Don't you remember? escrita por RebelQueen


Capítulo 2
Capítulo 1 - Barco de papel


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas novamente, eu queria dizer que amei os comentários de vocês!
Espero não decepcionar. Sem enrolação, vamos ao capítulo.



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Dois meses antes

Sara estava na sala de convivência, dias longos, ser acusada de assassinato, a separação e todos a olhando como se tivesse traído Grissom estava a dilacerando. Era duro demais lidar com tudo aquilo, como podia falar com seus amigos se nem ela mesma acreditava que estavam separados. Ela vinha se mantendo a base de pílulas, de álcool e de café amargo para curar algo por dentro que já não sabia se tinha cura. Pegou o café da máquina e se virou quando ouviu a porta da sala abrir, lá estavam Nick e Greg.

 – É tarde para uma intervenção, não acham? – sorriu verdadeiramente ao olhar os amigos, era a primeira vez que se sentia mais leve depois de tudo. Eles agora sabiam, Nick era o que parecia um pouco mais desconfortável.

 – É que eu achei que... – começou o perito mas foi interrompido por Greg.

 – Nós – ambos trocaram um olhar e sorriram.

 – Nós – assentiu para Greg – achamos que poderia ser uma boa idéia conversar.

 – Ou escutar, o que preferir – falou o garoto de cabelos loiros.

 – Sentem-se – Aquelas eram palavras boas de ouvir depois de tanto tempo, Sara permitiu-se um ligeiro sorriso de lado, sentia falta de conversar com alguém, sentia muito por não ter os procurado logo e dividido todo o peso.

 – Eu não queria ter afastado vocês, eu não contei sobre o Grissom porque nem eu mesma queria acreditar – lembrar da separação deixava um gosto amargo na boca da perita, mas seus amigos mereciam saber, ela precisava disso também, podia sentir o nó na garganta e a voz começar a embargar – fizemos uma reserva para jantar juntos antes de terminarmos e quando estava sozinha lá no restaurante eu... honestamente esperava que ele aparecesse.

Greg e Nick observaram o rosto da amiga se transformar em uma expressão de dor, ela estava sofrendo com tudo aquilo.

 – Eu acho que todos nós gostamos da idéia de vocês dois juntos e talvez porque essa tenha sido a forma que encontramos de tê-lo por perto mais um pouquinho sabe? Mas se acabou, acabou.

 – Não pode sentar e esperar para sempre – Greg se manifestou, ver sua amiga sofrendo daquela forma o deixava preocupado. Ela havia sido a primeira a reconhecer que ele merecia estar em campo e sempre estavam ajudando um ao outro.

 – E você sempre terá a gente – Nick forçou um sorriso engraçado, para tornar o clima mais leve, tudo aquilo estava sendo uma confusão e podia imaginar como doía para Sara, funcionou viu a morena dar um sorriso.

 – Goste ou não – completou Greg também sorrindo.

 – Obrigado, obrigado por não desistirem de mim. – Os peritos assentiram e levantaram para abraçar a amiga, jamais desistiriam dela. Estariam sempre ali.

Não sinto falta.

Eu sinto ânsia.

Distância.

Do teu signo-preto,

Do teu silêncio-grito.

 

Sinto ânsia e a provoco

Enfio meus dez dedos na garganta

Pra ver se vomito teu ser

Da minha alma.

(Barquinho de papel – Anavitoria)

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O barulho do insistente celular assustou o jovem de cabelos loiros que dormia profundamente, quando atendeu não pôde precisar o choque. Era a emergência, sua melhor amiga havia sofrido um grave acidente, o carro teria deslizado e invadido a pista ao lado colidindo com um caminhão, ela estava viva, mas seu estado era grave.

No Desert Palm, com toda a equipe foram informados do coma, os médicos não puderam precisar o estrago do impacto na cabeça da perita e tudo que podia ser feito era esperar. Além de toda a confusão havia a enorme dúvida: contatar Grissom ou não? O ex marido da amiga merecia saber, mas todos concordaram que talvez fosse traumático para Sara acordar e ter de lidar com ele ali. Optaram por não fazê-lo, afinal nem a própria Sara sabia do paradeiro do ex, não seria um bom momento.

Há onze longos meses eles esperavam atentamente qualquer sinal de melhora, todo o laboratório seguia atento ao estado de Sara, após ser contatado Greg informou a toda a equipe o que havia acontecido e agora revisavam os cuidados com a perita. Haviam sido meses difíceis e de perder a esperança, depois de meses em coma Sara estava mais magra e um pouco mais pálida.

Se sentar todas às quartas-feiras ao lado do leito da amiga já havia se tornado um ritual para o jovem de cabelos loiros, sempre lia algo esperando ficar acordado e vê-la acordar também. O quarto havia sido decorado pelos amigos do trabalho, haviam fotos e mais fotos com quase toda a atual equipe.

