Need You Now escrita por oicarool


Capítulo 10
Capítulo 10




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Nas três semanas depois do episódio no corretor, Darcy e Elisabeta cumpriram o acordo de parar com as provocações. Ao menos parcialmente. Era como se voltassem ao início, quando Elisabeta passava boa parte do tempo com a sensação de que Darcy diria alguma coisa. A diferença é que agora ela sabia sobre o que ele estava pensando, e isso as vezes era mais perturbador do que ouvi-lo falar.

Os jogos de palavra haviam cessado, mas havia sempre aquele momento em que uma frase soava de forma diferente. Geralmente a frase era seguida por sorrisos de ironia ou malícia. E não havia um só dia que Elisabeta não sentisse que Darcy a despia com os olhos, sem qualquer tentativa de disfarçar. Era como se ele não quisesse cruzar aquela barreira, e ao mesmo tempo não quisesse que Elisabeta esquecesse suas palavras.

E ela não conseguiria esquecer, nem se tentasse, nem se quisesse. Considerava a sensação da mão de Darcy segurando seus cabelos, a respiração dele em seu ouvido e as palavras sussurradas os momentos mais excitantes de seus anos recentes. Portanto, mesmo que houvesse qualquer inclinação para a tentativa de esquecer, ela não acreditava que seria possível.

Certamente não havia qualquer esforço de sua parte, é claro. Pensava naquele toque todos os dias antes de dormir, tentava ouvir qualquer som do quarto de Darcy, imaginava se encontrá-lo na noite silenciosa faria com que esquecessem o receio. Por uma ou duas noites sonhou com Darcy, com as mãos dele tocando em lugares que há muito tempo não eram tocados por ninguém além dela mesma. Então fingia que suas mãos eram as dele.

Mas qualquer desejo aparentemente aliviado era alimentado novamente pela visão dele. Pelos momentos torturantes em que estavam no carro conversando sobre banalidades ou forçando um silêncio no lugar do que queriam dizer. E ela sabia que ele pensava sobre aquilo, não era imaginação sua o olhar quente que Darcy lançava. Imaginou se ele também pensava nela.

A medida que seu desejo crescia as desculpas para aquele envolvimento pareciam mais banais. Não havia mais uma relação profissional para ser preservada. Além disso, nos últimos dias Elisabeta tinha a sensação de que Darcy estava no limite, e apostaria uma de suas empresas que tinha relação com West, um dos americanos primos de Brianna. E talvez isso devesse deixá-la desconfortável, mas a verdade é que o desejava ainda mais em cada momento que Darcy parecia incomodado.

Ela notou da primeira vez que West foi à mansão Green, dois dias depois dela tirar a roupa de Darcy no meio do corredor. Os olhos verdes dele pareciam ter um tom pálido, seus cabelos eram perfeitamente penteados, e West não era nem de longe tão alto ou forte quanto Darcy. Seria um homem até mesmo desinteressante, não fosse sua inteligência acima da média.

West havia feito uma solicitação simples: gostaria de acompanhar o trabalho de Elisabeta por algumas semanas. Ela quase negou ao pensar o quanto a noite do baile havia sido maçante. Mas, por algum motivo, aqueles olhos curiosos venceram sua resistência. E por isso West passara a frequentar sua casa, suas empresas e, com igual frequência, seu carro.

O humor dele era sagaz, e ele a fazia rir com frequência. E Darcy, é claro, visivelmente não gostava do sujeito. O cumprimentava sempre com certa frieza e com frequência lançava olhares de irritação pelo espelho. Apesar de ser completamente errado, Elisabeta divertia-se com a situação. Não que acreditasse que Darcy estava enciumado. Parecia mais uma proteção de território.

E gostava de vê-lo daquele jeito, fora do prumo. Não apenas porque Darcy fazia com que ela tivesse essa sensação quase o tempo todo, mas porque seus flertes com Ludmila eram cada vez mais descarados. Sabia que sua amiga estava brincando, mas não podia garantir o mesmo em relação à Darcy. E, por mais absurda que a situação fosse, inevitavelmente sentia uma ponta de irritação ao ouvi-los.

