— Nathalie, aconteceu alguma coisa? – Adrien questionou a mulher que estava brincando com o garfo e encarando o prato de comida. Rapidamente ela levantou a cabeça.

— Não, não aconteceu nada. – forçou um sorriso.

— Tem certeza?

— Ela já respondeu um vez, Adrien. – disse Gabriel – Não é educado insistir em uma pergunta já respondida. – o loiro se surpreendeu pela postura do pai, pois nesses últimos dias Gabriel tinha se mostrado ao contrário do que era antes. Mas agora parecia que tinha voltado com os velhos hábitos.

— Sinto muito, pai. – disse, baixando a cabeça.

***

Marinette correu até chegar na sala de aula, pois estava atrasada – como de costume. Quando passou por Adrien, diminuiu a velocidade e deu um sorriso para ele.

— Oi.

— Oi. – respondeu tímida e foi sentar no seu lugar ao lado de Alya, que se aproximou dela em um sobressalto.

— Hum! – fez uma expressão sugestiva – O que tá rolando?

— Nada ainda. Estamos apenas conversando mais. – disse tentando parecer natural. Era realmente muito difícil enganar Alya.

— Tudo bem, mas qualquer coisa eu quero saber, hein?

— Pode deixar.

Durante a aula, Adrien não via a hora do intervalo chegar para poder falar com Marinette. O clima em sua casa não estava dos melhores e a azulada e seus amigos, eram as únicas coisas que ele queria no momento.

Quando o sinal tocou, Adrien foi direto falar com ela. Esperou que todos saíssem da sala e assim que viu que não tinha ninguém, se inclinou e depositou um beijo rápido nos lábios da amada.

— Oi.

— Oi. – ela disse, com as bochechas rosadas.

— Sabia que você está incrivelmente linda hoje, my lady? – ela revirou os olhos.

— Você e suas cantadas!

— Não são cantadas, se eu já conquistei você. – escorou-se na mesa dela – O que eu falo não é nada mais que a verdade.

— Nesse caso, você está incrivelmente lindo também.

— Sei disso.

— E de novo você acaba com o momento fofo! – Adrien riu.

— Quer ir lá em casa hoje à tarde? Tenho aula de piano, mas posso adiar.

— A-Ah! - Marinette queria, mas não podia aceitar. Tinha uma missão para cumprir o mais rápido que pudesse – Na verdade, eu tenho umas coisas pra fazer hoje. Podemos deixar para amanhã?

— É claro! – colocou as mãos sobre a cintura da azulada, e a puxou para si – Somente com uma condição.

— E qual seria? – Adrien sorriu.

— Acho que você sabe. – Marinette apenas se aproximou mais, segurou o rosto dele com uma das mãos e o beijou.

— Eu acho que eles ainda estão na sala. – ao ouvir a voz de Alya se aproximando, a garota deu um pulo para trás, tropeçou nos próprios pés e caiu no chão.

— Opa! – Adrien a ajudou a levantar, enquanto Alya e Nino entravam na sala.

— O que estão fazendo? – a morena questionou com os braços cruzados, desconfiada.

— A Marinette foi sair e acabou caindo da escada, então eu fiquei aqui pois ela estava com dor. – não era uma total verdade, mas serviu como desculpa.

— Ai amiga, precisa de alguma coisa? – Alya se aproximou dela rapidamente.

— Não, tudo bem. Já estou me sentindo melhor.

— Tem certeza?

— Tenho sim. Podemos ir para o intervalo, agora. – dito isso, os quatro amigos saíram da sala. Mas não sem antes Adrien piscar discretamente para Marinette, arrancando um sorriso dela.

***

Marinette se encarou no espelho depois de se transformar usando o Miraculous do rato. Sua roupa era acinzentada, com detalhes em preto e rosa – muito fofa por sinal. E embora fosse esquisito usar um Miraculous que não o seu, poderia se acostumar.

A garota colocou a caixinha com o Miraculous da joaninha dentro da caixa trancada que ficava o seu diário e a colocou em baixo da sua cama, por precaução.

— Eu espero poder acabar com isso rápido! – disse para si mesma – Vamos lá, então! – respirou fundo e saiu pela janela. – Deve ser tipo meu ioiô, né? – pegou a corda que estava amarrada em sua cintura, semelhante à uma corda de pular, porém simbolizava uma arma de origem japonesa, mais conhecida como kusari-fundo.