Tomou seu posto na poltrona ao lado da cama, seria só mais um dia comum da sua rotina durante aqueles onze meses, dessa vez mais cansado que o normal ficou observando de longe o porta retrato em que estavam ele, Sara e Nick. Um sorriso brincou em seus lábios, era saudade, misturada com arrependimento, tinha tanta esperança que ela acordasse como em um filme de drama, onde após longos meses lá estava de volta tudo retornando ao seu ritmo.

O quarto estava ainda um pouco escuro já que as janelas estavam fechadas, decidiu permanecer assim, não havia qualquer vontade de levantar-se, o cansaço estava acabando com ele e aquela poltrona com suas costas. Lentamente deixou-se fechar os olhos e logo adormeceu.

Não sabia precisar por quanto tempo dormiu, mas quando abriu seus olhos e olhou para a cama ao lado imaginou estar sonhando. Sara estava acordada, finalmente sua amiga estava acordada, imediatamente levantou-se e abraçou-a desajeitadamente, até que ela disse que não se lembrava dele.

Após sair do quarto para contatar Nick para dar a boa notícia e procurar urgentemente um médico para Sara, lá estavam os pensamentos do jovem CSI de novo. Queria poder dar a amiga o que ela merecia: uma segunda chance de ser feliz sem carregar toda aquela mágoa consigo, havia muita coisa pela a qual ela havia passado e agora a vida parecia dar uma segunda chance, nova, recomeçar tudo!

A equipe de forenses do turno noturno aguardava do lado de fora enquanto Sara era examinada pelos médicos, tanto a neurologista que acompanhou seu caso quanto o clínico geral estavam no quarto da perita para fazer algumas avaliações sobre seu estado de saúde.

 – Ela não se lembra de nada? – Morgan questionou.

 – Não sei ainda, quando ela acordou não foi capaz de me reconhecer.

 – Só vamos ter qualquer certeza após a avaliação médica. – Nick falou calmamente, lançado um olhar inquisitivo a Greg, ainda pensava se era certo as loucuras do amigo, talvez estivessem exagerando. Nesse momento, o clínico geral saiu do quarto, encontrando rostos bastante conhecidos por ali, mesmo após meses a equipe se revesava nos cuidados com Sara. Após os devidos cumprimentos, o médico não estava surpreso pelo desespero por notícias.

 – Como ela está, Dr. Steve?

 – Ela está passando por uma avaliação mais minuciosa com a neurologista nesse momento, mas está bem, consciente. Aparentemente, a paciente perdeu parte da memória devido ao trauma que sofreu na cabeça durante o acidente.

 – Tem como precisar o quanto esse trauma afetou a memória dela? – Morgan foi a primeira a se manifestar.

 – Essa é uma resposta que só a Dra. Terry poderá dar, quanto a saúde de Sara em geral, ela está bem, mas colhemos material para realizar alguns exames. Inicialmente a paciente vai sentir alguns desconfortos comuns depois do tempo de coma.

 – Dr. Steve? Precisam do senhor na emergência.

A enfermeira anunciou, tomando a atenção dos presentes.

 – Obrigada, Abby! Já estou a caminho. – O médico se virou novamente para toda a equipe forense – Fiquem calmos, Sara logo estará de volta para casa, ela é extremamente forte, tenho certeza que se recuperará rápido. Preciso me retirar, com licença.

O movimento de pessoas era constante no hospital, profissionais da equipe médica iam e vinham, uma rotina tão conturbada quanto a da equipe de CSI’s que esperava por notícias da neurologista em frente ao quarto da perita. Jim Brass era o mais absorto, durante todo esse tempo se viu em um conflito interno por estar escondendo o acidente do ex marido da perita, não era justo com Grissom esconderem isso dele, mas seu velho amigo cabeça dura também não tinha sido justo com Sara, ela estava sofrendo cada dia mais e mais, era dilacerante vê-la naquele estado depois de tudo.

A porta do quarto da perita foi aberta, Dra Terry saía de lá com sua prancheta em mãos terminando algumas breves anotações quando percebeu os vários pares de olhos em sua direção, ansiosos por resultados. Ela se lembrava de alguns, mas principalmente do moreno forte chamado Nick e do garoto loiro, Greg, estes eram presenças mais constantes.

 – Vocês são os colegas de trabalho da paciente, certo?

 – Sim, como ela está? – Greg questionou.

 – A paciente sofreu uma pequena lesão em parte do hipocampo, essa é a parte do cérebro responsável pela memória e a conversão das memórias de curto prazo em memórias de longo prazo. Não houveram danos na fala e nem na coordenação.

 – Tem como saber até onde o trauma afetou a memória dela? – agora o questionamento partiu de Jim, consciente de que agora todos olhavam para ele que desde sua chegada tinha permanecido calado.

