Os Vingadores - Entre Herois e Aliens escrita por Lia Araujo


Capítulo 20
De Volta a KGB




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Na Manhã Seguinte

 

POV Natasha

— Você nunca deixa de nos surpreender, agente Romanoff - O diretor da KGB falou me olhando - Executou perfeitamente a sua primeira missão.

— Obrigada, senhor - falei friamente

— Confesso que depois de manda-la tive receio de que não conseguisse - ele falou me olhando - Mas quando chegou e nos mostrou os dedos para compararmos o DNA... reconheço que nunca tinha ficado tão orgulhoso de um agente antes.

— Obrigada, senhor - falei simplesmente

— O incêndio da casa está em todos os jornais - ele falou me olhando - Qual será a reação do agente West?

— Ele tem um apego muito grande a família, certamente ficará abalado - falei olhando o diretor - Sem o elo que o prendia ao passado, ele será uma agente ainda melhor.

— Quando ele souber o que aconteceu a família dele, quero que cuide pessoalmente para se certificar que ele estará apto para servir quando necessário - o diretor questionou me olhando e assenti - Está dispensada.

Me levantei para sair, quando estava perto da porta ouço ele me chamar e me virei para olha-lo.

— Foi difícil deixa-los para morrerem queimados vivos? - ele questionou me olhando

— Não, senhor - respondi olhando-o

— Pelo estado dos corpos, eles estavam banhados em combustível - O diretor falou me olhando

— Exatamente - falei simplesmente

— Foi muito difícil mata-los? - ele questionou intrigado - Você viveu no meio deles.

— Não foi difícil, senhor - respondi olhando-o - Eles não era ninguém para mim, pessoas insignificantes que não faria diferença se viviam ou morriam. Tenho certeza que após o choque do ocorrido, será como se não tivesse existido. Não farão falta a ninguém.

— Pode ir, agente Romanoff - ele falou contendo um sorriso orgulho, assenti e sai da sala indo em direção ao meu dormitório.

 

FLASH BACK ON

 

Na Noite Anterior

Depois que o Dimitri se afastou com os West, voltei para dentro da casa, caminhei até a cozinha onde havia deixado o Pavel e seus pais inconscientes, com muita dificuldade comecei a arrasta-los, um por um escada a cima, os colocando nos quartos, os pais nos quartos do SR e da Sra West, e o Pavel no quarto do Fernando. 

Eu os acomodei confortavelmente nas camas, os cobri observando-os por um tempo. Sei que não é justo, tirar a vida deles, nessa situação nada é justo, mas se o preço para manter os West a salvo for a vida desses três, então que seja. Fui até a cozinha, peguei uma faca limpa e subi, cortei um dedo de cada um da mesma forma que fiz com os West. Guardei os dedos em uma bolsa qualquer com a faca.

Caminhei até a garagem, procurando os galões de gasolina dos West, retornei seguindo o caminho até os quartos, fui primeiro no do Fernando, abri o galão e antes que eu começasse a derramar, o vi respirando tranquilamente, sem consciência que estava prestes a acontecer, fechei os olhos tentando limpar meus pensamentos, até que por fim, coloquei o galão de combustível no chão.

— Não posso voltar a trás da minha decisão, mas ao menos posso faze-la ser indolor - falei comigo mesma e fui até o meu quarto pegar outro frasco de sedativo.

Já havia aplicado uma grande dose neles, mais uma e eles morreriam devido a overdose de medicamentos, seus corpos já estavam sedados, a morte seria indolor, como se a vida simplesmente tivesse esvaído durante o sono, apliquei doses maiores que já haviam tomado, esperei alguns minutos antes de verifica-los. Devido a fragilidade da saúde da mãe do Pavel, ela foi a primeira a morrer, seguido do seu esposo, que morreu pouco depois, abraçado a esposa como eu havia colocado na cama.

Voltei para o quarto onde o Pavel estava, me aproximei, cheguei seu pulso e batimentos, estavam fracos, mas ainda existentes, me sentei ao lado dele na cama e segurei sua mão, que ainda sangrava devido ao dedo mutilado.

— A noite, não terminou como esperávamos - falei olhando-o - Sinceramente não era isso que eu havia planejado... lembra que você me disse que faria qualquer coisa para tirar a sua família daquela situação? De certa forma tirou, mas não da forma que queria.

Olhei para o rosto dele e notei que a respiração ficava cada vez mais fraca.

— Não sei se consegue me ouvir, mas quero que pense em apenas uma coisa - falei firme - Sua família, tá em paz. Não precisam se preocupar com as dificuldades financeiras, de saúde, não precisa mais roubar, acabou. Relaxa, assim como os seus pais que estão agora deitados em uma cama confortável, sem ter que se preocupar com o amanhã.