Jamais comentaria com Ludmila, é claro. Sua amiga não sabia sobre os últimos acontecimentos. E embora Elisabeta imaginasse que ao saber Ludmila evitaria aquela troca com Darcy, a ideia de ouvi-la dar um sermão atrás do outro era ainda pior. Ludmila nunca mais pararia de falar sobre as oportunidades perdidas por Elisabeta. Além disso, sua irritação não era com ela. Ludmila não sabia de nada. Darcy sabia.

Não que aqueles momentos fossem lotados de significados, mas era justamente por coisas como aquelas que Elisabeta evitava se envolver. Não conseguia não ficar incomodada com a ideia de Darcy com outra mulher, mesmo que não tivessem absolutamente nada um com o outro. Era por ego ferido, ela sabia. Porque queria ser desejada por ele. Ainda assim, não era imune a tal sentimento.

E se havia uma pequena chance de que Darcy sentisse o mesmo, ela estava satisfeita. Fosse por ego ferido, por orgulho, por território, a verdade é que era divertido ver Darcy interagir com West. Nos últimos dias Darcy parecia cada vez mais impaciente, e Elisabeta não fazia qualquer questão de desmentir um suposto interesse no americano.

No dia anterior Elisabeta chegou a acreditar que Darcy falaria alguma coisa. Por ironia do destino – ou, conhecendo Ludmila, provavelmente de maneira completamente intencional, sua amiga havia questionado a aproximação de West. Darcy manteve seus olhos fixos nas ruas, mas Elisabeta teve a impressão que o maxilar dele tensionou, suas mãos seguraram o volante com mais firmeza.

Ela poderia ter respondido a verdade. West era um homem inteligente, engraçado, não havia nada de errado com sua aparência. Seria um bom partido para muitas mulheres, mas a verdade é que não despertava nela mais do que o sentimento de amizade. Apesar de ser da mesma idade de Elisabeta, ele inclusive parecia ser cinco anos mais jovem. Poderia ter dito que, se fosse para complicar sua vida com qualquer tipo de relacionamento, escolheria o motorista bruto que estava ouvindo sua conversa.

Mas Elisabeta sorriu, deu de ombros, disse que West era um homem incrível. Fingiu um suspiro, estar envergonhada, disse que o havia julgado mal. Embora Ludmila não tenha acreditado em nenhuma parte de sua performance, Darcy passou o resto do dia apenas respondendo às perguntas dela. E, nesta manhã, quando levou Elisabeta e West para uma das empresas, Darcy sequer se esforçou para cumprimentar os dois. Agora, quando ela finalmente retornava sozinha para casa, Darcy a fitava com intensidade.

— Teve um bom dia? – ele perguntou, de repente.

— Ótimo. – ela sorriu. – E o seu? Foi bom?

— Normal. – Darcy resmungou, fazendo-a rir. – Eu gostaria de tirar a noite de folga hoje, se não houver problema.

Elisabeta ergueu a sobrancelha, surpresa. Darcy não costumava pedir noites de folga. Ela notou quando um sorriso pequeno e vitorioso surgiu nos lábios dele.

— Tudo bem. – ela forçou um sorriso. – Não vou precisar de você.

— Você tem certeza? Eu vou apenas ao clube. – Darcy disse, irônico. – Se precisar que eu a leve ao cinema com o americano, ou ao teatro, eu posso cancelar meus planos.

— Eu odiaria que você cancelasse por causa disso. – o sorriso dela brilhou. – Mas você me deu boas ideias, Darcy. Talvez eu convide West para ir ao cinema.

— Que grande ideia. – Darcy também sorriu, seu olhar mordaz. – Vocês poderiam voltar para casa de mãos dadas, olhando as estrelas.

— Não seria fantástico? – Elisabeta deu um suspiro exagerado.

— É claro que antes o pequeno West precisaria pedir permissão para segurar sua mão. – Darcy ironizou.

Em sua troca de palavras – em tons completamente neutros, a despeito do conteúdo, mal notaram quando chegaram à mansão Green. Darcy, que costumava deixar Elisabeta na frente de casa antes de guardar o carro, foi até o galpão sem perceber.

