava para Angel. Elisabeta já imaginava que ela tivesse um efeito positivo nas pessoas, mas não cogitou qual seria o efeito nos homens.

E bem, Elisabeta não podia se importar menos com o efeito de Angel nos homens. Exceto se esse homem fosse Darcy. Exceto se esse homem, por quem estava apaixonada, não fosse capaz de tirar os olhos de Angel. E principalmente se esse homem parecia completamente alheio a presença de Elisabeta no cômodo. Era como se ela não existisse, como se toda a atenção de Darcy fosse da amiga.

Se fosse sincera, era também a reação de todos os outros presentes na mesa. Angel tinha histórias para contar, e as contava de forma graciosa. Sobre suas andanças pela Inglaterra, o falecido marido, o novo emprego. Era uma pessoa cativante e Elisabeta não estaria imune se um poderoso escudo não houvesse sido erguido no momento em que Darcy e Angel se encontraram.

Provavelmente era injusto com Angel. Sua primeira impressão da garota havia sido ótima e não havia nada errado com ela. As histórias não pareciam de mentira, e ela não parecia fazer nada para chamar atenção. Era natural. E talvez fosse esse o conjunto de coisas que fazia Elisabeta perder a paciência. Apesar de ser algo insano, Angel agora parecia uma adversária.

E Elisabeta não fazia questão alguma de saber sobre o passado de Angel ou suas aventuras com o Williamson. Por isso quando terminou sua refeição pediu licença a todos – e teve quase certeza que mal foi ouvida. Voltou ao escritório e tentou prestar atenção no trabalho e esquecer aquela sensação desagradável que parecia corroer suas entranhas.

Durante o dia, porém, toda vez que tentou encerrar seu trabalho e descansar um pouco, Elisabeta deu de cara com Angel, Darcy e Charlotte em momentos animados. Relembrando o passado durante com café após o almoço, passeando pelo jardim com grandes sorrisos no rosto, e houve inclusive um momento, durante o chá da tarde, que Charlotte sequer os acompanhava.

Por isso Elisabeta permaneceu no escritório. A sensação de ser uma intrusa em sua própria casa era desagradável. A sensação de que toda a atenção de Darcy era de outra mulher era intolerável. E por isso era melhor focar no trabalho. O trabalho nunca era decepcionante. Era algo que ela podia controlar.

Optou por não jantar com os outros. Sabia que estava exagerando, que provavelmente sua reação era desproporcional. Mas aquela era ela. Filha única, mimada pelos pais enquanto eles puderam fazer isso, criada em uma redoma. Possuía uma série de qualidades, mas não aquela. E naquele momento o monstro verde do ciúme tomava conta de quase toda a sua racionalidade.

A bem verdade é que Elisabeta também não trabalhou muito, apesar de tentar. Estava pensativa, incomodada, fora de sua normalidade. Estava sentindo-se ameaçada e não lidava bem com a situação. Céus, precisava conversar com Ludmila. Ela saberia o que pensar. Diria que ela estava exagerando e que não havia com o que se preocupar. Angel era amiga de Darcy, não era? Uma amiga de infância que ele não via há muito tempo. Era natural que estivesse feliz.

O jantar já havia acabado e ela ainda ouvia as conversas na sala, mas estava exausta. Precisava de um chá, precisava de seu quarto, e precisaria passar pela sala de qualquer forma. Vestiu seu melhor sorriso e saiu do escritório, fingindo que realmente só havia muito a ser feito em seu trabalho. Cumprimentou os presentes – os três Williamson, Cecília e Angel, e foi até a cozinha, que já estava limpa e deserta.

Colocou a chaleira no fogo e sentiu os braços de Darcy se fecharem ao redor dela, sem que tivesse percebido a presença dele. Elisabeta tencionou por alguns segundos, mas os lábios de Darcy tocaram seu pescoço e ela deixou-se levar por ele. As mãos de Darcy pareciam ansiosas, tocando seus seios, descendo por seu corpo.

— Parece que eu não vejo você há muito tempo. – ele sussurrou no ouvido dela, passando a língua por sua orelha.

Elisabeta suprimiu uma risada irônica. Talvez se não tivesse mantido os olhos em Angel o dia inteiro seria capaz de vê-la.

— Não quis atrapalhar o seu reencontro. – ela disse, e orgulhou-se do tom maduro que usou.

— Estou tão feliz de Angel estar aqui. – Darcy disse, acalmando os beijos e encostando o queixo no ombro dela.

Ela havia percebido que ele estava feliz. Não precisava dizer à ela.

— É uma moça muito simpática. – Elisabeta revirou os olhos, aproveitando que ele não podia vê-la.

— Angel é fantástica. Você não vai se arrepender de ajudá-la. – Darcy beijou a bochecha de Elisabeta.