Notei sua expressão se suavizar segundos antes dele dar um ultimo suspiro, verifiquei seus sinais vitais e eles não existiam mais.

— Sinto muito - murmurei me levantando, peguei o galão de gasolina e despejei metade sobre o corpo dele

Segui para o quarto onde os pais dele estavam e despejei o resto do combustível, fui para o meu quarto, recolhi todos os meus pertences e levei para o andar inferior, peguei o envelope que tinha o dossiê da minha família, o retirei do envelope e deixei sobre o balcão. Peguei um fosforo e acendi, os documentos começaram a pegar fogo.

Peguei os recipiente com os dedos dos West coloque na mala, peguei a bolsa com a faca e os dedos da família do Pavel e guardei no mesmo lugar. Peguei a arma do senhor West e atirei no cano que passava o gás da casa, guardei a arma no suporte em baixo da mesa, apaguei a luz da sala e sai pela porta arrastando a minha mala.

Estava chegando na esquina, quando uma explosão foi ouvida e tive certeza que toda a casa estava se consumindo em chamas, mas evitei olhar, não posso ficar remoendo o que aconteceu, a rua começou a ficar cheia, os vizinhos começaram a sair olhando a casa pegar fogo, alguns gritando pedindo para chamar os bombeiros, com toda a atenção voltada para o incêndio, não foi difícil passar despercebida. Andei alguns quarteirões, parei em um beco, abri a mala e peguei a bolsa com os dedos e a faca, abri jogando o conteúdo no boeiro, peguei uma pedra e coloquei dentro da bolsa, para ter certeza de que quando ela caísse, ficaria submersa. A água do esgoto, limparia os rastos da família do Pavel.

Fechei a mala, caminhei até um telefone publico e liguei para a central da KGB, depois de dois toques atenderam

— Aqui é a agente Romanoff, a missão foi concluída - falei friamente - Os alvos foram eliminados

— Permaneça em posição, iremos traze-la de volta - a agente que me atendeu falou e encerramos a ligação, fui para um ponto de ônibus no outro lado da rua e depois de 20 minutos, um carro parou na minha frente.

Entrei e o motorista seguiu o caminho para a KGB

 

FLASH BACK OFF

Assim que entrei no meu dormitório, fui tomar um banho bem demorado, assim que sai vesti uma roupa confortável e me sentei na cama, sabia que era apenas questão de tempo até que o Victor aparecesse ali, peguei um livro qualquer e comecei a ler.

Menos de uma hora havia se passado quando ouvi batidas um tanto nervosas na minha porta, olhei o relógio e vi que o noticiário havia começado há pelo menos 20 minutos, provavelmente já passou a notícia do incêndio. Quando abri a porta, vi o Victor ofegante como se tentasse se manter calmo, olhei no corredor como não havia ninguém o puxei para o meu dormitório.

— Viu o noticiário? - ele perguntou nervoso e neguei com a cabeça

— O que aconteceu? - perguntei olhando-o

— Um incêndio - ele respondeu tentando conter as lagrimas

— Incêndio? Onde, Victor? - perguntei fingindo preocupação

— Em casa - ele basicamente sussurrou a resposta - Meus pais... o Nando...

— Não... Não pode ser - falei deixando algumas lágrimas rolarem

— Todos morreram - ele falou e começou a chorar se sentando na cama

Me sentei ao lado dele o abraçando

— Sinto muito, Victor - murmurei chorando

Vê-lo daquela forma me machucou, saber que sofria por uma mentira que criei para manter a família dele a salvo.

— Como aconteceu? - sussurrei abraçada a ele

— Vazamento de gás - ele respondeu tentando limpar as lágrimas que não paravam de rolar - Desculpa ter vindo aqui.

— Sem problema - falei secando as minhas lágrimas - Pode ficar o tempo que for preciso pra se acalmar.

— Obrigado, Natasha - ele falou e me levantei

— Deita um pouco, põe tudo pra fora, vai ajudar - falei e fui pegar um copo d'água para ele

— Acho que não ajudar - ele murmurou olhando para o chão

— Vai sim, acredite - falei entregando o copo para ele

— Como pode ter certeza disso? - ele disse pegando o copo

— Foi o que fiz quando minha mãe morreu - disse simplesmente e ele ficou em silêncio

— Como você fez pra superar a morte da sua família? - ele perguntou e me sentei em uma cadeira de frente para ele

— Não superei - falei olhando-o - Mas aprendi a conviver com essa dor, ela vai fazer parte de você e com o tempo ela não vai incomodar tanto.

— Agora somos iguais - ele falou após beber a água - Órfãos, sem nada a perder.

