Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 59
Sempre pode piorar


Notas iniciais do capítulo

Mais um domingo, mais um capítulo. Boa leitura!



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A situação no centro de Vila Baunilha estava cada vez mais complicada. Uma galinha aleatória comeu o adubo especial que Luís deu para Briana e começou crescer descontroladamente. A polícia, representada por soldado Caxias e delegado Fonseca, chegou para manter a paz e a ordem, mas não tiveram muito sucesso. Quando Briana deu seu depoimento sobre ter ganhado o adubo de Luís, os dois policiais partiram imediatamente para render o garoto e obter explicações. Por sorte, eles não precisaram procurar muito.

—Olha, é o Luís ali - disse Briana.

—Ah, que bom - disse delegado Fonseca - Nem precisamos ir atrás dele, ele veio até nós. Soldado Caxias!

—Sim, senhor. Senhor! - disse o soldado, batendo continência.

—Detenha o meliante - ordenou o delegado.

—Imediatamente, senhor - atendeu o soldado.

Luís estava apenas caminhando tranquilamente pela rua na intenção de comprar um sorvete (e, claro, pensando em como Anne ficaria caidinha por ele logo mais), quando foi surpreendido pelo dedicado policial.

—Cidadão, poderia me acompanhar - disse soldado Caxias.

—Como? - Luís quase caiu para trás - E-Espera, eu não fiz nada.

—Isso é o que você vai explicar ao delegado. Venha comigo.

“Será que descobriram o nitrogênio líquido que comprei sem licença?”, pensou Luís.

—Vai vir comigo por bem ou quer ser algemado? - perguntou Caxias.

—Pode me dizer o que está acontecendo?

Assim que Luís fez essa pergunta, a enorme galinha saiu do bar. Para espanto de todos, ela estava ainda maior.

—O-o que é isso? - indagou Luís, apontando para o monstro bem diante dele.

—É justamente isso que queremos saber. Vem comigo! - falou o soldado, pegando Luís pelo braço e levando-o até a autoridade (no caso, o delegado).

—Muito bem. Esse é seu amigo, garota? - perguntou o delegado para Anne.

—Ele mesmo - Anne confirmou.

—Anne! Como é bom te ver! - disse Luís, já com corações nos olhos - Passou bem desde o final da aula? Estava com saudades.

—Chega de conversa mole, vai - disse Anne - Foi você que deu o adubo para a minha irmã, não foi?

—Adubo? Err...de que adubo estamos falando mesmo?

—Vai dizer que esqueceu? - perguntou Anne.

“Tudo bem. Se acalma. Só preciso negar enquanto der”, pensava Luís.

—É esse adubo aqui - falou Briana, tirando o pacote com o adubo da mochila - Eu até levei na escola hoje para te devolver, mas ainda não tinha te encontrado.

“É, já não dá mais”, pensou Luís.

—Então o adubo é seu? - perguntou o delegado.

—S-Sim, mas o que tem o meu adubo?

—Como o que tem a ver? Aquela galinha do tamanho de uma van está assim por culpa sua! - disse o delegado.

—Impossível - disse Luís - Meu adubo foi feito para aumentar o crescimento de plantas, não de aves.

—Você testou com aves? - perguntou Anne.

—Err...não - respondeu Luís timidamente.

—Então é um efeito colateral - disse a garota - O seu adubo não faz só plantas crescerem, também faz aves crescerem.

—Isso é fantástico - disse Luís, pensativo com a mão no queixo - Se aprimorar essa ideia, posso revolucionar o mercado de aves. As granjas pagariam uma fortuna por isso! É uma descoberta fantástica!

—Acha mesmo que alguma granja vai pagar para ter monstros que nem esse? - disse o soldado, apontando para a galinha.

—Monstro, você diz - respondeu Luís, ajeitando os óculos - Mas o que ela está fazendo de errado? Está só ciscando por aí como uma galinha comum. Não parece uma ameaça.

De fato, a galinha não tinha feito grandes estragos, além de pegar frutas. Seria pior se ela começasse a atacar pessoas. Será que isso não poderia acontecer cedo ou tarde?

—Entre tapas e beijos, é óódio é deseeejo… - uma voz cantando uma música sertaneja antiga começou a despontar no horizonte. Era Luciano, treinando seu violão enquanto voltava para casa. Estava tão distraído que acabou trombando com a galinha gigante.

