Como em um sonho escrita por Luminária


Capítulo 1
Seu nome


Notas iniciais do capítulo

Ho hey

Faz tempo que não posto nada no site, não sei o que dizer. Enfim, aproveitem a leitura ^-^



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Acordei bastante enérgico e empolgado, como eu nunca costumo acordar. Mas por que então o senhor Nicolás aqui está empolgado? Porque dessa vez a primeira coisa que fiz foi olhar pela janela, antes mesmo de ir ao banheiro, para ter certeza de que estava mesmo aqui, na França.
Havia chegado ontem pela manhã e fui muito bem acolhido pela família que vai ser responsável por mim pelos próximos seis meses. Desde pequeno vivo no esquema Argentina, onde eu e minha mãe nascemos e vivemos desde sempre, e Coreia do Sul, para visitar a família do meu pai. Argentina, Coreia do Sul, Argentina de novo... Esse processo já estava me cansando. Um país que sempre quis conhecer era a França, então tratei de estudar francês desde os dez anos, então passei logo que surgiu oportunidade de intercâmbio.
Eu já queria conhecer a França há muito tempo mesmo, mas há mais ou menos um ano eu comecei a ter sonhos constantes com um garoto. E isso me deixava bem, eu gostava muito de conversar com ele em meus sonhos. Não sabia quem ele era, nem sabia seu nome. Não o conhecia e talvez nunca venha a conhecê-lo. Eu só sei que ele fala francês, pois sempre conversávamos em francês em nossos sonhos, e isso serviu de incentivo para eu procurar o intercâmbio. A diferença é que meu francês dos sonhos estava melhor que o da vida real, que se mistura com meu carregado sotaque castelhano.
Após admirar a vista por algum tempo, fui apressado por meus pais temporários e tratei de me arrumar, seguindo caminho para minha nova escola logo depois. Prestei muita atenção durante o caminho todo, tinha receio de me perder mesmo que tivesse ouvido a explicação dez vezes. Mas felizmente o pior não aconteceu e eu consegui chegar ao meu destino sem atrasos.
O diretor da escola me recebeu e me indicou qual seria minha sala, eu apenas agradeci e segui para esta. O lado ruim foi ter sido apresentado como o aluno de intercâmbio na frente de toda a sala e logo surgirem várias perguntas sobre mim. Um estrangeiro é tão interessante assim? Demorou um tempo para o professor acalmar a turma e eu poder me sentar.
A aula corria normalmente, até que a entrada de um aluno atrasado me dispersou. Mas não era...
Eu não podia acreditar no que estava vendo. Não, a miopia deve ter crescido e eu preciso trocar os óculos, não é possível.
O mesmo cabelo que oscilava entre loiro, ruivo e castanho, os mesmos olhos amendoados, o mesmo formato único do rosto, os mesmos lábios que parecem tão sexies. Era ele, o garoto dos meus sonhos, eu tinha certeza absoluta de que era ele. Segui-o com meus olhos até ele se sentar algumas cadeiras a minha frente, onde passei a encará-lo e só desviei o olhar quando percebi que ele me encarava de volta.
Que vergonha! E se ele não se lembrar de mim e me achar apenas um maluco por estar o encarando do nada? Dios mio, ayuda me. Esto chico piensas que soy loco.
Tentei ao máximo deixar o garoto em paz e não olhar para ele, eu ganhava mais se me focasse na aula, até porque nunca tinha tido uma aula inteira em francês. E também para que ele não achasse que eu sou algum tipo de stalker e viesse tirar alguma satisfação comigo depois.
Demorou algum tempo, mas quando finalmente consegui me focar na aula, subitamente senti a parte de trás de minha cabeça ser atingida por alguma coisa. Procurei pelo chão e vi que era uma bolinha de papel. Olhei para trás e pude ver um garoto lá do fundão rindo de mim. Ah pronto, os franceses tem toda essa fama de educados e refinados pra isso? É sério mesmo? Acho que nem tudo é perfeito, não é mesmo?
— Hijo de puta.
Xinguei baixo e em espanhol, para garantir que ele não entenda caso tenha ouvido.
O resto da aula correu como agora: ora olhava o professor, ora aquele garoto, ora recebia alguma gracinha daquele imbecil,  assim sendo até o final da aula. Todos começaram a se levantar e a sair da sala em seus grupinhos, enquanto eu permanecia no meu lugar, pensando em como me aproximar.
A sala aos poucos foi ficando completamente vazia e eu completamente sozinho lá, ainda sem saber como me aproximar das pessoas. Eu realmente queria era me aproximar daquele garoto que via em meus sonhos, mas não sei como chegar com "Ei, eu te vejo sempre nos meus sonhos, lembra de mim?" sem parecer um maluco.
Decidi então que iria aproveitar esse tempo para explorar a escola e estava valendo a pena. Dava pra ver que o prédio era bem antigo, apesar de reformado, deve ser uma escola muito tradicional e isso me deixa muito empolgado, é como se eu estivesse caindo de paraquedas em centenas de anos de história.
