Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 69
Sábado de sol


Notas iniciais do capítulo

Olá, estamos aqui outra vez.

Tenha uma boa leitura! :)



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Sabe qual é uma das maiores vantagens de morar no interior? O contato maior com a natureza. Mais precisamente, é bem mais fácil encontrar um lugar lindo e paradisíaco em uma cidade pouco afetada pela poluição e degradação ambiental trazidas pelo processo de urbanização. Vila Baunilha, bem na fronteira entre a vida no campo e a vida urbana (ainda que fosse uma das cidades menos populosas) no país, tinha essa vantagem. Ali, em uma caminhonete vermelha de modelo antigo, víamos um grupo de jovens seguindo para um dos pontos turísticos mais conhecidos da cidade.

—Você vai amar, Anne - disse Kelly, no banco de trás da caminhonete - O Lago do Coqueiro é maravilhoso!

—Pelas fotos que você mostrou, parece mesmo - disse Anne, também no banco de trás  junto com sua irmã Briana - Está animada, Bri?

—Muito - disse Briana fofamente - Faz muito tempo que não vou à praia!

—Não é bem uma praia, Briana - explicou Kelly - É um lago enorme, mas ainda é água doce. Mas a região em volta tem bastante areia e coqueiros, óbvio. Lembra bastante uma praia.

Explicando melhor o contexto. Naquele sábado, graças ao fato de Gustavo estar se mostrando um ótimo funcionário no restaurante, Anne conseguiu finalmente um dia de folga para se divertir um pouco com os amigos e todos combinaram de ir ao Lago do Coqueiro, o mais próximo de praia que Vila Baunilha tinha à disposição. A caminhonete pertencia à fazenda Fontes e era dirigida pelo soldado Caxias, o solícito policial que fez questão de acompanhar a turma nesse passeio.

—E obrigada de novo por levar a gente, soldado Caxias - disse Kelly.

—Imaginem. Não é sacrifício nenhum. É um prazer! - disse o soldado, com um sorriso no rosto. E seu sorriso tinha mais do que o prazer de ajudar os amigos, também tinha o prazer de estar acompanhado de sua paixão Ema, bem do lado (embora ela ainda não tenha se tocado desse sentimento).

—Faz muito tempo que não vou ao Lago do Coqueiro - disse Ema - Nossa, íamos várias vezes para lá quando éramos crianças, lembra, Kelly?

—Verdade - disse Kelly - Aquele lugar é uma delícia!

—Está feliz, senhorita Ema? - perguntou soldado Caxias.

—Bastante - respondeu Ema, com um sorriso - É sempre bom reunir os amigos. 

—Se a senhorita está feliz, eu também fico feliz - disse o policial.

—Obrigada. Você é muito gentil - foi o que a herdeira da fazenda Fontes respondeu.

“Ela não se tocou ainda?”, pensou Anne, vendo a cara de bobo e apaixonado que o soldado Caxias fazia ao lado de Ema.

—E não se preocupem. Como um bom policial, vou garantir a segurança de todos vocês! - disse o policial em tom confiante.

—É sempre bom saber disso - comentou Ema.

—Sim - concordou Briana com um sorriso.

“Por que não me sinto segura?”, pensou Anne.

Nisso, a caminhonete passou por um buraco na estrada de terra que sacolejou um pouco o veículo. Para as meninas, seguras dentro da caminhonete, não foi nada, mas, para os outros viajantes, não muito confortáveis na parte de trás, foi meio difícil se segurar.

—Ei, toma mais cuidado! - falou Luís, irritado.

—Relaxa, cara - comentou Carioca, sempre com seu boné, embora estivesse apenas de bermuda e chinelo passando seu protetor solar - É bem mais divertido vir aqui atrás, fala aí, Luciano?

Luciano também estava por ali, de camiseta regata e bermuda floral, segurando seu violão.

—Verdade - disse ele - Imagina viajar lá dentro com aquela chata da Anne. Ninguém merece.

—Veja lá como fala! - reclamou Luís, vestindo também uma camiseta floral leve e bermuda preta - Será meu primeiro passeio com a Anne no Lago do Coqueiro. Quero construir várias lembranças disso!