—É o Luciano? - perguntou Briana.

—O que ele está fazendo? - perguntou Anne.

—Ei, o que é isso? - estranhou Luciano, ao ver aquela galinha gigantesca no meio de seu caminho - É uma galinha? 

A ave percebeu Luciano, mas não saía do meio do caminho. O garoto começou a ficar irritado.

—Ei, dá pra sair da frente? Preciso ir pra casa.

A galinha não se mexia.

—Ei, galinha! Sai daí, vai - Luciano tentou espantá-la com o violão, mas o bicho se sentiu ameaçado e começou a atacar o garoto - Ei, o que você tá fazendo?

No desespero, Luciano saiu correndo e acabou deixando cair o violão. Enquanto corria, viu Luís acenando e se juntou ao grupo.

—Oi, Luciano - cumprimentou Briana.

—O que é aquela coisa? - estranhou Luciano, com as mãos trêmulas pela ameaça - O que uma galinha gigante tá fazendo no meio da cidade?

—É, todos estamos querendo nos livrar dela - disse o delegado.

—Ei, espera aí - Luciano interrompeu ao ver a galinha bicando seu violão. Talvez ela quisesse comer alguma coisa que tinha ali ou algo assim.

—O que foi? - perguntou Luís.

—Não posso deixar ela estragar meu violão! - falou Luciano.

—É, talvez ela não seja mesmo uma ameaça e esteja aqui para salvar todos nós - comentou Anne.

—Vou fingir que não ouvi isso! - reclamou Luciano - Ah, já sei. Pode me emprestar isso aqui?

Luciano pegou o pacotinho das mãos de Briana e jogou próximo à galinha.

—Ali, galinha. Come ali! - disse ele.

—NÃO! - gritaram todos.

—O que foi? - perguntou o garoto.

—Luciano, o que você tem de burro, você tem de burro! - gritou Anne.

—O que você jogou para a galinha comer foi justamente o adubo que fez ela crescer! - explicou Luís.

—E só agora vocês me avisam? - perguntou o garoto.

—A culpa é sua por agir sem pensar - retrucou Luís.

—E agora? - perguntou Briana.

Assim que Briana terminou de fazer essa pergunta, a galinha começou a crescer mais. Ela já estava do tamanho de um microônibus.

—Sabe o que eu lembrei agora? - perguntou Luís.

—O quê? - perguntou o delegado.

—Galinhas são próximas dos tiranossauros na linha evolutiva. Talvez o crescimento desperte alguma função do cérebro herdada dos ancestrais pré-históricos dela e a galinha acabe se tornando mais agressiva - disse ele.

—Claro que as coisas não podiam piorar mais, né? - falou Anne.

—Temos que dar um jeito nisso - disse Luís - Já sei! Se posso fazer um adubo de crescimento, também posso fazer um adubo de encolhimento.

—Pode? - perguntou o delegado.

—Sim, posso - disse ele - Vou correndo para casa preparar isso agora mesmo. Vocês, aguardem aí!

E Luís saiu correndo para produzir um antídoto. Enquanto isso, a galinha continuava a agir como uma galinha (!). Ela simplesmente andava por ali, sem ligar muito para os cidadãos totalmente pasmos com a situação.

—Se eu contasse, ninguém acreditaria - disse Anne.

—É, ninguém tá acreditando mesmo - falou o dono do açougue - Acabei de mandar um vídeo da galinha no meu perfil e todo mundo tá dizendo que é fake.

—Podia ser pior, né? Ainda bem que não foi um bicho mais perigoso que comeu o adubo, né? - comentou Briana.

—Sempre vendo o lado bom de tudo, né? - disse Anne - Você devia se chamar Poliana em vez de Briana.

—Se bem que…

—O que foi, Briana? - perguntou Anne.

—A galinha não tá indo na direção do restaurante do papai, não? - disse a garota, apontando na direção do restaurante (e da galinha).

—Ai, mais essa agora - falou Anne.

É bom o Luís se apressar...


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Notas finais do capítulo

Pior que a Briana é levemente inspirada na Poliana, personagem da literatura (ou da novela, dependendo de qual dessas versões você conheceu primeiro rsrsrs)

No próximo capítulo, veremos como essa confusão toda acaba. Até lá! :)



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