Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 183
Confidências




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Anne descobriu o plano desprezível de Abílio para fazer Luciano se casar com ela. Não ficando para ouvir que focinho de porco não é tomada, Anne simplesmente fugiu de Luciano até parar na floresta da colina do arrepio, onde se encontrou com Samara e acabou se escondendo na casa dela. Já Luciano, procurava Anne desesperadamente para resolver essa situação.

—Droga, onde aquela menina se meteu? - reclamava ele, pedalando com tudo em sua bicicleta. Eis que ele viu seu colega de sala, Carioca, andando tranquilamente pela rua.

—Fala, Luciano? Aproveitando a noite para dar uma pedalada? - disse o garoto, com toda a calma.

—Carioca - falou Luciano - Você viu a Anne?

—Claro que vi - disse ele.

—Onde? - perguntou Luciano, mais otimista.

—Hoje de manhã na aula - falou ele - É dessa Anne que tu tá falando, né?

Luciano apenas suspirou.

—Não, Carioca. Tô perguntando se você viu a Anne agora.

—Ah, não - disse o garoto - Não vi, não.

—Puxa - reclamou Luciano - Onde ela se meteu?

—Tu tá com uma cara de preocupação, heim? Aconteceu alguma coisa?

—Briguei com ela - disse Luciano.

—Até aí novidade nenhuma - disse Carioca - Vocês vivem brigando.

—Mas dessa vez é diferente - falou Luciano - Não dá pra explicar agora, mas eu preciso encontrar a Anne. É uma questão urgente.

—Já procurou no restaurante? Ela trabalha lá, né? - perguntou Carioca.

—A briga aconteceu depois que ela voltou de lá - disse Luciano.

—Já sei! Deve estar na casa dela! - falou o garoto.

—Não - disse Luciano - Ela simplesmente saiu pela cidade. Se ela estivesse em casa, seria mais fácil.

—Aí complica, heim? - disse ele - Bom, meu pai é o delegado. Podemos falar com ele.

“Não sei se isso vai ajudar ou atrapalhar”, pensou Luciano.

—Valeu, Carioca - disse Luciano - Vou continuar procurando e…

—Não, espera. Tive uma ideia - falou ele - Tem alguém que pode ajudar a gente!

—Quem?

Poucos instantes depois, Luciano e Carioca estavam na parte da pracinha em que Amadeu, o urso, costumava dormir depois do trabalho (lembramos que Amadeu ajudava no pronto-socorro da cidade).

—E aí, Amadeu? Beleza? - cumprimentou Carioca.

O urso estava varrendo o excesso de folhas (sim, isso mesmo que você leu) e levantou a pata como cumprimento. Depois disso, Carioca explicou a situação.

—Então foi isso, a Anne tá em algum lugar que o Luciano não consegue encontrar. Tu pode dar uma mão pra gente?

—Por que você pediu ajuda para o Amadeu? - estranhou Luciano.

—Já vi em algum lugar que faro de urso é mais aguçado que olfato de cachorro. Ele deve encontrar a Anne fácil pelo cheiro - explicou Carioca.

—Sério? Você consegue fazer isso, Amadeu?

Amadeu fez que sim com a cabeça e Carioca tirou uma borracha do bolso.

—O que é isso? - perguntou Luciano.

—É a borracha que eu peguei emprestado com a Anne hoje na escola e esqueci de devolver - disse ele - Quem diria que ser desligado ajudaria a salvar o dia, né? Deve ter um pouco do cheiro da Anne ainda.

Amadeu cheirou a borracha. Os garotos apenas aguardaram.

—E aí? Será que rola? - perguntou Carioca.

Amadeu balançou positivamente a cabeça e saiu andando.

—Beleza! Vamos seguir o urso! - disse Carioca.

—Valeu, tu é o cara! - disse Luciano.

Enquanto os meninos (e o urso) seguiam a trilha de onde Anne poderia estar, a garota estava na casa de Samara, mais precisamente no quarto dela. A mãe de Samara trouxe a água que Anne pediu, Samara entregou para a garota e ela bebeu tudo imediatamente.

—Nossa, que sede - falou Anne - Muito obrigada.

—N-Não foi nada - gaguejou Samara.

Sem saber muito bem o que dizer, as duas apenas ficaram em silêncio por alguns instantes. Samara estava realmente tensa.

“Caraca, como ela é bonita”, pensou a baixinha, olhando para Anne com mais atenção. “Não tenho a menor chance contra ela…”

—Seu quarto é bem legal - disse Anne, tentando puxar algum assunto.

—Ah, o-obrigada - disse Samara.

O quarto de Samara tinha paredes escuras e sem muitos acessórios. Tinha uma penteadeira simples com espelho, alguns livros, mas nada que lembrasse muito o quarto de uma adolescente mais normal.

—Nossa, Harry Potter - reparou Anne, olhando para os poucos livros que tinha - Então, você também gosta?