— Eu posso contar amanhã pela manhã, quando você retornar do clube. – Elisabeta disse, seca. – A que horas pretende voltar? Às seis, às sete?

— Talvez mais tarde. – Darcy respondeu, com um sorriso. – Se você não precisar que eu leve você e West para algum lugar, é claro.

Os dois saíram do carro e sustentaram o olhar um do outro, o automóvel entre eles. Elisabeta sorriu com toda malícia após alguns segundos.

— Cuidado, Darcy. – ela disse, pensativa. – Se não o conhecesse melhor diria que você está com ciúme.

Ele sorriu de lado com as palavras dela, circundando o carro. Chegou próximo à ela, forçando Elisabeta à olhar para ele.

— Eu não sinto ciúmes. – ele disse. – Estou apenas curioso.

— Curioso? – Elisabeta arqueou a sobrancelha.

— Sim, curioso. – Darcy manteve o sorriso controlado. – West não parece um homem muito criativo.

Elisabeta cruzou os braços, encostando-se no carro, um sorriso pensativo no rosto. Darcy deu um passo a frente, apoiando seu cotovelo no automóvel, encostando seu corpo de lado. Estavam próximos, mas não de frente um para o outro.

— Eu não saberia dizer. – Elisabeta deu de ombros.

— Petúlia e meu pai dizem que ele lembra seu falecido marido. – Darcy parecia estudar sua expressão. – Me pergunto se é isso que chama sua atenção. Mais um riquinho engomadinho, inofensivo.

Elisabeta quase revirou os olhos, mas não desmentiu. Estava ainda mais curiosa com os rumos daquela conversa.

— Um bom menino, sem dúvidas. – Darcy sorriu, predatório. – Mas você não quer um menino, quer?

Ela deixou escapar uma risada, olhando nos olhos de Darcy. Culpada.

— Sua sorte é que o americano é um idiota. – ele soprou. – Se ele percebesse a forma como você me olha, mesmo quando está com ele, já teria saído de cena.

— Você é mesmo convencido. – Elisabeta sorriu.

— Eu apenas reconheço o seu olhar. – Darcy aproximou-se levemente do ouvido dela. – É a forma como eu olho para você.

Elisabeta fechou os olhos brevemente, sentindo o corpo responder às palavras dele.

— Eu achei que conseguiríamos controlar esse desejo. Nós dois sabemos que é um erro.

Darcy passou um dedo pelo braço dela, lentamente, por cima do tecido.

— Achei que você estava controlando. – Elisabeta respondeu, irônica. – No clube.

Ele riu alto ao ouvir as palavras dela, ao mesmo tempo em que diminuiu o espaço ainda mais.

— Eu tento controlar no banho, antes de dormir, no banheiro da sua empresa. – Darcy travou o maxilar e Elisabeta sentiu o corpo esquentar com a imagem que se formou. – Mas você parece ter uma capacidade de me deixar duro só de entrar nesse maldito carro.

Elisabeta deu um sorriso convencido, olhando nos olhos dele.

— Quer dizer que você tem pensado em mim? – fingiu inocência.

— Tanto quanto você pensa em mim. – Darcy respondeu, direto. – É bom quanto você me imagina te tocando? Entrando em você?

— Eu achei que nós tínhamos combinado de não seguir essa linha de pensamento. – ela respirou fundo.

— Isso foi antes de você passar os últimos dez dias me fazendo ouvir a conversinha furada do americano. – Darcy bufou.

— O que é irônico, uma vez que desde que nos conhecemos eu tenho que ouvir sua conversa com Ludmila. – Elisabeta arqueou a sobrancelha.

— Eu não tenho nenhum interesse em Ludmila. – Darcy ficou sério. – Ao contrário de você, que vê o americano como um bom partido, um bom pai para os seus filhos.

— Isso é parte da sua curiosidade ou eu já posso considerar ciúme? – Elisabeta riu.

— Tanto ciúme quanto essa expressão irritadinha ao falar do clube, da sua própria amiga. – Darcy deslizou o dedo novamente pelo braço dela. – Eu não quero pensar em você com outro homem.

