O Fantasma da Ópera escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 13
O Século XXI


Notas iniciais do capítulo

https://youtu.be/ZvxGd5mGZgA-Magia da Clarissa.



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P.O.V. Clarissa.

Ela guiou-me pela floresta, até uma caverna. Por dentro era enorme, haviam coisas pontudas saindo do teto e por dentro a caverna era uma passagem. Era enorme.

—Vamos.

Túneis. Quando os túneis acabaram ficamos diante de um abismo profundo e escuro.

—Um abismo? Imagino que o que quer que estejamos procurando esteja do outro lado deste abismo. Como vamos atravessar?

—As bruxas da nossa linhagem criaram este lugar. A magia quebra as regras do "possível" e feitiços como este são ilusórios.

—Ilusórios?

—Eles usam a sua crença no impossível contra você. Você acha que não existe uma ponte, mas a ponte está bem diante dos teus olhos.

A mulher ruiva foi em direção ao abismo.

—O que está fazendo?! Não!

Ela pisou no abismo e o chão começou a formar-se sob seus pés. O chão de pedra simplesmente aparecia. Se construía sozinho.

—Por Deus!

Quando ela chegou ao outro lado o chão sumiu.

—Vamos lá. Atravesse.

—E se eu cair?

—Você não vai cair. Me viu atravessar não viu? Você acredita que o chão não existe, mas ele existe.

Respirei fundo e comecei a atravessar. Aconteceu a mesma coisa. O chão se formou para que eu pudesse atravessar. E havia aquela luminescência verde.

—Isto é... inacreditável.

No momento em que pisei do outro lado, o chão se desfez atrás de mim.

—Viu? 

—O que é esta luminescência verde?

—Magia. Magia de feiticeiro.

—Como você.

—Não. Eu sou uma bruxa, não uma feiticeira.

Continuamos caminhando pela caverna sem fim. E conforme passávamos as velas e tochas se acendiam.

—E qual é a diferença?

—Uma bruxa ou bruxo é um servo da natureza. Nossa magia é equilibrada, ela vem da própria terra. Temos magia própria, mas podemos tirar poder de outras coisas. Fogo, água, terra, outras bruxas. Chamamos de canalização. A unica exceção a esta regra são os bruxos do Coven Gemini. Eles não tem magia própria, precisam sifar de outras coisas.

—E quanto aos feiticeiros?

—Feiticeiros são híbridos. Meio humanos, meio demônio. A magia deles vem das trevas sem exceção. Não podem canalizar dos elementos, a magia deles vem de um fluxo contínuo que está diante de nós todos os dias, chamam linhas de ley. Literalmente linhas de energia demoníaca. Eles possuem magia própria que vem de seu pai ou mãe demônio. Quanto mais poderoso o demônio, mais poderoso o feiticeiro.

—Então, eles são maus?

—Não. São seres imortais que possuem magia. Magnus Bane é o feiticeiro mais poderoso que eu já conheci e ele é uma ótima pessoa.

Então, estávamos diante de três pilares.

—Chegamos.

—O que é isto ai?

—O portal. Aqui, este pilar maior controla o século, o do meio, o ano e o menor, o dia. Primeiro programamos a viagem e a localização.

—Como?

Havia um ponteiro em cada pilar.

—Século XXI.

Disse ela movendo o ponteiro.

—Ano de dois mil e dezenove. Dia vinte e oito de março.

—Nada aconteceu.

—Precisamos da chave. Se não inserirmos a chave, de nada adianta.

A ruiva tirou do pescoço um colar com uma pedra roxa e colocou-a no encaixe que era o encaixe perfeito.

—Como sabemos o local, para onde vamos?

—Ai é com a gente. Pensamos no lugar para onde queremos ir. A localização, país, cidade, fica a cargo da bruxa. Força do pensamento.

Ela me estendeu a mão. Segurei sua mão e então uma rajada duma luz alaranjada veio em nossa direção.

Quando percebi estávamos noutro lugar.

—O que houve?! O que foi aquela coisa?

—Viajamos. Aquela coisa, era energia. A energia que alimenta o portal, é através dela que o portal funciona.

—Qualquer um pode usar aquele portal e viajar? Bruxos, vampiros, lobos e até humanos?

—Sim. Porque acha que colocaram tantos feitiços de proteção, ocultação e ilusão lá? Porque acha que há uma guardiã e uma chave?

Nós caminhamos e o que havia a minha volta era... inacreditável. Edificações enormes, muito barulho, luzes a piscar.

—Onde estamos?

—Estados Unidos, antiga colônia da Inglaterra. Cidade de Nova York. Ilha de Manhattan. 

Uma das carruagens parou.

—Vamos Clarissa. Entre.

Ainda em choque entrei na carruagem amarela.

—Para onde?

—Upper Carnagge Hill, dois mil cento e quatro.

A carruagem começou a se mover.