Meu tour estava indo bem, até sentir um cheiro que parecia fumaça vir de uma sala. Será que tem algo queimando? Tentando salvar a escola de um possível incêndio, abri a porta da sala com tudo, me deparando apenas com um garoto querendo fumar em paz. E não qualquer garoto, mas o garoto dos meus sonhos. Fiquei completam sem fala, envergonhado pela situação e evitando olhá-lo para não ficar com mais vergonha ainda.
Seria essa uma boa hora para me apresentar? Talvez para finalmente descobrir qual seu nome.
— Você fuma? – ele perguntou repentinamente, era normal os alunos fumarem nesta sala? — Entra aí.
Seria uma péssima ideia ficar ali, com aquele fumaça minhas alergias chatas poderiam atacar, além de rinite e sinusite, mas decidi aceitar seu convite e entrei na sala, fechando a porta. Ele poderia ter me expulsado, mas não fez isso, então já é alguma coisa.
— Não. - respondi, me aproximando um pouco, mas só um pouco para que meu nariz não reclamasse muito depois - Na verdade, nunca expe...rimentei. - falei a última palavra com um pouco de dificuldade, ainda me enrolo em palavras maiores.
O garoto deu um curto sorriso ao provavelmente notar meu sotaque carregado.
Assim que seu cigarro terminou, jogou-o no chão e pisou para apagá-lo, e não custou para tirar outro de seu bolso e acender entre seus lábios, mas dessa vez fazendo questão de me oferecer um.
— Se não quiser, tudo bem. – ele diz com um sorriso, e que sorriso bonito, que sorriso divino.
Embora minhas alergias me lembrassem que isso me faria mal mais tarde, peguei o cigarro e o isqueiro que me eram oferecidos:
— Eu vou aceitar. Tentar não vai me matar, né?
Soltei um riso baixo, mais de nervosismo do que de qualquer outra coisa. Se meu pai soubesse disso, provavelmente viria ele mesmo atravessar o oceano para me dar uma surra e me arrastar de volta pra casa, mas não tem como ele saber disso... Eu espero. Acendi o cigarro e o coloquei entre meus lábios, não demorando muito para me arrepender. Logo nos primeiros instantes já havia começado a tossir, o gosto que havia ficado em minha boca era horrível e a fumaça já estava fazendo meu nariz implorar por socorro.
— É assim mesmo na primeira vez, não puxe tão forte. – o garoto disse, mas sua expressão mudou ao perceber que minha tosse não parou — Você tem alguma... Coisa? – perguntou intrigado, retirando o cigarro de meus dedos e o apagando.
— Nada grave, só bronquite e sinusite.- respondi tentando parecer o mais natural possível, e não que eu estava começando a me sentir mal, mas a tosse não deixa. - E alergia à fumaça, inclusive agora tô com essa tosse alérgica, mas não precisa se preocupar com isso. Eu tô bem, mas não vou fazer isso de novo.
— Por que não disse? – ele suspirou fundo — Droga... Você não quer pegar algum ar la fora? – sugeriu
Ah, pronto! Agora ele está todo preocupado comigo. Se fosse para as pessoas se preocuparem comigo eu não teria nem saído de casa.
— Porque se eu dissesse você não ia me deixar... Expe... Ah, você entendeu.
Eu ainda preciso treinar essa palavra, mas como no momento não paro de tossir, vai ter que ficar para mais tarde. - Não precisa, eu vou ficar bem.
Tentei forçar um sorriso, mas logo já estava voltando a tossir. O cheiro de cigarro que estava no ambiente já era o bastante para meus pulmões implorarem para eu ir embora.
— Ok, ok... – suspirou baixo, guardando o maço de cigarro no bolso— Como você chegou aqui?
Quando eu achei que a situação não podia piorar, ainda vou ser obrigado a contar da minha ingenuidade. Desviei o olhar, já me sentindo envergonhado.
— Eu senti cheiro de fumaça e vim ver se não era algo pegando fogo. - expliquei
Era obviamente cheiro de cigarro, agora vejo que é bem diferente do cheiro de um incêndio. Infelizmente descobri isso da pior forma: lascando meus pulmões e passando vergonha, isso só no primeiro dia de aula. E por mais que eu tentasse, a tosse não parava de jeito nenhum.
— É melhor você ir tomar um ar. - o garoto voltou a insistir, e o pior é que ele estava certo.
— Certo... - acabei concordando pelo bem da minha respiração - Então... Até mais.
Me despedi super envergonhado e saí correndo sem nem ouvir se ele havia me respondido. Eu só precisava me recuperar do cigarro e da vergonha.
E o nome dele? Deixa para depois, de preferência para quando eu me recuperar da vergonha.


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Notas finais do capítulo

Então, por hoje é só. Espero que tenham gostado, críticas também são bem-vindas desde que feitas com educação.

Beijinhos de luz :*



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