— Ah, o seu ego... – ela implicou.

— Poderia ser divertido observar sua frustração após uma noite com West. – Darcy manteve a carícia no braço dela. – Quando ele tocasse em você com mãos delicadas e respeitosas.

— Ao contrário de você? – Elisabeta provocou.

— Eu sou respeitoso. – Darcy sorriu. – Não tão delicado.

Elisabeta poderia enlouquecer com a proximidade daquele homem. Ele a enrolava nas palavras, fazia com que ela ficasse sem fala. Mas ela queria provocá-lo, surpreendê-lo. E o fez quando girou o corpo, ficando de frente para ele. Deu um passo a frente, quase colando seu corpo ao dele. Suas mãos foram para o pescoço de Darcy, invadiram os cabelos dele.

— Será que eu não ficaria frustrada com você? – Elisabeta o provocou. – Tantas palavras, tantas promessas.

— Nem você acredita nessa hipótese. – Darcy levou as mãos a cintura dela, virando-a de costas.

Elisabeta o sentiu grudar todo o corpo no dela, moldando cada curva com as suas. Darcy passou um dos braços pela frente do corpo dela, a puxando para ele. A encostou levemente no carro, impedindo que ela se movesse. Sua outra mão buscou os cabelos dela, afastando-os de seu ouvido, e Elisabeta sentiu um arrepio quando Darcy colou a boca ali, o hálito quente em sua pele.

— Se eu levantasse sua saia agora, você estaria pronta para mim. – ele sussurrou, cheirando os cabelos dela, descendo um pouco a mão que estava espalmada na barriga dela. – Assim como eu estou pra você.

Darcy esfregou-se contra ela, arrancando um gemido baixo dos dois. Darcy trocou suas mãos de lugar, segurando a mão de Elisabeta. Ela sentiu quando ele a guiou, mesmo em meio àquela névoa. E então sua mão estava na ereção dele. Darcy soltou a mão dela, mas Elisabeta não retirou dali. O segurou por cima da calça, e céus, ele era grande.

Ele subiu a mão pelo corpo dela, segurando um dos seios com firmeza. Darcy mordeu a orelha dela de leve, e então passou a língua pelo pescoço. Elisabeta o apertou ainda mais, sentindo o membro dele pulsar em sua mão. Não havia como evitar o que acontecia. Não com o corpo dele tão imponente, a língua quente em sua pele. Era ali, naquele momento, que deixariam qualquer cautela de lado.

Por isso ela sentiu frustração, e não alívio, quando seus cachorros latiram ao fundo, e ela ouviu a voz de Archibald. Darcy deu uma risada em seu ouvido, passou as duas mãos pelo corpo de Elisabeta de forma possessiva, e então se afastou dela. Levou menos de um minuto para Archibald aparecer na porta ao lado de Jamie e Olive.

— O que estão fazendo aqui? – Archibald perguntou, curioso.

Darcy já estava do outro lado do carro, escondendo sua óbvia excitação, mas com um sorriso tão tranquilo que nem Elisabeta desconfiaria.

— Eu estava contando à Elisabeta que o carro está esquentando demais. – ele olhou para ela, e Elisabeta quase gargalhou.

— Deve ser algum problema no motor. – Archibald resmungou. – Você sabe que não confio nessas coisas.

— Eu disse à Darcy que não saberia o que fazer. – Elisabeta abriu um sorriso cúmplice para ele. – Acho que cabe à você resolver o problema, Darcy.

— Sozinho? – ele perguntou, inocente.

— Você sempre diz que entende tanto do assunto. – ela continuou, notando que Archibald já estava distraído olhando para o carro. – Tenho certeza que vai conseguir.

— Eu posso tentar, mas essas coisas precisam ser resolvidas direito. – Darcy deu um sorriso malicioso. – Ou senão em pouco tempo já esquentou de novo.

Elisabeta deu de ombros, e saiu do galpão. Não havia qualquer dúvida de que iria esquentar. E que cedo ou tarde, estaria na cama com Darcy.


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