Marinette atirou a corda no prédio em sua frente e pulou. Sentia como se fosse seu primeiro dia como heroína, no entanto, sem o medo de se jogar.

A garota foi se locomovendo entre os prédios até que chegasse na casa que ficava na frente da mansão Agreste.

Analisou todas as janelas e viu que Gabriel estava no seu escritório. Então ficou o observando por cerca de dez minutos e como viu que ele não sairia dali, resolveu que precisava de uma visão melhor. Estava pronta para se aproximar da casa, quando algo a interrompeu.

— Sabia que não é educado espionar as pessoas? – Marinette arregalou os olhos e virou, vendo Chat Noir atrás de si, escorado no bastão. – E quem é você?

Marinette não respondeu, apenas pegou sua corda e atirou no prédio ao lado, tentando sair dali o mais rápido possível.

— Fugindo do gato, como uma ratinha! – ouviu a voz de Chat Noir atrás de si.

— Por que ele tem que ser assim? – murmurou para si. Em seguida, sentiu algo entre os seus pés, era o bastão do herói, então acabou tropeçando e caindo do prédio.

Chat Noir pulou, segurou a azulada pela cintura e a colocou no chão em segurança.

— Agora vai me dizer quem é e por que estava espionando Gabriel Agreste? – Marinette se afastou e encarou o loiro.

— Bem que dizem que gatos são curiosos! – brincou, afinal, Adrien não sabia quem estava por baixo da máscara, então era engraçado ver sua reação. Além do que, precisa manter o seu disfarce e não agir como Marinette.

— Gatos também comem ratos no jantar, só pra você saber. – a azulada riu, típico dele.

— Primeiro é preciso pegar o rato! Mulmouse! – um brilho rosado tomou conta da mão de Marinette, que avançou na direção de Adrien mais rápido que o normal e o tocou, fazendo uma fita cor-de-rosa envolver o seu corpo e o prender. A garota tocou a testa do loiro, o derrubando. – Preso como um ratinho! Passar bem, Chat Noir! – disse e saiu antes que o garoto conseguisse se soltar.

— Quem ela é pensa que é? – Adrien se revirou, mas a fita era muito resistente – Chega disso. Cataclysm! – usou seu poder para se soltar. Pensou em seguir a garota, mas não fazia ideia de onde ele podia ter ido – Isso não acabou!

Irritado, Chat Noir voltou para casa e desfez a transformação.

— O que aconteceu? Quem era ela? – Plagg questionou, indo direto pegar queijo.

— Eu não sei, só sei que ela estava espionando a gente. – disse bravo – Tenho que contar para a Marinette. – pegou o telefone, mas antes que conseguisse se comunicar com a amada, ouviu a voz do seu pai e Nathalie próximas ao seu quarto.

— Você tem que parar de tratar ele assim, ele pode perceber algo, peça desculpas!

— Mas eu não tive a intenção...

— Gabriel, você precisa parar com... Seus velhos hábitos! Você sabe do que estou falando! – eles falavam entre sussurros, mas graças ao Miraculous de Adrien, sua audição tinha se tornado muito boa como a de um gato.

— Eu já te disse que vou tentar mudar.

— Então comece se desculpando com Adrien. – a voz estava mais próxima, então o garoto sentou na cadeira e fingiu estar fazendo o dever.

— Podemos entrar? – ouviu a voz de Nathalie depois de três batidas.

— Claro. – a mulher entrou acompanhada de Gabriel.

— Desculpe por te atrapalhar, mas o seu pai queria dizer algo.

— Eu gostaria de pedir desculpas por ter sido rude com você. Nathalie e eu estávamos com alguns... Problemas, e descontei em você. De qualquer forma, sinto muito. – Adrien sorriu.

— Tudo bem, pai. – Gabriel sorriu de leve também.

— Hoje à noite levarei Nathalie para jantar como um pedido de desculpas e você ficará aos cuidados do Gorila. Certo?

— Sem problemas! Espero que se divirtam! – Nathalie sorriu.

— Obrigada por ser tão compreensivo, Adrien! – o casal saiu, deixando Adrien sozinho novamente.

— Que estranho! – refletiu e Plagg apareceu ao seu lado.

— O que é estranho?

— Aquela garota espionado, depois essa conversa do meu pai com a Nathalie. – colocou a mão sob o queixo, pensativo – Alguma coisa deve estar acontecendo.