Ela já estava arrependida. Amargamente arrependida.

— Mas não foi disso que eu vim falar. – Darcy mudou o tom de voz, uma de suas mãos segurando o rosto de Elisabeta, direcionando para ele.

— Ah, não? – parecia improvável que Darcy tivesse outro assunto.

— Eu quero saber a que horas eu posso tirar essa sua roupa de empresária e levar você pra cama. – Darcy sussurrou quase contra os lábios dela.

— Você precisa dar atenção para a sua amiga. – ela disse, resistente.

— Que? – Darcy franziu a testa. – Ah, sim. Eu já fui um bom amigo hoje. Agora eu quero ser bom em outras coisas.

Elisabeta achou que Darcy a beijaria, mas ele a surpreendeu girando seu corpo. A prendeu contra o balcão e a beijou antes que Elisabeta pudesse responder alguma coisa. A língua dele era quente, a barba arranhava seu rosto, uma das mãos de Darcy desceu até sua nádega, apertando e puxando contra a ereção dele. E como ela poderia resistir a um homem como Darcy quando ele a beijava daquela forma?

Ela rendeu-se, passando as mãos pelos cabelos dele, puxando os fios. Mordeu o lábio inferior dele, puxando-o de leve. Então desceu para o pescoço dele em beijos molhados e mordidas. Darcy suspirou, esfregando-se contra ela. Elisabeta desceu uma das mãos pelo corpo dele, afastando-se o suficiente para acariciar sua ereção. Ele gemeu baixo e Elisabeta sorriu contra o pescoço dele. Era por ela que ele estava daquele jeito.

— Eu vou esperar você no seu quarto. – ela disse. – E se demorar eu vou começar sem você.

Elisabeta o empurrou de leve, deixando-o na cozinha. Passou pela sala, dando boa noite à todos. Subiu direto para o quarto dele e deixou uma trilha de roupas pelo quarto. Havia uma certa necessidade de que Darcy olhasse para ela, só para ela. Estivesse ali com ela, por ela. E não levou mais do que três minutos para ele abrir a porta, um sorriso de lado brotando ao vê-la.

Darcy não disse nada, apenas trancou a porta e caminhou até ela em passos rápidos, urgentes, já desabotoando a camisa. Darcy a puxou para ele, já capturando seus lábios. Elisabeta retirou a camisa já aberta de Darcy, enquanto ele a guiava até a cama. Ele retirou o resto das roupas de qualquer forma, sem tirar os lábios dos dela. E então os dois caíram nas cobertas, sem levar mais do que o tempo necessário para Darcy penetrá-la.

Foi intenso ter os lábios nos dele enquanto eles se movimentavam. Havia algo íntimo, mágico, em sentir a língua dele na dela. Era como se estivessem conectados por muito mais do que seus corpos. Elisabeta gemeu o nome de Darcy entre os lábios dele, arranhando suas costas quando o prazer a atingiu. Ele fez o mesmo com ela e nenhum dos dois parou o beijo, que apenas ficou mais calmo, menos frenético.

Darcy parou de beijá-la apenas para apagar todas as luzes, cobrir os dois, e então os lábios dele voltaram aos seus. Seus corpos pediram um pelo outro mais uma vez, e na manhã seguinte Elisabeta foi acordada pelos toques de Darcy. Ela havia quase esquecido seu incomodo, a presença de Angel, sua ligação com Darcy. Havia sido uma noite perfeita e ela quase acreditou que tudo ficaria bem.

Porém, quando desceu para tomar seu café da manhã, os ouviu antes de vê-los. As risadas ecoavam pela casa, e Elisabeta entrou no ambiente para encontrar apenas Darcy e Angel. Participou da conversa apenas nas raras vezes em que um dos dois fez alguma pergunta direta à ela, e quando saiu para encontrar Ludmila era quase como se a noite passada nunca houvesse acontecido.

Abriu a porta do escritório de Ludmila como se fosse uma ventania, fazendo a amiga erguer a sobrancelha.

— Eu vou matar um dos dois. – ela disse, sentando-se no sofá do escritório.

— Bom dia pra você também. – Ludmila sorriu, irônica. – Quem estamos planejando assassinar?

— Darcy. – Elisabeta revirou os olhos. – Ou sua amiga Angel.

— Eu não estou familiarizada com esta pessoa, Elisa. – Ludmila riu.

— Angel, a doce e pura Angel. Archie pediu para que eu abrigasse uma amiga dos Williamson. – ela bufou. – Parece até que minha casa é uma pensão!

— Tecnicamente foi você quem começou com a Pensão Lizzie. – Ludmila deu de ombros.

— Não interessa. O que interessa é que parece que uma enviada de Deus caiu na mansão. – Elisabeta ergueu o tom de voz. – Ela parece um maldito anjo de verdade, Lud!

