Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 28
Agarre a oportunidade!


Notas iniciais do capítulo

Estamos de volta. Mais um domingo, mais um capítulo.

Boa leitura! :)



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Luciano entrou na casa principal da fazenda. Ele sabia que Ema era filha de uma das famílias mais influentes da região, afinal, seus antepassados foram os precursores do maior expoente da economia local: fábrica de sorvetes. Ironicamente, ainda que o pai de Ema administre a fábrica de sorvetes da cidade, ele mesmo se afasta o máximo de doces. Mas, voltando ao Luciano, era a primeira vez que entrava na casa de Ema. Ficou admirado com o tamanho da sala principal. Era um enorme espaço, com um tapete bem no centro, móveis que só de olhar já se podia perceber que eram caros e várias fotografias nas paredes, muitas relacionadas ao negócio da família. 

—Pode ficar à vontade - disse Ema - Eu só vou tomar banho e já volto.

—Você ainda vai tomar banho? - estranhou Luciano.

—Claro - disse ela - Acabei de voltar da minha caminhada. Estou toda suada.

—Relaxa, eu não ligo - disse Luciano.

—Mas eu ligo - disse Ema - Não vou me sentir bem sem um bom banho. Não se preocupe, não vou demorar.

Isso foi o que ela disse. Só que o banho não demorado de Ema já estava passando de seus quarenta e cinco minutos. Luciano até tentou ligar a TV da sala, mas não sabia lidar com aquele controle remoto com milhões de botões. O rapaz já estava pensando em ir embora de estômago vazio mesmo, quando, de repente, ouviu alguém chegar. Finalmente a Ema chegou! Não, não era ela. Era um homem com barba bem feita por volta de seus quarenta anos. Ele demorou para notar a presença de Luciano ali, mas, quando notou, quase caiu para trás.

—Q-Quem é você? - disse o homem - O que é isso? É um assalto? Veio aqui me roubar? 

—Não, não é nada disso - falou Luciano - Só estou aqui por que a Ema me convidou.

—A Ema? Você conhece minha filha? - perguntou ele.

—Ah, então o senhor é o pai da Ema? - disse Luciano, mais calmo - Prazer. Sou colega de sala dela.

—Colega? Sei… - disse o homem, não muito menos tenso do que estava antes.

Luciano estendeu a mão para cumprimentá-lo, mas não foi correspondido. O rapaz apenas usou a mão direita para coçar a cabeça depois disso. Já o pai de Ema apenas colocou as mãos para trás e disse:

—O prazer é todo meu. Sou Henrique Fontes - disse ele - Desculpe por não apertar sua mão, não quis ser grosseiro, mas tenho um certo receio de apertar a mão de desconhecidos.

—Mas ela tá limpinha - disse Luciano.

—Isso é o que aparenta, mas germes são invisíveis! - explicou Henrique - Você lava a mão no banheiro e um segundo depois encosta na porta e, se não souber que ela está higienizada, pega germes novamente sem saber. Germes são criaturas horríveis. Como odeio germes.

—O senhor não acha isso um pouco...exagerado? - perguntou Luciano.

—Não há exagero quando se fala de saúde e higiene, meu rapaz - disse Henrique - Aliás, há quanto tempo está aqui?

—Nem sei...acho que quase uma hora - disse ele.

—Uma hora? Está sentado aqui por uma hora? - disse Henrique - Você...tocou em alguma coisa?

—Só no controle remoto. Tentei ligar a TV enquanto esperava a Ema, mas…

—Só um minuto - disse Henrique, pegando algumas luvas de seu bolso e tomando o controle remoto - Sinto muito, não quero ser grosseiro, mas preciso mandar esse controle para a higienização.

—Ei, como assim, não sou tão porco assim - reclamou Luciano. Outra pessoa certamente ficaria bem mais ofendida.

—Novamente, não é minha intenção ser grosseiro - disse o homem - A culpa também não é sua. Ema não deve ter explicado as regras da casa para visitas.

—Que regras? - perguntou Luciano.

—Pedimos que as visitas higienizem as mãos na entrada - falou ele - Temos um pouco de álcool em gel logo ali na entrada.

—Beleza - falou Luciano, indo ali e passando álcool em gel nas mãos.

—Por favor, pode passar um pouco mais? - reparou Henrique.

—Mais?

—Sim. Apenas para garantir - disse ele - Peço mais uma vez desculpas, mas, realmente, tenho muita preocupação com minha saúde. 

De fato, ao olhar para a sala, Luciano notou o quanto ela estava limpa. Comparado com a sua própria casa, era extremamente limpa. 

—Muito bem...você disse que veio ver minha filha? - perguntou Henrique - Quais suas intenções com ela?

—Na verdade, foi ela quem me convidou - disse Luciano.

—Como? Minha princesa, minha linda Ema convidando um rapaz para vir aqui em casa? Impossível - reclamou Henrique - Todos sabem que são rapazes que convidam moças para entrar em casa.

—É? - perguntou Luciano, obviamente ignorando qualquer princípio conservador de relacionamentos.

—Ah, papai - disse Ema, finalmente aparecendo na sala. Ela usava um vestido cinza e leve - Vejo que já conheceu o Luciano.