— E o que você pretende fazer? Investigar?

— É uma boa ideia. Vou aproveitar que o meu pai e a Nathalie vão sair hoje e investigar. É só despistar o Gorila.

— Vai ser incrível! Sempre quis ser espião! – Adrien riu.

— Mas antes de tudo, vou avisar a Marinette sobre a garota-rato. – discou o número da amada, que atendeu no primeiro toque – Oi, você não vai acreditar no que acabou de acontecer.

— Oi, o que houve?

— Uma garota-rato estava espionando a minha casa.

— Garota-rato?

— É, acho que o nome dela era Multimouse, mas não tenho certeza – provavelmente não era o que ela tinha dito, mas era mais ou menos o que o garoto lembrava.

— É um bom nome! Q-Quer d-dizer... Quem ela pode ser?

— Não faço a mínima ideia. Tentei enfrentar ela, mas ela me pegou de surpresa e conseguiu fugir.

— Será que ela sabe que você é o Chat Noir?

— Acho que não. Ela pareceu bem surpresa em me ver e ela parecia estar olhando pro escritório do meu pai. – parou para pensar por alguns segundos – De qualquer forma, só estou te avisando porque caso ela apareça de novo, vou precisar da sua ajuda.

— A-Ah sim! Não se preocupe! Agora eu preciso desligar, meus pais estão me chamando.

— Tudo bem. – se despediram e desligaram – Agora é só esperar meu pai sair de casa, que vamos começar a nossa própria investigação.

***

— Seu motorista está lendo o jornal no andar de baixo. – Plagg avisou à pedido de Adrien.

— Certo, podemos passar por ele sem sermos vistos. Mas tem o problema das câmeras.

— O que pretende fazer? – o loiro sorriu e pegou uma foto da sala do seu pai recém impressa.

— Preciso que cole isso na frente da câmera.

— Deixa comigo!  

Os dois saíram com cuidado e desceram as escadas. Gorila permanecia com os olhos cobertos pelo jornal, só se movimentava para folhear o mesmo.

Adrien se escondeu atrás da planta e fez sinal para Plagg, que passou a foto por baixo da porta do escritório e atravessou a porta. O kwami seguiu o plano e colou a imagem na frente da câmera, em seguida destrancou a porta para o loiro passar. Adrien entrou com todo cuidado, para que Gorila não visse.

— Agora o que vamos procurar? – Plagg questionou empolgado.

— Não faço ideia! Mas vamos procurar. – Adrien foi direto na direção do quadro de sua mãe, aonde tinha achado o livro – Deve ter mais coisas aqui.

— Será mesmo? Agora que seu pai sabe que você descobriu esse lugar, se tivesse algo, ele provavelmente tenha tirado. – disse antes que o loiro abrisse.

— Tem razão, Plagg.

— Eu sempre tenho! – o kwami fez uma pose convencida, se escorou no quadro e sem querer empurrou algo.

— O que você fez?

— O quê? Eu estraguei? Desculpa eu não tinha a intenção! – Adrien se aproximou do onde Plagg tinha empurrado e viu que parecia um botão, escondido nos detalhes do quadro de Emilie Agreste.

— Na verdade, acho que você não estragou. Parece um tipo de botão. Será que abriu alguma coisa? – olharam em volta e tudo parecia igual.

— Talvez você tenha que apertar outros, quem nem a caixa dos Miraculous.

— Certo, então me ajuda a achar. – os dois foram tateando o quadro. Adrien do meio para baixo e Plagg na parte de cima, aonde no loiro não alcançava. – Aqui. – apertou mais um e nada.

— Deve ter outro. – continuaram procurando até que Adrien apertou outro e um círculo abriu no chão. – O que é isso? – ficaram um tempo parados encarando a passagem.

— Não sei, mas eu quero descobrir. – Adrien pulou sem medo, acompanhado do kwami e foi transportado por um tubo. O teto se abriu e ele foi deixado em uma sala escura. – Aonde eu estou?

— Eu não faço id... – antes que o kwami terminasse a fala, uma enorme janela abre, iluminando o local e revelando uma sala vazia com inúmeras borboletas brancas.

As borboletas começaram a sobrevoar e da janela Adrien mostrava uma vista privilegiada da cidade.

— Isso... – encarou as borboletas depois encarou Plagg – Por acaso é o que eu estou pensando?