—Incrível. Se move sem precisar de cavalos.

—É por isso que é um automóvel, querida. Um carro.

Quando finalmente chegamos, ela deu nas mãos do condutor um maço de papéis verdes.

—Venha.

Nós adentramos a enorme edificação. Foi um tanto trabalhoso já que a porta girava.

—Boa tarde seu Mario.

—Boa tarde, Clary.

—Quem é sua amiga?

—Essa é Clarissa.

—Boas tardes senhor Mario.

—Mesmo nome ein? E porque essa roupa menina?

—Ela gosta de piqueniques vitorianos.

A residência era pequena comparada á de meu pai, porém ampla e cheia de coisas que jamais vi igual.

—Você precisa de um banho querida. Está fedendo. Vem, vou te ensinar a usar o chuveiro, a lavar o cabelo com shampoo, condicionador, e falando nisso tenho que marcar um horário no cabeleireiro pra você.

O chuveiro. Que invenção magnífica. A água caia, parecia vinda do céu.

Depois que me banhei ela me fez deixá-la examinar-me.

—Isto é embaraçoso.

—Bobagem. Já vi um monte de mulher sem roupa. Bom, vamos ter que dar um jeito neste seu cabelo que parece uma vassoura, nestes pelos horríveis e nesta monossêlia. Vou começar a esquentar a cera.

—Cera?

—Isso. Cera de abelha.

Havia uma espécie de cama.

—Deita ai. Ergue os braços.

Logo senti o calor da cera em minha pele.

—Porque sinto que há algo que não está mencionando?

—Só uma coisa. Isso vai doer.

E de fato doeu. Doeu demais. E quando ela terminou de me arrancar a pele passou óleo, então fiquei grudenta e oleosa.

—Isto é horrível! Que tipo de tortura é esta?

—Tortura? Que nada, isso é só um procedimento estético.

—Está dizendo que as pessoas se submetem a isto propositalmente e de sã consciência?

—Sim. Especialmente as mulheres.

Tive que tomar outro banho para tirar o óleo e os restos de cera.

—Bom, isto é estranho. Parece que me sinto mais limpa.

—É porque é verdade. Os pelos impedem que coisas entrem onde não devem, mas também seguram o cheiro. Depilação não é só uma questão estética, pelo menos pra mim. É uma questão de higiene.

Como eu não tinha nenhuma outra vestimenta se não a minha, ela me emprestou algumas das suas.

—Que tal jantar?

—Seria muito agradável. Obrigado.

—Quer experimentar comida chinesa?

—Comida chinesa? Da China?

—Sim.

—É claro!

Ela usou mais uma das máquinas para pedir a comida e logo ela chegou dentro de caixas.

—Isto é um telefone. 

—Um telefone? Já vi um telefone, mas nunca um igual a este. Não há fios.

—Quase nada tem fio aqui no século XXI. E ainda assim funciona.

Computador, internet, globalização, automóveis movidos á etanol. Caminhões, trens bala, metrô. Mulheres no senado, presidentes, votando! Mulheres que eram mães solteiras, provedoras de suas famílias. Casais do mesmo gênero e adotavam crianças.

Celulares, rádios, televisão. Televisão interativa.

—É maravilhoso. Jamais poderia imaginar uma realidade como esta.

—Me lembro quando seu pai olhou na minha cara sentado neste mesmo lugar onde está agora, com este mesmo olhar e me disse exatamente a mesma coisa. 

Vi um livro na cabeceira de sua cama.

—O Fantasma da Ópera.

Ela riu.

—Pode ler. Se quiser.

Comecei a ler o livro e quando terminei fiquei pasma.

—O Fantasma tem o nome do meu pai. O Visconde, a Condessa Christine.

—Querida, o Fantasma não tem o nome do seu pai. O Fantasma é o seu pai.

—Mas, o homem do livro é feio. Deformado.

—Seu pai era deformado. Fui até o ano onde este livro se passa, na Ópera de Paris. Troquei de corpo com Christine Daaé, ganhei a confiança do seu pai, ela e eu destrocamos e eu o trouxe para cá onde ele foi operado. A deformidade foi cirurgicamente removida e depois dele se recuperar voltamos para esfregar na cara daquela metida. O quanto o seu pai era especial e como ele era belo.

—Vocês voltaram por vingança.

—Foi. Christine Daaé nutria sim um carinho pelo seu pai, mas depois dele tê-la treinado desde criança, ensinado a cantar, tocar piano e a transformar na Estrela que ela se tornou. Ela o abandonou nas catacumbas para morrer queimado pela multidão furiosa. Seu pai é um gênio, Clarissa. Ele é músico, cantor, compositor e é por isso que todas essas coisas terríveis que sofreu durante sua vida o afetaram tanto. Erik é um homem muito sensível, é o que o torna um artista.

—Ele nunca contou-me.