— E onde Darcy entra na história? – Lud tinha um sorriso divertido.

— Darcy não para de olhar para ela. Darcy parece hipnotizado. Darcy parece estar diante da maior preciosidade do mundo. – Elisabeta guinchou.

— Eu tenho certeza que você está exagerando. – Ludmila revirou os olhos.

— Eu gostaria de estar, mas estou sendo completamente coerente. – Elisabeta deu de ombros.

Ludmila sustentou o olhar.

— Talvez eu esteja exagerando um pouco. – Elisabeta bufou. – Mas ele mal olha para mim, Lud.

— Eu tenho muita dificuldade de acreditar nisso. – Ludmila sorriu. – E você não disse que ela é uma amiga dos Williamson?

— Eu não sei. Tem algo que me diz que ela e Darcy tem alguma coisa. – Elisabeta revirou os olhos.

— Algo que se chama ciúme e posse. – a ruiva disse, séria. – Dois dos seus principais defeitos.

— Não é isso. Eu sinto que não sei de toda a história.

— E por que você não perguntou à Darcy?

— Porque ele me acharia completamente louca. – Elisabeta disse, como se fosse óbvio. – Não há nada objetivo para eu culpar.

— Exatamente. Não há nada objetivo. Só paranóias de uma mente apaixonada. – Ludmila sorriu abertamente.

— Eu não estou... – Elisabeta começou. – Ah, que diabos. Eu estou apaixonada, e dai?

— Eu não estou julgando, apesar de estar prestes a escrever que avisei nesta folha de papel. – Ludmila gargalhou.

— O ponto não é estar ou não apaixonada por Darcy. – Elisabeta guinchou novamente.

— Este é exatamente o ponto. Você está completamente apaixonada.

— O ponto é Angel. Você não ouviu tudo o que eu disse?

— Eu ouvi você dizer que esta moça é uma amiga dos Williamson e está temporariamente em sua casa. – Ludmila deu de ombros.

— E Darcy não para de babar por ela.

— Você quer me dizer que desde que a moça chegou ele não olha para você? Não toca em você?

— Bem, não. -  Elisabeta cruzou os braços, em defensiva. – Nós dormimos juntos essa noite e eu mal consigo lembrar de quando ele parou de me beijar e adormecemos.

— O que? – Ludmila gritou, levantando-se. – Você finalmente beijou Darcy e não foi a primeira coisa que você me disse? A última vez que falamos você estava enfurecida com a foto do jornal.

— Darcy e West brigaram. – Elisabeta disse. – Ele chegou em casa enlouquecido com a notícia do jornal e a briga, e eu o beijei.

— Eu não acredito que você tem tantas fofocas maravilhosas e me conta a menos interessante. – Ludmila sorriu, sentando-se na poltrona ao lado do sofá. – Vamos lá, me conte os detalhes.

Elisabeta narrou os detalhes da situação, desde a chegada de Darcy machucado até a noite anterior.

— E como foi beijá-lo? – Ludmila perguntou, animada.

— Foi... – Elisabeta suspirou. – Foi perfeito. Eu gostaria de passar vinte e quatro horas beijando Darcy, sentindo o cheiro dele.

— Você está tão apaixonada que chega a estar patética. – Ludmila sorriu. – Estou adorando.

— Mas então Angel chegou e jogou um balde de água fria. – Elisabeta fechou a expressão.

— Você está apavorada com o que sente por Darcy. – Ludmila disse, simplesmente. – E eu não esperaria o contrário de você.

— O que é que isso tem a ver? – Elisabeta revirou os olhos.

— Você está procurando motivos pra não se entregar. – Lud deu de ombros.

— Eu tenho certeza que há algo ali, Lud. – Elisa disse, cansada. – Eu tenho certeza.

— Então pergunte à ele. Não é possível que você entregue seu corpo à ele e não consiga ter uma conversa sobre o que sente.

As duas ainda conversaram mais um pouco, mas Elisabeta voltou para casa pensativa. Não conversou com Darcy no trajeto, e muito menos perguntou sobre Angel. Os dois encontraram Angel e Charlotte na sala assim que chegaram, e Darcy se juntou à elas, enquanto Elisabeta foi para o escritório. Ludmila tinha razão, ela deveria perguntar à Darcy. E o faria naquela noite.

Porém seus planos foram interrompidos durante o jantar. Enquanto Darcy e Angel conversavam em plena sintonia sobre algum fato do passado, Charlotte deixou escapar as palavras que atingiram Elisabeta em cheio.

— Eu nunca entendi porque vocês terminaram o namoro, no final das contas. – a mais nova dos Williamson disse. – Vocês faziam um lindo casal.


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Notas finais do capítulo

Ah, pronto!



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