Vila Baunilha escrita por Metal_Will
Beni continuava empolgado com o valioso item que acabara de comprar. Tá, tudo bem, era só um quebra-cabeças vagabundo de poucas peças, mas o caixeiro viajante chinês contou uma história que deixou a imaginação de Beni em polvorosa. Faltava uma peça, uma única peça, que estava em algum lugar de Vila Baunilha. Se Beni completasse o quebra-cabeça, poderia ganhar algum poder misterioso. Claro que nosso amiguinho não conseguia pensar em outra coisa.
O garoto foi para a praça da cidade, abriu a caixa e começou a montar o quebra-cabeças ali mesmo. Não demorou muito para ele completar a figura de uma paisagem e confirmar que havia uma peça faltando. Agora, tudo que ele precisava fazer era encontrar essa peça faltante para ganhar os supostos poderes que precisava para cumprir sua missão de salvar o mundo (de acordo com os sonhos dele, é claro).
“Caraca, só falta uma peça...justamente a peça que completa o telhado daquela casinha da paisagem ali”, pensava ele, sem perceber que alguém se aproximava.
—Oi, Beni - disse Briana, sua colega de sala, chegando de mansinho perto dele.
—Ah, é você - falou Beni - Desculpa, estou muito ocupado agora. Isso aqui é importante.
—O que é isso? - falou Briana, olhando para o quebra-cabeça montado na caixa - Nossa, que lindo. Foi você que fez?
—Ah, é fácil de montar - disse ele - É só começar pelas bordas.
—Mas está faltando uma peça - reparou Briana.
—Eu sei - disse Beni - E essa é a melhor parte!
—Não entendi.
Beni explicou toda a história contada pelo vendedor. Briana ficou encantada, apesar de um pouco desconfiada.
—Mas será que é verdade mesmo? - perguntou ela.
—Bem, tem uma peça faltando - disse ele - Pelo menos isso é verdade. Segundo o vendedor, a peça está bem aqui mesmo, em Vila Baunilha.
—Onde será que está? - indagou Briana.
—Essa é a grande questão. Não sei - disse ele - Mas seria bom achar ela logo. Essa deve ser minha prova para ganhar o direito de salvar o mundo.
—Ah, é. Aquela sua missão - lembrou Briana - Você ainda não desistiu disso.
—Ei, é o destino do mundo que tá em jogo aqui! - reclamou Beni - Como eu posso desistir?
—Tá, desculpa - falou Briana - Mas não temos nenhuma pista, né?
—Pois é - concordou Beni - Isso não vai ser fácil.
—Bom, enquanto não pensamos em nada. Vamos dar uma volta? O dia tá tão lindo hoje - disse Briana.
—Ah, que seja - falou Beni - Acho que uma caminhada vai ajudar a pensar um pouco.
E os dois seguiram andando e conversando sobre o assunto, mas nem sinal de uma pista sobre a peça perdida. Em meio à caminhada, eles passam pelo posto de saúde, bem no momento em que dona Cleide saía de lá.
—A saúde da senhora está incrível dona Cleide - falou doutor Renato - Nem parece que a senhora tem a idade que tem.
—Está me chamando de velha? - reclamou ela.
—O que é isso? Com essa saúde, a senhora nem parece que tem…
—Nem complete essa frase, mocinho - disse a senhora - O importante é que meus exames estão ok. Não ligo para o resto.
Briana observou isso e teve uma ideia.
—Já sei - falou ela - A dona Cleide deve saber de alguma coisa!
—Por quê?
—Ah, ela já mora aqui faz tempo. Deve conhecer essa lenda - explicou Briana.
Assim, os dois correram até dona Cleide e doutor Renato.
—Dona Cleide! - disse Briana, com seu sorriso fofo de sempre - Precisava muito falar com a senhora!
—Heim? Comigo? O que aconteceu? - perguntou a anciã.
—Fala para ela, Beni - disse Briana - Você sabe da história melhor do que eu.
Beni explicou tudo. Dona Cleide, ao ouvir aquilo, só conseguiu pensar que passaram a perna no garoto.
—Desculpa, meu filho - disse ela - Nunca ouvi nada sobre isso. Só se aconteceu há muito, muito tempo mesmo, mas acho que…
Antes que dona Cleide terminasse de falar, doutor Renato a interrompeu.