—Imagino que ele prefira deixar no passado. Mas, agora que Erik é vampiro... talvez eu o devesse ter trazido conosco, para ter a ajuda psiquiátrica e psicológica que necessita. Com as emoções ampliadas de um vampiro só Deus sabe o que esses traumas podem fazer com ele.

P.O.V. Erik.

Eu matei o Visconde Raoul, deixei seu rosto irreconhecível. E pendurei sua carcaça nas catacumbas.

E agora, estou cheio de fúria e culpa.

P.O.V. Clarissa.

Ouvi a voz de meu pai. 

—Clary! Clary!

Segui a voz até um espelho. Era a réplica exata do espelho que estava no quarto na mansão.

—Meu pai.

—Clarissa. Onde está a sua mãe?

Ela veio correndo.

—Erik. Oi... o que aconteceu?

—Raul está morto. Eu o matei, deixei seu rosto... feio. Eu o espanquei até ele morrer.

—Ah, Erik. Sinto muito. Você precisa de tratamento, fique onde está, tente respirar fundo. Estou indo buscá-lo.

E ela o trouxe.

—Eu o matei. Raoul me olhou nos olhos e implorou por sua vida enquanto eu o estraçalhava. Sou um monstro. Uma abominação.

—Não. Você não é. Só está tendo problemas em lidar com os seus traumas.

—Mas, não me sinto melhor, não sinto paz. Não sinto nada!

—Como vampiro você vai começar a experimentar as coisas com mais intensidade.

—Eu não quero isto. Eu odeio. 

Meu pai destruiu a residência de Clary Mikaelson.

—Está tudo bem.

—Não. Não está. Tudo mudou. E não apenas para mim. Olhe para nossa filha, via a maneira como ela me olhava antes. Ela me admirava. E vejo como me olha agora. Eu era um pai e agora sou um monstro. As coisas estão diferentes agora. Não pode me dizer que não estão.

—Não estou dizendo isso. Mas, você não é um monstro, nunca foi. Não pra mim.

Aproximei-me de meu pai.

—Meu pai, eu sei.

—O que?

—Isto.

P.O.V. Erik.

Disse ela com o livro na mão.

—As coisas terríveis que lhe fizeram meu pai.

—Erik, conheço uma terapeuta. Especialista em pessoas como nós.

—E quanto a mamãe?

—Sua mãe suicidou-se. Enterrei-a ao lado do seu irmão. Senti o cheiro do sangue quando cheguei em casa, encontrei-a no chão, ainda viva. Tentei usar meu sangue para curá-la, porém ela não quis. Elizabeth pediu para que eu a deixasse morrer e para dizer que lhe amava.

Minha vez de chorar.

—Eu sinto muito querida.

—Tentei dissuadi-la, mas ela não me ouviu.

—Você deveria tê-lo curado! Forçado o sangue pela garganta dela!

—Não. Eu e sua mãe Elizabeth éramos parceiros, mais parceiros e amigos do que qualquer outra coisa. A única coisa que ela tinha naquele momento era a escolha. Não podia tirar isso dela.

—Ele está certo. Há limites nunca devemos ultrapassar. Porque uma vez que ultrapassemos não existe mais retorno.

—Sim. Sua mãe está certa. O ponto sem retorno. Nós não queríamos isso para você.

Meu pai foi para a terapia. E eu fiquei questionando minha mãe.

—Se você é uma bruxa, isso me torna uma bruxa?

—Sim.

—Mas, eu nunca fiz nada de bruxa.

—É porque tranquei a sua magia com um feitiço. Eu a suprimi.

—Porque?

—Porque eu queria que tivesse uma vida. Uma vida só sua.

—Como pode ser uma bruxa impedir minha vida de ser minha?

Ela respirou fundo.

—Com grandes poderes vem responsabilidades ainda maiores. Ser uma bruxa não é o mar de rosas que os mundanos pensam, você tem que lidar com todo tipo de problema. Quantas situações de vida e morte, eu já não tive que enfrentar? Bruxas sendo tragadas por problemas de vampiros, bruxas raivosas, Clãs rivais... ser sobrenatural não é tão... legal. Este é o mundo em que vivemos, completamente diferente do mundo dos mundanos. Esta é a nossa realidade. Estamos sempre em guerra, nossos entes queridos sempre em perigo, este mundo se afoga no sangue e na violência. Não temos tanta civilidade quanto os mundanos. O mundo humano é conto de fada, o nosso é conto de terror.

—Que horrível.

—E você ainda não viu nada. Porque acha que eu me dispus a te deixar sob os cuidados da sua mãe, Elizabeth? Tudo o que sempre quis foi ser mãe. E só depois que fiquei grávida percebi que estava trazendo uma criança para uma zona de guerra. Os Mikaelson passaram mil anos fazendo inimigos, rixas tão velhas que aqueles que os odeiam nem sabem porque.


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