— A não ser a própria vida - falei olhando-o e ele deu ar de riso em meio a tristeza

— Nem isso nós temos mais, Natasha - ele falou me olhando - Elas agora pertencem ao governo. Não somos mais nada além de...

— Marionetes. Esperando apenas que puxem as cordinhas para obedecermos os comandos - falei, ele assentiu e me levantei me aproximando dele - Tenta descansar um pouco.

— Vou para o meu dormitório - ele disse se levantando e o detive

— Fique aqui, se alguém o vir nesse estado poderá ficar com sérios problemas - falei olhando-o nos olhos - Nós não temos permissão para sentir nada.

— Mas se me pegarem aqui, será ainda pior - ele falou me olhando

— Tira seu uniforme - falei firme e ele me olhou com surpresa

— Como é? - perguntou incerto

— Fique apenas de cueca, deixe seu uniforme espalhado pelo dormitório - disse simplesmente - Se alguém aparecer digo que veio em busca de alívio sexual.

— Mas, Natasha... - ele tentou rebater e o impedi

— Sem "mas", apenas faça - disse olhando-o e ele assentiu começando a tirar o uniforme

Fui fechar a porta, quando me virei vi que ele estava um pouco constrangido com a situação.

— Sem jeito? - falei olhando-o de cima a baixo e o vi ficar vermelho - Não é nada que eu já não tenha visto.

— São situações bem diferentes - ele falou se sentando na cama e pegando o cobertor

— Vou estar aqui se precisar de algo - falei ajudando-o a se cobrir

— Obrigado - ele disse se acomodando ao travesseiro e me aproximei dando um beijo em sua testa

— Tenta descansar - sussurrei e fui em direção a cadeira e me sentei novamente

Notei quando ele adormeceu, sai do meu dormitório sem fazer barulho e fui a procura do supervisor.

— Agente Romanoff - ele falou ao ficarmos frente a frente - Posso ajuda-la

— Vim trazer uma atualização - respondi simplesmente - O agente West está no meu dormitório.

— Como ele está? - perguntou indiferente

— Abalado, como foi previsto - disse simplesmente - Acredito que em pouco tempo ele estará novamente apto.

— Ótimo e não esqueça, ele é a.sua missão pelos próximos dias - meu supervisor falou - É a sua obrigação deixá-lo apto a ação.

— Estou ciente da missão, senhor - respondi olhando-o

— Muito bem, retorne quando houver algum progresso - meu supervisor falou e assenti

Comecei a retornar para o meu dormitório, mas parei ao ouvir o meu nome, me virei na direção da voz do supervisor.

— Faça o que for preciso para consola-lo - ele falou me olhando

— Serei o que precisar para cumprir a missão - disse e continuei a seguir o meu caminho

Quando entrei no dormitório o Victor ainda dormia, mas era possível ver a tensão nas mãos e as lágrimas que escorriam dos seus olhos fechados.

Ele estava tendo um pesadelo, me aproximei dele, me sentei ao seu lado e com cuidado comecei a acorda-lo. Mesmo assim, ele acordou ofegante e um sobre salto, mas consegui impedi -lo de levantar.

— Calma, Victor! Foi apenas um sonho, está tudo bem - falei enquanto ele fechava os olhos tentando controlar a respiração - Isso, muito bem.

Quando ele começou a ficar com a respiração regulada, me levantei para pegar um copo com água, entreguei assim que retornei

— Está mais calmo? - perguntei olhando-o e ele assentiu encarando o chão

— Essa sensação de impotência é horrível - Victor falou olhando o chão - Aprendi tanta coisa nos últimos anos, mas nada do que sei poderia ter impedido a morte deles.

— Era com isso que estava sonhando? - questionei, mas ele permanece em silêncio - Foi uma fatalidade, não havia como prever.

— Se eu estivesse lá, talvez tivesse conseguido tira-los da casa - Victor murmurou

— Infelizmente, há coisas que não podemos impedir - falei olhando-o

— Simplesmente saber o que aconteceu com meus pais, me perturba - ele falou e me olhou - Como consegue lidar sabendo que conseguiu sair da casa e sua mãe não?

— Eu tinha 5 anos, não havia nada que eu pudesse fazer para ajudar - disse olhando-o - Ela me priorizou, só me restava sair de lá.

— Não sei se conseguiria deixar meus pais para trás - ele murmurou

— Minha mãe queria que eu me salvasse - falei olhando para o chão - Acho que teria sido pior se ela morresse com o sentimento de fracasso, por não ter conseguido me salvar.

Ele permaneceu em silêncio, assim como eu, ambos ficamos presos em nossos próprios pensamentos.


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