—Não, espera - disse ele - Acho que já ouvi falar sobre isso.
—Como? - estranhou a senhora.
Beni e Briana se olharam com um sorriso.
“Ah, isso vai ser muito divertido”, pensou doutor Renato, vendo potencial naquela história para armar alguma pegadinha.
—Isso é verdade? - perguntou Beni.
—Bem, preciso ter certeza. Tenho alguns documentos antigos sobre a cidade guardados em casa. Acho que até sábado consigo ver isso.
—Sério mesmo? - Beni estava empolgado - Posso passar aqui no sábado para conferir?
—Claro - confirmou o médico.
—Que legal - disse Briana - Agora você já tem uma pista! Também tô curiosa. Quero vir com você aqui no sábado.
—Combinado - disse Beni.
E os dois saíram felizes. Dona Cleide, evidentemente, não acreditou em uma palavra.
—Fala sério, você nunca ouviu falar de nada disso, não é? - falou ela.
—Dona Cleide, não diga nada para as crianças, pode ser? - continuou o doutor - Essa vai ser uma das melhores brincadeiras que já fiz.
—Você e seu senso de humor exagerado - reclamou a velhinha - Tá bem, não falo nada. Mas vê lá o que você vai aprontar com essas crianças, heim?
—Fique tranquila.
Os dias se passaram e, quando finalmente chegou o sábado, Beni e Briana seguiram para o posto de saúde bem cedinho para falar com o doutor. Amadeu, o urso auxiliar do posto, varria a entrada quando eles chegaram.
—Bom dia, Amadeu - disse Briana - O doutor Renato está?
Amadeu fez que sim com a cabeça e apontou para a janela, onde doutor Renato acenava.
—Ei, crianças - disse ele - Podem entrar. Acho que vocês vão gostar da notícia.
Beni e Briana entraram no consultório dele. Doutor Renato abriu sua gaveta e mostrou um mapa antigo.
—O que é isso? - perguntou Beni.
—Eu sabia que aquela história não me era estranha - disse o doutor - Achei esse mapa antigo da cidade acompanhado dessa carta aqui.
Beni leu a carta. Ela dizia sobre uma antiga peça de quebra-cabeças que deveria ser guardada com todo o cuidado.
—É isso! Só pode ser isso! - disse Beni.
—Foi como você falou, Beni - disse o médico - Aquele homem não queria que os grandes poderes do quebra-cabeças lendário caísse em mãos erradas.
—Mas que poder seria esse? - perguntou Briana.
—Pode me mostrar o quebra-cabeças que você montou, Beni? - perguntou o médico.
—Claro. Estou sempre com uma foto dele aqui - falou o garoto, mostrando a imagem que tinha da paisagem que se formava quando o quebra-cabeças era montado.
—Acho que isso combina com o que foi dito no final da carta - falou o médico.
Beni releu as últimas palavras. Dizia algo como “nem todos estão prontos para desvendar os segredos da mente”
—Mas o que isso tem a ver com a paisagem? - perguntou Briana.
—Porque é um imagem que transmite tranquilidade - explicou doutor Renato - Apenas aqueles com uma mente pura e clara podem despertar o verdadeiro poder mental.
—Faz sentido - falou Beni - Deve ser algum tipo de poder mental ou psíquico!
É claro que o médico só inventou aquilo na hora, mas foi o suficiente para deixar Beni empolgado.
—E esse mapa leva ao local em que a peça está escondida? - perguntou Briana.
—Talvez - disse ele - Pelo que interpretei do mapa...
O doutor fez uma pausa, olhando para o próprio mapa que ele havia desenhado como se fosse algo muito misterioso.
—Esse local parece uma caverna antiga aqui da região - falou o médico.
—Uma caverna? - repetiu Briana, meio assustada - Então não vai ser muito fácil encontrar, né?
—Ah, não importa. Vamos dar um jeito - disse Beni, confiante.
—A Briana tem razão - falou o médico - É muito perigoso para crianças como vocês irem lá sozinhas.
—Mas…
—Mas não se preocupem - disse o médico, interrompendo Beni - Conheço a pessoa perfeita para acompanhar vocês nisso.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Quem será? (como se ninguém soubesse que é o Gustavo).
Kkkk
Obrigado por ler e até a próxima! :)