—Ah, ah, sim. Li a série toda - disse Samara - Meu pai sempre traz algum livro quando visita a cidade vizinha. Passo meu tempo lendo e pesquisando coisas na Internet mesmo…

—Você tem algum sonho? - perguntou Anne.

—Sonho?

—É, o que você quer fazer depois de acabar a escola?

—Ainda estou decidindo - falou Samara, timidamente - Não sou boa em nada, então não sei o que quero fazer.

—Ah, o que é isso? - disse Anne sorrindo - Todo mundo sabe fazer bem alguma coisa. Você só precisa descobrir.

—T-Talvez…algo com livros - disse Samara.

—Tipo, escrever um livro?

—N-não sei. Gosto de ler, então faria algo assim - explicou Samara, timidamente.

—Viu só? - disse Anne - Já tem alguma coisa que você se interessa. Eu quero ser médica mesmo.

—Médica? Ah, é bem difícil, né?

—É, por isso preciso estudar bastante - disse ela - Não dá pra perder tempo com namorico ou coisa assim.

—É…eu entendo…eu acho - disse Samara, sem saber direito como lidar com as palavras.

—Você se dá bem o Luís, não é? - perguntou Anne.

—P-por que está me perguntando isso agora? - disse Samara, ficando vermelha.

“Ficou vermelha, que fofinha”, pensou Anne.

—Não sei nem se sou amiga dele para dizer a verdade - balbuciou Samara.

—Mas você até participou com ele na corrida - lembrou Anne - Desculpa, achei que você tinha um crush nele.

—N-Não, eu não! Eu…

—Calma, não precisa ficar nervosa - disse Anne - Não precisa falar nisso se não quiser. Também não gosto que fiquem me empurrando para os outros sem eu querer.

—Bom, é que…eu achei que ele só tinha olhos para você - comentou Samara.

—Ah, já falei com ele sobre isso - disse Anne - Eu gosto do Luís como amigo, mas não como namorado. Ele vai ter que superar isso.

—Entendo. Será que ele supera?

—Espero que sim - falou Anne - Não posso corresponder o que ele sente. Se bem que até o Luís deve ser um namorado melhor do que aquele…

Samara olhava atentamente para Anne enquanto ela resmungava essas palavras.

—Ah, desculpa - disse Anne, imediatamente - Não quero te encher com meus problemas!

—V-você ia falar de alguém? - perguntou Samara.

—Ah, era o Luciano da minha sala - disse Anne - Ele pisou na bola comigo.

—É dele que você gosta? - perguntou Samara.

—Agora eu nem sei mais - disse a garçonete, desviando o olhar - A gente se decepciona com as pessoas, viu?

—Eu…eu…confesso que tinha um crush no Luciano - disse Samara, rapidamente e toda vermelha.

—Quê? - disse Anne, pasma, se curvando para a frente para olhar Samara - É sério isso?

—Ah, por que fui falar isso? - disse Samara - Esquece o que eu disse! Não disse nada! Além disso, foi no passado, tinha, não tenho mais.

—E o que fez você mudar de ideia? - perguntou Anne.

—Eu…não sei muito bem…

—Será que…será que foi a convivência com o Luís? - provocou Anne.

—Não! O Luís…não quer nada comigo - reclamou Samara.

Anne sorriu.

—Acho que você devia insistir - disse Anne - O Luís precisa enxergar que tem alguém além de mim no mundo e você parece a pessoa certa para isso.

—N-Não, eu…

—Desculpa, não quis ser intrometida - falou Anne, sorrindo - Se não quiser falar sobre isso, tudo bem. Também detesto que fiquem me enchendo com esses assuntos.

—N-não, eu…acho até legal falar sobre isso - disse Samara - Nunca tive a oportunidade de falar com alguém assim antes…

—Escuta - disse Anne, pegando nas mãos de Samara e sorrindo - Sempre que quiser conversar com alguém, pode vir falar comigo, tá? Somos amigas.

“Amigas”, pensou Samara em sua mente com uma sensação de felicidade indescritível. “Além da Briana, a Anne também é minha amiga? Mesmo? Eu…vou chorar de felicidade…”

Esse momento fofo poderia ser mais fofo se um grupo de garotos (e um urso) não tivessem chegado na frente da casa de Samara. Amadeu apontou para a casa, indicando que Anne estava lá.

—É aqui, Amadeu? - perguntou Luciano.

O urso respondeu afirmativamente e Luciano tocou a campainha.

—Anne! - gritou ele - Anne, você tá aí?

As meninas ouviram o barulho. Anne ficou tensa na mesma hora.

—É o Luciano? Eu não acredito! - reclamou a garota - Que droga!

Parece que eles vão ter que conversar de qualquer jeito.


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Notas finais do capítulo

E vamos ver como eles se ajeitam no próximo capítulo.

Estamos chegando perto do final. Fique com a gente até o fim.



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