Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 122
Um novo ship




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O dia seguinte à conversa que Márcia teve com Anne e Ema era um sábado. Novamente, Márcia teve a tarefa de comprar algumas coisas para a casa e lá estava ela, mais uma vez, andando pelo centro da cidade com suas compras. Naquele momento, Márcia estava no armazém, prestes a pagar no caixa.

—Obrigada e volte sempre - disse a moça do caixa para Amadeu, o urso cidadão honorário de Vila Baunilha.

Amadeu fez um cumprimento com a cabeça e saiu.

—Nossa - comentou Márcia, a próxima da fila, depois que Amadeu saiu - É o animal mais inteligente que já vi.

—Já nos acostumamos - disse a atendente - Ele sempre paga tudo direitinho e é um ótimo funcionário do posto de saúde.

“Essa cidade é mesmo demais”, pensou Márcia, mantendo seu bom humor. 

Enquanto isso, outra conhecida nossa, Ema, também estava aproveitando a manhã ensolarada para passear pela cidade e comprar material de papelaria. Ao ver Márcia saindo da loja, tratou de se esconder imediatamente atrás de uma árvore.

“A Márcia de novo”, pensou ela. “Droga, ainda não pensei em um jeito de fazer ela tirar o Luciano da cabeça!”

Apesar disso, Ema espiava Márcia de longe. Enquanto saía da loja, Márcia acabou se esbarrando com o policial da cidade, soldado Caxias, andando distraído naquele momento por achar que viu um cachorro atravessando fora da faixa de pedestres (aparentemente, ele parecia acreditar que a lei também se aplica aos caninos). O encontrão fez com que Márcia derrubasse sua sacola.

—Ai, caiu tudo - disse Márcia.

—Oh, perdão - falou soldado Caxias, desesperado com o erro que cometera - Foi culpa minha. Pensei ter visto uma infração da lei.

—Não tem problema - falou Márcia gentilmente - Eu já recolho tudo.

—O quê? De forma alguma! Deixa comigo! Eu pego tudo.

O soldado pegou rapidamente todas as sacolas e entregou nas mãos de Márcia. As mãos dos dois se encontraram muito rapidamente, mas o suficiente para ser percebido pelos olhos românticos de Ema.

“É isso!”, pensou Ema. “Márcia vai esquecer o Luciano se encontrar alguém perfeito para ela! E o soldado Caxias é o parceiro ideal!”

—Bem, obrigada - disse Márcia, após receber as sacolas - Continue o bom trabalho.

—Não foi nada. Tenha um bom dia - respondeu o soldado.

Márcia respondeu com um sorriso simpático e foi embora. Depois disso, o soldado retomou sua caminhada de ronda. Essa era a oportunidade de Ema dar as caras.

—Soldado Caxias, muito bom dia - disse a garota, aparecendo como se estivesse chegando naquele momento.

—S-Senhorita Ema. B-Bom dia - gaguejou o soldado.

O gaguejo era justificado, afinal, apenas para lembrar os mais esquecidos, nosso soldado era perdidamente apaixonado por Ema, embora ela não tivesse a menor ideia desse sentimento. O fato de Caxias ser tímido demais para expor seu sentimento por Ema de forma clara também não ajudava muito.

—Como vão as coisas? - perguntou a mocinha.

—Muito bem. Melhor agora ao te ver - respondeu ele, sorrindo de orelha a orelha.

—Gentil como sempre - respondeu Ema, após um sorrisinho.

Pois é, Ema não percebia os sinais absurdamente claros de interesse por parte de Caxias. Lembramos que ela era ótima para reparar sentimentos nos outros, mas péssima quando se tratava de avaliar o próprio coração.

—Queria falar algo com você… - continuou ela.

—Claro. No que posso ajudá-la? - perguntou o soldado.

—Não está ocupado? - perguntou ela.

—A cidade está bem tranquila hoje - disse ele.

E quando não está?

—Além disso, sempre posso arranjar tempo para você, senhorita Ema - prosseguiu o soldado.

—Oh, agradeço sua gentileza - disse ela, ignorando mais essa indireta - É um assunto um pouco pessoal.

—P-pessoal?

—Bem, soldado. Sei que sua carreira na polícia ainda está bem no começo, mas ela é bem promissora, não?

—Oh, sim - concordou ele - Não ganho tão bem assim, mas já dá para ajudar minha família na cidade vizinha. Eu também posso ser promovido com o tempo.

—Então você parece um bom partido - disse Ema.

O soldado sentiu como se todo o sangue de seu corpo fosse direto para o seu rosto.

“O-o que é isso?!”, pensou ele. “Será que ela estaria...demonstrando interesse?”

—Soldado?