—Ema? O que está fazendo? - falou ele - Vai mesmo ficar na sala com um rapaz nesses trajes?

—Ah, é o Luciano, ele não liga para isso - disse Ema.

—Mas...você está com um vestido que mostra acima dos joelhos. Essa é sua roupa de ficar em casa - disse ele.

—Tudo bem. O Luciano é só um colega meu - falou ela - Ele veio aqui trazer uma encomenda.

—Encomenda? - disse Henrique - Onde você trabalha, rapaz?

—Na...

—Em um estabelecimento bastante respeitado na cidade - Ema interrompeu Luciano - Ele veio trazer alguns produtos que os empregados estavam precisando.

—Entendo - disse Henrique.

—E como é meu colega de sala e o vi por aqui, achei de bom tom convidá-lo para um lanche - disse Ema, com toda a calma do mundo - As regras de boa educação dizem que devemos ser hospitaleiros, não concorda, papai?

—Bem, não vou discutir - disse Henrique - É mesmo apenas um colega de classe da minha filha?

—S-Sim - gaguejou Luciano.

—Dependendo das suas intenções, teríamos que conversar mais - disse Henrique - Sendo assim, seja muito bem-vindo. Podem lanchar na mesa da sala de jantar. 

—Obrigada, papai - disse Ema - Vou pedir para providenciarem algo em breve.

—Legal. Já tô com o bucho roncando - disse Luciano, rindo. Henrique permaneceu sério e falou baixinho para Ema:

—Ele é só um amigo mesmo, não é?

—Sim, papai.

E depois se retirou. Ema convidou Luciano para se dirigir à sala de jantar, onde eles se sentaram à mesa.

—Desculpe o meu pai. Ele é bem preocupado com saúde, higiene e com minhas companhias - disse ela.

—Percebi - falou Luciano - Mas como você demorou, heim?

—Demorei? Foi só um banho rápido, não levou nem uma hora - disse ela - Meu pai geralmente fica ainda mais tempo no banho. Uma vez ele já ficou três horas tomando banho.

“Não quero nem pensar nas contas de luz e água deles”, pensou Luciano.

—Mas não viemos aqui falar do meu pai - disse Ema - Viemos aqui falar de você.

—De mim? O que eu fiz?

—O que você não está fazendo, né, querido? - falou a garota - Você não tem se aproximado muito da Anne, não é?

—Ah, era isso - disse ele - Já falei que quero distância daquela menina!

—Sua boca diz uma coisa, mas seu coração diz outra. Acredite em mim. Sou boa em perceber essas coisas - disse ela - Mas, se você é lerdo demais para aceitar seus sentimentos, pode deixar que eu te ajudo.

—Não, obrigado.

—Você não confia em mim?

—Não.

—Grosso! - falou Ema se aproximando mais do rosto de Luciano.

—Intrometida! - respondeu ele, também se aproximando dela.

—Lembre-se que posso mandar não servirem mais o lanche… - disse Ema, encarando ainda mais o garoto.

—Intrometida? Não, eu quis dizer comprometida, comprometida com aquilo que se propõe a fazer. É, isso. Você é uma pessoa esforçada.

—Ah, assim está melhor - disse Ema, afastando o rosto - Estou fazendo isso pelo seu bem. Vocês foram feitos um para o outro. Tenho certeza.

—Olha, não quero ser chato, mas você tá viajando. Eu realmente não gosto daquela menina e estou preocupado com outra coisa. Preciso voltar e ensaiar meu violão.

—Por falar nisso, Luciano. Quando surgiu esse interesse repentino por violão?

—É para aumentar a clientela da lanchonete - disse ele - Quero que os clientes comam e apreciem uma boa música.

—Boa música? E como você está se saindo?

—Então, estou meio enferrujado, mas já consigo tirar alguma coisa - disse ele.

—Talvez o que você precise é de mais propaganda - falou Ema - Já sei! Posso agendar uma apresentação sua aqui na fazenda.

—Como? - estranhou Luciano.

—É. Você pode se apresentar com sua música aqui. Serei sua mecenas.

—Mas eu não quero ser amassado - reclamou Luciano.

—Quero dizer que serei sua patrocinadora - disse Ema - Eu cuido das despesas da apresentação. Você só precisa vir aqui e cantar.

—Mas…

—Mas?

—Se tem uma coisa que pobre aprende nessa vida é que nada é de graça. Se você tá me dando essa chance é porque quer alguma coisa em troca, não é?

—Já que mencionou isso...você pode se apresentar com uma condição.

—Condição?

—Nada demais. Só uma coisinha que quero ver na apresentação.

“O que ela quer?”, pensou Luciano.


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Notas finais do capítulo

É...o que ela vai querer? Aguarde o próximo capítulo.

Com a aparição do pai da Ema acho que já apresentei todos os personagens mais recorrentes nessa fic. A partir de agora, a tendência é que a fic tenha arcos mais ou menos curtos, aprofundando mais a personalidade deles (mas, claro, novos personagens podem aparecer eventualmente).

Obrigado por ler e até a próxima!

:)

PS: Já deu pra ver que Henrique não vai ser um sogro fácil, né? XD



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