 – Essa é uma resposta que vocês vão me ajudar a tê-la, os exames iniciais mostram a lesão, mas até onde a Sara ainda se lembra é um coisa subjetiva que nós vamos ter que trabalhar.

 – Nós podemos vê-la? – Questionou DB.

— Claro, mas antes tenho que adverti-los para que não a façam muitas perguntas, Sara ainda está confusa com tudo.

Os peritos assentiram, com consentimento mútuo a médica deu passagem para que a equipe entrasse e deixou-os, seguindo para seu plantão, outros pacientes a esperavam.

Sara observava o mural de fotos, se perguntando quando seria capaz de lembrar-se de tudo. No auge da sua idade e tudo que se lembrava era de sua vida em San Francisco como legista na juventude, tudo depois disso agora parecia um grande borrão. A mente tem seus filtros, afinal. A porta do quarto se abriu e o ambiente foi preenchido por pessoas as quais ela não ser recordava, apenas o garoto de cabelos loiros que vira hoje pela manhã era o único que reconhecia.

— Hey, como você está? – Nick perguntou em tom doce assim que todos entraram e a porta foi fechada, o pequeno quarto estava abarrotado por DB, Jim, Greg , Morgan, Hodges e Nick.

 – Eu estou bem, mas confusa. – A feições da perita era um pedido de desculpas, parecia claro que ela não reconhecia ninguém presente ali.

 – Eu imagino que não se lembre de nós, não é? – Jim tinha um tom triste na voz que não passou despercebido pela morena, ele a tinha como uma filha e estava abalado por toda aquela situação.

 – Me desculpe, mas não... Eu sinto tanto, tudo que me lembro para em São Francisco. – seus olhos agora fixaram no mural de fotos novamente – Eu gostaria de lembrar mais do que isso.

 – Você não deve se preocupar com isso agora, nós entendemos – DB se aproximou da cama onde ela estava, seu rosto expressando segurança acalmou Sara, aquelas pessoas estavam ali porque se importavam com ela e no entanto tudo era um borrão.

 – Nós vamos cuidar de você e te ajudar, não se preocupe. – A morena observou a expressão séria e doce do garoto de horas mais cedo que agora segurava sua mão, sentia-se confusa mas agora, muito mais do que antes, sentia-se acolhida.

Ouviram algumas batidas na porta e logo Dra. Terry entrou no quarto, cumprimentando a todos.

 – Eu lamento interromper o momento, mas Sara precisa de descanso, há muito o que processar ainda e preciso fazer algumas observações junto dela. As visitas serão possíveis amanhã novamente.

Um a um a equipe foi se despedindo da mulher com abraços e um até logo, seguiram para fora do hospital parando no estacionamento quando Jim se manifestou.

 – Quando pretendem contatar Grissom? O olhar do capitão era inquisitivo destinado principalmente a Nick e Greg que se opuseram desde o início a fazer qualquer contato com o ex chefe e amigo.

 – Não vamos, achei que já tínhamos resolvido esse assunto, capitão. – o tom de Greg era pesado, aquele não era um assunto de comum acordo entre os CSI’s.

 – Vocês não podem decidir a vida de Sara no lugar dela, ele merece saber!

 – Onze meses se passaram, Jim e o Grissom sequer tentou contatá-la após o divórcio! Você se lembra como ela estava quebrada quando sofreu aquele maldito acidente?! Não vou deixar que Grissom chegue aqui e a leve de volta para aquele buraco! Ela não se lembra de nada, a vida está dando a chance de que ela comece tudo de novo sem precisar passar por nada disso!

Ambos gritavam no estacionamento do hospital, perto de um confronto doloroso para todos.

 – E o que você pretende Greg?! Simplesmente esconder dela parte de sua vida?

 – Se for preciso, sim, eu pretendo capitão.

 – Espere aí, Greg. Você sabe que não temos esse direito, é a vida dela, mesmo sem memória ela precisa saber. – Dessa vez DB Russell interrompeu, as coisas estavam começando a sair dos trilhos.

 – Não vou vê-la naquele estado novamente por alguém que não merece isso.

O garoto saiu pisando duro até seu carro, deixando os presentes assustados e pensativos sobre o que acabara de acontecer.

 – Eu concordo com o Greg, essa é uma nova chance para Sara, vamos dar isso a ela. – Dito isso, Nick também se dirigiu a seu carro, sabia que a amiga tinha direito a sua vida e que o que eles estavam fazendo poderia ter um preço alto, mas não se arriscaria a perde-la novamente. Após a pequena confusão cada um tomou o destino de seus carros, Jim com o telefone em mãos dentro do carro pensava se contatava ou não aquele número, nem sabia mais se era o mesmo ou se conseguiria contato, apertou o botão verde e colocou o aparelho no ouvido.


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Notas finais do capítulo

E aí? o que vocês acharam?