—S-Sim, senhorita Ema. Pode falar.

—Bem, é que um policial pode ser um bom partido e creio que você pense em se casar algum dia, não?

—Sim. Claro que sim! - o policial respondeu imediatamente - Só entraria em um relacionamento visando os laços sagrados do matrimônio!

Claro que essa agradou os ouvidos conservadores de Ema.

—Noto que tem tudo para ser um excelente marido.

—A-a senhorita acha mesmo?

—Claro - confirmou ela - Como boa casamenteira que sou, sempre estou de olho em casamentos promissores.

Soldado Caxias não conseguia disfarçar sua empolgação. Aquilo era bom demais para ser verdade.

—Você está bem, soldado? Está tão vermelho…

—Deve ser o calor - respondeu ele.

—É, hoje está bem quente mesmo - concordou Ema - Mas, voltando ao assunto, sempre me preocupo em ajudar no casamento dos meus queridos. E sempre pensava em quem poderia ser a felizarda a ganhar seu coração, soldado.

“Deus ouviu mesmo minhas preces”, pensou o soldado. “A própria senhorita Ema está me propondo matrimônio. É isso mesmo. Parece bom demais para ser verdade.”

—Mas acho que você está muito ocupado hoje, não é, soldado?

—Já disse que tenho todo o tempo do mundo para você, senhorita Ema.

—Mesmo assim, não acho que seja apropriado conversarmos em seu momento de trabalho - insistiu ela - Vamos combinar uma reunião em seu horário de folga. Você sai do posto policial às cinco, não é?

—S-sim - falou ele - Hoje não tenho plantão à noite, então estou com a noite livre.

—Podemos então marcar uma reunião hoje às sete na sorveteria?

—C-Claro - gaguejou ele, não conseguindo esconder sua felicidade.

—Combinado, então. Até mais, soldado - ela se despediu, com um sorriso.

—Até - falou ele, não disfarçando seu sorriso animado. 

Assim que Ema saiu de cena após esse diálogo de novela das seis, o soldado saiu dando cambalhotas e dando aqueles saltinhos que batiam os tornozelos.

“Ela quer se casar comigo! Ela quer se casar comigo!”, pensava o iludido policial. “É o dia mais feliz da minha vida! Sou o homem mais feliz do mundo! Não, do universo!”

Enquanto isso, Ema correu até a casa de Márcia, chegando bem na hora em que ela estava chegando com as compras (lembramos que Ema é bastante atlética, então correr não era um problema).

—Márcia!

—Ema? - estranhou a garota, ao vê-la chegar correndo - Aconteceu alguma coisa?

—Preciso conversar algo com você hoje - falou ela.

—Pode falar.

—Aqui não. Vamos falar com calma - disse Ema - Que tal tomarmos alguma coisa na sorveteria da cidade hoje às sete?

—Olha, se for sobre o Luciano…

—Não, não é sobre o Luciano, é algo bem melhor - disse ela - Só confia em mim, tá bem?

—Ai, agora tô curiosa. Fala logo!

—Só passa na sorveteria hoje às sete, tá legal?

—Tá, tá bom - disse Márcia, após um suspiro - Espero que seja algo interessante mesmo.

—Você não vai se arrepender - falou Ema.

—Combinado, então.

Ema se despediu e foi para casa, feliz por encontrar mais um casal a se dedicar.

“Perfeito”, pensava Ema, sem parar de sorrir o caminho todo. “Tiro essa ideia imbecil da Márcia ficar com o Luciano e ainda consigo um bom par para o meu amigo soldado Caxias. Adoro quando as coisas vão de acordo com os meus planos!”

Enquanto isso, o soldado não parava de olhar o relógio da delegacia, enquanto jogava xadrez com o delegado (era o que tinha para se fazer)

—Puxa, esse relógio não anda - pensava o soldado, ansioso.

—Xeque-mate - falou o delegado - Está mais distraído do que de costume, heim, rapaz?

—O que posso fazer? Terei um encontro com a senhorita Ema hoje à noite.

—Oh, finalmente resolveu se confessar, heim?

—Na verdade, acho que parece mais o contrário.

—O contrário? Duvido. Senhorita Ema é uma jovem conservadora. Ela nunca se prestaria a tomar a iniciativa antes de você.

—Sei disso. Ela foi discreta como sempre - falou o soldado - Por isso, preciso conduzir a conversa para que eu faça a declaração.

—Assim que se fala! - disse o delegado - Estarei torcendo por você!

Pobre soldado...


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Notas finais do capítulo

"diálogo de novela das seis". Bem, Chocolate com Pimenta influenciou bastante essa fic. Kkkk

Vejamos no que isso vai dar. Até o próximo capítulo! :)



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