—Aliás, não é meio errado falar Lago do Coqueiro, não? - perguntou Carioca - É uma porção bem grande de água, mas ela vem de uma cachoeira e depois desemboca para um riacho.

—E daí? - perguntou Luciano.

—Ué? Lago não é uma região de água cerca de terra por todos os lados? Se a água vai para o riacho, então tem uma parte que não é terra, aí.

—Mas vendo de longe parece um lago - disse Luciano - A correnteza é tão fraca que nem dá pra perceber que uma parte vai para o riacho.

—Ainda assim, acho que tá errado - continuou Carioca - Mas não sei como é que poderia se chamar.

—Vai mesmo encanar com isso? - indagou Luciano.

—Não, só tava pensando, poxa - prosseguiu Carioca - Aliás, outra coisa...será que dá para ter um lago dentro de um lago?

—Como assim? - perguntou Luciano.

—Tipo, imagina que o lago tenha uma ilha e nessa ilha tenha uma região com água cercada pela terra da ilha por todos os lados. Isso não seria um lago dentro de um lago? - perguntou Carioca.

—Dá pra dizer que é um lago dentro da ilha - falou Luís.

—Mas a ilha tá dentro do lago maior, então se o lago menor tá na ilha, o lago menor também tá dentro do lago maior, não tá, não?

—É...acho que sim - disse Luís - Acho que dá pra dizer isso.

—E será que poderia ter uma ilha dentro do lago que tá na ilha? - perguntou Carioca - Aí a gente teria uma ilha dentro da ilha também, não teria?

—É, acho que sim - disse Luciano - Mas uma hora isso tem que acabar, não tem?

—Bom, a gente teria lagos e ilhas cada vez menores - falou Carioca.

—Mas tem um tamanho fixo para lago e ilha? - perguntou Luciano.

—Acho que não - disse Luís - Nunca ouvi falar nada disso.

—Aí, uma poça de água é um lago? - perguntou Carioca.

—Por que seria? - perguntou Luciano.

—Não é uma porção de água cercada de terra por todos os lados? Então pode ser um lago! - respondeu Carioca.

—Se for pensar assim, então um lago é uma poça de água gigante - comentou Luís.

—Então todo lago é uma poça e toda poça é um lago? - perguntou Carioca.

—Acho que uma poça é um lago pequeno - explicou Luís - Então nem todo lago é poça, mas toda poça é lago.

—E por que não dizer que um lago é uma poça grande? - questionou Carioca - Aí todo lago é poça, mas nem toda poça é lago.

Só podemos dizer que essa conversa não teve uma conclusão definitiva. Seja como for, os amigos finalmente chegaram ao Lago do Coqueiro, bem próximos à cachoeira onde a água descia.

—Uau! Que lindo! - disse Briana.

—Lindo mesmo - disse Anne - A gente não vê esse tipo de coisa na cidade grande.

—Finalmente chegaram - disse uma voz conhecida.

“Lá se vai meu sossego”, pensou Anne. Sim, a voz conhecida era de Ian. Ele veio com o motorista acompanhado de sua irmã Samanta e a amiga dela, Cíntia.

—Olha, a Briana veio - disse Cíntia.

—Eu vi - falou Samanta - Acho que é uma boa oportunidade para deixá-la envergonhada, não?

—Ainda quer ser malvada com ela? - perguntou Cíntia.

—Claro - disse Samanta - Vilãs não tiram folga.

—Se você diz, amiga - concordou Cíntia.

Ian usava óculos escuros e uma camiseta floral aberta. Não fez a mínima cerimônia para tentar receber Anne com um abraço, mas ela se desviou bem na hora, fazendo o garoto abraçar o soldado Caxias.

—Você é mesmo bem afetuoso, heim? - disse o inocente policial correspondendo ao abraço.

—Aaaah! - falou Ian, se assustando ao abrir os olhos e ver que abraçou a pessoa errada (isso que dá fechar os olhos e só correr para o abraço). Enquanto isso, os garotos desciam e se preparavam para tirar as coisas da caminhonete.

—Aí, bem que você podia vir ajudar a gente, né? - falou Luciano.

—Perdão - disse Ian, sem perder a pose - Minha função é descarregar as minhas coisas. E isso já fiz.

Ian apontou para um tipo de mesa de praia, toda montada com guarda-sol e uma caixa de isopor enorme com diversas bebidas.

—Fiz questão de chegar cedo para preparar tudo isso - falou Ian, orgulhosamente.

—Aí, patrão - disse Nivaldo, o motorista do carro de Ian - O senhor precisa que prepare mais alguma coisa? 

—“Preparou tudo”, é? - falou Luciano, com deboche.

—Caro Nivaldo. Não precisa falar isso tão alto - disse Ian - Muito obrigado. Hehe. Eu ligo quando estivermos prontos para voltar.

—Tudo bem. Divirta-se, então - falou o motorista, saindo de cena.

Após alguns momentos de preparação, a turma finalmente estava pronta para se divertir na água. Briana estava com seu biquíni rosa com babadinhos e Anne usava seu biquíni roxo básico. Ao olhar para o lado, viu Kelly com um maiô azul e, mais para o lado, viu Ema com um maiô preto e cabelos soltos (um evento raro, já que ela sempre está usando rabo de cavalo). Anne não conseguiu esconder sua admiração por Ema.

“Pior que a bicha é bonita mesmo. Não dá pra negar!”, pensou Anne. “E a Kelly também é outra. Essas passaram na fila da beleza mais de uma vez!”

Mas, apesar disso, a própria Anne não ficava para trás e seus admiradores não conseguiam tirar os olhos dela.

—Ei, Luís - disse Carioca - Você tá babando, cara?

Luís estava meio fora de si e não conseguia ouvir direito o que seu amigo dizia.

—Luís! Acorda! - disse Luciano.

—Hã? O que foi? - finalmente Luís saiu do transe.

—Desse jeito você vai ficar que nem aquele idiota ali - falou Luciano, apontando para Ian.

Ian também estava de boca aberta diante de Anne com biquíni.

—Irmão - disse Samanta, usando um maiô rosa, chegando perto dele - Por que está fazendo essa cara de idiota?

—Acho que ele não tá te ouvindo, amiga - comentou Cíntia, com um maiô azul escuro.

Samanta abanou as mãos na frente da cara dele.

—Parece que está hipnotizado - disse Samanta - Essas coisas acontecem mesmo?

—Oh, o que é a beleza da natureza comparada com a beleza da Anne? - disse Ian - Palavras não são suficientes para descrevê-la!

—Ah, que bom. Pelo menos tá vivo - comentou Samanta.

Enquanto isso, Ema se aproximou de Anne, olhou bem para ela e comentou:

—Nossa, Anne. Como você é ousada! - disse ela.

—Ousada?

—Por causa do biquíni. Vocês da cidade sabem ousar mesmo - continuou Ema.

—E o que isso tem demais? - perguntou Anne.

—É que nossa criação é meio conservadora, sabe? - disse Kelly - Apesar de eu achar que não tem nada demais.

“Esqueci que moro na conservadolândia!”, pensou Anne.

—Mas preciso confessar que é diferente do que eu imaginava - falou Ema, indo para trás de Anne.

—Por quê? - perguntou ela.

—Achava que vocês da cidade grande só usassem aqueles biquínis fio dental que mostram o traseiro todo, sabe? - falou Ema, em tom provocativo.

—Para de me encher! - ralhou Anne - Não é porque uso biquíni que quero mostrar minha bunda!

Ema apenas riu. Kelly e Briana também.

—Relaxa, Anne - disse Kelly - Vem, vamos nadar!

—Isso! Vamos! - concordou Briana.

—Tá bom. Vamos lá - disse Anne, sendo puxada por Briana pela mão.

“Sim, divirtam-se”, pensou Ema. “Acho que hoje consigo dar mais um empurrãozinho na relação do Luciano com a Anne!”

É, será um longo sábado.


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Notas finais do capítulo

É, chegou o clássico episódio da praia (se bem que aqui a praia é no lago e não no mar). Kkk.

Aguarde a continuação desse passeio. Até a próxima! ;)



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